De uns dias pra cá eu tenho ficado com insônia. Mesmo quando
chego muito cansada da faculdade. Mas quem é que quer saber da minha
particular? Essas páginas abaixo surgiram justamente minha insônia. Não é nada
demais, mas aqui se encontra presente duas coisas que eu gosto. A primeira é de
ficar brincando com programinhas de edição. Eu perco horas nisso e sempre me
sinto culpada, por perder horas do meu tempo em algo tão inútil, mas me dá
prazer e é isso que importa. A segunda é o mangá Franken Fran. Na verdade, nem
acho que eu goste tanto assim de Franken Fran, se eu fosse fazer uma lista,
dificilmente ele estaria entre os 10 primeiros. Pode não ser tanto assim, mas é
um mangá que eu curtir acompanhar e fico realmente feliz de ter concluído uma
boa leitura.
Franken Fran chegou ao fim este ano, com 8 volumes ao todo,
depois de se publicado nas páginas da revista shounen Champion Red (Akita Shoten), casa de Saint Seiya Episode G e Shigurui. Você já imaginou se o monstro
do romance de Frankenstein fosse uma
linda garota, mas com as habilidades do Dr. Black Jack? Franken Fran, de Katsuhisa Kigitsu (é homem, gente), aborda o lado da ciência marginal. Conhecida como
Ciência Fringe, que é como se define ideias abordadas em um campo de estudo que
foge dos limites ortodoxos da verdadeira Ciência, como por exemplo, viagens no
tempo. Com isso, grande parte da ciência presente em Franken, é verdadeira, a
outra é algo que foge completamente para o campo teórico e especulativo. Mas
Katsuhisa nunca deixou que sua história se tornasse um projeto acadêmico, nem
mesmo sua personagem principal, Fran Madaraki, é o grande centro das atenções.
Pelo contrário, ela sempre foi o catalizador de tudo.
Franken teve diversas histórias geniais, outras nem tanto.
Histórias com desfechos meio tristinhos, hilárias, contemplativas e inusitadas,
formam o excêntrico cardápio desta obra. De todas as histórias, a que mais me
marcou foi a do capítulo 2. Não pela história em si, pois o mote em Franken
Fran é sempre algo meio reflexivo, onde a ação sempre parte da atitude
intempestiva de algum personagem. Seres humanos querem ter seus desejos concedidos,
não importando o quê, mas se esquecem de que a vida tem suas próprias regras.
Mas foi hilário ver a reação da garotinha, que acabara de acordar em um corpo
de centopeia. Também é o quadro preferido do autor, segundo ele mesmo. Katsuhisa
sobre trabalhar essa dualidade humana muito bem em seus personagens. Mesmo a
Fran, que é um amor de personagem, sendo quase impossível não se encantar por
ela, não é completamente boazinha. Ela faz o que ela acha que é certo, muitas
vezes ignorando os efeitos de seus atos. A maneira de pensar da Fran é interessante.
Toda vida é preciosa. Se o cérebro funciona, então ela pode fazer a cirurgia,
não importa o tipo de aberração que a pessoa irá virar.
Franken Fran pode ser comparado a um livro cabeceira. Sempre
dá pra voltar ali e abrir em alguma parte e se satisfazer. Discordo de quem diz
que Katsuhisa pouco arriscou e não aproveitou todo o potencial da obra.
Acredito que ele foi, além disso, e se deixou experimentar. Provavelmente, ele
foi o que mais se divertiu nessa história toda, se utilizando de toda sua
criatividade. E com tantos personagens de personalidade marcantes, como a amável
e silenciosa assassina, Veronica, guarda costas da Fran. É incrível como uma
personagem tão ingênua e doce, possa se divertir matando daquela forma. Okita,
o que talvez fosse aqui uma tentativa de ser o par romântico da Fran. Ele é uma
cabeça humana, num corpo de cachorro. Sempre se mostrou adorável e sua
interação com a Fran, sempre rendia risadas comedidas. Até mesmo a Adorea, uma
personagem que passa a maior parte da história enfaixada, por ser constituída de
centenas de tentáculos. No fim das contas, depois de tantas histórias, é impossível
não sentir afeição por aqueles personagens. Por isso, o último capítulo de
Franken Fran soa tão nostálgico e termina na parte onde todos aqueles que
acompanhariam, ansiavam. Terminou da mesma forma que começou; Ou seja, em algum
momento randômico. E você pode enfim fechar a página e soltar um sorriso.
Afinal, valeu a pena todos os 8 volumes, até então.
De qualquer forma, você pode conferir a resenha que fiz
tempos atrás, com o mangá ainda em andamento aqui.