Dando sequência ao que iniciei semana passada, hoje seguimos comentando sobre Nisemonogatari,
Bakuman 2 e Ano Natsu, que se encerraram na temporada passada. Se você ainda
não leu, pode conferir a parte 01 do post aqui, onde comento sobre Natsume
Yuujinchou Shi e Chihayafuru. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Nisemonogatari
Nota: 08/10
Estúdio: SHAFT
Episódios: 11
Polêmico. Controverso. Nisio Isin trollando a todos. Assim
pode ser definido Nisemonogatari, sequência direta de Bakemonogatari, que dessa vez contou com mais recursos financeiros
e com isso, uma produção caprichada e um Akiyuki Shinbo realmente inspirado. Mas
acaba ultrapassando a linha vermelha e afastando os mais pudicos. No fim das
contas, Nisemonogatari é essencialmente igual à Bakemonogatari; 8 ou 80. Com a
diferença [nada sútil] que desta vez, Shinbo e Nisio Isin, conseguem irritar os
apreciadores mais “cabeças” e amantes do bom diálogo existente em
Bakemonogatari.
Mas o que mudou e porque mudou? Isso você verá amanhã, no
Globo Repórter! Brincadeirinha. Como eu disse, essencialmente continua igual,
com Nisio Isin brincando com as palavras, com os clichês e trocadilhos. Com a
diferença que dessa vez ele brincou com as múltiplas interpretações e tornou
Nisemonogatari muito mais expositivo que a sua série anterior. Se em Bakemono
ele brinca bastante com as figuras arquétipas, aqui nos temos um jogo
conceitual, que só conseguiria mandar sua mensagem, explorando a fundo aquilo
que o público alvo da franquia monogatari mais gosta: Fanservice. E não se engane,
pois o alvo da franquia sempre foi o famigerado fandom otaku. E Nisemonogatari
é o que podemos chamar de fanservice “elegante” (por mais absurdo que possa parecer), com a série atingindo um novo
nível [de perversão!!!!!] do que se entende como ecchi. No fim das contas os
diálogos continuam afiadíssimos e ultrapassam a quarta parede com Isin fazendo
aquilo que faz melhor em quase tudo com que se envolve: Satirizar. Só é uma
pena que a série tenha encontrado um entrave na barreira anti-fanservice de
muitos que vieram a torcer o nariz para essa nova narrativa (e aqui ele faz o mesmo que fez em Medaka
Box, construindo pra depois descontruir), pois Nisemonogatari entrega
justamente aquilo que propôs em Bakemono e vai um passo além no quesito técnico.
E o melhor: Mais enxuto, com apenas 11 episódios.
Não deixe de ler o post que fiz sobre a série.
Bakuman [Segunda Temporada]
Nota: 07/10
Estúdio: J.C. STAFF
Episódios: 25
Não, Bakuman não é um bicho em extinção!!! Bakuman é
literalmente, “aposta”. E ao contrário da primeira temporada, onde eles não
tinham nada a perder, aqui a aposta realmente envolvia todo um futuro. De um
modo geral, superior à primeira temporada que foi um tanto quanto arrastada,
mas ainda permanecendo na média. Enquanto a primeira temporada mostrou eles
lutando por um lugar ao sol, enquanto desenvolvia uma subtrama romântica, na
segunda há um processo de amadurecimento e crescimento dos personagens, assim
como mais conflitos. Também pontuou bem a dificuldade de se manter entre os
melhores e a questão dos sonhos, que muitos sacrificam por uma posição estável.
Pra conseguir ser o melhor naquilo que se propõe, é importante ter ambição e
coragem de arriscar e é exatamente isso que vemos ao decorrer dos episódios.
"Até hoje, eu pensava que só ser serializado já era o suficiente.
É um absurdo que eu só tenha percebido agora que isso não é o suficiente."
– Mashiro
A mudança mais notável e que ditaria o ritmo da narrativa do
primeiro episódio em diante, com certeza foi à mudança de editor, saindo o
competente, e carismático Hattori e entrando o inexperiente Miura. Apesar de eu
achar o Miura um atraso completo de vida e um personagem extremamente medíocre,
ele desempenhou um papel muito importante para uma história como Bakuman, que
gira em torno do departamento editorial de uma grande revista. Em todos os
lugares há bons e maus profissionais e é preciso saber conviver com ambos. O
que vemos é essa dificuldade de Mashiro e Takagi, de se adequarem ao novo
editor, que por sua vez não consegue extrair o que há de melhor na dupla. Temos
então, um dilema. E não apenas isso, mas bons conflitos que vai desde regras
que sustentam um departamento editorial, à conduta de um mangaká com seu editor.
Apesar de não ter se mostrado sempre consistente em sua
execução, possui uma narrativa muito mais pulsante e arcos simplesmente
sensacionais, que envolvem não apenas a dupla principal, mas todo o elenco de
personagens. O que com certeza é um diferencial com a primeira temporada,
contando com desenvolvimento dos personagens secundários. Nakai e Aoki foram
muito bem explorados, sendo que enquanto ela pôde mostrar um lado mais humano,
ele mostra se mostra da forma mais odiosa possível e faz contra ponto
interessante com Mashiro e Takagi: Enquanto eles persistem no sonho, ele
simplesmente foge e abandona tudo. O drama de Mashiro sendo hospitalizado foi
excelente e apesar das revoltas que envolvem conceitos morais, aqui nós temos a
síntese de um mangá batle shounen. E sim, Bakuman pode não ter lutas e disputas
mortais, mas não deixa de ser um shounen de competição carregando aqueles
valores de sempre da shounen Jump: Desafio>Luta>Superação. E é exatamente
por isso que Death Note nunca
poderia ter um outro fim, se não aquele. Mas o episódio em si, foi incrível e
carregado de nuances que não cabem nesse curto espaço. Destaco também o arco
onde todos boicotam a “Jack”, o clima leve e descontraído, com a Aoki se
envolvendo mais intimamente com Takagi e os efeitos que isso teve na trama,
além de Hattori sendo alvo de um amor inesperado (!!). E claro, a volta da rivalidade entre a dupla e o carismático Eiji,
que andava adormecida e que ganhou uma narrativa empolgante e emocionante nos
episódio finais.
E Bakuman não é apenas o anime mais destoante de todas as
produções da “cara” atual do estúdio J.C. STAFF, mas também conta com uma
produção bem feitinha, que sim, o próprio anime não exige tanto da animação,
mas que é bem feitinho e tá na média. E se Bakuman tem muito daquele J.C. STAFF
de um tempo atrás, méritos a Kenichi Kasai, que supervisiona a série, mas que
nem sempre da o ar da graça nas produções de baciada do estúdio ao qual é
filiado. É o bastante pra merecer uma note sete.
Ano Natsu de Matteru
Nota: 06/10
Estúdio: J.C. STAFF
Episódios: 12
Sua comédia água com açúcar da temporada. Mas estranhamente,
este “show” acabou se mostrando o oposto; Sem sal e sem açúcar, incapaz de
convencer nem mesmo aos shipping-fags.
E bem, deixando as comparações com Ano
Hana de lado e de ser um convite doce aos nostálgicos de Onegai Teacher, o estúdio J.C STAFF
mostra que com dinheiro, consegue produzir belos cenários. Ainda que, tenha
muito mais do A-1 Pictures na bonita fotografia do anime do que normalmente se
vê nas habituais produções do J.C. STAFF. E juntamente da bela parte técnica,
há que se destacar o belíssimo trabalho do experiente Tatsuyuki Nagai na
direção do anime, que sem dúvidas, é o grande responsável pela boa aceitação
que o anime teve entre parte do fandom ocidental. Isso aqui, porque no Japão, mesmo
com tantos atrativos [leia-se; fanservice, arquétipos vazios e outras diversas
otakices], a recepção foi aquém do esperado para uma produção desse naipe.
E o anime é tão bem executado, que mesmo com uma narrativa
tão superficial e conflitos broxantes como o de Mio Kitahara e seu dramalhão
por seguir um estilo de vida.... natureba
(!) ou o de Ichika e Kaito, que
consegue ser tão sem graça quanto os próprios personagens. E nesse mar de
previsibilidade e clichês sem inspiração por parte de Yousuke Kuroda que faz
uma releitura de Onegai Teacher, quem acaba se destacando é justamente o
elemento estranho e inédito: A misteriosa Lemon Yamano. Sim, sua história e
desenvolvimento não só consegue convencer e envolver quem assiste, como também
é bem amarrada.
A premissa é de uma garota alienígena que se apaixona por um
terráqueo, com essa relação se tornando o mote de série e desencadeando um polígono
amoroso. Mas a série nunca se expande ou se desenvolve satisfatoriamente e
mesmo se concentrando nas relações dos personagens, a história não flui e nem
surpreende. O relacionamento entre Kaito e Ichika é assustadoramente forçado e
sem química. E esta abordagem se estende aos outros personagens, com a história
se tornando um labirinto desnecessário com personagens emocionalmente estáveis e
vulneráveis, que formam um polígono amoroso onde o roteiro parece ter saído de um
seriado teen decadente como Malhação.
Mas a série tem bons episódios e temas interessantes, como a
passagem fugaz da juventude e o primeiro amor. É um exemplo de como não se deve
desenvolver um Coming of age, mas que
pela habilidade de Tatsuyuki Nagai, consegue atrair admiradores como pode ser
visto nesse post do blog Gyabbo! ou
neste, do blog OtomeNerd – Ele dita
um ritmo tão bacana, que você é capaz de entender boa parte das ações dos
personagens, assim como aquele conflituoso relacionamento. Outra coisa bacana, é
que existe a sensação palpável de amizade entre os personagens, o feeling é
algo como há muito no se vê nos animes atuais. Porém, definitivamente, mesmo
com pontos positivos como direção, execução, ótima trilha sonora, uma linda fotografia, o roteiro
simplesmente não convence. A Ichika como Deus Ex Machina, não funciona como
deveria e ela não tem efeito significativo nenhum no desfecho da história, onde
apenas reafirmamos a certeza de que há uma certa forçada de barra para que tudo
aquilo te convença e derramar algumas lágrimas no fim da história. Talvez
tivesse funcionado sem o aspecto sobrenatural [e grande trunfo] do enredo.
Recomendações de leitura: Além dos links recomendados acima,
é válida a crítica presente no blog NahelArgama.