Vejam bem, já fui pra esse episódio de Fate/Zero com o
coração na mão, sabendo previamente o que aconteceria e minha tensão só fez
aumentar com os comentários positivos que venho lendo desde sábado, quando
ocorreu a exibição do anime. O que eu esperava encontrar era um episódio
extremamente brutal e denso. E foi o que eu encontrei. E o mais orgástico, é
que a brutalidade vem mais das ações e do duro diálogo, do que necessariamente
pela exposição e violência visual. E no final das contas, o que torna Fate/Zero
um material maduro, não é o blood e
nem a exposição visual, mas sim sua narrativa. E é exatamente por episódios
como este, que não sinto falta nenhuma do gore enfeitando a tela.
A cena onde Maiya encontra e decepa o braço esquerdo de Sola
como se fosse uma Sushi-Girl de posse
daquelas afiadíssimas facas japonesas, foi excelente. E o melhor, optaram por
uma censura menos chamativa, diferente daqueles borrões horríveis que mancham
todo o vídeo. Mas espero mostrarem todo o ângulo aberto nos volumes do BD. O
bacana aqui é que é a reação da personagem e a cena ganha um impacto enorme,
mais pelo contexto do que pela mão decepada em si. Aquela reação trágica e meio
enlouquecida de Sola, eu realmente gostei muito. Em seguida ela acaba
sequestrada. Mas antes de entrar nessa questão, gostaria de ressaltar o
detalhismo da produção. Se podemos compreender todo o desespero de Sola, não
por ter perdido uma parte do braço, mas por que naquele braço havia aquilo que
a ligava ao Lancer, se deve a todo um desenvolvimento de character driven muito competente na primeira metade do anime. E
Kirei salvando Kariya, mesmo ciente do que isso significava para o seu mestre e
repleto de questionamentos, foi ótimo, pois não deixam dúvidas sobre suas reais
intenções:
“Não é arrependimento. Que emoção é esta que estou sentindo?” –
É um sádico desgraçado! E eu gosto disso.
Agora, aqueles que definitivamente abominam os métodos de
Kiritsugu, encontram a síntese desse universo de Fate/Zero (em especifico, não exatamente o Fateverso/Nasuverso) nas ações de Kayneth
neste episódio. Ele visita e mata Risei após receber mais um selo de comando,
armando um contra ataque feroz pela disputa do Graal. Se esta atitude e a forma
como o personagem vem se postando durante todo o anime, já não fosse o
suficiente pra reconhecer suas más intenções e jogo sujo, ele repreende e zomba
de Lancer de uma forma humilhante para o cavaleiro de Fianna. Foi uma cena
muito densa, sem BGM e somente com os sons ambiente, o que fez crescer ainda
mais a sensação de pressão atmosférica. Acho que resume bem o que Lancer estava
sentindo naquele momento. E timing é
perfeito, pois a partir de momento em que sua resignação é deixada de lado em
pró do orgulho ferido, você começa a notar o som crescente ao fundo juntamente
com o tom ríspido dos diálogos, quase que explodindo e chegando ao clímax. Mas
ainda não.
A coisa só ia começar a ficar realmente quente e
emocionante, com ele e Saber frente a frente e eu vibrei com isso: "A
única coisa que ainda me concede paz ao coração é este seu puro espírito de
batalha." – Lancer. Novamente, estas palavras tem um significado
ainda maior depois de vislumbrarmos um Lancer com seu orgulho estilhaçado. E o
embate entre os dois teve uma coreografia muito bonita, ainda que pouco
efetiva. Apesar das visíveis técnicas de economia de animação, com ângulos e câmera
distantes, mas que não tira o brilho de todo o exibicionismo de Saber e Lancer.
Foi realmente intenso vê-los juntos pela última vez, com Saber presenciando a
queda do nobre Diarmuid Ua Duibhne.
E olha a Saber, mostrando todo o seu cavalheirismo e [creio
eu] fazendo o coração de Lancer bater acelerado, afinal, os dois são iguais e
cá entre nós, ele realmente ficou surpreso dela não ter caído nos encantos dele
– Agora me diz, tem como não shippar? Tem sim porqu-OPS! Cara, eu me arrepiei
levemente com ele fechando os olhos, sorrindo e encostando graciosamente a mão
sobre a boca. OHMYGOD! Quase morri! Que charme!
"O orgulho repousa sobre a lâmina dos cavaleiros!
E eu estou feliz por ter conhecido você!"
[CAROL CAINDO DURINHA NA CAMA E COM O CORAÇÃO DESCOMPASSADO]
AGUENTA MULHER!!!!!! PORQUE É FUCKING TWIST CARPADO! E mesmo
que não seja um episódio pra surtar e ter orgasmos visuais, é daqueles que dá
um baque. Nunca achei que iria curtir tanto um mimimi entre personagens no meio de uma luta. Mas o que me fez rir
aqui sozinha e no maior hype, foi o ataque de pelanca (!!!)de Kayneth e sua reação ao ver Kiritsugu com uma arma apontada
para Sola. E o que me deixou completamente estática, foi aquilo que vem se
falando desde o primeiro episódio. Que esta guerra é feita de estratégias nem
sempre honrosas e aqui nós temos um fim completamente vergonhoso para um cavaleiro
virtuoso, como o Lancer. E como já visualizado, Kiritsugu desempenha aqui um
papel de anti-herói, impedindo o sonho de Lancer, de ter finalmente ter o seu
confronto honrado e cavalheiresco com Saber.
E nessa segunda parte do anime, está o motivo deste episódio
ter sido espetacular e que já considero [até aqui] o melhor episódio de Fate.
Denso e repleto de tensão até o último fio de cabelo. E depois do belo charachter-driven, é difícil não sentir
todo aquele feeling transbordante deste episódio.
E aqui nós vemos como o destino é irônico – E Destino/Zero
do título vai de encontro a cada um desses heróis cadáveres, que parecem estar
condenados a um limbo eterno, sempre revisitando àquelas memorias ruins. Bom,
isso parece ter um peso maior para personagens como Lancer e Saber, que possuem
um forte senso de moral (que inclusive é
onde Rider não consegue ver Arthuria, como um rei). Diarmuid Ua Duibhne,
filho de Donn [senhor dos mortos] e da guerreira Fianna, é conhecido como a “Pinta do Amor”, possuidor de uma marca
no rosto que faz com que toda mulher se apaixone por ele. Por causa dessa
maldição, ele acaba se envolvendo com Gráinne, noiva de Fionn mac Cumhaill, um
guerreiro místico. O desfecho, quem tá assistindo o anime, já sabe. Diarmuid
tem um destino trágico, traiu seu mestre ao se apaixonar e deitar com sua
esposa, justamente ele que valoriza a honra acima de tudo à lealdade, essa
mancha o persegue em todo o Fateverso. E aqui chega ser mais cruel [como não
poderia deixar de ser. Até a Saber, está completamente pressionada por todos os
lados] que em Fate/Stay Night.
E temos um contraponto interessante, onde no episódio anterior, vemos a morte gloriosa
de Caster com todo o seu esplendor, como se tivesse sido recompensado por todas
as suas maldades. Mesmo seu mestre, Ryuunosuke, teve seu momento de brilhar no
palco, com os holofotes apontados para si, se encontrando em fim em meio ao seu
sangue. Por outro lado, Lancer morre de suicídio, com toda sua agonia, revolta
e ódio. Foi uma cena maravilhosa e completamente atmosférica. E assim como a
Saber, eu também fiquei estática. Mas realça exatamente o que é a Guerra do
Santo Graal, afinal, numa guerra os resultados nunca são justos.
E me desculpem, mas PUTAQUEPARIU
NO KIRITSUGU OADKAOPDKA~DA'' ELE É badassssssssssssssssssssssssss demais e tem
sangue de barata. A cena dele fumando o cigarrinho enquanto a Maiya da cabo
de Kayneth e Sola, é simplesmente icônica. "Eu não posso...". E
obvio, acho que ficou claro o estado de completo descontrole de Kayneth, ao ver
o Kiritsugu com uma arma apontada para Sola. Antes de qualquer coisa ali, o que
sempre ficou evidente foi seu apego à Sola, o que acabou levando ele a agir de
uma forma tão inocente e cair num plano previsível e falho. Como era um
contrato mágico, Kiritsugo não poderia voltar atrás com sua palavra, mas nada
impedia Maiya de fazê-lo, afinal, no contrato não especifica proteção. E os
momentos finais de Kayneth foram de puro desespero, eu adorei aquilo. Não pelo sadismo,
mas o drama foi bom. A cena dele em completo desespero com ela em estado de
vegetação no colo foi um tanto quanto, tocante. Confesso. E interessante que
era uma afeição unilateral, afinal, Sola não o amava, nem o admirava.
E eu sei que tá na hora de parar, que já escrevi demais.
Porém devo dizer que a parte em que mais gostei foi do embate moral entre Saber
e Kiritsugu, com Iris simbolicamente no meio dos dois [Né!? Ela que sempre
esteve entre eles, mediando os dois]. A fúria de Saber com ele pode ser vista
com ela segurando fortemente sua excalibur, de costas pra ele, que fumava
despreocupadamente e insistia em ignora-la. Com o perdão da palavra, que diz
tudo que senti: FOI MUITO FODA! Senti como que Saber fosse à filha a rebelde a
Iris a mãe, insistindo que o pai ouvisse as queixas da filha. Ver o confronto
dos dois pontos de vistas foi formidável, muito mais que naquele embate entre
Kariya e Tokiomi. Novamente, não há certo e errado aqui, mas dois pontos de
vistas muito válidos. Saber e Iris, não poderiam ter outro tipo de reação, se
não, aquela; De pura indignação pelos métodos utilizados por Kiritsugu.
“A nossa heroína aqui, acho que o campo de batalha é algo melhor que o
inferno.
Que piada.
Isso aqui é o inferno.
Não há esperanças em um campo de batalha. Não há nada além do
desespero. Apenas um crime que chamamos de vitória, pago pela dor dos
derrotados. No entanto, a humanidade nunca reconheceu essa verdade. E a razão
disso, é porque, em todas as eras, um herói deslumbrante cegou as pessoa com
sua lendas, e as impediu de ver o mal no derramamento de sangue”
[NESSE MOMENTO, A SABER, DESFAZ A SUA EXCALIBUR, NUM GESTO
REPLETO DE NUNCES, ONDE PODEMOS INTERPRETAR SIMPLESMENTE COMO UM ATO, ONDE ELA
ABRE SEU CORAÇÃO PARA AS PALAVRAS DELE – Afinal, gente, o Kiritsugu não está
errado e nem com o ego inflado. Ele está completamente lúcido do que faz]
“A verdadeira Natureza humana não avançou nenhum passo além da Idade da
Pedra.”
Simplesmente GEEEENIAL. Diálogo extremamente bem feito,
repleto de lógica e que desfaz completamente a pose de vilão justiceiro de
Kuritsugu. E aqui, Rikiya Koyama [seiyuu], interpreta um personagem
completamente confiante e consciente de suas atitudes. Aliás, que bela
interpretação, regada a diálogos tecidos de uma forma branda e intensa, por Gen
Urobuchi. Kuritsugu se mostrou magistral, como um personagem complexo e fascinante.
Fascinante, por causa de sua ambiguidade. A realidade brutal por trás do
idealismo romântico [E aqui novamente temos a distinção de valores entre dois
reis: Saber e Rider. Enquanto o Rei Arthur, é rodeado por uma lenda repleta de
romantismo, mas que esconde um certo tom obscuro e ofuscante, O Rei dos Conquistadores nos mostra uma faceta
de orgulho pelo sacrifício de seu povo] vem desde eras antigas. E Urobuchi
captura isso muito bem em seu roteiro, trazendo a tona um viés de brutalidade
humana.
Citações de George Orwell, como "As pessoas dormem tranquilamente
em suas camas à noite apenas porque homens rudes estão prontos para praticar a
violência em seu nome" resume Kiritsugu perfeitamente. Claro que
os fins não justificam os meios, e Urobuchi tem consciência de fazer um
personagem que, apesar de não parecer, destoa completamente de uma figura que
não conhece a dor, como Kyuubei de Madoka Mágica. Pode não ser tão claro num primeiro momento, mas Kiritsugu sabe que
ele não é o herói, ele sabe de suas contradições como ser humano, entre sua
ideologia e suas ações. E aceita isso, pois mesmo que precise representar a
figura de um demônio (como Saber o
chama), ele sabe que está fazendo o que precisa ser feito. Numa guerra, não
existe justiça e isso é obvio. Ele, Saber e Iris estão lidando com rivais que
se utilizam de métodos sujos para vencer, como por exemplo, Kayneth e Sola. E
no vasto background deste personagem, estão à lição aprendida de que é impossível
salvar a todos numa guerra.
Muito diva essa Iris! Adorei essa pose. |
Num guerra, os ingênuos sempre levam a pior, é preciso haver
um demônio como Kuritsugu, para que heróis como a Saber, possam se tornar a
esperança de um povo. E bem, eu amo Saber e Lancer, mas ambos são completamente
ingênuos, afinal, que honra há numa guerra? Mas sabe? É justamente esse
idealismo conflitante de Saber, que me faz gostar taaaaaanto da personagem.
Essa sua conduta e certa ingenuidade que mantém, é o que mostra que ela não foi
corrompida, assim como Kuritsugu. E sinceramente, é esse conflito e choque de
ideais, mas sem pintar diretamente nenhum personagem de vilão, é o que torna
essa história fascinante. Gosto de ver a Saber, acuada e lutando pelo que
acredita. Ela não teria o brilho que tem se fosse como a Maiya ou com uma
personalidade fraca. Ela representa autenticamente os ideais da lenda que
conhecemos do Rei Arthur e excelente a visão do Urobuchi, ao capsular as
personalidades de heróis tão destoantes entre si e podemos ver na pratica esse
embate, muito mais em diálogos carregados de tensão, do que nas lutas. Não
parece completamente cabível que uma mulher que desempenha uma posição
privilegiada, seja acuada por manter uma resignação que aos olhos dos outros, a
faz parecer uma pobre garotinha?
"Se você fizer o mal pelo ódio do mal, essa raiva e ódio apenas
darão lugar para um novo conflito" – Saber.
MATOU! E aqui, Saber desmaterializa seu ódio, que acabara de
se transformar em compaixão, diante do discurso emblemático de Kuritsugu e se
vira para ele (cara, isso a novel é tão
mais pra dentro). E Iris, a personagem mais centrada desse anime, pergunta
aquilo que todos gostariam de perguntar, mas não podem:
“Então, Kiritsugu... o motivo de você ter feito a Saber passar por tal humilhação
é o seu ódio por heróis?”
A resposta de Kiritsugu não poderia ser mais apropriada. A
justiça e sua burocracia não pode salvar o mundo. A Saber, se desmancha e tece
comentários que definitivamente conseguiram tocar o coração desse badasssss CHUTA BUNDAS. Digo mais uma
vez; diálogos maravilhosos e cheios de pompa.
“Eu farei do Sangue que derramei em Fuyuki, o último que a humanidade
já derramou”. E aqui, apesar da [sempre] relação conflituosa, os dois
se entendem sem precisar tornar isso flagrantemente obvio. Você pode perceber
isso ou deixar passar despercebido.
MÃS...depois desse confronto, Saber olha para Kiritsugu,
acreditando que ele é o único digno o suficiente para ganhar essa guerra. Não
ficou tão claro no anime, mas no livro, o monologo deixa isso bem explicito.
“Até agora, as atitudes que Kiritsugu havia mostrado a Saber, era de
uma completa ignorância e desprezo. Mas agora, Kiritsugu, ouve tranquilamente o
questionamento de Saber – Os olhos fixados em seu Servo mostraram outras
emoções, pela primeira vez. (...)”
“(...) Kiritsugu falou da decisão presente em seu
coração com tal calma e uma tranquilidade que, mesmo Saber não conseguia
encontrar palavras para responder-lhe.”
“Mesmo se o seu método e o caminho que escolheu se mostrara insuportavelmente
mal - a sua fé na busca do Santo Graal era puro e abnegado. Ela teve que
admitir que, se houvesse um mestre na guerra digna de obtenção do Santo Graal,
então ele seria sem dúvida Emiya Kiritsugu.”
Tradução livre do romance e bom, eu sinto muito pelo tamanho
do post, mas realmente me extasiei escrevendo e botei pra fora tudo penso.
Quase tudo, pois esse post vai ficar incompleto devido à blogueira aqui, não
ter se controlado. Espero que alguém tenha chegado até o fim [sinceramente] sem
bocejar e agora é a vez de vocês!
P.s.: Bom clifhanger, meu coração doeu vendo a Iris cair....
e no próximo, episodio centrado no Kirei? Oba!
P.s.²: Que personagens de nomes complicados; Irisviel von
Einzbern, Kayneth El-Melloi Archibald, Sola-Ui Nuaba-Re Sophia-Ri, Diarmuid Ua
Duibhne – Você quer escrever na pressa, mas encontra esses quebra-molas.