“Neste mundo, não há
nada pior do que ser separado de um amigo querido. Alguns podem dizer que é uma
‘doce tristeza’, mas da mesma forma que me sinto ferida, tristeza é tristeza -
doce ou não, ainda é deprimente.” – Blog da Naho Saenoki
Corpse Party The
Anthology: Sachiko no Ren’ai Yuugi ~ Hysteric Birthday 2U (amicow, na minha curta vida como otakinha, tenho a impressão de que os
nomes dessas séries repletas de otakices
têm ficado cada vez maiores) ou simplesmente Corpse Party: 2U, é um game spin-off da desenvolvedora GrisGris,
baseado em seu grande sucesso; Corpse
Party, um game para a plataforma PSP, que nasceu de um simples RPG Maker, mas que foi crescendo, crescendo,
até ganhar diversas sequelas e histórias paralelas para várias mídias. Considero
Corpse Party como sucessor natural da
franquia Higurashi, só que com muito
mais potencial, se bem explorado. E bem, você pode saber mais detalhes no meu texto sobre a série, escrito tempos
atrás.
Imagem do game |
"Shiawase no Sachiko (Sachiko of Happiness/Sachiko da Felicidade)" é um amuleto de
sorte e azar do folcore japonês, onde reza a lenda, de que se um grupo de
amigos rasgarem ao mesmo tempo um pedaço da “boneca” de papel, eles nunca irão
se separar, e mesmo distantes, estarão sempre juntos. Na história original, um
grupo de personagens (não apenas
estudantes) ficam na escola depois das festividades que marca a despedida
para alguns deles, e então fazem uso desse ritual. O que não resolve muito, uma
vez que todos acabam presos no interior da escola, indo parar em um universo
paralelo, onde são divididos em grupos de 2, com cada qual tendo que lutar pela
sobrevivência, ao mesmo tempo que procuram uma forma saírem dali antes que
percam por completo a sanidade.
Imagem do game |
Corpse Party Missing
Footage por sua vez, é um OVA/bônus de curta duração, que veio junto com o
game. A história é um prologo, mostrando o cotidiano de Mochida Satoshi e seus
colegas, antes de irem para a escola e ficarem presos num universo à lá Caverna do Dragão. Além disso, o OVA
trás flashbacks do que ocorreu em algum momento da história da Heavenly Host
Elementary School, com a série de sequestros e assassinatos que ocorrera, com a
Sachiko como uma alma perdida vagando entre tempo e espaço, observando.
Por um momento pensei que fosse aqueles hentais de estupro |
Assim como aconteceu com Mirai Nikki, em 2011, que ganhou um prologo de curta duração
[basicamente um trailer de 5 minutos], eu acredito que possamos ter boas
noticias acerca de Corpse Party
virando série de tv daqui a algum tempo. Esses lançamentos em forma de bônus
para consumidores do produto original, sempre deixa certa desconfiança, mas
acredito que o salto final de Corpse
Party Missing Footage seja bem positivo para quem é fã. O gore é o
subgênero mais famoso e alardeado do terror, onde, em meados dos anos 80, as produções com predominância para o
sangue se tornaram mais populares do que histórias “assustadoras” – Sempre com vísceras,
pus, amputações, RAPE e uma série de parafílias. A ideia é justamente essa, ser
trash e causar asco.
Com os primórdios dos anos 2000, onde com Cowboy Bebop, vimos como o conceito do
moe já se tornara comum mesmo em séries focadas num público alvo médio, o traço
se torna mais arredondado e o lado “fofo e bonitinho” acaba ganhando mais
destaque. Mesmo em séries de horror [no sentido de causar asco]. Higurashi e Elfen Lied são os principais representantes dessa atual safra, que visa
através do kawaii deçu, causar ainda
mais impacto em quem assiste, colocando essas personagens para serem
estraçalhadas, sem dó, nem piedade. Você olha para o lado tipicamente heroína CLAMP de Saya, do anime Blood-C, e não imagina que a série é aquele espetáculo de vísceras.
Corpse Party, de
1996, pegou esse boom, de uma forma
até mais hardcore, com violência sexual e personagens muito novas, expostas
visualmente. Corpse Party Missing
Footage é um pouco menos sério que o material original, mas tão violento
quanto, com sangue das garotinhas jorrando alto, gritos desesperados, som do
esquartejamento, tudo muito sadicamente bonito – Infelizmente, apenas nos
primeiros minutos, e com forte censura. O que eu até entendo, apesar de ficar revoltada, afinal, as personagens são
muito novinhas. Se na exibição original, Higurashi
já causou grandes polêmicas no Japão, onde um doido pegou um cutelo e saiu
fuzilando, achando que era o Chuck Norris (!), fazendo brotar uma discussão sobre a
possível influência da série. O conteúdo de Missing Footage tem potencial para reacender a polêmica [que volta de tempos, em tempos].
Não dá pra dizer se as torturas são criativas ou não,
afinal, é um imenso borrão preto na tela. A sequência é fraca, com um pouco de
fanservice ecchi, e a introdução do jogo da Sachiko [com os personagens Yoshiki
Kishinuma e Ayumi Shinozaki] que será o estopim para que todos fiquem perdidos
dentro das dimensões da escola. Foram apenas 10 minutos, mas o diretor Akira Iwanaga
(Tegami Bachi) foi bem feliz ao
passar o feeling certo nos momentos de tensão. O ponto fraco é a impressão que
fica que poderia ser melhor se a produção fosse um pouco mais longa e
caprichada, resultando em algo muito melhor – Apesar de, particularmente, eu
ficar um pouco incomodada com a pitada forte de moe, que acaba ficando mais
evidente devido ao fato de estarem retratando o cotidiano dos personagens.
Logo, teremos a sequência, intitulada Corpse
Party: Tortured Souls, e sinceramente espero algo com um clima mais obscuro
que foi este trailer. Recomendado somente
para fãs do gênero.
Nota: 04/10
Diretor: Akira Iwanaga
Roteiro: Satou Shouichi (Mirai Nikki )
Estúdio: Asread
Ano: 2012
Episódios: 01/02 (há boatos de um terceiro OVA)