quinta-feira, 9 de agosto de 2012

[OVA] Corpse Party Missing Footage: Prólogo


“Neste mundo, não há nada pior do que ser separado de um amigo querido. Alguns podem dizer que é uma ‘doce tristeza’, mas da mesma forma que me sinto ferida, tristeza é tristeza - doce ou não, ainda é deprimente.” – Blog da Naho Saenoki

Corpse Party The Anthology: Sachiko no Ren’ai Yuugi ~ Hysteric Birthday 2U (amicow, na minha curta vida como otakinha, tenho a impressão de que os nomes dessas séries repletas de otakices têm ficado cada vez maiores) ou simplesmente Corpse Party: 2U, é um game spin-off da desenvolvedora GrisGris, baseado em seu grande sucesso; Corpse Party, um game para a plataforma PSP, que nasceu de um simples  RPG Maker, mas que foi crescendo, crescendo, até ganhar diversas sequelas e histórias paralelas para várias mídias. Considero Corpse Party como sucessor natural da franquia Higurashi, só que com muito mais potencial, se bem explorado. E bem, você pode saber mais detalhes no meu texto sobre a série, escrito tempos atrás.

Imagem do game
"Shiawase no Sachiko (Sachiko of Happiness/Sachiko da Felicidade)" é um amuleto de sorte e azar do folcore japonês, onde reza a lenda, de que se um grupo de amigos rasgarem ao mesmo tempo um pedaço da “boneca” de papel, eles nunca irão se separar, e mesmo distantes, estarão sempre juntos. Na história original, um grupo de personagens (não apenas estudantes) ficam na escola depois das festividades que marca a despedida para alguns deles, e então fazem uso desse ritual. O que não resolve muito, uma vez que todos acabam presos no interior da escola, indo parar em um universo paralelo, onde são divididos em grupos de 2, com cada qual tendo que lutar pela sobrevivência, ao mesmo tempo que procuram uma forma saírem dali antes que percam por completo a sanidade.

Imagem do game
No contexto da série, Sachiko foi uma dos milhares, entre estudantes e funcionários, que foram vítimas da história de sequestro e assassinato em série na escola, no ano de 1953, tornando aquele ambiente amaldiçoado (BUUUUHHHHH), contendo o espirito de cada uma das 1973 vítimas. Eu não sei muitos detalhes sobre o spin-off, mas a ideia básica é investir num mix de terror, horror, comédia romântica repleto de otakices, e fanservice, bastante fanservice. Teremos 2 personagens novos [Ran Kobayashi e Azusa Takai ] e segue o mesmo esqueminha da recente visual novel da Key, Rewrite, com vários escritos convidados. E sabemos que, algo em que muitos põe a mão, nem sempre resulta em um produto uniforme e coeso.

Corpse Party Missing Footage por sua vez, é um OVA/bônus de curta duração, que veio junto com o game. A história é um prologo, mostrando o cotidiano de Mochida Satoshi e seus colegas, antes de irem para a escola e ficarem presos num universo à lá Caverna do Dragão. Além disso, o OVA trás flashbacks do que ocorreu em algum momento da história da Heavenly Host Elementary School, com a série de sequestros e assassinatos que ocorrera, com a Sachiko como uma alma perdida vagando entre tempo e espaço, observando.

Por um momento pensei que fosse aqueles hentais de estupro

Assim como aconteceu com Mirai Nikki, em 2011, que ganhou um prologo de curta duração [basicamente um trailer de 5 minutos], eu acredito que possamos ter boas noticias acerca de Corpse Party virando série de tv daqui a algum tempo. Esses lançamentos em forma de bônus para consumidores do produto original, sempre deixa certa desconfiança, mas acredito que o salto final de Corpse Party Missing Footage seja bem positivo para quem é fã. O gore é o subgênero mais famoso e alardeado do terror, onde, em meados dos anos 80, as produções com predominância para o sangue se tornaram mais populares do que histórias “assustadoras” – Sempre com vísceras, pus, amputações, RAPE e uma série de parafílias. A ideia é justamente essa, ser trash e causar asco.

Com os primórdios dos anos 2000, onde com Cowboy Bebop, vimos como o conceito do moe já se tornara comum mesmo em séries focadas num público alvo médio, o traço se torna mais arredondado e o lado “fofo e bonitinho” acaba ganhando mais destaque. Mesmo em séries de horror [no sentido de causar asco]. Higurashi e Elfen Lied são os principais representantes dessa atual safra, que visa através do kawaii deçu, causar ainda mais impacto em quem assiste, colocando essas personagens para serem estraçalhadas, sem dó, nem piedade. Você olha para o lado tipicamente heroína CLAMP de Saya, do anime Blood-C, e não imagina que a série é aquele espetáculo de vísceras.

Corpse Party, de 1996, pegou esse boom, de uma forma até mais hardcore, com violência sexual e personagens muito novas, expostas visualmente. Corpse Party Missing Footage é um pouco menos sério que o material original, mas tão violento quanto, com sangue das garotinhas jorrando alto, gritos desesperados, som do esquartejamento, tudo muito sadicamente bonito – Infelizmente, apenas nos primeiros minutos, e com forte censura. O que eu até entendo, apesar de ficar revoltada, afinal, as personagens são muito novinhas. Se na exibição original, Higurashi já causou grandes polêmicas no Japão, onde um doido pegou um cutelo e saiu fuzilando, achando que era o Chuck Norris (!), fazendo brotar uma discussão sobre a possível influência da série. O conteúdo de Missing Footage tem potencial para reacender a polêmica [que volta de tempos, em tempos].


Não dá pra dizer se as torturas são criativas ou não, afinal, é um imenso borrão preto na tela. A sequência é fraca, com um pouco de fanservice ecchi, e a introdução do jogo da Sachiko [com os personagens Yoshiki Kishinuma e Ayumi Shinozaki] que será o estopim para que todos fiquem perdidos dentro das dimensões da escola. Foram apenas 10 minutos, mas o diretor Akira Iwanaga (Tegami Bachi) foi bem feliz ao passar o feeling certo nos momentos de tensão. O ponto fraco é a impressão que fica que poderia ser melhor se a produção fosse um pouco mais longa e caprichada, resultando em algo muito melhor – Apesar de, particularmente, eu ficar um pouco incomodada com a pitada forte de moe, que acaba ficando mais evidente devido ao fato de estarem retratando o cotidiano dos personagens. Logo, teremos a sequência, intitulada Corpse Party: Tortured Souls, e sinceramente espero algo com um clima mais obscuro que foi este trailer. Recomendado somente para fãs do gênero.

Nota: 04/10
Diretor: Akira Iwanaga
Roteiro: Satou Shouichi (Mirai Nikki )
Estúdio: Asread
Ano: 2012
Episódios: 01/02 (há boatos de um terceiro OVA)