O maligno Dio ressurge e a família Joestar precisa partir em uma crusada, formando laços de amizade e inimigos por diversos lugares.
Tudo que faz sucesso pede bis, assim Hirohiko Araki [autor
do mangá original] resolve trazer o vilão mais icônico e popular da série, Dio,
de volta à vida – claro que não sem antes atropelar a coerência; as cenas que
envolvem o retorno de Dio trazem consigo diversas incoerências com o que se vê
no desfecho da primeira parte da história, Phantom Blood (ver o anime de 2012). Mas bem, acredito que isto também faça
parte do que torna o show absurdo JoJo's Bizarre Adventure uma série com um
charme tão próprio.
Stardust Crusaders se passa em 1988, quando uma arca é
encontrada no fundo do mar e os pescadores que procuravam riquezas acabam por
despertar do sono um mal que novamente ameaçará o mundo com suas presas. Dio
Brando (Takehito Koyasu) conseguiu
roubar o corpo de Jonathan em Phantom Blood e agora possui uma estranha ligação
com aqueles da linhagem Joestar, em especial Holly Kujo (Reiko Takagi), filha de Joseph e mãe de Jotaro Kujo. Acontece
que, ninguém sabe como, mas a linhagem Joestar possui um poder adormecido e são
todos conectados por uma marca. Indiretamente influenciados por Dio, estes
poderes adormecidos despertam em cada um deles uma projeção chamada “Stand”.
São projeções que exigem uma forte força psíquica para batalha, só que
diferentemente de Joseph e Jotaro, Holly é uma mulher pacifica e gentil que
nunca teve que lutar, sem o espirito de luta necessário – o que faz com que
essa manifestação vá consumindo sua vida à medida que desabrocha. Agora, Joseph
e Jotaro precisam correr o mundo atrás de Dio e mata-lo, antes que a vida de
Holly seja consumida. Para isto eles vão precisar da ajuda do artístico Kakyoin
(Daisuke Hirakawa); o francês
mulherengo Polnareff (Fuminori Komatsu)
e o vidente Mohammed Avdol (Kenta Miyake).
Stands é a manifestação de uma energia psíquica, que forma
uma espécie de alter ego que se manifestam no usuário, como se fossem espíritos
que lutam por eles com outros stands de outros usuários – um stand só pode ser
derrotado por outro stand, mas nada impede que um stand possa tirar a vida de
uma pessoa. Stardust Crusaders é a parte 3 de JoJo's Bizarre Adventure. A mais
popular e influente da série, recebendo inúmeras adaptações (incluindo uma série de OVAs de 1993 a 94) e
até um inédito lançamento desta parte especifica do mangá nos EUA – depois
foram lançadas outras partes. Atribuem a esta popularidade a inclusão do
conceito de Stands, que se tornaria usual em toda a série, substituindo a velha
técnica de obtenção de poderes, o hamon.
É um conceito realmente criativo para a estrutura para o
qual foi adotado – o de battle shounen –, com vastas características que dão um
aspecto individual e desafiador a cada stand e usuário. Como o stand de Jotaro,
o Star Platinum, que desfere uma quantidade incrível de socos em alta
velocidade. Sua característica principal é a força e a precisão. Percebe-se que
são características refletidas pelo próprio Jotaro, um garoto rude e áspero. É
difícil não se sentir uma criança vibrante sempre que seu stand desfere aquela
quantidade absurda de socos por segundo. Além do mais, derrotar o usuário e seu
stand envolve planejamento, afinal, stands são uma extensão do usuário e os
danos físicos que ele recebe também é sentido na sua contraparte humana. Através
destas regrinhas, o autor criou um conceito solido que de fato representa um
desafio a ser transposto que exige originalidade na criação de cada embate.
Provavelmente também influenciou nesta popularidade a
estrutura adotada para Stardust Crusaders, ao qual a série faz uma referência
ao clássico A volta ao Mundo em 80 Dias, do francês Julio Verne. Os personagens
precisam se deslocar por vários parte do mundo até chegar ao seu destino final,
o Egito, onde Dio se encontra. Mas vários usuários de stands se colocam em seus
caminhos. Então temos não apenas uma série de adversários diferentes e
inusitados, como também cenários distintos. Inspirada pelas viagens de Hirohiko
Araki, segundo ele a estrutura de Stardust Crusaders é similar a um jogo de
tabuleiro, com vários obstáculos a serem transpostos. De fato soa como tal.
O roteiro explora bastante este aspecto em paralelo a outra
característica que se tornou marcante em Stardust Crusaders, embora seja
percebida desde Phantom Blood; a atmosfera visual de terror e suspense que se
faz presente na maior parte dos cenários e personagens. Note como o nome Jotaro
Kujo se assemelha à “Cujo”, de Stephen King. Ou mesmo os vilões que estampam arquétipos
e estética de personagens dignos de Horror b. Também o horror gráfico e a
violência atingem novos limites aqui, o que fez um pouco decepcionante
acompanhar a série em tempo real, já que sua exibição em tv traz censuras que
chegam a cobrir toda a tela de preto.
Stardust Crusaders é uma grande aventura de ritmo lento e
formula repetitiva, uma pegada bem diferente do frenético e intenso Battle
Tendency, que marcou por suas reviravoltas e ritmo sempre veloz. Stardust
Crusaders é uma comédia aventuresca que envolve mais racionalização do que
músculos, mesmo as sequências de lutas que foram mostradas aqui não são tão pulsantes
ou longas – são rápidas e não é raro quando o ritmo da ação grave é totamente interrompido
por situações de humor gag. Por mais que seja divertido ver a interação dos
personagens e perceber que a jornada os une cada vez mais, criando um
sentimento legitimo de camaradagem e amizade, é uma formula tão repetitiva que
passados 12 episódios, começa a se tornar fatigante e sem perspectiva de
surpresas, afinal, cada usuário e stand só está ali para morrerem ao fim do
episódio, sem trazerem grande impacto à narrativa. Há os belos cenários e o
suspense em torno do mistério em torno dos stands, mas o que segura mesmo são
os personagens. O vovô Joseph continua sendo o melhor Jojo, Holly é uma
“sem-noção” encantadora, Kakyoin não se destaca tanto, mas tem um bom intelecto
e forma uma boa dupla com Jotaro, e Polnareff é a grande figura da série, roubando
diversos momentos. Desajeitado, sincero, falastrão, cara-de-pau, mulherengo e
de bom coração, está sempre se dando mal por não resistir a um rabo de saia.
Polnaref é um personagem apaixonante e é dele um dos melhores arcos da série.
Jotaro Cujo por outro lado é um protagonista que ainda não
mostrou a que veio. É o Jojo mais inexpressivo até aqui, o único motivo que
vejo por sua popularidade é a sua postura icônica, mas em termos práticos é um
personagem vazio. Uma boa liderança faz a diferença e isto pôde ser sentido
aqui, ou alguém duvida que a união do grupo e os objetivos bem definidos se
deve ao Joseph? Neste sentido, Jotaro parece ser apenas um mero enfeite
decorativo.
Apesar disso, a série volta em janeiro de 2015 e eu já quero
de volta. É a magia Jojo, apesar dos pesares os personagens ainda nos
impulsiona a querer mais. Dessa vez espero que tenhamos mais Dio do que
silhuetas no escuro...
Nota: 06/10
Direção Geral: Kenichi Suzuki
Direção: Naokatsu Tsuda
Composição de roteiro: Yasuko Kobayashi
Episódios: 24 (split-cour. Continua em Janeiro)
Tipo: TV
Trilha Sonora: Yuugo Kanno
Estúdio: David Production
Página: ANN
Temas Relacionados:
-JoJo's Bizarre Adventure (2012): JOOOOOJOOOOOOOO
Quem influencia, também foi influenciado.
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