Little Witch Academia: The Enchanted Parade (2015) - A Nova Onda das Bruxas

Apesar do meu subtitulo fazer referência ao conflito que move o enredo do segundo Academia de Pequenas Bruxas, o filme não está realmente interessado em explorar essa faceta da cultura pop. Apenas é. 

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O média-metragem Little Witch Academia: The Enchanted Parade (com pouco mais de 50 minutos de duração) fez bem menos estrondo que a sua versão curta-metragem original, mas foi tão ansiosamente aguardado por um relevante culto de fãs que patrocinaram o projeto no Kickstarter, que faz imaginar que seus admiradores estavam ocupados demais saboreando a gema que não se importaram com pirotecnia. Mas é natural que assim seja, quando Litthe Witch Academia (LWA) surgiu virtuosamente no projeto Anime Mirai (que deverá se chamar Anime Tamago, a partir de 2016) ofuscando todos os demais projetos (inclusive Death Parade embora este tenha conseguido se manter como uma opção sólida para aqueles que estavam ávidos por um entretenimento com roteiro mais forte, diferente da proposta leve e visualmente entorpecente de LWA), ninguém esperava por algo do tipo. Pegou a todos de surpresa. Se tem algo que a internet adora, é novidade. Seus usuários tratam logo de fomentar tal novidade em um boca-a-boca (compartilhamentos, surtos, posts, image reactions) extremamente efetivo. Passada o furor da novidade, tudo se transforma em lugar comum neste ambiente, por melhor que seja – a não ser que este algo se reinvente a ponto de se tornar novamente uma novidade inesperada. 

Pode-se dizer sem receio algum que Little Witch Academia foi o que transformou a forma como grandes criadores japoneses de animações enxergavam a plataforma de financiamento coletivo e o poder aquisitivo dos fãs ocidentais. O projeto The Enchanted Parade foi voltado quase que em sua totalidade para o apoio dos fãs ocidentais (em especial, americanos) e foi um sucesso inacreditável, ultrapassando a meta inicial e as expectativas do Estúdio Trigger. Foi incrível. Um acontecimento notável. Verdade seja dita, há muito tempo que se nota uma preocupação de vários setores da indústria de entretenimento japonês com os entusiastas ocidentais por cultura japonesa, e desde então, vem procurando uma forma de reverter isso em lucros. Muito tempo se levou até enxergarem uma forma efetiva para isto, e considerando que por muito tempo os japoneses pareciam não se interessar por outras praças, que não fosse a França, esta foi uma evolução e tanta. LWA foi apenas um fenômeno desta onda. 

Enquanto isso, LWA: The Enchanted Parade é uma agradável surpresa, demonstrando o fôlego desta obra, que poderia se dedicar a incontáveis tramas episódicas centradas no trio de bruxinhas e o universo da Academia de pequenas bruxas. Com mais tempo de duração para desenvolver melhor o roteiro e as relações entre as personagens, este segundo episódio é bastante substancial, mas a formula, ou seja, a essência permanece a mesma que consagrou o curta-metragem: trama simples e bem esculpida, com ênfase na agilidade visual, bem pontuado por um storyboard dinâmico que explora a hiperatividade das personagens em cena, e animação estilizada que é tremendamente performática (mesmo que desta vez, a animação não tenha sido magnificamente fluida por todo o tempo como fora chamativamente no curta). LWA é uma obra que representa bem a capacidade do estúdio Trigger em criar obras com personalidade e um grau substancial de loucura mesmo quando não é nada tão insano – pelo contrário. Mas o apelo em contar uma história principalmente pelo recurso visual é seu cerne. É justo que tenha sido a primeira obra do recente estúdio, após ser formado por algumas mentes criativas do GAINAX. 

A nova história aposta na sutil expansão do universo, com novos personagens, a manutenção da amizade entre Akko (Megumi Han), Lotte (Fumiko Orikasa), e Sucy (Michiyo Murase) através dos inevitáveis conflitos, e mais uma ameaça leve e despreocupada em soar realmente como uma ameaça contundente, e mais como entretenimento teatral para evocar as performances das personagens em um cenário vivo e colorido. É gostoso, são 53 minutos que passam num piscar de olhos e, durante o percurso, provoca uma agradável sensação de magnetismo e relaxamento. Mesmo que a trama seja simples e o vilão não soe realmente como uma ameaça crível, a série se estrutura de tal modo como um show performático em cima da amizade entre as  garotas, que o que realmente importa para nós acaba sendo realmente a relação entre as garotas. Todo o cenário foi construído para que queiramos que elas voltem a se dar bem, para que torçamos não pela inevitável derrota do monstro, mas para o esperado reencontro. E quanto este finalmente acontece...Aaahh, vamos dizer que se trata da verdadeira magia. A magia de uma produção bem pensada e realizada. 

Fico com um tanto relutante em colocar The Enchanted Parade acima do primeiro LWA, ou vice-versa, porque ambos são essencialmente a mesma coisa e, no entanto, apresentam características únicas. O segundo surge com uma estruturação mais sólida, enquanto o primeiro é infinitamente mais original e repleto de um gás e furor, próprio de uma obra que precisa transpor de diversos obstáculos para chegar ao ápice. E se chega, é notavelmente uma cena memorável. Ainda assim, há inevitável sensação de um vazio querendo ser preenchido. E The Enchanted Parade preenche esta sensação, em um clímax repleto de encanto e magia, onde uma simples guerra de classe envolvendo criança se transforma em uma sequência emocionalmente encantadora. Além do mais, penso que mesmo se tudo o mais fosse ruim, tudo teria válido a pena por uma performance deslumbrante de dança – com a vassoura –, repleta de delicadeza cénica, só tendo faltado uma trilha sonora a altura para se tornar memorável (não que a trilha orquestral de Michiru Oshima não seja boa o suficiente). 

 

Melhor garota!

Bem, isso não tira sua beleza. Nem tampouco chegamos a um consenso. O melhor é saborear ambas as obras com o que de melhor cada uma tem para oferecer e torcer por mais, afinal a Diana (Yoko Hikasa) e a Sensei/Shiny Chariot (Noriko Hidaka) merecem ser expandidas. 

Nota: 08/10

Mídia: Original

Argumento:  Yoh Yoshinari

Diretor: Yoh Yoshinari

Roteiro: Masahiko Otsuka

Diretor de Animação: Yoh Yoshinari

Diretor de arte:  Ryutaro Ueda

Música: Michiru Oshima

Estúdio: Trigger

Tipo: OVA

Episódios: 01

Duração: 53 min.

Ano: 2015

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