Ousadias e covardias nos animes

Saudações!

Sou o mais novo membro do blog, me chamem de Pedro (pois é o meu nome). Estarei de vez em quando postando alguns textos que poderão chamar de críticas, análises ou como acharem melhor. Talvez fuja um pouco do tema principal (EL), mas a intenção é essa: inovar. Poderão encontrar meus textos no menu "Crítico Nippon". Sem mais delongas, espero que comentem e gostem. 

Vamos lá:

Se tem algo que faz eu me sentir mau vendo um anime, é quando este tenta me tratar como uma criança indefesa. Sei que há animes para todas as idades, por isso escolho a dedo e assim mesmo, aqueles que mais parecem inteligentes e para o público adolescente, surpreendem com decisões fracas e frágeis, que não condizem com a lógica interna da narrativa. Eu cresci vendo Kuririn ser explodido por Freeza; cresci vendo os Cavaleiros de Athena serem atingidos diversas vezes pela flecha de sagitário no final da saga de Poseidon; comecei o sangrento Elfen Lied na mesma época em que o Naruto clássico, anos atrás... Nós já vimos muita cena 'pesada' quando éramos crianças e pré-adolescentes. Nós não crescemos só na base do Pokêmon.

Por isso acho uma decepção animes para o público mais velho, como Code Geass e até mesmo Soul Eater, negarem-se a punir personagens que merecem ser punidos, simplesmente por serem 'kawaiis' e politicamente incorreto. No caso de Code Geass, um dos inimigos do protagonista, Li Xingke está contra ele e só atrapalha sua revolução. Por que não derrotá-lo? Simplesmente porque ele é o encarregado de proteger uma menininha e isso é bonitinho, e isso lhe dá carta branca pra acabar com a vida do protagonista sem ser punido. Em Soul Eater é a mesma coisa: o personagem Mifune é encarregado de proteger uma jovem bruxa (também cabeludo... Por que os cabeludos protegem menininhas? Hm...) , é tratado como herói por isso. Sendo que aprendemos desde o início do anime, que as bruxas em Soul Eater devem ser destruídas. Contudo, o cavaleiro fiel não deve ser morto, mesmo que encare os protagonistas uma série de vezes...

Por outro lado, isso me deixa mais feliz ainda quando vejo os animes realmente maduros fazendo o contrário: em Shiki, por exemplo, um personagem é levado a praticamente torturar sua própria mulher em prol do bem maior (acredite se quiser), e vemos sangue, vemos o seu desgaste psicológico, vemos tudo... E é considerado um dos melhores deste ano.

Kurama, de Yu Yu Hakusho, também protagoniza alguns bons momento nesse quesito, sendo o personagem frio e metódico que nasceu para ser. Um dos vilões implora para ser salvo de suas sementes venenosas, e ao invés do Kurama aceitar, e o inimigo traí-lo, atacá-lo, e então o Kurama ser obrigado a matá-lo... Nada disso. O inimigo não o traí, Kurama é quem simplesmente decidi negar piedade e o executa. 

E isso vale também para os 'kawaiis'. Kurama está em um jogo mortal com um garotinho que passa o tempo todo sorrindo e feliz, mas que está no caminho de seus amigos. E o garotinho percebe que vai perder, e se perder, morrerá. E começa a implorar. Kurama chega até mesmo dizer: "Senão queria perder, não devia ter começado o jogo. A culpa é sua também." E deixa aquele 'pobre' inimigo caído e derrotado.

Outro exemplo, é na primeira saga do Shippuden: Naruto faz com que seus clones segurem um personagem pelos quatro membros, preso ao chão, e começa a socá-lo sem parar. Vemos até mesmo suas mãos ensanguentadas. E absolutamente nenhum antagonista politicamente correto pra dizer "pare, Naruto!". Este personagem havia matado um amigo deles. Agora eu pergunto: Não é lógico a reação dele? Não é natural?

UPDATE: Não posso deixar de citar a abertura do primeiro filme de Pokémon, e não por acaso, o melhor dos filmes da série. Afinal, como levar a sério batalhas que sabemos que não terão maiores estragos, caso perdidas? Não há como. Pois Pokémon em seu primeiro filme entende isso e nos apresenta a um vilão que abre o longa mostrando por que deve ser temido. Destruindo todo laboratório com seus cientistas dentro, um deles escapa momentaneamente para ver a silhueta de Mewtwo uma última vez. E a direção dessa breve seqüência é perfeita:

“Sonhamos criar o pokêmon mais forte do mundo...” – diz o cientista de frente para o vilão em meio as chamas.

 “... Nós conseguimos.” – encerra ele, com o poder de Mewtwo crescendo em direção à câmera (os olhos do cientista) enquanto destrói tudo em seu caminho. Logo após, vemos apenas o laboratório explodindo ao longe e entendemos que todos ali foram assassinados. 

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Não falo de violência gratuita, de lutar só por lutar, morrer por morrer, mas se o anime propõem uma batalha, ou uma personagem bruxa que sabemos que deve ser destruída, o mínimo que podemos esperar é que ele se mantenha fiel às suas regras. E, claro, faça o que tem que ser feito. Se os criadores tem receio em derrotar seus próprios personagens, Kurama já deu a resposta: "Senão queria perder, não devia ter começado o jogo."