sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Caindo no lugar comum: Feliz com a volta de Monster... Mas Triste Com o Retrocesso

Você percebe que o mercado de mangás está realmente mal quando vê obras lançadas hipoteticamente há 30 anos atrás, sendo relançadas com qualidade igual ou surpreendentemente inferior a que foi lançada originalmente. Já digo logo que não vejo problemas em relançamentos, considero uma tendência natural. É algo que a cena musical começou com seus infindáveis revivals, e seu saudosismo cheirando a naftalina, a indústria do cinema que entrou numa crise que aparentemente vai demorar para sair, vide os remakes, o grande foco em adaptações de quadrinhos e livros juvenis entre outros fatores que denunciam a escassez de ideias originais. Mas olha, se livros podem ser lançados e relançados num espaço de tempo onde eu mastigo uma jujuba e enfio a mão no pacote pra pegar mais, POR QUE O MEU MANGÁ NÃO PODE? Não só pode, como deveria se tornar uma prática comum, para obras lançados quando eu ainda fazia cocó nas fraldas e tem grande potencial comercial, logo, sucesso financeiro. Já dizia o Kuroi (Mangás da Panini-fã site), "EDITORAS NÃO SÃO INSTITUIÇÕES DE CARIDADE, CACETE" (o cacete é por minha conta).

One Piece, da Conrad

No mundo dos negócios, funciona uma regrinha básica:  Lei da Oferta e Procura, também chamada de Lei da Oferta e da Demanda. Oferta é a quantidade do produto disponível em mercado, enquanto procura é o interesse existente em relação ao mesmo. Afinal, por que cargas d'agua eu preciso ficar procurando em sebo, mangás velhos e amarelados, de uma época em que as editoras de uma modo geral, gerenciavam seus negócios da mesma forma que o seu Madruga gerenciava o seu, ao deixar o Chaves tomar conta de sua banda de churros, rs!? Nem tão pouco tenho que ver absurdos que resultam da lei da oferta e da procura. EXEMPLO:

Sakura Card Captos, custando em média POR EDIÇÃO, 200 reais. Tipo, 200 FUNKING DILMAS em uma edição escrota, de meio tanko (um volume dividido em dois), lançado na era jurássica e que devido ao amadorismo das editoras (Jbc falha muito, mas ela não está só e nunca esteve, aliás), envelheceram MUUUUUITO MAL. O fator determinante para a procura de um determinado produto é quando este deixa de ser o preço, assim sendo, o preço se torna algo determinado pelo próprio consumidor. O preço a ser fixado é determinado levando em consideração a relação entre a procura e a necessidade do consumidor final, e claro, os custos gerados em sua produção/manutenção.

Monster, da Conrrad

OKAY, pensando nisso, que as editoras precisam fazer caixa para que seu querido Monster ou qualquer outro mangá que está longe de ser atrativo para a massa (qualidade e diversão nem sempre andam de mãos dadas), seja lançado. Mas também é vergonhoso, relançar um produto de 10 anos atrás, com uma qualidade igual, ou surpreendentemente INFERIOR ao lançado anteriormente. Jbc e Panini ultimamente agem como caranguejos, olhando pra frente, mas andando pra trás. Em curto prazo, beleza. O consumidor fica feliz com o relançamento de seu mangá preferido, a editora fica feliz com os bolsos cheios de Dilmas (R$), mas e à longo prazo? Já dizem os velhos, pra colher, é preciso plantar. Olhar com maturidade para o mercado ao qual sua empresa trabalha, é tratar o seu público consumidor com respeito e o material que tem em mãos, de forma profissional. Pensar nessas questões deveria ser a função de um editor geral, mas será que nossas duas maiores editoras de mangás no Brasil, possuem este tipo de profissional empreendedor num cargo que é tão importante quanto à função de técnico de futebol? Afinal, não adianta apenas ter um bom produto em mãos, é preciso saber trabalha-lo corretamente. Que o fracasso da Conrad não tenha sido em vão e que os profissionais comecem seriamente a pensar mais a longo prazo. Pois o público amadurece e com 25 anos, mãe e dona de casa, eu vou ser ainda mais seletiva com o que compro.

Edição recente, que parece ser a antiga
Mauricio de Souza tem visão empresarial e percebeu isso ao lançar o “Turma da Mônica Jovem”. Tanta visão empresarial, que ao invés de enfiar os dois pés no mercado abocanhado pelas editoras de mangás, que é o adolescente que sai de uma leitura infantil e procura por algo mais condizente com sua idade, foi experimentando aos poucos. Mas sinceramente, não vejo isso por parte da Jbc e da Panini. É preciso trabalhar em duas frentes: Os mangás com bom acabamento e consequentemente, um preço acima da média (15 reais deveria ser o preço alternativo, para algo realmente BOOOOOOOM, mas que não chega a ser luxo, com todos aqueles mimos que fazem o preço bombar - Solanin, por exemplo, da L&PM, é um produto BOOOOOM, que vale 15 reais, mas que certamente não tem o padrão luxo que eu conheço e que faria o preço ser bem salgado) para algo mais restrito/diferenciado ou relançamentos e o mangá com a qualidade padrão que temos hoje (claro que não falo das páginas transparentes), o famoso papel jornal (ou como dizem por ai, papel de limpar bunda). E claro, os relançamentos tem por obrigação moral, serem melhores do que foi lançado primeiro.

A Jbc até o momento, não vem apenas falhado miseravelmente, mas também se envergonhando (até mundialmente) com o acabamento dispensado em Evangelion, Cavaleiros do Zodíaco e possivelmente, acontecerá o mesmo com o aguardado Sakura Card Captors. E a Panini, trazendo One Piece e Monster em papel jornal, sem as páginas brancas, costurado,ou qualquer coisa que diferencie positivamente da edição lançada anteriormente pela Conrad, também mostra seu comodismo e se porta como editora pequena. Pensando assim, estamos vivendo de um retrocesso bizarro, onde a Conrad infelizmente não fez escola (tá, ainda podemos olhar para a NewPOP e L&PM com certa esperança, com seus bons acabamentos físicos e investimento no mercado de livraria, como Solanin e obras do Tezuka, entre outras), e seus mangás lançados na época do meio tanko, quando ainda existia animes na tv aberta e Band Kids (QUÊ IÇU? Sei lá, mas sempre comentam), continuam com uma qualidade muito melhor do que o lançado em pleno ano apocalíptico de 2012 ou ao menos, no mesmo padrão. Ou seja, realmente é o fim dos tempos.

Vale conferir e refletir na mensagem deixada no blog Nahel Argama, do Cuerti, que toca na mesma tecla.

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