Mais um trailer de Gyo foi liberado pela produção do estúdio
ufotable, com mais detalhes e um cenário mais amplo, possibilitando um entendimento
maior de como será esse longa metragem em versão OVA (algo em torno de 1 hora de duração). Eu já estava aguardando ansiosamente
a um bom tempo por isso, e a menos de duas semanas da estreia (que se sucederá dia 15/02), já faço
uma ideia de como será essa adaptação.
Assistindo o trailer acima, o que se vê é uma versão 2 de Gyo. E isso é um problema? Não necessariamente. Não é preciso ser fiel ao original para que seja bom. Precisa apenas funcionar como adaptação, como uma produção independente da original. Na temporada atual, temos o exemplo de Persona 4, que é um anime feito quase que exclusivamente para o fandom do game, e que não funciona para o público geral. Dirigido por Takayuki Hirao (Kara no Kyoukai 5: Mujun Rasen), Gyo originalmente foi concebido como um projeto de 30 minutos, juntamente com mais duas adaptações em OVA’s; Minori Scramble! e Yuri Seijin Naoko-san. Podemos dizer que essas séries são produzidas a "toque de caixa", ou seja, com baixo orçamento (sendo que a grana do estúdio, vai toda pra excelente animação de Fate/Zero). Com isso, o uso do CG se torna mais alarmante, mas com reproduções de 20 segundos, não era algo que chegava a me incomodar inicialmente.
Certamente fui ingênua, pois Gyo, apesar de apresentar um
roteiro bem básico, é uma história catástrofe, e obviamente muitos recursos são
requeridos no processo. Peixes enormes ganhando “pernas” e invadindo a cidade e
causando uma enorme destruição e um grande numero de elementos bizarríssimos. O
que Gyo nos mostra, é o cenário de uma trama apocalíptica. Algo assim requer um
bom investimento e pensando por esse lado, torna se compreensível a visível mudança
de rumos nessa versão animada. Gyo é trash e não possui o mesmo refinamento de
outras obras de Junji Ito, já denunciada pela chamada do plot; O cheiro nefasto e podre que toma conta da
pequena ilha de Okinawa, com peixes (PEIXES, PEEEEEEIXES) invadindo a superfície
e causa a espiral do horror para Tadashi e Kaori, transformando a todos em
horrendas mutações (!!!!). Gyo definitivamente não é algo pra se levar a
sério, é diversão pura, em altos níveis de bizarrices que só o terror trash é
capaz de oferecer. E curiosamente e não por acaso, se assemelha bastante aos
filmes B, americanos. Contando com diversas explicações pseudocientíficas, nota-se
uma crítica sútil em seu subtexto, ao passado militarista do Japão e sua
relação predatória com a vida no oceano (japoneses
adoram carne de baleia), o que leva o país a ser altamente criticado pelos
EUA. Notaram a crítica do Ito-sensei? É algo como, se os peixes ganhassem
pernas, nós também viraríamos o prato principal da vida marinha no oceano.
Mas esqueçam do trash, esqueçam a podridão que infesta às
páginas do mangá de Gyo, com todo aquele detalhismo, closes em expressões de
horror e um ambiente completamente inóspito e sujo. Já no trailer, assim como
na adaptação do novo filme de Berseker,
o cenário vai ser bem limpo. Conversando com algumas pessoas no twitter, entre
eles o senhor @JudeuAteu, do blog Mangás Undergrounds, chegamos à conclusão de que Gyo será mais um thriller, do que
propriamente, um bioterror. Um thriller bem aos moldes americanos, mas sem
abrir mão de peculiaridades japonesas. Por exemplo, assistindo o vídeo acima,
nota-se que agora, a história pretende se centrar em um grupo de amigos, que
certamente irão sendo descartados pelo caminho. Temos lésbicas (!!!), fanservice e o principal, Kaori
como protagonista. Isso é algo bem comum no cinema de terror japonês,
principalmente no que diz respeito aos filmes “teen”. Também teremos tentáculos
(!!!). O que particularmente, vejo
como algo completamente fora do contexto. Afinal, Gyo não é uma história sobre “monstrengos
com tentáculos”, mas aberrações da natureza.
Na verdade, desde o primeiropôster promocional de Gyo, que já imaginava que Kaori assumiria as rédeas da
trama. O que não me agrada muito, pois vai perder parte de sua densidade dramática,
que serve de escada para todo o horror da história e seu desfecho melancólico,
algo peculiar nas obras do Ito, e sua grande influência no universo desolador
de Lovecraft. Com isso, a ufotable e o diretor Hirao, oferecem para o público,
um blockbuster, mas sem o primor e investimento, destes. É válida essa que,
talvez vire uma tendência do mercado de animes japoneses, de “popularizar” e
suavizar adaptações de series de horror e suspense, visando o grande público. Estamos
vendo isso em Another, vimos uma
tentativa disso também em Blood-C,
que ficou entre o slice of life/moe~ e o horror. Animes de terror/suspense, historicamente,
tem uma repercussão negativa e vedem pouco. O que faz com que poucas obras do gênero,
sejam adaptadas. Dentre essas, cabem no dedo, aquelas que conseguem ao menos,
ficar na média de vendas de DVD/BD. Caso Another obtenha sucesso
financeiramente, lógico que poderemos ter ai uma gradativa tendência. Mas não é
algo que particularmente, me agrada tanto.
Quanto a Gyo, sinto que o CG irá atrapalhar um pouco a
diversão, mas a adaptação promete bastante intensidade. E ainda que não seja
trash, nem possua a essência do horror, há chances de ser um bom thriller de
suspense. Ao menos, é o que eu espero. Mas duas coisas logo de cara, tiram
parte daquela minha alegria inicial, que é a provável ausência precoce de
Tadashi e o charmoso character designer original. As personagens dessa
adaptação estão longe da originalidade e beleza das que foram desenhadas no
punho por Junji Ito. E isso é uma pena, pois character designer dessa adaptação
perdeu parte de sua personalidade com isso. De qualquer forma, o convite ainda
está valendo. Chamem todo mundo e se sintam convidados para assistirem Gyo aqui
em casa. Vai ter pipoca, bolo e guaraná Dolly. E ai, estão tão ansiosos, como
eu? Afinal, é Gyo! Descaracterizado, mas ainda é Gyo, primeiro mangá de Junji
Ito a ganhar anime. Se ao menos for divertido o suficiente, os surtos estão
garantidos!
Em tempo, Gyo é um
mangá de horror e sci-fi, serializado na Big Comic, revista seinen da editora
Shogakukan. Foi publicado em 2002, somando ao todo, 2 volumes já finalizados.
Gyo (que significa “peixe” em japonês), conta a história do casal Tadashi e
Kaori, que fazem uma viagem para a ilha paradisíaca de Okinawa. Mas um estranho
odor de peixe podre começa a incomodar Kaori durante a noite, que pra sua
surpresa, flagra peixes invadindo a casa onde ela e Tadashi se encontram. O que
eles não imaginam, é que não estão presenciando um apocalipse zumbi, mas sim, a
invasão de peixes à superfície ocasionada por um “estranho” vírus,
transformando a todos os habitantes em horríveis mutações.
Sensacional, né? [Agradecimentos ao Judeu Ateu, pelo toque]
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