
Sabe, ultimamente se eu pego no pé de Another, é mais por
brincadeira do que realmente por estar desgostosa com o anime, uma vez que
desde o episódio 8 venho sentindo uma crescente. Acho um pouco engraçado quando
dizem que, as pessoas não estavam curtindo, pois esperavam algo mais agressivo,
mais gore. É como se subestimassem o lado crítico dessas pessoas. Mas é notável
o quanto a série cresceu, tanto em narrativa, quanto em tensão atmosférica,
isso enquanto revela pequenos detalhes do enredo, mas sem entregar o que as
pessoas mais querem saber. O que certamente causa apreensão e gera suspense. Com
isso tudo, também as interações entre os personagens melhorou e os dialogo soam
mais interessantes e mais importantes: Significativos. Okay! Isso serve mais de
recompensa para os que continuaram acompanhando, uma vez que nada disso trata os
que abandonaram o barco de volta e nem fará a série estourar em vendas.
Embora Another em sua primeira parte, tenha tentado ficar
muito mais na área do suspense psicológico, essa parte final tem passado um
feeling de terror, bem bacana. Terror não é só pra assustar (alguém se assusta com terror hoje em dia? lol),
é muito mais que isso, é sentimento. Colocando-nos um pouquinho na pele dos
personagens, seria impossível que não estivéssemos nos sentindo completamente amedrontados
e acuados. Isso é terror, se sentir aterrorizado. E esse episódio funciona como
um ponte sensacional para todo o gozo que virá nos 2 últimos seguintes. Muito
mais do que isso, ele se constrói em um clima de apreensão, que só não me fez
ficar extremamente eufórica, porque não chegou no nível de tensão psicológica do
anime Kaiji (primeira temporada) e Yukito
Ayatsuji, escritor da novel, não é tão sádico quanto Nobuyuki Fukumoto, mangaká
de Kaichi, que adora brincar com os nervos de seus leitores. Mas é competente o
suficiente pra me deixar ansiosa para o próximo episódio. Mas claro que os méritos
vão para o Tsutomu Mizushima, que mesmo inconstante, sabe como prender a
atenção do espectador nas retas finais de suas tramas.

Agora vamos comentar sobre a construção do clima, que se
desenvolveu gradativamente até o frenético cliffhanger. Começando com o sonho
de Izumi. Essa que foi uma excelente tática empregada nessa parte final de
Another. Os pesadelos revelam anormalidade no cotidiano das pessoas.
Inquietação, desejos, temores. Vemos isso primeiro em Kouichi, que se sentiu
inseguro e encurralado quando começou a se sentir culpado por toda aquela
calamidade, com as pessoas que morreram indo atormenta-lo em seu sonho. Então,
mesmo que ele não fosse o aluno extra, ele sentia como se fosse, uma vez que
também agiu como um objeto catalizador de toda a calamidade. Agora, Izumi, que nutre sentimentos intensos,
seja o de afeição por Kouichi ou os ciúmes que sente de sua relação com Misaki
e até mesmo o fato de como líder das contramedidas, não ter conseguido evitar
todos aqueles incidentes.
Primeiro que foi um grande troller, pois todos achavam que ela estava chorando a morte de Teshigawara.
Como alguns leitores comentaram é realmente difícil imaginar a Izumi chorando
tanto pelo Teshigawara. Ao menos, não a Izumi de agora. Segundo que deixa claro,
os sentimentos que ela sente pelo Kouichi, assim como a aparente rivalidade
entre ela e Misaki. E terceiro, ela estava chorando pelo seu irmão. Pensando um
pouco aqui, certamente foi a partir desse momento que ela se tornou mais fria e
indulgente. Imagino que o irmão de Izumi tenha sido ignorado por toda a turma
naquele ano, sendo o tal aluno que desistiu de interpretar o morto, por não
resistir à pressão, há dois anos atrás. Isso explicaria o motivo de Tsutomu
Mizushima, torna-la uma personagem menos emotiva e mais fria, nessa adaptação,
uma vez que ela teve levemente sua personalidade alterada. Isso também explica
a aversão que a mesma sente por Misaki, porque sim, ao que tudo indica, ela já
não ia com a cara da “Misaki Moe”
antes mesmo da aparição de Kouichi.

Acredito que muitos devam ter odiado a atitude da Izumi, mas
eu a intendo perfeitamente. Seu irmão aparentemente morrera como uma vítima
daquilo (bem, isso sou eu que estou
dizendo), e ainda desempenha um trabalho que está fadado ao fracasso.
Também não culpo a Misaki Moe, apesar
de que sua falta de interesse a todos ali, é notável, como se percebe
definitivamente na conversa que tem com Kouichi. Sua prima na verdade, era sua
irmã gêmea e primeira vítima da calamidade. Mas sua omissão, fez com que todos
a ignorassem, já que nem imaginavam que a desgraça toda já havia começado.
Assim como ela poderia saber quem era o extra quando quisesse, mas preferiu se
manter a parte, ainda que curiosa por descobrir o mistério, à fornecer qualquer
pista para os outros alunos. Na verdade, Another é um queijo suíço enorme, com
ações que não fazem o mínimo sentido, nem em uma trama sobrenatural. Claro que,
da mesma forma que é conveniente para o roteiro que Mei ficasse calada, também
não dá garantias que acreditariam nela, embora tal informação certamente seria
levada à prova, diante os incidentes gerados pela calamidade. Se a antiga
classe 3, foi tão longe, apenas para tentar se livrar de maldição, rezando para
algum deus, é claro que meditas seriam tomada aqui.
Com isso, eu quero dizer que a capacidade da Mei descobrir quem
está morto, através daqueles olhos de vidro, não é só decepcionante, é um
caminho fácil e inconsistente do roteiro. Primeiro que eu já imaginava que a
Mei seria usada como uma espécie de “Deus Ex- Machina” no roteiro, mas não
imaginei que fosse isso. E segundo que esse olho de boneca dela, me lembra de Ryougi
Shiki, de Kara no Kyoukai, e sua
percepção da morte com aqueles olhos místicos. Aliás, ambas as personagens
passaram por uma experiência de quase morte, retornando com olhos que podem ver
muito mais além do que pessoas normais conseguem. Mas enquanto Kara no Kyoukai
é fantasia pura, Another é um sobrenatural com um plano de fundo mais crível.
Não há personagens que soltam poderes ou que voam. Em todo o momento, o
sobrenatural é trabalhado de uma forma onde tudo é visto como fenômenos
estranhos. Coisas que não fogem completamente das possibilidades reais, afinal,
o que aconteceu com o elenco de O
Exorcista original, também pode ser encarado como um fenômeno para lá de
peculiar. Então, uma saída tão fácil e conveniente, soa como preguiça de pensar
em algo realmente inteligente, por parte do autor original.

Mas é obvio que vão segurar isso o máximo possível, embora
todo mundo do lado de cá já saiba previamente o que está acontecendo e nem seja
difícil imaginar o que virá. Como eu disse o grande trunfo de Another, é manter
a sete chaves o misterioso evento que culminou na morte de Reika. Ou seja, particularmente
tenho mais interesse na segunda turma (que
Reiko e a mãe do Kouichi fizeram parte), que nessa terceira. Mas claro, os
personagens são sabem disso, assim como não sabiam sobre a irmã gêmea da
Misaki, que os olhos dela realmente podia identificar o morto (embora isso já sido falado em episódios
anteriores e confirmado agora, para tristeza do roteiro) e nem que a Reiko
está mortinha da silva. Na verdade, eu me sinto um pouco idiota e sinto que a
direção está subestimando a inteligência do espectador, em ainda insistir nesse
suspense sobre Reiko Mikami ser duas pessoas: A tia e a professora do Kouichi.
Definitivamente não vejo aonde isso possa ser um trunfo a ser usado no futuro.
De qualquer forma, o mistério será desvendado por forças sobrenaturais e não pelos
esforços do Kouichi. Um tanto quanto decepcionante, principalmente porque a Mei
sempre se resguardou e se mostrou sempre como uma peça misteriosa sobre aquilo
tudo.
A prova contundente de que Another, de um modo geral, é um
anime fraco e com roteiro fraco, é o fato de que, já no episódio 5, todos já
sabiam quem era o extra, assim como se confirma agora na fase final, que muitas
obviedades se tornaram reais, como a Mei poder identificar quem é o morto. Fora
outras coisinhas, que vou guardar pra comentar no final, caso não se justifiquem.
Agora, o duro é saber o porquê ela nunca contou isso nem para o Kouichi e porquê cargas d'água um simples olho de vidro deu essa capacidade para ela. Madoka Mágica pode ter o roteiro fraco
e depois de visto, previsível. Porém, a forma como foi executado aquilo, não
deixou dúvidas sobre a potencialidade de seu Deus Ex-Machina. Mas de qualquer
forma, ouvir o restante da fita e seu conteúdo foi uma surpresa interessante.
Dessa forma, sabemos que Katsumi matou alguém acidentalmente e que não foi a
Reiko, mas sim um outro garoto. E que seu corpo fora deixado lá, mas sumira
misteriosamente, provando ser ele o aluno extra. Isso explica a inquietação
dele e as frases desconexas, sobre ter deixado “aquilo” lá. Isso além de dar um
fôlego novo à trama, também aumenta as dúvidas e suspeitas em torno da Reiko.
Afinal, como foi que ela morreu? E quando? E como? A informação sobre a forma
de eliminar o extra, não foi novidade para nós, mas também injeta novas
possibilidades para as ações que virão a seguir por parte dos personagens.
Para mim, é claro que aquele aluno asmático passando mal do
nada e o Chibiki tendo que se ausentar, é um prologo para o clima de anarquia
que vai se instaurar naquele local. Ao que tudo indica a merda toda já começou
com o Teshigawara fazendo alguma cagada
novamente. Então, sim. Estou mega-hiper ansiosa para o que virá a seguir. Sinceramente,
espero por um espetáculo da psicose humana, será que o Tsutomu Mizushima vai
dar conta de passar essa sensação para nós? Tomara que sim. Ah, fiquei com uma
vaga impressão de que o aluno morto ali, no final do episódio era o Kazami. Confirma
isso, produção?


E bem, embora se eu fosse dar uma nota para esse episódio,
seria a de 7/10 (é provável que eu dê
uma nota 6 para o anime, depois que este acabar), eu gostei da execução e
do episódio em si, embora continue achando o roteiro mediano, assim como o
anime. Mas o que sempre faz a diferença em um roteiro mediano é a direção. E
nos últimos episódios, este tem sido o destaque. Principalmente porque não é o
mistério em si que é intrigante, mas sim seu desenvolvimento e a relação que
isso tudo tem nos personagens. Provavelmente, o episódio a seguir será meio anárquico,
e o próximo será choque puro, com enfim, as revelações sobre o que aconteceu no
passado.
E bem, sinto que preciso registrar aqui minha completa admiração pela parte técnica de Another. Definitivamente, não há o que criticar quanto a isso. Os cenários são belíssimos, de uma fora estranha, são muito lindos. Retrataram aquela mansão repleta de detalhes, sem falar na ótima iluminação. Nesse sentido, Another talvez consiga brigar com Fate/Zero e sua fotografia excelente. Bye, bye!











