sábado, 14 de abril de 2012

Primeiras Impressões: Avatar; A Lenda de Korra



Depois de ter passado pela terrível experiência de ter assistido Avatar, filme americano de James Cameron, acabei me afastando de tudo que é relacionado a este nome. Incluindo ai, o desenho Avatar: A Lenda de Aang que é bastante querido, especialmente pelos mais velhos de 20+. E Avatar: A Lenda de Korra é uma sequela dessa série, se passando 70 anos depois, com novos personagens e inserção de um novo “universo” criativo. É basicamente um Last Exile Fam, mas claro, guardada as devidas proporções. Então, com todo o hype e sendo uma série que não exigia nenhum conhecimento sobre a animação anterior, resolvi assistir os dois primeiros episódios lançados e caramba, fui completamente fisgada e não é por lembrar qualquer outra animação produzida no Japão, mas porque é bom mesmo!

Agora, o personagem principal não é mais Aang e sim Korra, uma garota que é bem rebelde e impulsiva, tem algo de passional nela, que mesmo diante de algumas atitudes que possam ser consideradas imaturas pra idade da garota, não tem como não entende-la. Ela faz biquinho, desobedece, vai atrás do que lhe chama atenção e quando é pega no “pulão”, solta aquele típico sorriso de criança que acabou de ser pega no meio de uma travessura. Korra tem uma personalidade forte e o carisma necessário para tornar A Lenda de Korra, algo agradável pra se assistir. A história gira em torno dela, ao menos inicialmente, e a garota que aparece pela primeira vez na série praticamente um bebê barrigudinho, dobrando agressivamente os três elementos naturais aos quais possui domínio [Terra/Fogo/Água], o tempo passa e ela se transforma numa verdadeira tomboy, no melhor estilo badassssss. Mas, ela continua sem conseguir dominar os 4 elementos naturais e é basicamente em cima disso que o conflito da trama até aqui se sustenta.

Que coisinha mais GOSTOSA, OHGOD!

Korra é da Tribo da Água, mas revela certa dificuldade em dominar o elemento do ar – Adorei o dialogo no segundo episódio entre Korra e Tenzin, onde ele diz que “O elemento mais difícil para o avatar dominar é o elemento oposto a sua personalidade”. Ai ele não precisou explicar mais nada, afinal, o ar envolve certa delicadeza (coisa que fica bem explicitada no treinamento que ele passa, onde ela deveria atravessar para o outro lado sem tocar nas placas. Obviamente ela falha e em determinado momento, com toda sua brutalidade e impaciência característica, manda tudo pelos ares – Aliás, cena que eu morri de rir) e ela é impaciente e agressiva pra caramba, além de ser altamente confiante no seu “taco”, mas não consegue concentração suficiente nem para meditar. Pobre do Tenzin que sofre sendo seu mestre e bom pra nós, pois são momentos ótimos.

Korra é mantida em segurança em uma fortaleza da Tribo da Água, onde recebe o treinamento para dominar a dobra dos elementos. Mas nada ali parece ter uma evolução e Tenzin que deveria lhe treinar, não pode ficar e parte para Republic City. E é ai que a história e seus conflitos começam. Temos uma Korra aventureira que precisa aprender a lidar com o seu lado agressivo e dominar um elemento onde a força não é necessária (no caso, o ar) e ao mesmo tempo, vemos ela se meter em diversas encrencas. No meio disso tudo, a série destila lentamente um plano de fundo onde a intriga politica parece que ganhará um papel de destaque.


Republic City é uma metrópole que é o epicentro do moderno mundo de Avatar, sendo uma cidade um concentrado de dobradores e não-dobradores [de elementos]. A tecnologia aparece ali como um belo cenário de fundo, que parece se passar entre anos de 1910 a 1930, com balões dirigíveis e veículos típicos da época, como modelos Ford, o que é um charme e tanto com a belíssima animação. A série usa sabiamente diversos elementos de steampunk, onde policiais usam cabos de aço para capturarem elementos que comprometem a ordem da cidade. A narrativa áudio visual de A Lenda de Korra é muito abrangente, vai do uso da estética samurai, muitos e muitos elementos de fantasia, e isso tudo ocorrendo em um universo um místico, um mundo de inspiração asiática. Aliás, isso é bem perceptível a partir do ponto que a animação tem forte inspiração na estética dos animes originado do Japão. Porém a fluidez é bem típica de uma animação norte-americana, assim como diversos maneirismos. Então, com relação a absorver a estética japonesa, A Lenda de Korra pega bem pouco e isso pouco já é suficientemente agradável. Afinal, a “marra” de muitos com relação às animações americanas, é justamente a estética e narrativa.

A Lenda de Korra tem claramente uma narrativa um pouco mais madura que seu antecessor, A Lenda de Aang, que aparentemente tinha como foco as crianças, enquanto este parece ser destinado aos adolescentes e você percebe isso em vários aspectos, que vai deste uma protagonista com a personalidade de Korra, até mesmo o conflito que se desenha na história. Agora, essa série tem mérito de atender a ambos os públicos; Tanto do original, quantos os novos que virão fisgados por algo um pouquinho diferente do que se vê normalmente no Nickelodeon. Obviamente, é uma estratégia da Nickelodeon, que mantém somente a produção da série anterior (por mais que aparentemente o pessoal quisesse ver uma continuação original). Mas, é um produto tipicamente americano e não dá pra ir assistir esperando maneirismos japoneses, além da série ousar pouco, já que é uma história destinado não somente aos adolescentes, mas como também pra ser apreciado por toda a família.


A série adota dois tons, que variam entre o nonsense (incluindo ai muita gag áudio visual) e o mais sério e isso gera um contraste interessante e serve como alivio cômico. O humor é ótimo e as expressões faciais dos personagens são para lá de divertidas. Detalhe para as expressões da mulher de Tenzin, que precisa lidar com vários filhos pequenos e ainda está esperando mais um, temendo que este também se torne um dobrador. O próprio Tenzin, tendo dor de cabeça com a Korra – Aquela cena na mesa de jantar (era jantar?), com ele, sua mulher e seus três filhos foi sensacional: Ele vira para as filhas e pede para elas prometerem não fazer o mesmo que Korra, quando crescerem. Ao qual, uma delas vira e diz que não vai prometer uma coisa dessas. O feeling envolvendo dialogo, gestos, expressões e “ação” são excelentes. Difícil não esboçar um sorriso no rosto diante de uma situação ou outra.  

Eu não assisti a série anterior, mas é interessante ver como A Lenda de Korra abraça seu passado de forma sútil, onde podemos ver várias vezes à estátua de Aang, erguida no meio do mar da costa de Republic City. O próprio Tenzin, filho de Aang e outros diversos personagens que possuem uma ligação com os antepassados de A Lenda de Aang, como é o caso da oficial Bei Fong, chefe da segurança de Republic City. O mais legal, é que por mais que você seja ignorante no universo Avatar, você não fica perdido em momento algum.


A ação é excelente, tanto em cenas de movimento, como diálogos, interação (o que acaba se tornando mais agradável com personagens carismáticos), um, duas, três tramas se construindo ao fundo. Tudo isso, acaba gerando uma certa expectativa do que estar por vir. A Lenda de Korra é realmente uma super produção da Nickeloaden, que esbanja um bom numero de frames por segundo quando precisa, apesar de alguns momentos isso cair consideravelmente, mas que fica tudo bem escondidinho. A cena do episódio 1, onde Korra se mete um grupo de extorsões, e depois com a policia, é muito boa e com ótimos movimentos. Durante os momentos de silêncio, os cenários são realmente exuberantes. No mesmo episódio, Korra se mete em uma competição de dobradores profissionais e ao mesmo tempo que temos uma boa sequência animada, temos o desenvolvimento da personagem como Avatar e sua interação com o que acredito, ser o triangulo amoroso da história (eu adorei o carinha sério e claramente rolou uma forte tensão ali).

Amon é o típico antagonista que parece querer a eliminação de uma raça. O cenário da República City é um símbolo de paz, sendo um lugar onde todos os dobradores podem viver juntos em harmonia com as pessoas normais. E aqui se desenha o conflito que parece ser algo meio X-Men, onde as pessoas que não nascem com poderes de flexão, estão revoltosas por muitos dobradores usarem seus dons para intimida-los e controlá-los. Esse personagem parece estar se aproveitando disso e manipulando a todos. Não é nada novo, mas se bem desenvolvido, virá a ser agradável. A Lenda de Korra se mostrou um excelente entretenimento até aqui, de altíssima qualidade, que se mostrou saber usar bem clichês a seu favor. Esse mundo parece bem intricado e se construindo pouco a pouco, onde já se percebe uma conexão entre todos os personagens. Certamente é algo que merece ser apreciado e fique de olho nas coreografias, que são incríveis, já começando na abertura. Também fique de olho na Naga, o Urso-Cão polar da Korra, que é um fofo (!!). E claro, na Korra que é puro kick assssssss e seu envolvimento no triangulo amoroso. Isso vai ser ótimo de se assistir, risos.