Depois de ter passado pela terrível experiência de ter
assistido Avatar, filme americano de
James Cameron, acabei me afastando de tudo que é relacionado a este nome.
Incluindo ai, o desenho Avatar: A Lenda
de Aang que é bastante querido, especialmente pelos mais velhos de 20+. E Avatar: A Lenda de Korra é uma sequela
dessa série, se passando 70 anos depois, com novos personagens e inserção de um
novo “universo” criativo. É basicamente um Last
Exile Fam, mas claro, guardada as devidas proporções. Então, com todo o
hype e sendo uma série que não exigia nenhum conhecimento sobre a animação
anterior, resolvi assistir os dois primeiros episódios lançados e caramba, fui
completamente fisgada e não é por lembrar qualquer outra animação produzida no
Japão, mas porque é bom mesmo!
Agora, o personagem principal não é mais Aang e sim Korra, uma
garota que é bem rebelde e impulsiva, tem algo de passional nela, que mesmo
diante de algumas atitudes que possam ser consideradas imaturas pra idade da
garota, não tem como não entende-la. Ela faz biquinho, desobedece, vai atrás do
que lhe chama atenção e quando é pega no “pulão”, solta aquele típico sorriso
de criança que acabou de ser pega no meio de uma travessura. Korra tem uma
personalidade forte e o carisma necessário para tornar A Lenda de Korra, algo agradável pra se assistir. A história gira
em torno dela, ao menos inicialmente, e a garota que aparece pela primeira vez
na série praticamente um bebê barrigudinho, dobrando agressivamente os três
elementos naturais aos quais possui domínio [Terra/Fogo/Água], o tempo passa e
ela se transforma numa verdadeira tomboy, no melhor estilo badassssss. Mas, ela continua sem conseguir dominar os 4 elementos
naturais e é basicamente em cima disso que o conflito da trama até aqui se
sustenta.
Que coisinha mais GOSTOSA, OHGOD! |
Korra é da Tribo da Água, mas revela certa dificuldade em
dominar o elemento do ar – Adorei o dialogo no segundo episódio entre Korra e Tenzin,
onde ele diz que “O elemento mais difícil para o avatar dominar é o elemento oposto a
sua personalidade”. Ai ele não precisou explicar mais nada, afinal, o
ar envolve certa delicadeza (coisa que
fica bem explicitada no treinamento que ele passa, onde ela deveria atravessar
para o outro lado sem tocar nas placas. Obviamente ela falha e em determinado
momento, com toda sua brutalidade e impaciência característica, manda tudo
pelos ares – Aliás, cena que eu morri de rir) e ela é impaciente e
agressiva pra caramba, além de ser altamente confiante no seu “taco”, mas não
consegue concentração suficiente nem para meditar. Pobre do Tenzin que sofre
sendo seu mestre e bom pra nós, pois são momentos ótimos.
Korra é mantida em segurança em uma fortaleza da Tribo da
Água, onde recebe o treinamento para dominar a dobra dos elementos. Mas nada
ali parece ter uma evolução e Tenzin que deveria lhe treinar, não pode ficar e
parte para Republic City. E é ai que a história e seus conflitos começam. Temos
uma Korra aventureira que precisa aprender a lidar com o seu lado agressivo e
dominar um elemento onde a força não é necessária (no caso, o ar) e ao mesmo tempo, vemos ela se meter em diversas
encrencas. No meio disso tudo, a série destila lentamente um plano de fundo
onde a intriga politica parece que ganhará um papel de destaque.
Republic City é uma metrópole que é o epicentro do moderno
mundo de Avatar, sendo uma cidade um
concentrado de dobradores e não-dobradores [de elementos]. A tecnologia aparece
ali como um belo cenário de fundo, que parece se passar entre anos de 1910 a 1930,
com balões dirigíveis e veículos típicos da época, como modelos Ford, o que é
um charme e tanto com a belíssima animação. A série usa sabiamente diversos
elementos de steampunk, onde policiais usam cabos de aço para capturarem
elementos que comprometem a ordem da cidade. A narrativa áudio visual de A Lenda de Korra é muito abrangente,
vai do uso da estética samurai, muitos e muitos elementos de fantasia, e isso
tudo ocorrendo em um universo um místico, um mundo de inspiração asiática.
Aliás, isso é bem perceptível a partir do ponto que a animação tem forte
inspiração na estética dos animes originado do Japão. Porém a fluidez é bem típica
de uma animação norte-americana, assim como diversos maneirismos. Então, com
relação a absorver a estética japonesa, A
Lenda de Korra pega bem pouco e isso pouco já é suficientemente agradável.
Afinal, a “marra” de muitos com relação às animações americanas, é justamente a
estética e narrativa.
A Lenda de Korra
tem claramente uma narrativa um pouco mais madura que seu antecessor, A Lenda de Aang, que aparentemente
tinha como foco as crianças, enquanto este parece ser destinado aos
adolescentes e você percebe isso em vários aspectos, que vai deste uma
protagonista com a personalidade de Korra, até mesmo o conflito que se desenha
na história. Agora, essa série tem mérito de atender a ambos os públicos; Tanto
do original, quantos os novos que virão fisgados por algo um pouquinho diferente
do que se vê normalmente no Nickelodeon. Obviamente, é uma estratégia da Nickelodeon,
que mantém somente a produção da série anterior (por mais que aparentemente o pessoal quisesse ver uma continuação
original). Mas, é um produto tipicamente americano e não dá pra ir assistir
esperando maneirismos japoneses, além da série ousar pouco, já que é uma
história destinado não somente aos adolescentes, mas como também pra ser
apreciado por toda a família.
A série adota dois tons, que variam entre o nonsense (incluindo ai muita gag áudio visual) e
o mais sério e isso gera um contraste interessante e serve como alivio cômico. O
humor é ótimo e as expressões faciais dos personagens são para lá de
divertidas. Detalhe para as expressões da mulher de Tenzin, que precisa lidar
com vários filhos pequenos e ainda está esperando mais um, temendo que este
também se torne um dobrador. O próprio Tenzin, tendo dor de cabeça com a Korra –
Aquela cena na mesa de jantar (era
jantar?), com ele, sua mulher e seus três filhos foi sensacional: Ele vira
para as filhas e pede para elas prometerem não fazer o mesmo que Korra, quando
crescerem. Ao qual, uma delas vira e diz que não vai prometer uma coisa dessas.
O feeling envolvendo dialogo, gestos, expressões e “ação” são excelentes. Difícil
não esboçar um sorriso no rosto diante de uma situação ou outra.
Eu não assisti a série anterior, mas é interessante ver como
A Lenda de Korra abraça seu passado
de forma sútil, onde podemos ver várias vezes à estátua de Aang, erguida no
meio do mar da costa de Republic City. O próprio Tenzin, filho de Aang e outros
diversos personagens que possuem uma ligação com os antepassados de A Lenda de Aang, como é o caso da
oficial Bei Fong, chefe da segurança de Republic City. O mais legal, é que por
mais que você seja ignorante no universo Avatar, você não fica perdido em
momento algum.
A ação é excelente, tanto em cenas de movimento, como diálogos,
interação (o que acaba se tornando mais agradável
com personagens carismáticos), um, duas, três tramas se construindo ao
fundo. Tudo isso, acaba gerando uma certa expectativa do que estar por vir. A Lenda de Korra é realmente uma super
produção da Nickeloaden, que esbanja um bom numero de frames por segundo quando
precisa, apesar de alguns momentos isso cair consideravelmente, mas que fica
tudo bem escondidinho. A cena do episódio 1, onde Korra se mete um grupo de extorsões,
e depois com a policia, é muito boa e com ótimos movimentos. Durante os
momentos de silêncio, os cenários são realmente exuberantes. No mesmo episódio,
Korra se mete em uma competição de dobradores profissionais e ao mesmo tempo
que temos uma boa sequência animada, temos o desenvolvimento da personagem como
Avatar e sua interação com o que acredito, ser o triangulo amoroso da história (eu adorei o carinha sério e claramente
rolou uma forte tensão ali).
Amon é o típico antagonista que parece querer a eliminação
de uma raça. O cenário da República City é um símbolo de paz, sendo um lugar
onde todos os dobradores podem viver juntos em harmonia com as pessoas normais.
E aqui se desenha o conflito que parece ser algo meio X-Men, onde as pessoas que não nascem com poderes de flexão, estão revoltosas
por muitos dobradores usarem seus dons para intimida-los e controlá-los. Esse
personagem parece estar se aproveitando disso e manipulando a todos. Não é nada
novo, mas se bem desenvolvido, virá a ser agradável. A Lenda de Korra se mostrou um excelente entretenimento até aqui,
de altíssima qualidade, que se mostrou saber usar bem clichês a seu favor. Esse
mundo parece bem intricado e se construindo pouco a pouco, onde já se percebe
uma conexão entre todos os personagens. Certamente é algo que merece ser
apreciado e fique de olho nas coreografias, que são incríveis, já começando na
abertura. Também fique de olho na Naga, o Urso-Cão polar da Korra, que é um
fofo (!!). E claro, na Korra que é
puro kick assssssss e seu envolvimento no triangulo amoroso. Isso vai ser ótimo
de se assistir, risos.