Fate/Zero episódio 24 ou como algumas decisões de bastidores
prejudicam bastante a experiência em se assistir um anime.
Sim, sou dessas. Acredito que a exibição original precisa
transmitir uma experiência completa, sem precisar de muletas como versão
original ou conteúdo completo dos volumes de Blu-Ray para que o foi mostrado
possa ser entendido completamente. Lembro-me quando assisti Wolf’s Rain, e a trama enfim chega ao
seu ápice, houve uma pausa na exibição de tv, que começou a exibir vários
episódios com resumos. Foi algo anticlimático e até hoje eu me pergunto o porquê
de eu não ter pulado esses episódios, RISOS.
E esse episódio eu senti como se fosse um trem desgovernado
criando situações climáticas aqui, e certo anticlímax ali. A edição aqui não estava
tão boa quanto foi no famoso episódio 11, encontro dos três Reis. Transições
abruptas de um núcleo para o outro e a alguns detalhes não tão claros que fazem
a diferença. Claro que tem que se entender, como dito no tweet no twitter da ufotable, que eles precisavam comprimir tudo em
no máximo 24 minutos, cortando OP & ED (que
estarão presentes na versão BD), nada que 5 minutos adicionais não resolvam
futuramente (mas bem que poderia ser 10,
Saber X Berserk merecem), mas no tempo presente o episódio soa injustamente
apressado. Faltou um pouquinho de tato a Ei Aoki ao suprimir tudo isso. E
caramba, ainda assim esse episódio foi mítico. Simplesmente ÉPICO, divido em
duas partes completamente distintas; uma bem pipocão e outra mais voltada para
o lado psicológico, que particularmente foi a parte que mais gostei (que é o grande motivo de eu ser fangirl de
Fate/Zero).
A luta de Saber VS Berserk foi sem dúvidas a parte mais decepcionante,
embora tenhamos de entender que foi uma atitude acertada ao tirar o foco deles
e colocar os holofotes quase que completamente em cima de Kirei e Kiritsugu.
Sequencialmente faz muito mais sentido, afinal é o que liga Zero à Fate/Stay Night. A transição nada suave,
onde, numa cena eles estão lutando ferozmente e em outra, Saber já está com a
espada cravada nele, dá uma falsa ideia sobre a conexão entre Arthuria e o
Cavaleiro do Lago, sir Lancelot, que nada mais queria que o privilégio que não
foi lhe dado em vida; De poder morrer pelas mãos de Arthuria e encontrar a sua redenção.
Afinal, Arthuria não o culpava pelo caso que teve com Guinevere e sua
absolvição é o que acaba o deixando transtornado, onde fora lhe tirado sua
dignidade como cavaleiro, vivendo o resto de seus dias finais distante do esplendor.
É sem duvida, um momento emocionante, principalmente as falas finais de
Lancelot – Que dão ainda mais sentido à forma completamente alucinada que Saber
fica ao se defrontar com Gilgamesh e ao ser traída por Kiritsugu. Esperemos ansiosos
pelo BD.
“Você me odeia tanto assim? A sua loucura é minha culpa? Minha...
Minha..”
“Mesmo assim, eu tomarei posse do Santo Graal”
Já Kirei VS Kiritsugu foi algo impressionante! Se não fosse A Lenda de Korra, eu até diria que é a
melhor sequência de ação em animação deste ano, onde temos um trabalho decente
de integração entre 2D e CG. A direção de câmera estava algo nada menos que fantástico,
com uma movimentação, rotação e angulação através dos cenários e a forma como
tudo se interligava, foi de tirar o fôlego. Direção de primeiro e bem afiada,
que nos deu a impressão de estarmos assistindo a um blockbuster americano,
repleto de efeitos. Claro que tem seus poréns; Falta a tensão característica de
Fate/Zero nesse encontro que tem sido preparado desde o primeiro episódio [mas
é aquilo, ou você tem algo dinâmico ou algo mais denso e um livro dá total liberdade
ao diretor de empregar o tom que ele achar mais apropriado para certas cenas. É
o caso aqui e acredito ter sido a escolha certa]. Os efeitos e movimentações
dos personagens à lá Matrix com golpes de artes marciais soam meio cafonas [a
cena da bala que ricocheteando na cabeça de Kirei me fez rir] e fora do lugar,
já é algo reciclado continuamente em tamanha exaustão por Hollywood que algo
assim parece se encaixar bem melhor em sátiras e comédias. Creio que pelas
escolhas. Inegavelmente seria muito mais charmoso se fosse completamente em
animação tradicional – Nesse ponto, alguns animes dos primórdios dos anos 2000
ainda dão um show, como esquecer as sequências de ação com Spike VS Electra em Cowboy Bebop ou ação despirocada de FLCL? Só não vale comparar com as
sequências de REDLINE, porque né? Não
vamos apelar.
Mas fora as ressalvas, foi ótimo e certamente o espectador
médio, agradece. E conseguiu o efeito esperado, afinal, ali pouco importava os
desejos e filosofias de Kirei e Kiritsugu, ou quaisquer outros personagens. Era
o momento dos dois acertarem as contas em uma sala branca de concretos, previamente
e convenientemente preparada para o embate onde, teoricamente, ninguém poderia
interrompê-los. Timing perfeito, já que temos aqui dos personagens calculistas.
A ausência dos diálogos verborrágicos também é algo com um
feeling perfeito. Não ouve sequer uma linha de diálogo entre eles durante toda
a luta. Não há necessidades para apresentações aqui ou conversinha mole. É o
encontro de dois personagens GAAAAR (aquele
personagem mais macho e mais duro que uma pedra). Eles se conheciam muito
bem, sem ao menos terem se encontrado antes. Eles simplesmente se reconhecem
mutualmente como rivais e deram o melhor de si com suas habilidades. Melhor
ainda que pudermos ver por nós mesmo as diferenças técnicas entre os dois.
Kiritsugu estourando seus limites com a ajuda da Avalon e
acelerando por longos períodos. No mesmo nível, estava Kirei usando os selos de
comando como fonte de mana – Totalmente hardcore e resistindo tranquilamente às
fraturas e balas. Ainda que Kirei seja relativamente inferior à Kiritsugu como
mago, ele é calculista o suficiente para surpreender o adversário. Outro
detalhe, é que Kirei é mestre em Bajiquan, uma das artes marciais mais potentes
no Nasuverso (o curioso é que em Kikokugai,
visual novel escrita por Gen Urobuchi na Nitro+, também há uma forma de arte
marcial exclusiva daquele universo). Com isso, Kiritsugu teve que pensar e
repensar em novas técnicas de combate e cada segundo e achar uma forma de
abater Kirei. Para mim, o vencedor desse duelo foi decidido pelo mero acaso de
forças ocultas regidas pelo nasuverso, RI RI RI RI.
Pontapés, pulos, socos e toda luta coreografada em harmonia com
câmera em slow motion e um cenário construído
com um forte senso estético, embora chupado diretamente do cenário do depósitode Bruce Wayne. O quê? É muito coincidência, foi obviamente chupinhado, nem dá
pra usar a palavra “inspiração” hehehe. Isso levando em conta, em como os
japoneses são aficionados pelo Batman, então considero até uma “homenagem”. E
apesar de esta primeira parte ser a que vai ficar gravada na memoria coletiva,
o deleite visual continua, ainda que sem o mesmo primor técnico.
De certa forma até anticlimática para quem estava curtindo a
luta, mas de uma forma orgásmatica visualmente e estruturalmente, o poder do
Cálice Sagrado se espalha e invade o local onde estão. GEEEENTE, eu surtei
nessa parte e é aqui onde o verdadeiro show começa. Let’s, go!
Kiritsugu agora está em um mundo ilusório. O Graal assumiu a
forma da sua esposa, Iris. Sayaka Ohara (Irisviel)
mitando como sempre, Rikiya Koyama (Kiritsugu)
esplendoroso. Mas ainda é só a ponta do iceberg. Inicialmente, pode parecer
meio confuso [e c’mon, nada que um segundo olhar não resolva], mas toda a
sequência dentro do Graal é impressionante. A montagem fragmentada através da
psycho de Kiritsugu para fundir seus anseios mais íntimos com a verdade distorcida
de seus ideais, é exemplar. O passeio por diversos momentos importantes que
moldaram a forma como é. E Gen Urobuchi mostra suas influências freudianas, como
leitor voraz que é. Há toda uma questão de ambivalência, todo o esquecido,
suprimido, o profundamente guardado, permanece de alguma forma atuando como
espécie de atrator inconsciente e o Graal reconheceu isso.
A verdade é que o Graal como vemos, está corrompido. Sendo
basicamente uma farsa, acredito que ainda que o desejo de Kiritsugu em matar
alguns para salvar muitos, fosse algo mais claro e contundente, nunca se
realizaria, pois o Graal corrompido, sempre encontrará uma forma de subvertê-lo.
Sendo um protótipo de um container onipotente com o sangue de cristo, essa
replica é concebida como “maquina do desejo” que nada mais faz do que mostrar à
pessoa a própria resposta para suas próprias perguntas. PEGADINHA DO MALANDRO!!
RÁÁÁÁÁAÁÁ!! SALCIFUFU!!
O conteúdo do foi poluído por Angra Mainyu, a essência de
todo o mal do mundo, ainda na terceira guerra. Algo representado de forma fantástica
na ED do anime, com aquele líquido negro saindo dos orifícios de Iris (a primeira OP já dava certo spoiler sobre
Berserk). Curiosamente, nessa quarta guerra é o único momento em que alguém
tem a chance de fazer um pedido. Todos sempre acabam se matando antes de
colocar as mãos no recipiente. No mais, Angra Mainyu só é explicada
detalhadamente em Fate/Stay Night,
na rota Heaven’s Feel.
Ironicamente, Kiritsugu destruiu a si mesmo e tudo o que
amava por um pragmatismo ideológico que sinceramente, é tão surreal e utópico quanto
o desejo de Saber – Os dois são igualzinhos nesse aspecto. A Iris ainda se
perdoa porque ela é ingênua e não conhece o mundo, enquanto os desejos de Saber
e Kiritsugu soam algo inimaginável, por mais bonito que seja. Embora eu ainda
compartilhe de sua praticidade. Mas no fim das contas, o que ele realmente
desejava [Ficar com Irisviel e IIlya], era algo que traía toda essa ideologia.
Trágico, Kiritsugu, Trágico. Seus haters estão sorrindo nesse momento. Mais uma
vez, ironicamente (puta que pariu
Kiritsugu, o que você fez não serviu pra nada), para cumprir seu desejo de salvar o mundo, ele precisa abrir mão do seu desejo mais íntimo e trair a
promessa que fez a Iris, matando aquelas falsas representações. É Lancer, sua
praga funcionou....
E MEODEOSSSS.... que cena assustadora, desoladora e incrivelmente
densa – Não, por mais a Ilya e a Irisviel não fossem reais, foi chocante vê-lo sufocando sua própria filha. Extremamente
arrepiante os gritos de desespero da Iris
Dark, gritando, amaldiçoando, o som de suas unhas passando pela pele dele, em
fiquei com todos os pelinhos do corpo arreapiados e completamente tensa pelo
realismo presente na cena. Sayaka Ohara em sua melhor atuação em Fate/Zero,
onde, de uma entonação de voz suave, meio fragilizada, mas ao mesmo tempo
imponente, passou para um tom carregado de amargura e vibrante. Atuação
brilhante. O momento em que Kiritsugu mata as duas foi quando enfim ele viu que
tinha fodido com tudo e resolve recusar o desejo. Aliás, todo o elenco de
dubladores brilhou como nunca nesse episódio. Já tô imaginando aqui, todos em uma
foda épica dentro do estúdio, tendo orgasmos duplos, triplos, quádruplos com o
roteiro. Mesmo o sempre bom e pouco inconstante Joji Nakata (Kirei) conseguiu se mostrar ainda
melhor. Aquela tremidinha na voz foi muito eloquente.
Verdade que eu tranquei a respiração nessa sequência, mas
senti falta de uma BGM do nível de Migawarino Shinyuu [Evangelion] ao fundo, porque quando se trata de dar o tom exato
de desespero em uma cena com trilha sonora ambiente, EVA ainda é insuperável. E
embora não tão traumatizante quanto à versão mangá, que é extremamente
apelativa, é uma cena que irá para meu hall de sequências marcantes. Kiritsugu
completamente chocado com o que lhe restou foi epicidade pura. Considerando que o Graal não seja algo bom e
bonito, mas apenas um dispositivo que nasceu da guerra para fins de guerra, é
justo que o prêmio seja algo tão sujo e repleto de corrupção quanto os métodos que
se utilizaram para obtê-lo. A própria imagem do Graal tentando dissuadir
Kiritsugu a aceitar viver com Ilya e Iris naquela bolha é perfeita. Sintetiza
toda corrida, e seus efeitos, pelo Cálice até este episódio.
Sequência final entre Saber VS Gilgamesh foi curta, mas altamente
surtante (ao menos, eu surtei. Muito)
e enlouquecedora ao ponto de fazer qualquer um esporrar sangue pelo nariz (como costuma dizer a @Satsuki). Gilgamesh
já é todo lindão e gostoso, com aquelas expressões repletas de cinismo e
sadismo, com AQUEEEEEELE timbre de voz de “eu
sou superior a você”, do Tomokazu Seki, me deixou louca (!!).
Gilgamesh: Você continua linda. Deita sua espada e
torne se minha esposa. O Graal que garante milagre? Por que se fixar em algo
tão inalcançável? Abandone seus ideais e seus votos tolos. De agora em diante,
busque apenas a mim e seja apenas minha. Se fizer isso, eu juro, como rei de
todo o mundo, que eu lhe darei todos os prazeres que existem para serem
oferecidos.
Saber: Você roubaria o Graal de mim? Por causa de
tamanha tolice?
Gilgamesh: Eu não estava perguntando a sua opinião.
HHHNNNNNGGGGGGG POR FAVOR, MORRENDO. Gil, pega eu!
Sim, gostei de ver ele dando uma surra na Saber [e espero
que reservem bons minutos de luta entre os dois no próximo episódio. A Saber
está furiosa e o episódio promete ser nível hard. Quero ver aquela cidade em
chamas e a Saber completamente enlouquecida]. Ayako Kawasumi (como Saber) também estava quente pelando na chapa. As expressões
da personagem estavam alucinantes, ela com aquele olhar de angústia pura no
rosto e depois completamente irada com o Gil, que estava mais divertido do que
nunca aqui, fecharam o episódio com maestria. Mas calma ai... nada supera a
expressão de surpresa dela e do Gil, quando Kiritsugu lhe ordena que destrua o
Cálice Sagrado. Que, aliás, acho que é bem óbvio que a Saber, tem uma
resistência bem maior que a maioria dos servos a comandos, como podemos ver em UBW, ela resistindo às ordens de Caster – Aqui,
ela resiste e Kiritsugu lhe manda mais uma ordem, gastando o último selo e
ainda assim ela fica visivelmente tremendo, tentando resistir ao comando.
Quando ela grita PAAARE no finalzinho, eu uivei de satisfação. Tipo; WOOOOOOW
OWWWW!!! Praticamente dei um twister
carpado de tanta empolgação e saí dando pulinhos enquanto catava roupas
aleatoriamente para me vestir pra faculdade.
Enfim, este foi um episódio maravilhoso, um dos melhores, se
não, o melhor até aqui em estrutura e execução, só perde alguns pontos por não
estar completo [Saber VS Berseker] e outros detalhes que já comentei no post.
Mas como um todo, mostra o roteiro foi bem pensado e acompanhando todos os
acontecimentos anteriores, além de se ligar maravilhosamente a Fate/Stay Night. Kiritsugu teve sua
lição, conseguiu enxergar a verdade, pena que demore ainda tanto para a Saber e
a forma como acontece nem seja tão lá tão magistral [em puro ápice] como aqui.
De qualquer forma, ficaremos sabendo no próximo episódio, mas já quero dizer
que minha aposta para o próximo projeto do ufotable com a Type-Moon, é a Heaven’s
Feel. O episódio praticamente se entrega de bandeja para uma sequência. E a
rota que melhor se interliga a Fate/Zero é Heaven’s Feel, com seu roteiro
obscuro e infinitamente melhor desenvolvido que outras rotas. Temos também a
história de Ilya contada e seu conflito com Shirou, desenvolvido. A história de
Sakura e do clã Matou. A “conflituosa” relação Sakura, Rin, Tokiomi (que recebe o seu destaque) enfim,
desenvolvida. Além, claro, de considerarmos que Angra Manyu e sua corrupção é o
foco da história. É a sucessora ideal, além de termos a Saber Alter. Até!
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Pensamentos
aleatórios
-Como comentaram no RC, realmente o dilema dos dois barcos,
lembra bastante a escolha que Coringa oferece a Batman, em O Cavaleiro das
Trevas.
-Algumas mudanças a partir do original me fazem questionar como
será o episódio final. Discuto melhor no próximo post.