No ano de 1967 a humanidade faz seu primeiro contado com uma forma de vida extra-terrestre. Eles conseguem aplacar a ameaça. Mas os BETA's invadem a terra em 1997 e uma Guerra brutal têm início.
O primeiro episódio de Total Eclipse foi bem positivo, eu
gostei daquele universo e a forma como a série o apresenta para o espectador. É
bem objetivo, e embora pouco inovador, consegue se destacar positivamente do
que temos normalmente em produções que envolvem essa esquemática de escola/agencia
militar com garotas que precisam salvar o mundo da destruição (Symphogear? Oi?) enquanto exibem o
corpinho cheio de curvas. O primeiro episódio é potente em se desvencilhar do
ambiente escolar clichê e se ambientar no drama militar, ao mesmo tempo em que
cria uma atmosfera de tensão com relação aos invasores, denominados BETA (vou evitar fazer piadinhas escrotas envolvendo
o meu apelido hehe) e cria um feeling de tensão dramática ao se focar na
cidade destruída, seus cidadãos evacuando-a, familiares das personagens da
escola militar diretamente envolvidos na frente de batalha, dando destaque ao
alto comando do exercito japonês – Tudo isso ajuda a construir um sentimento de
apreensão do que está por vir, afinal, tudo o que vemos são os efeitos que a invasão
alienígena causou, mas ainda não conhecemos a natureza desses invasores. Além
de claro, tornar crível o uso das garotas ainda em formação, na frente de
batalha.
Muito se critica os filmes catástrofes do Steven Spielberg,
mas o cara é mestre em fazer o espectador vibrar com o que acontece no vídeo,
seja numa cena onde pouco acontece ou numa sequência de evacuação em massa,
como vemos em Guerra Dos Mundos.
Total Eclipse falha nisso. O character designer geral é bom por não ser genérico,
mas por falta de refinamento no seu traçado, acaba soando desnecessariamente
ultrapassado. Tem se a impressão de que se trata de uma produção mediana dos primórdios
dos anos 2000. A fetichização descarada das personagens acaba sendo algo que
também destoa de uma série que quer se levar a sério e perde um pouco da
credibilidade ao apelar pra situações clichês e ângulos de câmera atrevidos que
nada beneficiam a narrativa. Digo, é um fanservice inútil e bobo, pois além de
falharem no objetivo, descaracteriza o cenário (nem achei exagerado, mas contraditório com o tom mais maduro). Temos exemplos melhores sucedidos
de fanservice bem aplicados e que se misturam à natureza da série, como em Cowboy Bebop, Ghost in the Shell e Evangelion.
A fotografia também é péssima e não te traz algo obvio em toda série de catástrofe
pré-apocalíptica: Soar divertido, mesmo que num clima de tragédia e seriedade.
Embora a boa narrativa – que se esforça de forma competente
em ambientar o espectador naquele cenário, com explicações dinâmicas e
juntamente das personagens na escola, onde ficamos por dentro do funcionamento
daquele mundo e a situação trágica que vivem. As angulações de câmera que desde o primeiro minuto, já passar uma ar de grande produção que o enredo pede. As personagens que acompanhamos em seu cotidiano e a crescente tensão que vai dando lugar ao clima tedioso do ambiente seguro ao qual elas se encontram – o baixo orçamento e a falta de
uma cinética visual poderosa, acaba prejudicando bastante e dando uma sensação
de “nhééé” pra série. Eu sei que é
injusto, mas quanto maior a ambição do roteiro, maiores são as exigências. Felizmente,
o segundo episódio consegue se mostrar superior e não deixar que estes detalhes
atrapalhem sua percepção da história.
Conseguiu ser intenso e sério, mas sem tirar o senso de
diversão do que estávamos vendo no vídeo. A ação empolga. A violência gráfica
te coloca no feeling onde uma violenta guerra está acontecendo. Personagens que
você não imaginava que cairiam, morrem. A estupidez na frente de batalha é
punida com a morte. Há desespero e uma câmera que se movimenta instintivamente
com foco múltiplo. Ora estamos acompanhando a resistência das garotas que não
estavam ainda preparadas, mas que foram obrigadas a irem pra linha de frente. Ora
personagens adultos tomando a responsabilidade. Soldados tombando. Decisões cruéis.
A cidade em chamas. A direção estava realmente incrível ao ambientar a trama
num horror social pungente.
Os BETA’s lembram o sapo de Blood-C e são tão violentos, quanto. Claro que em Blood-C tudo é propositalmente
exagerado e trash, então as coisas aqui acontecem de forma mais criveis, madura
e até o sangue derramado é mais contido, mas na medida certa pra impactar. O único porém é o sangue ser um pouco artificial. Os
BETA’s apesar de uma aparência frágil e da fácil eliminação, agem
instintivamente em bando. Possuem um Laser que se mostra eficaz na eliminação
dos mechas, quando estes partem em fuga. São mais potentes num combate corpo a
corpo, o que faz com que os operadores dos mechas utilizem de um limitado
armamento militar, que apesar de sua precisão, também o tornam vulneráveis quando
esse armamento chega ao fim ou se veem cercados. Há toda uma precisão técnica e
estratégica, que o anime não para pra explicar, mas que estão ali, expostos
através das ações dos personagens.
Pra derrotar os BETA’s, é preciso de estratégia, o que acaba
tornando os mais inexperientes, presas fáceis. A fraqueza inerente das forças
humanas é mostrada de forma contundente através desse massacre. BETA’s são
criaturas desprovidas de sentimento, seres humanos são emocionais e perdem
rapidamente o controle ao serem cercados por uma orla de inimigos. Como podemos
ver com uma das personagens no episódio 02. Ou perdem o foco ao comemorarem uma
vitória sobre um BETA abatido e acabam se tornando comida. A execução é
primordial ao passar aquele feeling de perigo, de indefinição e urgência. Sacrifícios,
combatentes experientes morrendo um após o outro e a equipe liderada pela
protagonista Yui, completamente desorientada. A tecnologia humana parece
inexpressiva diante dos BETA’s. Dificilmente alguém não se empolgará com tantas
coisas acontecendo ao mesmo tempo.
Destaque para as situações de desespero quando a equipe de
Yui se separa e ela começa a procurar pelas companheiras. As cenas dos BETA’s
comendo as garotas só não são ainda mais maravilhosas, porque censuraram com um
enorme borrão preto na tela. Uma pena. Mas as cenas ainda conseguem ter todo um
sentido de horror ao vermos personagens tão fofas servindo de alimento para os
BETA’s. É brutal. A sequência onde Yui se desespera diante sua colega, que pede
para ser morta por ela antes de ser devorada, é dramática, intensa, nervosa e
inquietante. Mas confesso que fiquei rindo.
Mas se eu ri ou não, o importante é que o enredo fez um
excelente trabalho ao demonstrar o iminente fracasso humano naquela guerra e
suas fragilidades. Mostra de forma extrema e quase sádica, o ideal militarista.
Até aqui, Total Eclipse têm mostrado não uma história de resistência heroica
contra alienígenas, mas, uma guerra trágica pela sobrevivência. Logo temos o
recurso de timeskip na história e pra quem não conhece o origina, fica difícil
prever o que acontecerá a seguir, mas pelo que podemos ver através de Yui, o
enredo parece seguir de forma desesperançosa. Já era esperado o salto no tempo
para se chegar ao ponto de narrativa do enredo onde Yui já é uma graduada.
Espera-se que Total Eclipse mantenha a boa pegada.
Aqui nos temos morte que não nos dizem nada, mas uma boa
história militar que se preze, constrói de forma eficaz seus personagens, para
que suas perdas possam ser sentidas pelo espectador. O choque causado nesse
episódio foi contundente e a ação de tirar o fôlego, mas são nos episódios a
seguir, que o enredo deverá mostrar se Total Eclipse tem o potencial de virar
uma franquia, ou se logo será esquecido, apesar do sucesso do original. E OLOKO
MEU, mas, mais do nunca, levando em conta as boas críticas sobre Muv-Luv, o estúdio
Satelight tem uma grande responsabilidade ai. Que não é uma história de fácil
adaptação, já se mostra aparente na necessidade de um inicio filler, mas
veremos se Takayuki Inagaki consegue ser um diretor melhor, do que foi em Rosario + Vampire. Ao menos, o enredo aparenta
ser infinitamente superior.
Direção: Takayuki Inagaki
Roteiro: Takayuki Inagaki
Estúdio: Satelight
Episódios: 02/12
Siga o Elfen Lied Brasil no twitter @ElfenLiedBR
Direção: Takayuki Inagaki
Roteiro: Takayuki Inagaki
Estúdio: Satelight
Episódios: 02/12
Siga o Elfen Lied Brasil no twitter @ElfenLiedBR