quinta-feira, 12 de julho de 2012

Summer 2012: Primeiras Impressões


Hora de fazer um apanhado das estreias que andei assistindo e fazer aquele relatório básico num estilo de postagem parecido com este aqui.


 -Natsuyuki Rendezvous

Junto de SAO, é sem dúvidas a grande estreia da temporada. Por uma série de detalhes, eu ainda coloco Natsuyuki um passo a frente deste. Natsuyuki tem uma deliciosa ausência de urgência. A série vai desenvolvendo sua tensão romântica e dramática sem pressa. Mesmo quando o tom começa a querer ficar um pouco mais melodramático, um sorriso da carismática protagonista [Rukkae seu lindo sorriso], consegue dissipar facilmente e tornar o ambiente mais alegre. Mesmo a apática presença do espírito morto, Ryosuke Hazuki e sua interação com o novo pretendente, Atsushi Shimao (dublado maravilhosamente pelo divo do Jun Fukuyama... ai ai...), tem uma química peculiar, com boas sacadas de um humor sutilmente irônico, cortesia da condição do marido morto. Como quando Ryosuke diz que fumar faz mal e comenta de sua frágil saúde enquanto vivo ou o fato de Rukka jurar que ele era um marido desapegado, quando na verdade é o contrário.

Claro que uma série que se foca bastante no roteiro e nas interações com seus personagens, espera-se um desenvolvimento satisfatório nesse trio. Principalmente nos dois pretendentes, que além da boa química já exibida, se mostrem menos apáticos. Mas Natsuyuki possui um enorme potencial para isso, a dublagem do Fukuyama e do Yuichi Nakamura é exemplar. Desnecessário dizer que Sayaka Ohara mais uma vez consegue dar todo um charme a uma personagem feminina de aparência frágil, mas que se mostra forte através de trejeitos e no timbre de voz, certo? O diálogo é potente e forte, o melhor até o momento, entre todas as estreias. Créditos ao Kou Matsuo (Red Garden) que esbanja técnica e faz o episódio, todinho dele. Além do roteiro, é dele a direção com leves toques típicos do cinema Frances. Veja bem, ele caracteriza bem o humor e a sensibilidade com uma animação simplista que dá destaque a pequenos movimentos e gestos dos personagens, com enquadramentos de câmera bem amplos, diálogos simples, mas cativantes e uma fotografia que inspira familiaridade.

O melhor talvez seja o fato de mesmo sendo um típico produto do conceituado bloco noitaminA, adaptação josei (que andam em alta nos últimos tempos) com sua narrativa madura e longe da urgência hormonal das produções populares, consegue se desvencilhar fácil do rotulo de “produto para um público restrito/de nhé nhé elite meu anime é superior nhé nhé” e muito se deve a sua simplicidade e falta de “maquiagens” na narrativa. Tem potencial para ser o melhor drama romântico maduro da temporada, basta Kou Matsuo continuar inspirado e numa crescente. Destaque: A OP, sem dúvida. Parece rabiscos com lápis de colorir, uma graça! E a música See You de Matsushita é apaixonante.

Avaliação: Empolgada
Episódios: 01/11
Estúdio: Dogakobo
Diretor: Kou Matsuo
Roteiro: Kou Matsuo

-Sword Art Online (SAO)

O que falta de urgência hormonal em Natsuyuki é esbanjado aqui, nessa estreia que empolgou boa parte do fandom. E que com certeza agradará você, garotinho, fã de MMORPG, ação e belas sequências visuais (é o esperado). Será facilmente o anime mais popular da temporada (desconsiderando os pr0n de cada dia, da galera), onde um Muv-Luv Alternative: Eclipse Total que poderia representar certa ameaça, esperadamente acaba ficando muito... muito distante do reino da possibilidade. SAO tem uma estreia intensa o suficiente ao ponto de dar a impressão de que 23 minutos, na verdade foram 10. Apesar de ser do mesmo criador do sofrível Accel World, Reki Kawahara, SAO precisou apenas de 1 episódio pra mostrar que é muito superior, tanto em caracterização, quanto em narrativa. Consequentemente, é seu trabalho mais popular.

Trilha sonora. Yuki Kajiura vem se mostrando saturada ao ponto de apresentar aqui um remix do que já foi visto em Fate/Zero. Não é ruim, inspira algo de aventura épica e acaba se encaixando muito bem, mas é um soundtrack sem personalidade.  A opening crossing field da LiSA tem algo de jovial e pop que é muito bacana. Eu quero! A mecânica do jogo é explicada de forma ágil, através da interação entre os personagens e pequenos obstáculos. O que ajuda a aproximar o espectador da história. A sequência em que é revelado o verdadeiro perfil dos jogares, onde muitos se mostraram serem users masculinos se passando por mulheres, foi uma sacada sensacional e eu fiquei rindo como uma boba da expressão do personagem random ao perceber que sua parceira era um macho cabeludo (!). Na era digital, é difícil não se identificar com a situação (principalmente os gamers, o público alvo aqui). No pouco tempo que tiveram de exposição, dois dos personagens de destaque da história aparentam certa personalidade, e o laço que os une pode se tornar algo agradável no futuro. Mas fica a apreensão pela entrada da personagem feminina, que forma dupla com Kirito, este que por sua vez se mostra com bastante personalidade e carismático apesar de ser um arquétipo padrão. O traço é bom, distinto, mas não é o adequado para essa série. Tem algo de infantilizado ali que parece não casar bem com a proposta, o que leva a crer na atenuação dos elementos mais pesados que compõe a história original.

O cenário é bonito o suficiente para uma série média. Tem uma composição visual de quadros bem variados. Temo uma bela paleta de cores, onde o pôr do sol antes do Game Master anunciar a verdadeira natureza do jogo se mostra uma cena belíssima. Fica melhor ainda quando a pessoas ali percebem que estão presas e a bela paisagem dá lugar a um ambiente que passa um feeling de vazio, assustador. A arte do ambiente de uma forma geral é boa, conegue passar aquele conceito de tensão e apreensão que este tipo de série pede ao mesmo tempo em que pode ser belo e misterioso/ “assustador”. O prólogo no final do episódio mostra de forma excelente a necessidade do enredo se mostrar como algo que abriga perigos imediatos. Algo, claro, mais distante de um hiper violento Battle Royale, mas próximo do feeling de aventura do filme Jogos Vorazes, onde a sobrevivência é a lei da selva. Mas sem esquecer a diversão. O conceito é excelente, mas a forma como isso é estruturado se mostrou decepcionante. A ideia de que uma pessoa quando morta no jogo morre também na vida real, parece fantástica, embora não seja novo, mas aqui nós temos um monte de incongruências com relação ao conceito que sustenta a ideia central da série. Claro que eu não vou me precipitar aqui, mas ficarei com o sinal vermelho, afinal, a todo o momento a série quer se mostrar plausível [apelando pra tecnologia, ao invés de magia], e para que eu leve essa premissa a sério, o mínimo que se pede é um bom detalhamento daquele universo e não um roteiro mais furado do que queijo suíço.

Avaliação: Tô curiosa/ansiosa por mais
Episódios: 01/12
Estúdio: A-1 Pictures
Diretor: Tomohiko Ito
Roteiro: Yukie Sugawara/Yukito Kizawa


- Binbogami ga!

Olha, essa estreia foi realmente pulsante, com uma execução excelente e ao lado de Natsuyuki e SAO, forma o trio de melhores estreias dessa temporada, que vem se mostrando bem satisfatória para uma Summer Season teoricamente fraca. Mas eu sou chata com comédias. Não me fez rir, eu corto fora. Binbougami tem um senso de humor que vai conquistar a muitos. Eu diria que é tudo que Medaka Box gostaria de ser e acaba falhando, ao menos no anime. Momiji e Ichiko são falhas e o humor se constrói inicialmente em cima dessa característica. Aliás, Ichiko apesar de linda, tem uma personalidade terrível, onde adora esfregar seus status e sua sorte na cara do outros, e tripudiar em cima disso. Os diálogos são bons e a química entre Ichiko e Momiji é excelente. Como esperado de uma série que é visto pelos fãs como tapa buraco de Gintama, temos referências á outras séries de JUMP e sátiras. Mas não é pra mim. Indicado principalmente pros fãs "órfãos" de Gintama.

Avaliação: Dropped
Episódios: 01/12
Estúdio: Sunrise
Diretor: Tomoyuki Kawamura/ Yoichi Fujita
Roteiro: Kento Shimoyama

-Tari Tari

Especialmente para fãs de melodramas otakus e slice of life. Nesses 2 episódio assistidos, se mostrou uma série simpática e possui elementos que me agradam,  e é assim que Tari Tari mostra como deverá cair no gosto apenas de um restrito público. Como é de se esperar de uma produção do estúdio P.A. Works, a fotografia é muito bonita e acima da média para uma série com orçamento médio. O character designer é genérico, mas os figurinos dos personagens são lindos e variados. Os personagens centrais se mostram vivos dentro da trama. A caracterização dos personagens e daquele ambiente é competente, mas a execução ainda é fraca e a narrativa é morna.

Se você gostou, parabéns, você já é um otaku nível avançado. Ou apenas um sentimental mesmo. Ou talvez, um otaku sentimental e forever alone. O que tornaria tudo ainda mais problemático, já que você começaria a fantasiar com aqueles personagens 2D de forma séria.

O pior é que com base no meu chutometro e no histórico que eu tenho de animes do P.A. Works, a tendência é que fique mais chato nos episódios seguintes ou que a narrativa se perca completamente. Mentira, estou sendo negativa e troll. Na verdade, tudo indica que será uma série simpática no geral, o segundo  episódio já se mostrou bem superior ao primeiro e se seguirem com esse feeling, poderá ser um dos destaques da temporada.

Avaliação: Ansiosa por doujins hentais entre a Sawa Okita eseu cavalo (!) #SouDessas
Episódios: 02/13
Estúdio: P.A. Works
Diretor: Masakazu Hashimoto
Roteiro: Masakazu Hashimoto

- La storia della Arcana Famiglia

Essa série parece ter recebido um cuidado extra por parte do estúdio J.C. STAFF, embora deva dizer que com as mesmas limitações técnicas de sempre, há um claro esforço por parte da staff do projeto. Tinha um potencial bem promissor, mas no fim, a J.C. STAFF volta a ser mesma de sempre e conduz a série como se fosse uma novela das 21 horas, do Agnaldo Silva e a Chiaki Kon continua no seu zig zag infinito entre o bom e o medíocre. Caracteriza os personagens com os velhos clichês de sempre e já no segundo introduz uma trama episódio pra encher linguiça onde nada de útil para o roteiro se tira dali. Felicitá no fim das contas, se mostra uma personagem apática e sem atitude, apesar de aparentar o contrário e o restante do elenco, embora interessante, parecem milhos jogados numa praça sem pombos. Sentirei falta desse sotaque italiano, do figurino style, esse potenciais husbandos que parecem tão bacanas, mas passarei adiante. Tenho uma lista enorme de coisas pra assistir antes do fim do mundo, baaaaambina!

Avaliação: Dropped
Episódios: 02/12
Estúdio: J.C. STAFF
Diretor: Chiaki Kon
Roteiro: Masanao Akahoshi

-Kokoro Connect

Mais um daqueles animes com potencial desperdiçado. Bom, ao menos é o que você deverá me dizer quando este anime chegar ao fim, pois vou deixa-lo como semi-dropped até ver suas críticas. O plot onde personagens trocam de corpos é interessante, já vimos muito em filmes e livros, mas não é constante em animes. A narrativa é maçante e o trabalho de direção aqui, não torna a premissa à coisa mais divertida do mundo. Os diálogos soam cansativos e a estética à lá Kyoto Animation é sem originalidade alguma, com uma fotografia quase morta. Aqui, a direção de Shinya Kawamo se mostra muito menos eficaz que a de Shin Oouma. E claro que há um motivo para que os personagens daqui se assemelhem aos de Keion, mas não é visível qualquer esforço em tornar essa produção, algo com personalidade. Tem alguns breves bons momentos, como quando os estudantes trocam de corpo e a forma como eles reagem a isso. O trabalho dos dubladores valem uma ressalva, porque o desempenho é ótimo e o personagens aparentam ser bacanas. No mais, tudo muito sem brilho, ficando bem aquém de Tari Tari. Ficarei flertando à distância. 

Avaliação: semi-Dropped (decido mais tarde se volto a assistir)
Episódios: 01/12
Estúdio: SILVER LINK
Diretor: Shin Oonuma/Shinya Kawamo
Roteiro: Fumihiko Shimo

- Oda Nobuna no Yabou

O enredo não poderia ser mais genérico. Os valores de produção aqui são muito bons para uma produção média como essa. Há uma boa execução da narrativa, que apesar de começar já no meio de uma batalha, não te deixa perdido. A OST é excelente, Yasuharu Takanashi fez um trabalho realmente bom. A movimentação de câmera é dinâmica. Aspectos técnicos aqui, não é o problema, mas sim a premissa da história mesmo. O autoproclamado anime histórico de comédia romântica não perde tempo em ambientar o espectador. Os personagens são arquétipos, mas muito melhores do que a média. A trama que reconta os passos de "Oda Nobuna", suas conquistas e vários acontecimentos históricos recriam com veracidade vários momentos da história [inclusive famosas citações de grandes figuras históricas]. O que é interessante. O que pode ser um problema para alguns, é que a narrativa é bem adolescente, boba e sem pretensão de ser algo mais. Apenas um harém genérico, com bastante moe e pouco ecchi. Problemas pra uns. Alegrias pra outros. Eu gostei, e talvez retorne pra assistir em maratona.

Avaliação: semi-Dropped (decido mais tarde se volto a assistir)
Episódios: 01/12
Estúdio: Madhouse/Gokumi
Diretor: Yuuji Kumazawa
Roteiro: Masashi Suzuki

-Chouyaku Hyakunin Isshu: Uta Koi

Tá aqui um ótimo anime para amantes de história japonesa. Sou louca pra ler livros do período Heian, com poemas. Há inclusive alguns bem interessantes lançados no Brasil. Por outro lado, pode não ser tão interessante pra quem não dá nenhum foda para todo esse lado cultural. A representação artística é bonita e tem uma animação estilística, mas os contornos com traços grossos da cor preta nos personagens incomodam um pouco.

Mas a interpretação artística acaba fazendo a arte de uma forma geral, bem atraente e casando com os poemas. Apresentação das histórias e a narrativa já era o esperado; ritmo episódico com duas releituras de poemas. O que não é um problema realmente, tendo em vista que a direção consegue aproveitar muito bem todos os minutos de exposição dos personagens. É como se você estivesse assistindo um seriado onde cada episódio tem um elenco novo de personagens. Você não vai se apegar a eles, mas a narrativa sempre encontrará um fôlego novo em cada trama retratada e a boa execução, aqui exerce o papel principal. Ao incluir entretenimento ao invés de apenas ser algo dedico e aborrecedor sobre história antiga do Japão, me ganhou completamente. Ali não tem apenas os poemas, mas a forma de vida das mulheres da nobreza e toda uma riqueza cultural aquele período. A animação é abaixo da média, mas a forma como tudo é orquestrado de forma teatral, faz você se importar pouco com isso. Além, de claro, toda a fotografia te dar a impressão de estar lendo um livro ilustrado. Destaque para as expressões dos personagens e para a OP Love Letter from Nanika? de ecosystem e a ED Singin' My Lu, de SOUL'd OUT, que são super vibrantes.

Avaliação: Ganhou minha simpatia
Episódios: 01/12
Estúdio: TYO Animations
Diretor: Kenichi Kasai
Roteiro: Tomoko Konparu

-Joshiraku

Olha, tem alguns momentos divertidíssimos, principalmente o início onde as personagens quebram a quarta parede e começaram a satirizar a produção de baixo orçamento ou fato dessa ser uma história com diálogos...eerhm, fáceis, como desculpa para mostrar meninas bonitas. Tem uma ironia bacana e a ED é uma gracinha, dá vontade de dançar junto. Mas muito da graça tá em se entender bem os costumes japoneses. Pra quem sabe só o básico, fica boiando com aqueles trava-línguas, num jogo de palavras que você precisa ter uma boa coordenação pra conseguir acompanhar sem pausar e TROCADILHOS que se perdem na tradução. É uma paródia que satiriza o cotidiano japonês. Koji Kumeta mostra que ainda está em forma, depois do termino de Sayonara, Zetsubou-Sensei. 

Ao contrário da obra anterior, não há um objetivo claro. O que pode tornar esses diálogos triviais do dia-a-dia, comum numa roda ou encontro entre amigos/colegas, algo desinteressante. Como comentei, há diversas referências à cultura local [que vão desde relacionados ao matérial otaku da década de 80, até a relação de japoneses com animais domésticos]. Mas o tema acaba tornando Joshiraku um material muito mais de nicho até do que Chihayafuru. Humor sutil e inteligente. Uma narrativa que não exige muito da produção do J.C. STAFF, mas sente-se as faltas das loucuras do estúdio SHAFT e aqui eu vos digo, em como uma staff pode fazer a diferença numa adaptação e a forma como ela é recebida pelo público. Tsutomu Mizushima reina nesses animes de esquetes e mostra aqui uma direção bem competente.

Avaliação: Fiquei entediada boa parte do tempo. Dropped.
Episódios: 01/12
Estúdio: J.C. STAFF
Diretor: Tsutomu Mizushima
Roteiro: Michiko Yokote