sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Comentários: PSYCHO-PASS #01 - Faltou moe. Mas a pegada foi um Falcon Punch!


QUE FODA, QUE FODA!!! Esse já é o meu queridinho da temporada.

HURR DURR DERP DERP UUUUU UUUU BECHIRESU. Estive esperando por você, desde Fate/Zero, seja bem vindo de volta Butch Gen.

Seja bem vindo de volta.

Personagens psicopatas

Seja bem vindo de volta.

Estilosos

Seja bem vindo de volta.

Drama, que você olhando novamente, faz até brotar aquele sorrisinho no rosto, porque a cena é patética

Seja bem vindo de volta.

Desespero

E finalmente, OKAERI NASSAI!

Hahahaha violência gráfica, é claro

Eu só queria dizer isso, ok? Já podem parar de ler aqui. Essa estreia me deixou vibrada!

Não estão satisfeitos? Certo, vamos para uma sopinha de palavras.

Que o roteiro e os personagens se mostrariam OK!, eu já esperava, mas ainda tinha um pocinho de dúvidas em meu peito com relação a staff, que não é muito conhecida – Mas vejam só, essa estreia foi muito melhor do que eu esperava, com uma direção forte em todos os sentidos; na caracterização inicial daquele mundo, no trabalho com os personagens e o cenário ao fundo. Sim, é desse jeito mesmo que deveria ter sido e se por um lado não é uma explosão, com as sequências alucinantes de [K], nem divertido como um Magi, conseguiu situar bem o espectador naquele mundo através de diálogos bem ágeis e sem frescura, algo ainda meio teórico, com uma direção ainda podendo ser mais envolvente, mas necessário.

E ainda assim, mesmo com a necessidade de mostrar basicamente como funciona aquele mundo, conseguiu driblar e típica chatice inicial de animes do gênero como Ergo Proxy (eu adoro Ergo Proxy, só pra deixar claro, mas Psycho Pass se mostra muito mais acessível, e é essa a intenção, ser pretensioso, sem deixar de ser pop e consequentemente vender, seguindo os passos do irmão Ghost in the Shell), através de um primeiro caso que já se mostra forte o suficiente pra ser um cartão de visitas para a série e, como dito pelo falastrão do diretor chefe Katsuyuki Motohiro, já pôs as cartas na mesa com uma narrativa séria, sem fanservices deslocados.

Eu não tenho nada contra fanservice. Às vezes é muito bom, e eu gosto. Mas também é bom ver uma direção que trata a sua série, com a seriedade que a história pede. Claro, mesmo em histórias sérias, se bem trabalhado e soando natural, dá pra encaixar. O que me chamou a atenção positivamente aqui, é a forma séria como tratam o conflito com o estupro da jovem vítima, não é exploitation, não exploram a situação de uma forma que poderia ser atrativa para a audiência masculina, com peitos a mostra, o bandido de calças arriadas e a garota se debatendo enquanto ele pratica o ato. É uma abordagem que respeita o plot da série. Claro, há um pouco de sadismo ali [principalmente na cena em que ele enfia a ponta da faca quente, nela], que não poderia faltar, mas eu gostei e casou bem com o contexto.


Da mesma forma, também foi exemplar a escolha dessa trama para ser o ponta pé inicial. Mostra um caso espinhoso, que poderia se tornar banal se não houvesse uma direção firme, uma oficial recém-formada [Akane], avida pra botar em prática tudo o que aprendeu na academia se deparando com uma realidade que não era a esperada. Posso dizer com segurança que Akane representa o ponto de vista do público. Aprendemos juntos com ela as regras daquele mundo, e assim como ela, também ficamos surpresos com aquele sistema criminal. Akane é uma personagem típica já dos textos do Urobuchi (mais recentemente, é só dar uma olhada em Fate/Zero e Madoka Magica), certamente ela será quebrada até o fim da série, com suas crenças negadas. Mas, tenho a impressão de que PP (Psycho-Pass) é muito mais tensão atmosférica do que drama, e o enfoque se dará muito mais na trama, do que nos personagens, então não espero algo tão shakespeariano aqui. Que bom.

Eu sou mais propensa aos anti-heróis, gosto daqueles personagens quebrados, porque normalmente são mais interessantes, mas aqui eles conseguiram me fazer sentir afeição pela Akane, eu me senti como ela em diversos momentos ali. A justificativa para que uma personagem como ela faça parte de um grupo de elite é plausível, assim como suas reações e expressões; ela estava traumatizada, mas isso não a tornou burra, tanto que ela tomou a difícil decisão de atirar com a Dominator (a arma que registra o Psycho Pass da pessoa) em seu colega no primeiro dia de trabalho. Eu estou bem ansiosa pra descobrir este mundo novo [assim como também, saber mais sobre aqueles personagens, que fico me perguntando como serão explorados], pois a reação de surpresa de Akane e o fato de ficar perdida em meio àquelas informações deram a entender que aquilo tudo era novo para ela. Imagino que, embora a população tenha plenos conhecimentos sobre o sistema, suas engrenagens ainda não são conhecidas publicamente, o que também justificaria a frequente falta de pessoas para fazer o “serviço sujo” e a utilização de criminosos como cães de caça para o Departamento de Investigação Criminal (CID).

O Urobuchi não possui muitas sutilezas, e pode ser muito previsível, mas o que o torna um bom escritor, não é o fato de ele seguir sempre a mesma formula, mas como as desenvolve. Mas em uma série de tv, para que suas histórias, que geralmente são muito simples, ganhem uma proporção maior, é preciso haver uma boa direção ao fundo para maximizar a escrita através do audiovisual. A série já começa de forma cinematográfica, com uma cidade futurista, enormes arranha-céus, majestosa e com tecnologia avançada, mas ao seu redor, rastros de uma civilização destruída  Não há orçamento para que sua construção seja fantástica, mas é um belo desenho.


O cenário não é novo, é o usual em qualquer série cyberpunk, mas conseguiram recriar isso de forma satisfatória. Como não poderia faltar em uma distopia, logo já fica visualmente evidente a disparidade entre uma classe e outra, com grande parte da população vivendo na cidade luxuosa, e a outra em boieiros. O interessante é que aqui, o ponto de ruptura idealista contra o governo parece que se dará entre os oficiais. E não é certo se a trama irá trabalhar a disparidade entre as classes, o que me parece obvio é que não irá, já que parece ser uma Sci-Fi sobre aplicação de lei, não sobre distopia.

Eu espero que explorem bastante a planta da cidade, gosto de animes que explorem mais tomadas externas, como se pôde ver recentemente em Tari Tari, ou em Macross Frontier, que tinha umas tomadas panorâmicas incríveis. Resta saber se o orçamento vai permitir uma sequência alucinada pela cidade tecnológica de PP.



A montagem da direção foi excelente, já no inicio mostrando um duelo entre dois personagens obscuros, em uma narrativa que é claramente fragmentada. Resta saber se é uma peça que se encaixa antes, ou após, prologo, ou epilogo? Essa sequência elegante, invariavelmente remete a Cowboy Bebop, na cena onde Spike confronta o seu maior amigo/inimigo. Se por um lado o jazz fez falta, por outro, a trilha sonora é adequada a uma obra do gênero, com um bom giro da câmera pelo cenário.

Obviamente, tanto Katsuyuki Motohiro, quanto Gen Urobuchi bebem diretamente da fonte de Philip K. Dick, o papa da ficção cientifica. Não importa qual obra especifica puxe mais, de Minority Report [ao qual, certamente Motohiro buscou a influência de seu argumento], a Ghot in the Shel, todas bebem da mesma fonte. O enredo de PP é sobre o sistema, e a ética. Como podemos ver aqui, o sistema é falho, mesmo uma vítima de estupro, pode ter o seu Psycho Pass em um nível ainda mais alto do que de um criminoso. Como dito por um dos personagens [o velhinho camarada], qualquer um deles ali não estão isento de ter o mesmo destino. Por exemplo, você, um trabalhador normal, depois de um dia estressante, acaba recebendo uma intimação do governo porque para o sistema, você representa uma ameaça para a sociedade e precisa ser reabilitado, preso.

Me lembra contos como o de uma web comic que eu li no inicio do ano (me desculpem, esqueci o nome deste conto, mas é brasileiro e concorreu a um premio internacional), onde parte de uma população vivia sob um muro, e todos eram obrigados a sorrirem e se mostrarem felizes. Aqueles que eram pegos cabisbaixos ou se queixando do sistema, eram punidos e segregados. Caso infligissem novamente à lei, eram expulsos para o deserto, que era separado por enormes muralhas. As leis mudam constantemente, e a discussão sobre a forma mais contundente para a eliminação da violência cada vez mais frequente, é acalorada. A perda da liberdade individual, o papel da tecnologia no crescente isolamento emocional dos cidadãos, a ilusão de novas relações sociais a partir da configuração de um novo tipo de olhar dirigido pela eletrônica; o que se pode esperar de PP é debate ético-filosófico, com pegada thriller.

"Tá tudo bem, eu me segurei até agora. Por isso agora farei tudo o que quero. Vou pegar tudo o que quero (...). Eu sempre quis transar com uma mulher bonita como você, com uma mulher de carne e osso, e não virtual." 
"Meu Psycho-Pass ficou escuro. Agora parece lama. Ei, o eu Psycho-Pass tá igualzinho ao meu. Você e eu somos iguais. Se pegarem você, também já era. Você será torturada por eles como criminosa latente até o fim da sua vida!" 
O primeiro caso de crime preventivo com relação ao cidadão aparentemente de bem, mas que escondia no fundo de sua alma desejos sórdidos foi um exemplo simples, mas eficaz (embora eu espere melhores exemplos nos próximos episódios). Ficou claro e evidente que ele já tinha propensão àquilo, ele apenas se permitiu fazer algo que ele já tinha vontade antes. A grande questão vem com relação a sua vítima. Além de ter sido vítima de um maníaco, pelo sistema ser exato e não aceitar interpretação, ela será punida, e por pouco ela não seria morta.

Esse foi o aspecto da narrativa que mais me chamou a atenção, a boa representação daquela sociedade e sua tecnologia e os efeito sobre a população. A atmosfera estava incrível e conseguiu entregar toda a brutalidade do roteiro, com uma paleta de cores bem escura, mas, não foi algo apenas jogado no vídeo para tampar os buracos do orçamento, tecnicamente a obscuridade daquele buraco onde os personagens se enfiam foi bem empregada, e a iluminação estava boa. Os enquadramentos e angulações de câmera respeitou bem o lado thriller da trama, fazendo com que se sentisse realmente aquele clima de perseguição estratégica e de tensão no ar. Eu quase me senti assistindo um CSI Miami.

Além das composições em que as cenas são tomadas pelo escuro, gostei das armas, mesmo em CG. Ficaram estilosas e a composição 3DCG ficou bem integrada com o 2D.


Se você ver a chuva ao fundo, caindo e o efeito que ela ganha ao tocar ao chão, perceberá que tecnicamente eles desenharam aquele cenário com muita pericia. Bons efeitos de chuva, e lutas sobre a água, são umas das técnicas mais difíceis de emular bem em uma animação.

Repetindo, essa narrativa do primeiro episódio foi exemplar, conseguiu de forma redonda, introduzir diversos elementos importantes, como um breve olhar para uma operação de captura e execução além dos limites da cidade e o detalhamento de como eles lidam com uma operação. Deu pra ver também que a trama pretende manter a pegada oitentista de hiper violência, onde pessoas explodem. Sem dúvidas, uma ótima estreia, com uma pegada atmosfera densa, de difícil digestão, suspense, um texto objetivo e enxuto, e eu espero que a trama continue crescendo e com essa pegada forte. Vou até ascender aqui meus bons charutos pra acompanhar isso, com uns drinks espertos!

A forma como eles representaram os robôs que são responsáveis pela segurança na cidade e fazem o papel da força policial na cidade, foi bem legal, aonde eles se utilizam de uma imagem inofensiva e bonitinha. Eu me lembrei de Paranoia Agent, do Satoshi Kon


Eu gosto da postura do diretor de se negar a inserir elementos de fanservice na trama e não ceder à pressão da produtora. Nota-se que ele encara o projeto com certa ambição, não querendo torna-lo mais afável a um público ou outro, mas contar uma história forte sem precisar abrir mão da consistência narrativa. Eu gosto deste tipo de atitude, é corajoso, afinal, ele pode virar motivo de chacota se isso aqui se mostrar um fiasco, não tanto comercialmente, mas de crítica. Se com essa atitude, ele não corresponder aos investimentos no projeto, as portas para qualquer argumento original que ele proponha, dificilmente serão aceitos por alguma produtora, e aí, será que ele vai se dobrar e dirigir algum moe?

Só acho que a forma como ele colocou isso, soou bem estupida. Proibir a staff de fazer menção à moe e o dia do moe (que foi ontem) na produção me soaram como um conservadorismo ao extremo, e até meio ignorante. As mulheres não precisam que a obra tenha certos elementos para que possam curti-la, criarem shipps, e comprar. Vender algo ressaltando o fato de não ter moe, ou fanservice fujoshi, é como pensar que algo irá vender, só por ser moe. Não vai. E bom, no mais, o character designer do anime, é da Akira Amano – Já vai atrair boa atenção da massa que compra. Se ele a chamou para a produção, é porque ele sabe como funciona a indústria. Essa hipocrisia acima foi desnecessária. E esse desenho de personagens da Amano se saiu melhor durante a execução, do que eu esperava. Gostei, ficou legal. No mais, curiosa para ver como tudo isso irá se desenvolver. As expectativas são boas. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★

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