Vamos falar sobre coisa boa. Vamos falar Dominators. Garanta
já a sua.
Embora estes dois últimos episódios sejam de um trabalho bem
competente de exposição, o anterior tem um trabalho de desenvolvimento muito
mais forte, enquanto este traz mais uma visão do sistema que rege aquele mundo.
Não foi tão potente quanto o anterior, mas a trama se desenvolveu de forma
extremamente envolvente – Tramas que trazem na narrativa uma visão política
sobre o sistema, sempre são complicadas, e a direção de Naoyoshi Shiotani,
aliado ao bom roteiro do Urobuchi, se mostrou com uma excelente desenvoltura ao
lidar com um caso espinhoso envolvendo uma das maquinas do governo. Foi muito
interessante observar como os agentes lidavam com um caso burocrático.
Voltando um pouquinho ao episódio passado, com relação à
discussão sobre a tecnologia holográfica, realmente ela age como um efeito maquiador, eu [no primeiro instante] pensei que os objetos
provindos da holografia fossem sólidos, mas não passam de uma roupagem mais
bonita. O ponto de discórdia foi com relação à doutora Shion, que estava
ajeitando suas peças de roupa manualmente [depois daquele amasso com a Yayoi
rabinho de cavalo], mas neste episódio a partir da primeira tomada no local
onde Kogami vive podemos ver que se trata de uma tecnologia que parece ser
restrita às classes [sociais?].
Eu estou gostando bastante de como as coisas parecem se
interligar de forma muito ambígua nessa série, mas eu não esperava menos quando
quem está no roteiro é o Urobutcher. Um dos maiores méritos dele como escritor
é a consistência de suas obras [já vi boa parte delas, incluindo visual
novels], todas muito bem amarradas. Claro que isso não tira de PP o beneficio
da dúvida, afinal, muito mais do que um bom roteiro, o que garante e faz de uma
série algo bom, é principalmente a sua direção, mas ainda assim sempre fico
muito incomodada quando vejo alguém receoso que ele repita o roteiro de Guilty
Crown. Claro, pode se questionar decisões tomadas, gostar ou desgostar de da
forma como ele força muito sua visão de mundo sobre seus roteiros.
Esse foi um momento bem fangirl, mas feito de forma lúcida,
rs. PP às vezes se mostra bastante ambíguo em suas abordagens, como no episódio
passado depois de Akane testemunhar cenas chocantes, seu Psychopass ainda estar
totalmente claro (como também os eventos
envolvendo Shion e Yayoi, que sustenta que a tecnologia não é acessível de
forma irrestrita aos condenados pelo sistema, ao mesmo tempo em que mostra que
elas simplesmente podem estar se usando para aliviar a tensão. O mais provável)
– Já neste episódio vemos que devido a todos os indícios, não parecia sustentável
que os incidentes com vítimas fatais envolvendo os drones, fossem acidentais. Os rumos tomados foram bem óbvios e previsíveis,
mas mostraram ao espectador mais daquele mundo, e abriram uma ampla margem de
possibilidades a serem exploradas. O CC (Coeficiente
Criminal) medido através das Dominators no primeiro episódio, o sistema
Sibila no segundo, que faz muito mais que medir o Psychopass; analisa a aptidão
da população para um serviço (podendo
lhe dar várias opções, ou não) e neste terceiro, vemos que há áreas restritivas
à rede e consequentemente ao sistema Sibila.
O que é um pouco irônico porque para conseguirem a máxima
segurança, precisam cortar os laços com o Sibila. Em todos esses episódios, o que
temos é uma oscilação na analise do Sibila na punição preventiva que vai desde
a detenção, à pena de morte instantânea. No primeiro caso, a vítima/as vítimas
só receberam a pena de morte após resistirem e ameaçarem os agentes, aqui nós
vemos que o CC do criminoso ultrapassou e muito a do estuprador, mas ele apenas
recebeu a pena de detenção. Pelo que temos até o momento, não se trata de um
governo totalitário, e a bem da verdade, não está tão distante do que temos
hoje atualmente, seja socialmente, ou judicialmente [a justiça teoricamente tem
os olhos vedados]. A diferença está na forma como a lei é regida, sendo meramente
operacional, o que às vezes pode ser meio injusto com uma minoria, como é o
caso de Kagari (no episódio passado),
e destes mecânicos que trabalham na fábrica de drones, sem direito a escolha e sem
acesso a qualquer diversão/entretenimento.
Mesmo o regime intenso de trabalho ao qual são submetidos
não difere muito do Japão atual, e mesmo da China (posso dizer que até mesmo do Brasil e todos os países de terceiro
mundo). Vale mencionar que a politica daquele local [de oferecer uma vítima
para ser a diversão de todo o resto], não é tão estapafúrdia assim. Bradherley's Coach (cuidado, conteúdo adulto) mesmo
é inspirado em um fato verídico do Japão, as “Comfor twomen” (Mulheres de Alívio), que eram
oferecidas para serem estupradas por soldados, para que estes pudessem se aliviar
do stress da guerra. Essa trama também mostra como esse sistema pode transformar
inocentes em criminosos latentes. Os trabalhadores são sempre transferidos
quando atingem certo limites, mas Kanehara (o
criminoso) se mostrou mais resistente que todos até então, sendo uma peça
de difícil reposição por sempre manter o mesmo padrão de cor – O que é justificável,
já que ele se aliviava matando seus agressores.
Essa aqui eu nem tinha percebido porque não conhecia este filme, mas o @JoaoZangetsu me alertou e vi a lógica na referência, uma vez que o plot do filme acima é sobre armagenagem de dados digitais no cerebro, podendo ser transferido para o sistema. Um filme cyberpunk, num mundo onde vigiado e informações valem ouro, com o transporte e armagenazem de informações no cerebro. Sabemos que PP é tem uma gama enorme de referências, mas ao ponto de tornarem tão obvias assim, me pergunto se esse cartucho não faz parte de uma trama a ser explorada na série. No filme, há uma resistência anti-tecnologia, e PP parece contar também com uma resistência (ou eu estou viajando). |
Muitos podem reclamar que o episódio não mostrou se o
gerente local ali foi punido, em como foi possível um cara ter um dispositivo
de armazenamento de dados que poderia adulterar diversas maquinas, tornando-as
assassinas. Mas acredito que não era o ponto debatido, afinal a história ainda
não entrou no plot referente ao sistema (nem
mesmo Akane ainda se voltou contra o Sibila, o que pode parecer obvio, mas
tenho desconfiado cada vez mais que não será Akane contra o sistema, mas sim
elementos de fora dele, como toda obra distópica, com ela ficando no meio do
fogo cruzado. Aliás, esse plot me lembra cada vez mais o de Blood-C The LastDark: Ambos bastante similares, do mesmo estúdio, e com o mesmo diretor),
estando ainda em casos episódicos.
Quem assistiu Madoka Mágica e Fate/Zero já deve ter
percebido certos vícios do Urobuchi presentes na narrativa. Neste, nós vemos o
[começo, isso irá se repetir bastante] choque da visão idealista de Akane com Ginoza.
Bem, os diálogos aqui estavam realmente bons e fortes de uma forma que eu gosto
bastante, embora sem a mesma profundidade e carga emocional dos ocorridos em
Fate/Zero. MÃS é algo que pode se mostrar desgastante pelo pouco intervalo de
tempo entre uma obra e outra, espero que ele use o bom senso e não caia na mesma
armadilha que Yuki Kajiura. Ele saber alternar entre tons, e nem todas suas
obras são embates morais, e PP está muito mais para Phantom of Inferno, de que
para Fate/Zero. Leia-se, para uma pegada mais densa e de thriller policial, do
que para algo trágico e dramático.
Sei que há bastante percurso pela frente ainda, mas a
caracterização dos vilões até aqui foram bem rasas. Serviram aos seus propósitos,
mas ainda espero por algo mais crível nos episódios seguintes e com melhores
desenvolvimentos. Até aqui, o roteiro
tem exposto muito bem os pormenores daquele sistema e sua população, com uma
narrativa bem fluída e de fácil compreensão, o que mesmo diante de um argumento
teoricamente complexo, é imprescindível para uma obra que quer vender e ser
popular [até por isso, devemos ter por mais alguns episódios alguns casos episódicos
expositivos, permeados por desenvolvimento de cada personagem ali].
Então, novamente, o episódio pode ter sido previsível, mas
foi extremamente sólido e lógico dentro do contexto do argumento, sem se
preocupar em causar impacto para o espectador. Pelo contrário, as revelações
foram passadas de forma bem espontânea. Isso é um mérito, e a parte final já
foi impactante o suficiente. Nem MasterCard paga a satisfação de ver Akane
descendo desesperada pelas escadas como se fosse uma pata choca [ou seria uma
Miss desfilando? Reparem na forma como ela corre!], o lado badassssss do Kogami – É, ééé bastante clichê, mas é algo gostoso
de se ver num thriller quando bem feito –, Yayoi e Kagari vindo com tudo pra
cima das maquinas, e de quebra, as Dominators dando um show! Sequência de ação
muito bem orquestrada e dirigida de forma dinâmica. Esse Naoyoshi Shiotani tem
futuro.
Alguns pontos:
>Cliffhanger com um conflito entre o velho Masaoka e o Ginoza?
Hmmmmm...
>Akane pôde perceber o lado animalesco de Kogami, sentido
o prazer de pegar a sua caça. Me pergunto como vão desenvolver a tensão entre
esses dois personagens. Ao que tudo indica pela abertura...
> Namae no nai Kaibutsu do EGOIST se encaixou muito bem
como tema de encerramento em PP. Adoro a forma como os episódios terminam, e
mesmo antes de entrar o encerramento, já é possível ouvir os primeiros toques
crescendo gradativamente. É envolvente e contagia em quem assiste em uma vibe energética
crescente que até aqui têm se integrado bem aos cliffhangers. É bom porque os
episódios têm terminado sempre de forma empolgante, e o encerramento não corta
o clima. O flashs com elementos comuns dentro da história também ficou bem
bacana pra um encerramento.
> MORRO. TODA.
> Eu sei o que ele quis dizer com "NÃO QUERO MOE AQUI", mas eu não resisti. Eu adoro essas expressões da Akane. A de baixo também, soa como "Isso é pura brainwash, sem moe o caralho. O que são essas imagens aqui!?".
> POHÃ, o Ginoza tem uma cara de uke (passivo) do caralho. E daqueles que gostam de apanhar (Ai, ai, ai, Yukito)
> GOOD POINT.
> POHÃ, o Ginoza tem uma cara de uke (passivo) do caralho. E daqueles que gostam de apanhar (Ai, ai, ai, Yukito)
> GOOD POINT.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★