sábado, 6 de outubro de 2012

Primeiras Explosões: BTOOOM!


Mais um boa estréia. Só espero que não vire outro Deadman Wonderland.


Resumo: Ryuuta Sakamoto é um NEET de 22 anos desempregado, que é um dos melhores jogadores de Btooom!, um jogo online de combate. Um dia ele acorda numa ilha tropical sem se lembrar de como chegou lá. Vê uma pessoa distante e pede ajuda, em resposta, essa pessoa atira-lhe algo, uma bomba “Bim”. Nesse momento Sakamoto percebe duas coisas: que a sua vida corre perigo e que ele se encontra num jogo real de Btooom!.


Comentários: Este primeiro episódio de Btooom! foi explosivo – é difícil escrever um texto de uma série com o título de Btooon! e resistir ao maldito trocadilho; Vai se juntar ao lado de Baccano, que é muito bacana [BA*DUM*TSSSS]. Btooom! é uma explosão!! –, já começando pela abertura, que tem um frenesi da porra, a Nano tem uma voz que é enlouquecedora! Uma pena a animação de abertura ser tão genérica – Que também acaba sendo um retrato de todo o episódio, que tinha potencial para ser bem mais, em mãos melhores e mais habilidosas.

Mas antes, eu quero comentar em como “No pain, No game” me enganou, quando começou a tocar nos PV’s da série, com todo aquele visual colorido. Imaginei algo divertido no nível de HOTD, que é tosco, não tem vergonha de se assumir assim e ainda explora essas características com maestria. Assistindo o primeiro episódio, percebi que há muito mais de Gantz do qualquer outra comparação. Justifica-se: A abertura não mente, com explosões, correria, e peitos, mas Btooon! é uma série de shock value (feito para chocar quem assiste, e causar diversos tipos de sentimentos, da revolta, às lágrimas) mais atenuada, que parece saber se equilibrar bem entre o drama e o Darker and Edgier [mais obscuro e ousado, normalmente permeado por violência, sexo e palavrões].

Eu sou fangirl de series que tem como escopo, jogos de sobrevivência. Os motivos que levam à escolha daqueles personagens são geralmente dois; em The Hunger Games (Jogos Vorazes) os personagens precisavam se matar um ao outro numa ilha isolada por motivos políticos, idem para a versão mais conhecida do gênero [Battle Royale] – Já em “Jogos Mortais” (Saw), a motivação do BOSS é a punição, tal qual em Rabbit Doubt. Claro que há variações, como em Mirai Nikki ou Gantz, onde os personagens são escolhidos aleatoriamente e por motivos distintos. Btooon! parece seguir pela linha punitiva, o protagonista [Sakamoto] é daqueles bem cuzão, e seu interesse amoroso [Himiko], me parece aquelas personagens falsinhas que são e se acham as gostosas. Embora eu diga isso, o mais provável é que sejam escolhas aleatórias.

Mas isso tudo são justificativas para que possamos ficar confortáveis, o que leva essas séries pra frente é o sadismo interior de cada um. Nada como ver aquele filho da puta explodindo, aquele personagem bonzinho e sonso se fodendo e o protagonista sendo torturado nos limites psicológicos, e violência, afinal, a violência ainda é fascinante. E esse é o papel do entretenimento, dar vazão ao que se encontra dentro do peito.


É hilário o Sakamoto correndo em direção a primeira pessoa que vê na ilha, e esta simplesmente lhe atirar uma bomba como cartão de boas vindas, ou quando ele decide se render e o seu adversário só faltou fazer o dedinho pra ele. Sakamoto foi hilariantemente ridículo nesse primeiro episódio e completamente desajeitado. A ação mesclada com estratégia foi muito bom, e em apenas um episódio, Btooom! já se mostrou mais frenético do que 80% de SAO – Sim, é uma comparação descabida, já que Sword Ar Online nunca se comportou como jogo de sobrevivência, e nem o é, embora tenha os elementos. Mas vi aqui, alguns detalhes que sinto falta na série, como a tensão sendo mais evidenciada e um trabalho mais satisfatório no choque dos personagens expostos a perigos reais. É até compreensível, já que ali em SAO, todos são seres virtuais, mas falta certo foco no fator psicológico. Fora isso, são séries contrastantes. E fazem um belíssimo contraste. Vejam comigo...

> O descontrole e a dificuldade em se adaptar as regras do jogo em Btooom! tem o respaldo do cenário da série ser real. Não é um campo virtual, nem os personagens são hologramas. Partes de seus corpos não serão restituídas, nem ferimentos serão reparados com poção. Se a garota for estuprada, ela foi estuprada, ponto. A tensão realmente fica a flor da pele. É tudo real. Eu adorei o Sakamoto ter demorado a entender sobre o que era aquilo tudo, e como faria para sobrevier. Embora ele seja expert naquele jogo, e que toda aquela situação soe obvia, o personagem estava completamente nervoso e apavorado pra conseguir raciocinar com clareza. O Sakamoto me lembra o Kurono (Gantz), até mesmo na aparência e atitudes.

> O contraste de abordagens com relação ao mundo virtual, entre ambas as série. SAO faz uma abordagem passando uma imagem saudável do mundo virtual, o que inegavelmente acaba refletindo na forma de seus personagens e na construção daquele mundo. Claro, tem os gamers otakus como público alvo, não poderia ser diferente. Já a construção em Btooom! é de um contraste negativo entre virtual e real, sobre a obsessão pela evasão e necessidade de preencher um vazio do jovem NEET japonês. O Sakamoto é retratado como um jovem de 23 anos, há cerca de 2 anos desempregado e sua mãe desesperada. No Japão, essa é a idade onde o homem já deve ter um emprego fixo rentável e estar casado, ou se preparando para casar.


Com apenas um episódio, e só 2 dois personagens principais introduzidos, ainda é cedo para comentar mais a fundo, mas o autor original parece ter construído um belo background para seus personagens. E até agora, a abordagem sobre o conflito desses personagens, me parece muito bem feita, bem balanceada, sem cair para o tearjerker (fazer o seu espectador/leitor chorar), afinal de contas, mesmo com um drama genuíno ao fundo, que promete se desenvolver através de pequenas montagens/side history/flashbacks ao longo da série, Btooom! foi feito pra soar divertido. Sadicamente divertido.

Assim como Kurono, o Sakamoto é egoísta, imaturo, tem aquela síndrome de perdedor que quer se sentir melhor que todos, e eu gosto de personagens tortos assim, melhor ainda quando são bem desenvolvidos. Kurono possui um excelente desenvolvido, e um crescimento impressionante durante toda a série original. Acredito que por ser um anime de apenas 1 cour, e vários personagens a introduzir, isso não será muito notável aqui, mas espero aí por personagens interessantes.


Nem todos os animes produzidos pelo MADHOUSE possui uma qualidade técnica boa. Essa aqui é aquela típica de baixo orçamento. Até por isso, a paleta de cores está mais escura do que deveria e do que é normal no estúdio, com uso excessivo em determinados lugares e cores mais desbotadas. Mas uma animação de baixa qualidade do MADHOUSE ainda continua sendo melhor que uma orçamento razoável do estúdio DEEN. Ter uma direção pouco inspiradora, também diminui bastante o potencial de Btooom!, que parece ter uma direção quase no piloto automático (fazendo bem o feijão com arroz, mas sem explorar o potencial da obra), como aconteceu com Jinrui. Contudo, acredito que Btooom! será uma série que não sairá muito da curva, cumprindo o seu papel de ser extremamente pipoca, barata e divertida para quem acompanhar e a curto prazo facilmente esquecida pelos demais. A BGM não se destacou aqui, mas eu gostei, e o character designer é consistente. Bem, pelo menos a minha atenção, Btooom! já tem e se continuar com essa pegada, nós veremos novamente, quando o anime chegar ao fim. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Diretor: Kotono Watanabe
Roteiro: Yousuke Kuroda
Estúdio: MADHOUSE
Prev. Episódios:12/13

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