Mais um boa estréia. Só espero que não vire outro Deadman Wonderland.
Resumo: Ryuuta
Sakamoto é um NEET de 22 anos desempregado, que é um dos melhores jogadores de
Btooom!, um jogo online de combate. Um dia ele acorda numa ilha tropical sem se
lembrar de como chegou lá. Vê uma pessoa distante e pede ajuda, em resposta,
essa pessoa atira-lhe algo, uma bomba “Bim”. Nesse momento Sakamoto percebe
duas coisas: que a sua vida corre perigo e que ele se encontra num jogo real de
Btooom!.
Comentários: Este
primeiro episódio de Btooom! foi explosivo – é difícil escrever um texto de uma
série com o título de Btooon! e resistir ao maldito trocadilho; Vai se juntar
ao lado de Baccano, que é muito bacana [BA*DUM*TSSSS]. Btooom! é uma explosão!!
–, já começando pela abertura, que tem um frenesi da porra, a Nano tem uma voz
que é enlouquecedora! Uma pena a animação de abertura ser tão genérica – Que
também acaba sendo um retrato de todo o episódio, que tinha potencial para ser
bem mais, em mãos melhores e mais habilidosas.
Mas antes, eu quero comentar em como “No pain, No game” me
enganou, quando começou a tocar nos PV’s da série, com todo aquele visual
colorido. Imaginei algo divertido no nível de HOTD, que é tosco, não tem
vergonha de se assumir assim e ainda explora essas características com maestria.
Assistindo o primeiro episódio, percebi que há muito mais de Gantz do qualquer
outra comparação. Justifica-se: A abertura não mente, com explosões, correria, e
peitos, mas Btooon! é uma série de shock
value (feito para chocar quem assiste, e causar diversos tipos de
sentimentos, da revolta, às lágrimas) mais atenuada, que parece saber se
equilibrar bem entre o drama e o Darker and Edgier [mais obscuro e ousado,
normalmente permeado por violência, sexo e palavrões].
Eu sou fangirl de series que tem como escopo, jogos de
sobrevivência. Os motivos que levam à escolha daqueles personagens são
geralmente dois; em The Hunger Games (Jogos
Vorazes) os personagens precisavam se matar um ao outro numa ilha isolada por
motivos políticos, idem para a versão mais conhecida do gênero [Battle Royale] –
Já em “Jogos Mortais” (Saw), a
motivação do BOSS é a punição, tal qual em Rabbit Doubt. Claro que há
variações, como em Mirai Nikki ou Gantz, onde os personagens são escolhidos aleatoriamente
e por motivos distintos. Btooon! parece seguir pela linha punitiva, o
protagonista [Sakamoto] é daqueles bem cuzão,
e seu interesse amoroso [Himiko], me parece aquelas personagens falsinhas que são e se acham as gostosas.
Embora eu diga isso, o mais provável é que sejam escolhas aleatórias.
Mas isso tudo são justificativas para que possamos ficar confortáveis,
o que leva essas séries pra frente é o sadismo interior de cada um. Nada como
ver aquele filho da puta explodindo, aquele personagem bonzinho e sonso se
fodendo e o protagonista sendo torturado nos limites psicológicos, e violência,
afinal, a violência ainda é fascinante. E esse é o papel do entretenimento, dar
vazão ao que se encontra dentro do peito.
É hilário o Sakamoto correndo em direção a primeira pessoa
que vê na ilha, e esta simplesmente lhe atirar uma bomba como cartão de boas
vindas, ou quando ele decide se render e o seu adversário só faltou fazer o
dedinho pra ele. Sakamoto foi hilariantemente ridículo nesse primeiro episódio
e completamente desajeitado. A ação mesclada com estratégia foi muito bom, e em
apenas um episódio, Btooom! já se mostrou mais frenético do que 80% de SAO –
Sim, é uma comparação descabida, já que Sword Ar Online nunca se comportou
como jogo de sobrevivência, e nem o é, embora tenha os elementos. Mas vi aqui,
alguns detalhes que sinto falta na série, como a tensão sendo mais evidenciada e
um trabalho mais satisfatório no choque dos personagens expostos a perigos
reais. É até compreensível, já que ali em SAO, todos são seres virtuais, mas
falta certo foco no fator psicológico. Fora isso, são séries contrastantes. E
fazem um belíssimo contraste. Vejam comigo...
> O descontrole e a dificuldade em se adaptar as regras
do jogo em Btooom! tem o respaldo do cenário da série ser real. Não é um campo virtual,
nem os personagens são hologramas. Partes de seus corpos não serão restituídas,
nem ferimentos serão reparados com poção. Se a garota for estuprada, ela foi estuprada,
ponto. A tensão realmente fica a flor da pele. É tudo real. Eu adorei o
Sakamoto ter demorado a entender sobre o que era aquilo tudo, e como faria para
sobrevier. Embora ele seja expert naquele jogo, e que toda aquela situação soe
obvia, o personagem estava completamente nervoso e apavorado pra conseguir
raciocinar com clareza. O Sakamoto me lembra o Kurono (Gantz), até mesmo na aparência e atitudes.
> O contraste de abordagens com relação ao mundo virtual,
entre ambas as série. SAO faz uma abordagem passando uma imagem saudável do
mundo virtual, o que inegavelmente acaba refletindo na forma de seus
personagens e na construção daquele mundo. Claro, tem os gamers otakus como
público alvo, não poderia ser diferente. Já a construção em Btooom! é de um
contraste negativo entre virtual e real, sobre a obsessão pela evasão e necessidade
de preencher um vazio do jovem NEET japonês. O Sakamoto é retratado como um
jovem de 23 anos, há cerca de 2 anos desempregado e sua mãe desesperada. No
Japão, essa é a idade onde o homem já deve ter um emprego fixo rentável e estar
casado, ou se preparando para casar.
Com apenas um episódio, e só 2 dois personagens principais
introduzidos, ainda é cedo para comentar mais a fundo, mas o autor original
parece ter construído um belo background para seus personagens. E até agora, a
abordagem sobre o conflito desses personagens, me parece muito bem feita, bem
balanceada, sem cair para o tearjerker (fazer
o seu espectador/leitor chorar), afinal de contas, mesmo com um drama
genuíno ao fundo, que promete se desenvolver através de pequenas montagens/side
history/flashbacks ao longo da série, Btooom! foi feito pra soar divertido. Sadicamente
divertido.
Assim como Kurono, o Sakamoto é egoísta, imaturo, tem aquela
síndrome de perdedor que quer se sentir melhor que todos, e eu gosto de
personagens tortos assim, melhor ainda quando são bem desenvolvidos. Kurono
possui um excelente desenvolvido, e um crescimento impressionante durante toda
a série original. Acredito que por ser um anime de apenas 1 cour, e vários
personagens a introduzir, isso não será muito notável aqui, mas espero aí por
personagens interessantes.
Nem todos os animes produzidos pelo MADHOUSE possui uma qualidade técnica boa. Essa aqui é aquela típica de baixo orçamento. Até por isso,
a paleta de cores está mais escura do que deveria e do que é normal no estúdio,
com uso excessivo em determinados lugares e cores mais desbotadas. Mas uma animação de baixa qualidade do MADHOUSE ainda continua sendo melhor que uma orçamento razoável do estúdio DEEN. Ter uma direção pouco inspiradora, também diminui bastante o potencial de Btooom!, que
parece ter uma direção quase no piloto automático (fazendo bem o feijão com arroz, mas sem explorar o potencial da obra),
como aconteceu com Jinrui. Contudo, acredito que Btooom! será uma série que não
sairá muito da curva, cumprindo o seu papel de ser extremamente pipoca, barata
e divertida para quem acompanhar e a curto prazo facilmente esquecida pelos
demais. A BGM não se destacou aqui, mas eu gostei, e o character designer é consistente. Bem, pelo menos a minha atenção, Btooom! já tem e se continuar com essa
pegada, nós veremos novamente, quando o anime chegar ao fim.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Diretor: Kotono Watanabe
Roteiro: Yousuke Kuroda
Estúdio: MADHOUSE