sábado, 3 de novembro de 2012

Comentários: PSYCHO-PASS #04 – O Halloween de Spooky Boogie


Achei estiloso. Também curti Candy Lemonade...

Este foi o episódio mais fascinante de Psycho-Pass, com uma narrativa um tanto quanto... maçante (não que eu tenha me incomodado, pelo contrário), mas sem dúvidas o mais abrangente entre todos os episódios exibidos até o momento. Para a minha surpresa, e tenho a certeza que de muitos também, já entramos na história principal e com um primeiro arco que busca expandir ainda mais aquele universo – Sempre através de uma narrativa bem expositiva. Afinal, não seria uma história do butch Gen, se inicialmente não houvesse bastantes diálogos, progressão lenta, questionamentos acerca da dualidade humana e certo mistério.

Além de abrir as cortinas definitivamente para um “Admirável Mundo Novo” (desculpem, não resisti, e o próprio argumento se referencia ao clássico de Aldous Huxley), a série continua trabalhando nas minúcias do enredo, como a interação de Akane com os demais, a forma como eles reagem com surpresa a certas novidades que para nós soam como algo absurdo, e o próprio sistema Sibila. Algo que vem me chamando a atenção desde o episódio passado é a forma como os Enforcers (caçadores/Justiceiros) são tratados quando não estão trabalhando – E até mesmo quando estão trabalhando –, sempre de forma respeitosa, a despeito do tratamento despachado por Ginoza (o que aumenta ainda mais a minha suspeita do problema dele com eles, em especial com o Masaoka, seja algo puramente pessoal), o sistema trata eles como se fossem prisioneiros sob condicional.

Não há mais dúvidas. Masaoka e Akane é tipicamente mestre e discipulo. E ele vai morrer. Favoritem.

Para se deslocarem quando são solicitados e estão fora do turno de trabalho, eles são escoltados por uma força policial, mas quando não estão em atividade, o local onde ficam parece ser customizado de acordo com a preferência de cada um, embora não tenham nenhum luxo. Agora, o velho Masaoka apesar de ser um farejador e casca grossa, mantêm hábitos bem diferentes do que se imagina dele. Claro, clichê. É sempre assim, a figura mais durona, sempre mantêm hobbies ditos de garotinhas. Numa das onshots do Hiroki Endo (que se chama “Plataforma”), um Yakusa possui o mesmo hobbie nas horas vagas.  

Com relação à trama do episódio, a narrativa nada mais fez do que clarear aquilo que já se mostrara obvio anteriormente; A existencia de pessoas insatisfeitas que vivem a margem da sociedade. E eu adorei a forma como fizeram isso, interligando várias pontas. Ora com interlúdio com Akane tentando entender Kogami, onde fica mais claro que ela ficará em cima do muro, sem saber qual lado escolher para lutar, ora no fato da “justiça humana” claramente não estar preparada pra lidar com acontecimentos fora do padrão, ou mesmo com o que diz respeito à realidade virtual.

Menos chato que Admiravel Mundo Novo, vale a leitura para todos que curtem esse universo. Mas Fahrenheit 451 pode ser mais atraente que ambos. E 1Q84, de Haruki Murakami, o mais romantico e gostoso de ler. Essas são minhas dicas de leitura.

Parece que a direção tem tido o prazer de tornar cada vez mais obvias as suas principais referências. Primeiro Katsuyuki Motohiro (o diretor principal) fala na reminiscência de Ghost in the Shell na série e na obvia escolha do Production I.G. como o estúdio que daria vida a história, e logo após fala como Blade Runner influenciou na criação deste argumento. No episódio passado, tivemos mais uma referência a um Sci-Fi clássico, e claro que sabemos que essa série é uma amalgama referencial, mas que até agora vem dando certo toda essa mistureba a fim de criar um produto popular. Dessa vez, temos outra referência bem diferente, que também já era óbvia, que é ao livro Nineteen Eighty-Four [ou como é popularmente conhecido: 1984]. E vejam só, isso tem uma cara de partido da equipe de produção, não do Urobuchi.

Mas seja como for, é uma referência essencial para se entender as minucias dessa trama. Para vocês terem uma ideia, é deste livro que surgiu o conceito "Big Brother", com a constante fiscalização e controle de determinado governo na vida dos cidadãos, com invasão sobre os direitos do indivíduo. Ou seja, uma liberdade vigiada. O ponto aí, é que o autor, George Orwell, tinha tendências anarquistas e chegou a flertar com o movimento socialismo democrático – Grupo de pessoas que se colocam em oposição às correntes que defendem o autoritarismo.

Lindo *O* - Adorei o viual e as expressões dele. Vai ser pura emoção ver ele confrontar Kogami, se é que me entendem >__^

Shogo Sugawara é o nosso antagonista, já apresentado no primeiro episódio, que será confrontando obviamente pelo Kogami, que nada mais faz que seguir as ordens.  Akane, obviamente, ficará indecisa qual lado apoiar, afinal, quanto mais ela descobrir sobre o sistema Sibila, mais será um choque frente a tudo o que ela aprendeu até agora [não é típico do Urobuchi, mas será que rolará triangulo amoroso? Mais fácil que a tensão sexual aconteça entre Kogami e Shogo! Sério, acho que acontecerá essa atração entre opostos].

Como vimos, nós temos aqui dois grupos distintos: Os que vivem a margem do sistema [e provavelmente, o grupo ao qual Shogo faz parte], e aquele insatisfeito com o regime atual, mas que não querem abrir mão da tecnologia, por isso, durante o dia são pessoas normais, e fora das lentes e sob o aval do anonimato da internet, são anarquistas. Este foi um episódio com embate invisível entre duas vertentes; O totalitarismo [castração da liberdade, com os hábitos do cidadão monitorados pelo sistema], e o anárquico [respaldado pela realidade virtual, onde o anonimato proporciona a liberdade].

São apenas suposições minhas, mas Shogo parece ser um estrategista, e ele sabe que não há melhor estratégia para ruir um sistema, que se infiltrar nele e o corroer a partir de suas estruturas internas. O que temos até aqui é o fato de essas pessoas que vivem em anonimatos nos fóruns virtuais não são mais do que uma anomalia, porém uma anomalia ineficaz. Eles estão insatisfeitos, mas não fazem nada a respeito, usando aquilo meramente como uma ferramenta para o escapismo. Considerando àquela sociedade, a internet é o único local onde eles podem ter uma liberdade irrestrita e desabafarem com os outros, através de um avatar. Com base nisso, vários usuários começaram a criar comunidades – E dentre esses usuários, dois se destacaram exatamente por oferecer aquilo que as pessoas queriam: Diversão e um local onde pudessem contar tudo o que lhe afligem, sem deixar registros sobre sua verdadeira persona.

Só porque achei atrevidamente charmosa essa cena. Lábios atraentes em um vermelho picante, constrastando com a pele, e unhas delicadas, constrastando com a vulgaridade do look.

Shogo foi pelo obvio, assumindo (não ele, ao que tudo indica um dos seus aliados) a identidade de uma importante figura dentro daquele mundo virtual [Talisman], o próximo passo seria desbancar a figura principal, e aparentemente a líder de todos da comunidade: Spooky Boogie [Shoko Sugawara, seu nome real fora da internet] – E não se enganem, teria sido morta mesmo se ela não tivesse armado pra ele. Estando no poder, eu acredito que seu próximo plano seja usar àquelas pessoas contra o sistema. Sim, são pessoas meio que alienadas, você observa isso a partir do momento de revolta deles quando houve a emboscada do CID (Departamento de Investigação Criminal). Não há realmente uma força na revolta deles, eles estão indignados por terem sido expostos àquilo, e por terem perdido pessoas queridas, mas não estão revoltosas a um ponto anárquico. E eu acredito que Shoko (não confundir os nomes), irá tirar proveito disso para espalhar a sua doutrina.

Outro detalhe que merece atenção, e que vem sendo discutido desde o primeiro episódio, até este quarto, é com relação ao treinamento da força policial em Psycho-Pass. Como podemos ver, o sistema apresenta falhas, mas ironicamente essas falhas vêm do lado humano. Ao manter informações primordiais acerca do sistema e sua operação escondidas da grande população, o governo dá margem para quem é contra o sistema, ser o elemento surpresa. Fiquei com a impressão que nem mesmo o CID está preparado para o que eles estão enfrentando. Akane ficou surpresa ao ter conhecimento que ainda havia pessoas que não trabalhavam na sociedade atual, e embora o CID tenha plenos conhecimentos disto (normal, são eles que fazem o serviço sujo, totalmente a parte da sociedade), eles não estavam sequer preparados para uma operação como aquela, onde mesmo figuras experientes como o velho Masaoka e Kogami, mostraram visivelmente um descontrolo na hora de agir, optando pelo método mais atrapalhado e ineficiente, que foi sair apontando a Dominator a esmo.

Sabe qual foi o mérito do Shoko? Sim, estar preparado para hackiar o sistema virtual de avatares. Sim, também estar preparado para o CID e suas Dominatos, o que denuncia que este plano dele provavelmente foi construído durantes anos – Ninguém constrói uma tecnologia anti-Dominators, e que consiga driblar o sibila, da noite para o dia. Eles provavelmente a construíram com base nos pontos fracos do sistema, que não estava preparado para algo desde nível –, mas o ponto máximo do seu plano foi prever que ao exibirem suas Dominators em público, todos ficariam em um stress altíssimo, elevando seus CC (coeficiente criminal). E no meio daquele muvucão, não seria problema para ele fugir, e mais do que isso, por em prática o seu plano primordial: Localizar Spooky Boogie. Eu sei lá como ele se infiltrou em seu apartamento, sem ser notado pelo Sibila, este é um ponto que estou curiosa para descobrir, afinal já ficou obvio que ainda não existe tecnologia de teletransporte, mesmo o holograma, é apenas isso; um holograma não muito a frente do nosso tempo.




Enfim, temos uma trama muito bem trabalhada e intricada ao melhor estilo thriller policial + ação Cyberpunk. O vilão é unidimensional, mas aparenta ter bases muito interessantes e sólidas. Veremos. Destaque para o visual halloween, com a CommuField decorada por Spooky Boogie a caráter. Ironicamente, ela que tinha um avatar de um gato com tapa-olho e um laço no pescoço, aparecendo para os navegantes imitando uma cena de esquartejamento, ser morta daquela maneira (Urobutcher, eu te amo! Amo o seu espirito irônico sarcástico), demonstra um total humor negro. Também vamos comentar sobre os avatares. Vocês notaram como a grande maioria eram de figuras famosas? Voltem a fita e reparem que temo até do Jason Sexta Feira 13. No Japão, o halloween é comemorado como se fosse um carnaval. Todos saem fantasiados a caráter, às vezes com fantasias nada a ver, como por exemplo, um saco na cabeça (apareceu no episódio) ou como super-heróis. Ginoza vai de moeda americana! O que é algo interessante de se analisar, eu particularmente vejo como uma piadinha de bastidores, com relação à pretensão de liderança dos EUA embasados na economia e politica.

Também podemos fazer um paralelo rápido, entre a Spooky Boogie, e Winston Smith, protagonista de 1984, onde ambos são mortos após uma traição. Vale frisar, que em 1984, há um programa de recondicionamento, para converter àqueles que se opõe às leis do Big Brother.

Bem, a parte final foi sem dúvidas a mais pulsante. Eu adorei aquilo! Foi hilário! Foi lindo! A Spooky Boogie parecia uma Otaku prissy. Com essa cena, fica provado que Urobuchi não tem a intenção de fazer uma obra madura. Uma história séria é diferente de uma história adulta (se me permitem esse momento “capitão obvio”). A citação do velho Masaoka (no inicio do episódio, na analogia sobre o abismo) com referência a um das frases mais celebres de Nietzsche pode ser pretencioso, mas talvez seja uma tentativa de soar cult, equilibrando com a proposta de também ser popular. Enfim, apenas divagações. Já falei demais, mas gostaria de dizer que adorei a ending alternativa, com uma nova animação, e com arranjos iniciais (antes de entrar o encerramento) que foi bem no pique do episódio. Seria bacana que se alternassem sempre que o feeling do final do episódio pedisse. O que eu não falei é por conta de vocês, e o que não concordarem, apenas contestem. O que acharam do visual e da arte do episódio (*sai rolando, êhhh... acabou o flood*)?

Eu já imagino o diálogo abaixo entre o diretor e a desenhista do story board. Algo assim:

- Que episódio foi esse? Eu já não disse que não pode ter moe?
-Um visual bonitinho é mais atrativo, senhor!
- Maldita, e por que você está vestida como uma otaku?
-Isso aqui é Gothic Lolita Kawaii!
-Mentira, você é um fojoshi infiltrata! Alguns personagens parecem gays!
-Eu nã- Guhs- Eu não consigo resp-UUAUAARRGHHHH





Não moe, sim GAR!


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