Vamos conferir as melhores da temporada;
Ou quase isso.
O certo é que dessa vez, eu me dispus a assistir todas as
aberturas, e a grande maioria obviamente são apenas esquecíveis, salve um ou
outro tema que se salva por si próprio. Menção honrosa para as aberturas de BTOOOM!
com a explosiva “No pain, No game”, Robotics; Notes com “Junjo Spectra”, que eu
não gostei a principio, mas com o passar dos episódios, e a liberação do
single, me soou bem agradável na voz de Zwei – mas a abertura do game ainda é superior
como um todo, desde a música, à animação – E também as de Shinsekai Yori (aquele canto em coral, todo percussivo e com elementos eletrônicos ficou
muito bom), Kami-sama Hajimemashita (chiclete
e adocicada ao ponto de dar diabetes, mas irresistível. Tanto a abertura, quanto
a música). As de Onii-chan Dakedo Ai Sae Areba Kankeinai yo ne e Chuunibyou
demo Koi ga Shitai! valem por serem até engraçadinhas e com certas pinceladas
de criatividade em meio ao mais do mesmo.
E dessa vez os comentários ficaram mais extensos.
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05 Luxos
#05 Sukitte ii Na Yo (Friendship – Ritsuko Okazaki)
Em uma palavra: DOCE e AMARGO.
Em muitas palavras: Em termos de abertura, não marca tanto,
é bem convencional, mas o que a coloca um passo a frente de outras também
convencionais – Como a de BTOOOM!, ou de Magi, que são igualmente boas – é o
fato dos fragmentos de animação reaproveitados na abertura, combina
naturalmente com a melodia ao fundo, e assim você assiste e tem-se a impressão
de estar assistindo um videoclipe. É o tipo de abertura que logo assistido, já se
sabe de cara se o anime é ou não para você.
As cenas escolhidas foram excelentes, e a montagem denota
delicadeza nas transições de uma cena para outra, transmitindo bem toda a
aparente (eu ainda não assisti, preferi
deixar pra maratonar tudo quando acabar), leveza da série numa embalagem de
sonhos (observe as bolhas de luz que saem de um par de mãos, logo no inicio, uma
metáfora usada para expressar a tênue boderlaine criada entre um mundo “real” e
um ilusório. Podendo ser aquele que você sempre sonhou e jaz dentro de si, ou
um literal), que podemos flagrar através do flerte da personagem que deseja silenciosamente
o outro, o fitando nos olhos, nos lábios, no cabelo, no rosto – Ou simplesmente
na cena onde a personagem está de costas vislumbrando um céu azul diante de si,
que logo se transforma numa plataforma de metro. São desejos, impulsos, sonhos,
tudo embalado num quê de melancolia simplesmente delicioso, que ganha um
impulso extra quando o que vemos ao fundo se intensifica – você pode notar
quando as luzes ficam oscilantes, e os cortes se tornam mais abruptos.
Contudo, a voz da talentosa Ritsuko Okazaki continua serena,
igualmente para a baladinha de violão ao fundo, como se fosse uma canção de
ninar para apaixonados “A quantidade de alegria que senti/Com
apenas poucas essas palavras que você me deu/É o que eu sempre me lembrarei”.
Penso que ficou ótimo numa série que chama Say, "I Love You", uma
canção que conta a história de alguém que vislumbra um mundo um pouquinho
melhor, só porque aquele alguém está nele, alguém que consegue sorrir, mesmo
que tudo não esteja bem, só porque possui belas memórias ao lado daquela
pessoa.
Curiosidade: Friendship já apareceu em Fruits Basket, que
também teve sua abertura cantada pela falecida Ritsuko Okazaki.
#04 Little Busters! (Little Busters! – Rita)
Pohã, desde que anunciaram que o anime de Little Busters! usaria
a mesma música tema do game, como abertura, eu entrei em estado de epifania. Principalmente
porque usariam toda a trilha sonora do game [e o que parecia ser ótimo, acabou
se revelando um trabalho que pode parecer meio preguiçoso, mas isso é outra
história]. Quanto à canção, que também se chama Little Busters!, composta por
Jun Maeda, é o encontro perfeito entre interprete e composição.
Rita, que andava queixosa por nunca ter recebido uma
oportunidade para cantar temas de anime, não decepciona, porém a sua voz, e
mesmo a sintetização, não são tão poderosos quanto no single lançado (que também perde sua força se comparado à
versão do game). Little Busters! é uma série que emana energia e alto
astral (que não se compara nem com
CLANNAD, que possuía mais suavidade em contraste com a forma cínica e triste de
se encarar a vida) e a abertura traz esse clima. Mais importante, faz o
espectador senti-lo, caracterizando esta produção como o passo seguinte na
evolução das obras com etiqueta “Key”.
Francamente, essa abertura deixa a dever quando percebemos
que já estamos acostumados com o estilo refinado imposto pelo estúdio KyoAni.
Falta um toque final de criatividade, que tirasse esse feeling impregnado de “anime
dos anos 90”, no pior sentido do termo. Mas, eu gosto bastante da ideia, da
sequência... É algo que não cansa se assistido repetidas vezes, e dessa vez a
trilha sonora tem um papel mais importante nisto ao transmitir uma extasiantemente contagiante.
Particularmente, destaco a imagem dos amigos reunidos, que logo se transforma
numa foto em serpia, para logo depois uma versão deles já crescidos (que você logo deverá descobrir o motivo, e
o porquê o roteiro enfatiza tanto a amizade desse grupo), e a sequência vem
logo depois com todos correndo pelo campo com uma pomba branca cortando para outro
cenário – Em outra sequência, elas soltam penas pelo ar, o que podemos chamar
da metáfora sobre as memórias do grupo.
Também vale destacar o protagonista, Riki, tentando alcançar
o sol, num gesto de força e superação. Os cortes são precisos, e deixar os personagens
à parte do cenário, como se o que estivesse ao fundo fossem apenas montagem,
foi bem criativo em contraste com as cenas reutilizadas. E pra fechar, não
poderia ser melhor, com bolhas de luz saindo das mãos de Riki (quem assistiu CLANNAD After History, deve
ter um déjà vu), para logo a câmera começar girar em torno de Rin e Komari de
uma forma que privilegia toda a beleza visual em volta, fechando o angulo num
belo por do sol. Bom, apesar de faltar refinamento e principalmente melhor uso
no movimento de câmera , que poderia dar mais dinamismo, essa é uma abertura
que consegue usar imagens convencionais a seu favor e não ser apenas mais uma
abertura genérica e chata pra ser esquecida rapidamente.
Numa prova sobre impressões semióticas, a abertura de LB! se
sobressai com louvor e sutileza.
#03 JoJo's Bizarre Adventure (Sono Chi no Sadame – Hiroaki TOMMY Tominaga)
Tl;dl: Diiiiiiiiiiiioooooooooooooooooooooooooooooooo
Há quem não goste, e respeito. Há quem considere a melhore
abertura da temporada. Essa abertura, além de muito criativa, é a síntese de
toda a produção animada: Criatividade artística e empenho em transformar o
baixo orçamento em um produto que não fizesse feio diante os fãs e uma nova
audiência. E conseguiram inclusive com relação à trilha sonora – E Sono Chi no
Sadame parece ser um resgate direto dos anos 70 e 80, se tornando um tema
perfeito para uma série que é uma ode à velha escola japonesa, tanto de
quadrinhos, quanto de animes.
Com um tom de voz duro, como se estivesse cantando o hino de
uma geração, Tominaga exala testosterona e evidência o que se vê no vídeo:
Personagens GAAAAAR. Em poses imponentes, bem gays, e ainda que brega, um
visual retro que é a cara das séries de ação dos anos 80 (não vem dizer que não). O tom da melodia, cheia de efeitos sonoros,
e uma guitarra gritante ao fundo, às vezes nos lembram trilhas de um seriado de
super herói dos anos 60/70. Ou seja, reúne todos os elementos de uma história
com intrigas, mistério, aventura, perigos e sangue correndo nas veias. Intenso
é a palavra certa.
Quanto à abertura em si, muito uso de CGI, filtros aplicados,
onomatopeias que intensificam o efeito visual que se vê ao fundo, linhas de
movimentos que em qualquer outra seria poderia se tornar banal, aqui são um
charme e tanto. Destaque para a cena onde a namorada de Jojo é “deflorada” com
um beijo, pelo vilão Dio (risos), no
melhor estilo dramalhão folhetinesco – Ficou excelente. E muita referência ao
mangá, com diversos quadros replicados e ganhando vida, com uso de cores e enquadramento
de câmera que dão dinamismo às cenas de uma que é fiel ao que vemos na série:
Pulsante e intensa. O refrão é um convite á cantar junto. JOOOJO-JOOOOJO!
Está certo que a essa altura do campeonato, acho difícil
alguma outra abertura conseguir ser tão marcante quanto à primeira, Feel soMoon, contudo Yume Miru Seka consegue se misturar tão bem à terceira abertura
de Uchuu Kyoudai e traduzir o feeling dessa fase do anime, que simplesmente não
deixa muito a dever para anterior.
O clima atual de Uchuu Kyoudai é sereníssimo, com os
holofotes voltados para as relações das personagens, sejam para com elas
próprias, ou com aqueles que a cercam e de alguma forma, foram/ou são
importantes para as mesmas. Observe a sequência de abertura. A produção foi
perspicaz ao replicar isto através de uma pequena história.
Desta vez, a narrativa abandona a habitual falta de sorte de
Mutta, que recebe uma carona de Hibito – Com uma gostosa trilha sonora ao
fundo, a paisagem estadunidense típica, o foguete ao fundo representando o
sonho comum dos dois irmãos – e nem mesmo os percalços no caminho puderam tirar
a leveza e o bom humor das personagens, que apenas sorriem em uma harmonia
envolvente e de crescente efervescência. Boas memórias foram criadas ali, e uma
mensagem fora passada para nós: O importante é quem está, ou esteve do nosso
lado. Isso parece ser a síntese para Hibito, Mutta, Serika e Kenji. Quem está
acompanhado este ótimo anime, sabe do que eu estou falando.
P.S.: Não foquei muito na música como um todo, mas Yume Miru
Seka é uma boa baladinha por si só e vale a ouvida em sua versão FULL. Uma
exceção entre as músicas da banda de j-rock alternativa DOES, que normalmente
faz um som pesado. O uso dos sintetizados que se mistura com a guitarra
acústica, que somado com o vocal filtrado do vocalista, dá a vibe necessária para
toda atmosfera etérea da canção. Isso é o que eu chamo de um bom timing entre áudio
e visual.
A voz do vocal nesta música tem divido opiniões, e acho que
não tem como ser diferente. Entra muito naquela questão de gosto. Mas,
particularmente gosto dessa sua voz ora sussurrada, ora suave, ora com gritos,
mas sempre muito técnica. Vocais masculinos se misturam com femininos em meio a
um ritmo que vai ficando cada vez mais rápido, com riffs e samples que transmitem
toda a intensidade da letra.
Eu já havia comentado aqui um pouco sobre essa abertura,
mas o que sabíamos era pouco. E ainda, o que sabemos continua sendo pouco, se
trata de uma abertura extremamente insinuante, mas que diz pouquíssimo – É a
mais criativa que assisti no ano, também. Agora, entendemos que aquilo onde Akane
e Kogami estão submersos é a metáfora para o “pântano negro” discutido na
série, acerca do conhecimento que leva à perda da “pureza”, daí todo o filtro
aplicado sobre esse autentico pequeno curta em forma de abertura, ser completamente
em escalas de cinzas estilizados em tonalidades azuladas.
Akane e Kogami estando quase nus, também mostra o quanto à
série trabalha o fanservice, e até de forma muito boa. Para tudo o que vem
depois, numa sequência de embate entre os dois numa cidade acinzentada, pode
ser explicados por um Psycho-Pass
totalmente sujo, com ambos, agora despertos. Como diria Nietzsche ao se
defrontar com o abismo, temos três opções: Recuar, diante do eminente perigo;
avançar, e se perder na imensidão do abismo; ou avançar, e alçar vôo de águia.
A primeira opção é a de um ser amedrontado, vive a fugir de tudo, inclusive de
si mesmo; a segunda denota uma ousadia a partir do susto e do desespero diante
do abismo; daí brota as duas saídas restantes: Avançar e se esborrachar, ou
seja, se perder totalmente na caoticidade do mundo; e a outra representa enfrentamento
e equilíbrio.
Akane, agora desperta e consciente, fora do pântano, parece
em perfeito equilíbrio (embora isso não
signifique felicidade plena) e domínio da razão, enquanto Kogami parece
fissurado e perdido. Podemos relacionar esse enfrentamento após conhecimento adquirido
como uma metáfora para o Mito da Caverna. Enfim, abertura incrivelmente bem
produzida, e atenção para as imagens das Dominators sobrepostas sob o pântano borbulhante
e negro, referindo-se ao sistema Sibila. Muito bem elaborado.
Trechos como “Minha cabeça está cheia de coisas que eu
nunca poderei dizer a ninguém/Neste mundo perfeito, eu vago, como um ser
perdido/ Ei, como é que eles podem ficar tão são?/Este é o seu mundo
artificial/Meu coração tenta fazer sentido e não encontra resposta”
fazem uma simetria frente ao que se houve, e se vê no vídeo. Faz sentido.
Em tempo, Ling Tosite Sigure é um trio (dois garotos e uma garota) de rock progressivo que vale a pena ser
conhecido, tamanha sua eloquência e importância no cenário contemporâneo japonês,
embora não sejam muito populares com o publico ocidental.
01 Lixo
Bakuman (Moshimo no Hanashi – nano.RIPE)
Bakuman nunca se primou muito por suas aberturas, a primeira
ainda contava com a boa música “Blue Bird”, e uma sequência não muito
inspirada, mas que não comprometia também. Dessa vez, nem o arroz de festa (entenda isso como a banda que está em tudo
que é abertura de anime. Quase um Roupa Nova dos animus) nano.RIPE, salvou.
Pelo contrário, aplicou a pá de cal, porque "Moshimo no Hanashi" e
essa voz adocicadamente infantil da vocalista está em total desajuste com o que
vemos na abertura, e até mesmo com a série como um todo.
A abertura de Bakuman é um amontado de equívocos, e não
apenas ela, como a terceira temporada também – A montagem ficou horripilante, e
as imagens das personagens ao fundo com uma borda toda preta ficou com uma cara
de puro amadorismo. Embora eu entenda qual tenha sido a ideia, afinal, é a
última temporada, tempo de revisitar velhas promessas, e de fazer um encontro
entre toda a turma em um clima que emanasse a mais pura ~magia~, fora que a
versão animada de Bakuman sempre me pareceu querer ter um apelo maior com o
publico feminino, daí esse feeling shoujo-like da direção (à bem da verdade, Kenichi Kasai é conhecido principalmente por suas
séries shoujo) . Mas teve efeito contrário.
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