Pirata gostosa e peituda, escravas do prazer, subordinados
feiosos e incompetentes, e... TUDO AZUL!
Visual magnifico, design de personagens muito bom e distinto,
movimentos fluídos e o caralho a quatro e uma sequência de batalha bem
coreografada e divertida. No entanto, este conflito carece de uma urgência no
texto que só o Urobuchi conseguiria dar (novamente,
um episódio escrito por outro e apenas com sua supervisão). O argumento é
interessante e coeso, gosto do fato de as ações do Ledo terem desencadeado um
conflito politico. Piratas são sempre retratados como pessoas orgulhosas e
presunçosas que se gabam de uma suposta soberania oceânica.
É um argumento mais interessante de se trabalhar do que se
focar na questão do medo, afinal, o Ledo precisa se integrar a eles, e não
havia nada que eles pudessem fazer contra o seu poder destrutivo. Nada melhor
então que trabalhar o receio nos personagens de fundo e utilizar a linha
principal da narrativa para explorar o conflito moral, culminando num pedido de
desculpas de Ledo após entender como as coisas funcionam ali e uma parceria entre
ambas as partes – que se mostra mais proveitosa para Gargantia já que não há
nada de efetivo que possam fazer contra Ledo. Gostei da pergunta de Ridget (Sayaka Ohara – sempre linda) e da
resposta direta de Ledo, de que sim, poderia destruí-los se assim o quisesse. É
um desfecho interessante e sem rodeios desnecessários – claro que é de se
esperar que no convívio diário, ele ainda encontre algumas resistências.
É um bom argumento. Em contrapartida, acaba pecando na execução.
Falta densidade e urgência em um texto que se pauta pela superficialidade. É
difícil acreditar na personagem da líder pirata Rackedge (Ayumi Tsunematsu – oh, a Maiya de Fate/Zero). Aliás, é difícil de
levar fé em toda a infantaria pirata, são todos muito idiotas. O diretor Kazuya
Murata prima por imprimir um ritmo alucinante, mas peca no timing. Falta os
diálogos divertidos, a câmera vibrante e uma mão capaz de unir tensão e humor –
único cenário onde esses piratas poderiam fluir naturalmente. Essa atmosfera
seca e de tensão do episódio [que não possui sequer muitas
variações de câmera], ao contrário do que citei, pede por antagonistas que
realmente soem ameaçadores. Visualmente pode até ter sido bonito, mas é uma
ação vazia, sem sentido. Conseguiu me prender, estaria mentido se disse que não, mas a todo o instante com um mixed feelings desagradável.
O que eu goste neste episódio? A interação entre os
personagens. Estou gostando muito da Bellows, Ledo e Amy continuam com uma boa química
e principalmente divertidos quando estão juntos, destacando a falta de tato do viajante
intergaláctico. Estou depositando muitas esperanças no Ledo. Ponto para Amy que não levou adiante aquela marra, entendendo rapidamente o lado do Ledo, sem que pra
isso perdesse tempo em tsunderagens. Já os adultos, ainda não mostraram nada,
não sinto uma boa presença vindo deles e o capitão Ferrock está precisando
daquele espirito que emanava do velho Masaoka de Psycho-Pass, onde era facilmente
perceptível que o respeito e admiração que todos tinham por ele vinha de sua sabedoria e
vivência.
O que eu não gostei foi do discurso sobre não matar humanos.
Claro, falo de uma forma bem pessoal, porque é um discurso que acaba se
alinhando com a proposta, mas de alguma forma, esses discursos quase nunca me
soam como verdadeiros, principalmente num universo apocalíptico como aquele. Tudo
bem querer evitar conflitos que possam causar retalhações, mas eu dispensaria o
discurso moral – pohã, os piratas iam pegar as garotas e fazer isso e aquilo
com elas, torna-la escravas e ainda roubar toda a mercadoria, e ao invés de
respirarem aliviados, ficaram foram com raiva por Ledo os ter matados. Seria
mais compreensível se o que sentissem fosse apenas medo. Nem ao menos tivemos
os embates ideológicos típicos de séries do Butcher XDDDD – ééh, uma outra
proposta e tals, okay, estou apenas me sentindo órfã. BUTCHEEEEEER quebre as
correntes quando voltar a ser o roteirista da série e traga diálogos realmente
interessantes no aspecto conflitivo.
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