Essa é a semana de faxina da redação do ELBR!
Posts que já deveriam ter sido escritos, cantinhos cheios de
pó, respostas a e-mails... E é isso aí. Não sei se alguém ainda se lembra, mas
eu fiz nas últimas semanas de exibição do anime Psycho-Pass uma enquete para
saber quem gostaria ou não de viver numa sociedade gerida pelo Sibyl System.
Foram 671 votos, com a maioria absoluta não estando nem um pouco disposta a
viver numa sociedade idealizada – cof, cof, eu sei que ninguém levou a sério o
“viver na sociedade das jujubas”. Ou levaram? Uma sociedade idealizada por mim
seria tipo o mundo de João e Maria, repleto de doces e sem a bruxa má. Mas acho
que com o tempo, tipo 24 horas depois, perderia o brilho e ficaria enjoativo.
:X
No fim das contas, há uma linha bem tênue entre a utopia (bom) e a distopia (ruim).
Bom, o problema desse tipo de sociedade é que elas só são
boas realmente no papel, idealismo na pratica nunca sai como a gente espera. Eu
estava lendo um livro distópico chamado The Handmaid's Tale (em português ‘O Conto da Aia’ – acha-se
facilmente pra comprar, acho), em que há um trecho bem definidor: “Você
não pode fazer um omelete sem quebrar os ovos, é o que ele diz. Nós achamos que
poderíamos fazer melhor. Melhor? Eu digo, com uma vozinha. Como ele pode pensar
que isso é melhor? Melhor nem sempre significa melhor para todo mundo, ele diz.
Sempre significa pior para alguns”.
Aliás, os que votaram terão levado em consideração a questão
moral de um sistema como o Sibila? Analisando friamente, é apenas a peça de uma
máquina sistematizada. É como questionar o coração de um estuprador batendo no
peito de uma vitima de estupro [ai que horror]. No entanto, é pelo fato de não
ser completamente automatizado em que tudo fica muito questionável, como acontece
com todos vigilantes idealistas que ostentam todo o poder em suas mãos, a
medida da justiça é determinada por eles mesmos. Isso é o que vemos nos últimos
episódios.
Embora universos distópicos e realidades pós-apocalípticas
sejam elementos distintos, não muito raramente estão sempre se entrelaçando.
Não é difícil imaginar um mundo pós-apocalíptico que se torna uma distopia,
como é o caso da série Jogos Vorazes. Em situações extremas, a população tende
a aderir a medidas extremistas, sendo os desastres naturais e crises politicas
uma das causas mais comuns para sociedades totalitárias. Eu acho que preferiria
viver num sistema como o Sibila do que numa realidade de extrema pobreza. Isso
seria só por um tempo, porque a gente sempre quer mais e logo a coerção
começaria a incomodar, mas isso são apenas divagações, porque você é moldado
culturalmente no circulo social em que vive. Como sentir falta de algo que
nunca teve? Felizmente são apenas divagações, porque viver num mundo como o
sibila é abrir mão de todos os pequenos prazeres que a vida tem a oferecer em
troca de comodidade e estabilidade.