quarta-feira, 24 de julho de 2013

Entrevista com o Produtor de Shingeki no Kyojin e Psycho-Pass


Vamos lançar um olhar sobre os bastidores do seu anime preferido na temporada.

Há poucos dias, aconteceu nos EUA a Anime Expo, um evento cultural envolvendo grandes nomes e grandes empresas da indústria de animação japonesa. Sim, estamos falando de gente como Makoto Shinkai (este todo mundo conhece, não? Então clica aqui), Masaaki Yuasa (Kaiba), Mari Okada (AnoHana), Yoko Kanno (Cowboy Bebop) e muito mais.

Sabe o que isto significa? Que o mercado de animes americano está muito bem, obrigada, já no mesmo patamar do que o frances e acima do espanhol, que está bem também. Bem, sem querer ficar desmerecendo o nosso – mesmo porque ele já se encontra morto –, eu queria comentar alguns pontos da entrevista realizada pelo ANN com o produtor da série Shingeki no Kyojin (e de Psycho-Pass), George Wada.

Controlar gastos, orçamentos, agenda, qualidade técnica, financiamento, acerto entre as partes envolvidas [produtora x estúdio x emissora x editora], formatar o roteiro para que se encaixe no orçamento, contratação, cronograma, aprovações, conciliar o interesse das partes envolvidas no projeto. O produtor é a figura que garante que todo ocorra bem da produção à exibição, no momento certo, com as pessoas necessárias e relacionar o produto ao seu publico alvo, podendo interver no roteiro. Aquele que carrega o piano nas costas e nunca é reconhecido. 


A série ainda conta com os produtores executivos da emissora que transmite o anime, da editora do mangá e da produtora, que não se envolvem diretamente do processo de produção criativa, mas tomam decisões com base no foco comercial da obra. Wada é funcionário do grupo IG Port, tendo produzido (como produtor ou simplesmente animador) até então, com uma única exceção, produções ligadas aos vários estúdios do grupo. Ele comenta em certo ponto da entrevista em como trabalhar em estúdio pequeno [o Wit Studio] é muito mais dinâmico e agradável, se comparado ao Production I.G., refletindo as diversas etapas de produção do estúdio principal do grupo. Lá, as várias ‘Section’s’ (a forma como é chamado lá os pequenos estúdios de produção, em homenagem à Ghost in the Shell) se relacionam entre si, e um projeto nunca é feito por um setor somente (como é o caso de um estúdio como o Sunrise, em que cada departamento é responsável pela produção de um determinado tipo de série). Também há de se mencionar que o Wit Studio não responde ao Production I.G., mas somente ao grupo IG Port, logo, a burocracia tende a ser bem menor. 

Esse fanservice não nasceu do acaso
Mas o que me levou a escrever este post, de verdade, foram seus comentários acerca de Psycho-Pass e Attack on Titan. Basicamente ele comenta sobre a simbologia em torno das muralhas e o conceito japonês presente em Attack on Titan. O que eu gostei, é ver uma voz oficial falando disso abertamente, por ser um tema muito recorrente e que se repete continuamente, por refletir a cultura deles. Enquanto Psycho-Pass era uma alegoria sobre a juventude atual do Japão, sobre aqueles jovens que viviam neste portão fechado sem o menor interesse em abrir os olhos e escalar as muralhas, Attack on Titan é a tentativa de superar essa muralha. Claro, não poderia ser diferente, Attack on Titan é battle shounen, ainda exala um pouco do espírito neketsu (algo como "sangue quente") que morrera definitivamente com Ashita no Joe. Então, nesta série as pessoas ali embora inicialmente também estejam dormentes e pouco interessadas no que há além, acostumadas com sua gaiola de ouro, aos poucos verão este espírito ser despertado com aquelas pessoas insatisfeitas em viver um mundo tão limitado e fechado, enfrentando os “gigantes”.

“A Muralha do Medo” – Cara! Eu achei este termo magistral! E bom, não creio que poderão dizer que os fãs agora estão vendo coisas onde não existe. Certo? E sobre Psycho-Pass, que surpresa ver que a ideia inicial partiu do filme L.A. Confidential. Nem sequer conhecia, mas base realmente está li realmente. O Ginoza na pele do protagonista que sente o estigma de ser perseguido pela sombra do pai e sua insistência em seguir as regras (caralhos!), o isolamento social, a corrupção. O Kougame também está ali, na pele do detetive habilidoso e simpático. Mas é isso, idéias. Você consegue sentir outros filmes e livros referenciados de um mudo muito mais intenso em Psycho-Pass do que L.A Confidential. Éééééééhhh... este post foi feito só pra chegar neste ponto do texto!! Vocês me pegaram! E a segunda temporada ainda não foi anunciada no Japão por nenhum dos meios oficiais ligados a serie, mas vocês sabem... Vai acontecer, porque já está em produção. O que levará, uns 2 anos?

Bem, quem não sabe inglês e quer ler a entrevista, fique ai com a minha versão do original.

***

ANN: A primeira coisa pela qual eu gostaria de começar é que houve um anúncio muito excitante anteriormente através do presidente do Production I.G. sobre uma segunda temporada de Psycho-Pass. Eu não acredito que tenha sido anunciado no Japão ainda. É o Wit studio que estará envolvido de novo e é você que irá produzir a segunda temporada [de Attack on Titan]?

George Wada: Se houver uma segunda temporada, eu gostaria de trabalhar no anime novamente. [risos, e em seguida, em Inglês] Sorry!

Quando se trata de trabalhar em Attack on Titan, em quê implica o seu trabalho?

Como produtor, o meu trabalho principal é criar um ambiente de trabalho mais fácil para o pessoal.

Attack on Titan é popular entre os fãs do Japão no Ocidente. Sobre isso, o que você acha que o faz ser apelativo para o público ocidental?

Sinto que há duas razões pelas quais Attack on Titan é popular no Ocidente e no mundo. A primeira razão é geral, o tema da superação da "Wall of Fear" (Muralha do Medo) desempenha um grande papel na série. Eu acho que os personagens superarem aquele medo é o que o faz relacionável para o público. A segunda razão é que existem muitas cenas de ação legais para se ver, [com os personagens] utilizando o equipamento de manobra 3D. Eu acho que isto chamou a atenção das pessoas.

A  Wall of Fear é um conceito muito interessante. Você acha que o tema do isolacionismo mostrado na série é exclusivo para o Japão ou ressoa com o público internacional também?

A idéia de ficar isolado dentro da parede originou com o criador do mangá Hajime Isayama, que foi inspirado pela cultura japonesa. O povo japonês pode se tornar muito isolado e fechado, por isso é mais uma idéia cultural japonesa.

Você já trabalhou em duas séries, Psycho-Pass e Attack on Titan, e ambos eram populares com o público ocidental. Que tipo de séries apelam mais para você? Que tipo de temas te atrai criativamente?

Em Psycho-Pass, o tema geral e a idéia foram inspirados no filme ‘LA Confidential’, assim como também em um monte de filmes ocidentais. Attack on Titan não é influenciado pela cultura ocidental, mas na humanidade e a sociedade como um todo. É mais focado nos sentimentos de cada indivíduo, ao invés da cultura ocidental.

Attack on Titan e Guilty Crown geraram muitos rumores antes de ir ao ar. Você sente que há uma pressão para o sucesso? Você prefere trabalhar em uma série popular ou prefere trabalhar em algo menos conhecido, com menos stress?

Eu sinto uma pressão maior sobre a produção de um anime popular. Eu tenho orgulho em me envolver na criação de animes de que as pessoas irão gostar. Eu não quero que nenhum dos meus trabalhos seja discreto ou menor, então é claro que eu quero que todos os animes que faço sejam populares. Eu deixo a equipe de criação vir com suas próprias idéias do que será realmente popular e então começamos.

Como você se sente em relação à Attack on Titan numa comparação com a maioria dos anime modernos?

Eu sinto que a principal diferença é a temática de ação global. Eu acho que a série tem as melhores cenas de ação global com aqueles equipamentos de manobras 3D. Em termos de ação, Attack on Titan é único, mais robusto e mais atraente para os fãs do que qualquer outro anime aí.

Está nos seus planos estender Attack on Titan além de 26 episódios? O mangá ainda está em andamento.

Eu não posso dizer quantos episódios há até o fim, mas há cerca de 26, talvez? Mas, enquanto o mangá continuar em produção, eu gostaria de continuar com a série de anime por muito mais além também.

Há algum personagem da série que você ache mais inspirador?

Eu gosto da Sasha, ela é a melhor, a garota batata!

Como é trabalhar em um estúdio muito novo tendo que mudar a dinâmica de produção em relação ao maior, um estúdio mais estabelecido?

Wit studio permite que eu e a equipe nos concentremos mais na criação de um único anime e coloquemos mais esforço em um único projeto em comparação ao Production I.G., onde eu teria uma equipe menor e vários projetos. Essa é a que eu acho ser a principal diferença entre os dois.

Existe algum gênero de anime que você gostaria de tentar num próximo projeto, como sci-fi ou fantasia?


Eu não estou realmente interessado na categorização em gêneros específicos, mas eu quero criar algo para crianças de 10 a 14 anos de idade. Eu gostaria de criar algo para esse público.

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