sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Comentários: Galilei Donna #05 – Se Sentir Só

E as nossas Galidons continuam dando a volta ao mundo. Próxima parada, éééhh.... 
Holanda, Holanda, oh bela Holanda! Só que está tão soterrada de neve que nem é mais aquele país (Países Baixos) que parece viver em constante primavera/outono. Na Holanda neva também, o suficiente para ficar parecendo os Alpes Suíços, mas quando se fala em Holanda, o que vem à mente? 
Bom, o universo de Galidon é pós-apocalíptico, submerso numa era glacial. E este episódio dá um pouco mais de solidez a este mundo ao mesmo tempo em que estabelece urgência nessa odisseia particular de Hozuki, que até então ao contrário de Kazuki, estava olhando para tudo com olhos brilhantes. Natural, ela é a irmã menor, ainda não tem uma vida se formando e ganhando independência. Para ela deveria ser chato estar só.
“Até hoje nunca senti a necessidade de ser entendido. Nunca me senti só... Não até o dia em que te encontrei.”
É um quote muito ambíguo este de Hozuki, e por isso acredito que tenha caído tão bem à temática deste episódio. Por um lado Hozuki experimenta muito provavelmente pela primeira vez – viver juntos sobre um mesmo teto não necessariamente faz surgir sentimentos de unicidade ou mesmo calor humano, pelo contrário; às vezes pode ser um inferno astral ou tão distante que as emoções se tornam gélidas – a sensação de companheirismo e unicidade familiar. Mesmo ela que tenha tido a companhia de suas experiências, certamente nutriu o desejo de poder compartilhá-las com sua família, o que fica evidente pela forma como organizou o mecha-fish (me recuso a chama-lo de Galileu, ok!), com acomodação suficiente para todos os membros da família. 
Também é uma tema que fala muito sobre a vida do garotinho Theo e de sua amiga Karen, que eram sozinhos no mundo, mas se encontraram e formaram uma corrente sentimental em que um era o apoio do outro, o que fica evidente no fato do garoto não abandonar a amiga na hora derradeira. 
E claro, diz muito sobre o encontro predestinado entre Hozuki e Theo, de como eles se entendem e compartilham os mesmos sentimentos e ambições. Para Hozuki, a temática encadeada por aquele pensamento de Galileu reflete o e seu estado emocional pelo destino cruel do seu querido amigo. De agora em diante, ela sentirá um vazio no peito que jamais poderá ser preenchido, porque pessoas são únicas (e por isso que a máquina do Estado não nos vê como pessoas, afinal, cada um pode ser substituído na função que exerce nessa enorme engrenagem necessária).  Ninguém sofre pelo que não conhece. Sofre pelo que sente, e sente porque tomou conhecido de sua existência. O vazio deixado incomoda a principio, como a ardência de uma ferida ainda não cicatrizada.

Porém, Hozuki ainda é muito nova, e perdas são um caminho inevitável na vida a partir do momento em que se nasceu e vai amadurecendo. Penso que Hozuki nasceu num lar já desfigurado, então não tem como ela sofrer a perda de algo que nunca teve, quando este lado ruiu definitivamente e cada um seguiu seu caminho, com ela se vendo só. Ela não sofre [por alguém] porque sempre esteve só. Mas paradoxalmente sofre pelo vácuo emocional, a falta de sentimentos. A ausência de sentido incomoda, mas não machuca tanto quanto o vazio que fica depois que você conhece alguém capaz de dar forma àquele vácuo. O que nos leva ao questionamento de: e ao final dessa aventura, cada irmã voltará para sua rotina? Se isso acontecer, é claro que Hozuki irá sentir suas ausências, e talvez doa mais do que antes quando estes sentimentos lhe eram desconhecidos, mas, viver uma vida morna sem lembranças não parece ainda mais triste e sem sentido? 
Eu sei que estou indo mais longe do que o episódio oferece, mas isso é o que de apaixonante sobre toda forma de arte: o modo como ela toca cada um e os faz relacionar uma variedade de emoções.

Outro ponto positivo é a perspectiva do mundo que ficou um pouco mais substancial. Ao que tudo indica, o mundo como o conhecemos fora devastado e literalmente soterrado pela era glacial. A gigante Adni Moon é quem administra os recursos às diversas regiões que ainda mantém sinal de vida humana. Talvez haja outras? Sim, como já dito, há outras, e a ambivalente Adni Moon mostrou não se contentar apenas em ser a maior de todas, mas quer ter hegemonia, e para isso, não tem escrúpulos e em detonar as rivais usando os piratas do céu como álibi – o legal mesmo é ver que o roteiro não torna os personagens alienados, e, claro, todos desconfiam da Adni e a imprensa bota pressão. Mas a influência da Adni Moon não conhece limites, mantendo um relacionamento escuso com a justiça. Qualquer relação com as organizaçõessecretas das séries ponto e virgula é mera coincidência! No entanto, essa questão político-social ainda carece de maior substância, é um desenho de mundo ainda incompleto e inconsistente. Mas ao menos, temos uma ideia melhor do porque o mecha-fish das Ferrari e os piratas do céu conseguem circular sem maiores problemas em áreas mais isoladas e distantes de Toscana. Assim como circular de um país a outro sem maiores restrições, já que o mundo parece ter se tornado em grade parte isolado. 
Espero que o ocorrido neste episódio reflita no próximo (ou próximos), tanto quanto o emocional de Hozuki, como as ações tomadas pela Adni Moon e Ludger Verhoeven. É espero que Hozuki, mais do que nunca, queria desmascarar essa organização. Um episódio muito bonito, principalmente por não ter forçado um final feliz.

Avaliação: ★ ★  ★ ★
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-Impressionante como os mechas 3DCG são bem mais agradáveis visualmente se misturam melhor ao cenário quando coloridos com cores mais sóbrias.
-Bem, o uso diversificado da paleta de cores e os desenhos 2D continuam lindos. Ao fundo, é notável novamente como o CG flui melhor visualmente quando casa com a paleta de cores do cenário.
-No terceiro episódio, eu achei que aquele brilha era só pra dar um efeito bacana e expressivo à cena, mas pelo visto aqui, creio que seja muito mais do que isso... WOOW!

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