Para qualquer um que acompanhe animes regularmente já deve
ter percebido que, foras às exceções de sempre, a presença da figura dos pais
nos animes é escassa. Distantes, ainda que pertos, sua presença é relegada ao
antagonismo.
Sakura Card Captors e Clannad After Story (sequência direta de Clannad) são dois dos exemplos mais recorrentes na mente de qualquer fã de anime quando se trata de pais amorosos e presentes na narrativa.
Enquanto ambos são distantes, o primeiro se relaciona com a
filha sem participação ativa em sua vida, que não seja uma imagem plástica de
felicidade congelada regada a cafés da manhã, sorrisos que nunca saem do rosto,
mas também não se modificam muito a cada dia. Não me entendam mal, tanto eu
como a Sakura o achamos um bom pai. Mas ele é distante e sem participação
efetiva no desenvolvimento e bem estar da filha – este papel é desempenhado
pelo irmão mais velho, que apesar da autoridade outorgada a um irmão mais velho
sobre a irmã mais nova, na perspectiva dela eles são iguais e isso propicia que
ele tenha uma presença afetiva maior em sua vida diária que a do pai, que
continua sendo a figura máxima de autoridade que inconscientemente é temida e
por isto mantido a uma distância segura. Ele faz parte de sua vida enquanto
unicidade familiar, o que não diferencia muito de peças em museus, mas ao mesmo
tempo não faz porque é excluído.
Isso porque a série se passa pela perspectiva de Sakura, e o
único que faz ideia do que se passa com ela e está bem mais próximo de sua
realidade individual é o irmão com quem está sempre brigando, mas que dividem
algo incomum: são filhos e apesar da diferença de idade, seus mundos não se
diferenciam muito. No final das contas, o pai de Sakura é apenas uma figura
decorativa mantida distante, fazendo o que se espera de um pai: sempre
atencioso e um exemplo impecável de conduta, perfeito. Parece que para se
manter um grau de perfeição, é necessário uma certa distância – ao contrário do
irmão, que para ela é um chato pentelho, embora o ame bastante.
Já em Clannad After Story, a distância não é apenas
emocional, como também física. Se trata de um pai ausente em todos os sentidos,
que conscientemente anula a presença da filha pequena e indefesa em sua vida.
Aqui há alguns pontos interessantes. A filha, pela idade, é incapaz, abandonada
ainda recém-nascida. E dessa vez a
perspectiva é pelo ponto de vista do pai, que num contraste com a delicada
filha, assume uma visão antagônica. Perceba que a perspectiva só muda para
culpabilizar o pai pela distância que se estabeleceu entre pai e filho.
Pais invisíveis ou ausentes são um artificio comum em
qualquer animação do mundo, uma vez que não são importantes para a narrativa.
Quando presentes, geralmente são colocados como forças antagônicas, impedindo a
criança/adolescente de alcançar um objetivo ou responsáveis por seu estado
emocional abalados. Ou simplesmente são displicentes e distantes emocionalmente.
Quando ausentes, eles apenas não fazem parte da vida do filho, estando geralmente
em alguma viagem que nunca acaba ou os filhos estão morando sozinhos, independente
da idade que tenham!! Há também de se destacar o quão comum é notar filhos
morando com terceiros, ainda que com algum grau de parentesco, geralmente um
tia ou responsável, que seja gostosa e fisicamente madura, além de...
sexualmente atraente/provocante. E este é requisito essencial. Caso contrário,
se tornará invisível no enredo. Como se pode notar nessa lista do TVtropes, as
opções são as mais diversas, variando conforme o alvo demográfico.
A causa não é complexa, é simples até: publico alvo. É mesma
formula usada pelos quadrinhos de super heróis, que a despeito das motivações
que tenham se originado, eram focados essencialmente para as
crianças/adolescentes. Também não foi diferente no Japão, por mais violento que
fosse ou mesmo às vezes ultrapassando os limites sexuais, era necessário
centrar a narrativa na perspectiva da criança ou adolescente para que este
pudesse se identificar.
Novamente, exemplos têm vários para pouco espaço de texto,
mas vamos pegar o mais expressivo desse período (de cerca da década de 1960 a meados de 90): os mechas (a gente pronuncia como “meca”).
Crianças auto independentes em robôs gigantes salvando o mundo. A ideia é de
pura diversão, ainda que com momentos dramáticos necessários a qualquer enredo.
Que criança (aqui, estou incluindo adolescentes, afinal, na visão de adultos, estes
também são crianças) não gostaria de pilotar um robozão gigante, entrar em
combates violentos e ainda salvar o mundo? O mecha é um dos produtos
comerciais mais vitoriosos do entretenimento, se tornando objeto de
sonho/desejo/fetiche e consequentemente, objeto de consumo em massa. O que rende
muitos bonequinhos e infinidades de cacarecos diversos, que é de onde sai o
lucro principal dessas obras. Seguimos a mesma linha de raciocínio para as
séries de Garotas Magicas, que é análogo aos mechas, mas dessa vez orientado
para o publico feminino – ao menos, era a ideia quando se originou.
Não é preciso dizer que nos exemplos citados – e nos não
citados – a figura dos pais é relegada a invisíveis ou ausentes. Neste mesmo período,
dois autores de mangás desafiaram a autoridade dos pais diretamente com
ineditismo, estabelecendo um verdadeiro cabo de guerra, ganho constantemente
pelos autores com o apoio das crianças. Enquanto um desafiava infringindo a
moral e os bons costumes, o outro o fazia através da violência. Esses autores
eram Go Nagai e Kazuo Umezu.
Mas mesmo Nagai também usava de larga violência em meio a perversões,
e quando os pais venceram uma disputa a base da pressão, obrigando-o a colocar
fim a um mangá, Harenshi Gakuen, ele não pensou duas vezes em colocar os pais
[e professores, por representarem figuras de autoridade familiar] invadindo a
escola e sendo mortos cruelmente pelos alunos.
Já Umezu constantemente colocava figuras de autoridades (seja pais ou professores) como seres
opressores ou simplesmente completos desqualificados incapazes de cuidar ou
defender os filhos/crianças. Em uma das histórias do mangá Kami no Hidarite
Akuma no Migite, uma adolescente que começou a amadurecer rápido demais ao se
tornar uma idol, trilhando o caminho para o mundo adulto e se aflorando sexualmente,
sofreu graves consequências. Mas claro, sua decisão fora influenciada por um
adulto, que transformou completamente sua maneira de pensar. A mensagem é
clara: adultos ou são pessoas más ou pessoas sem capacidade alguma (mais sobre em Mão Esquerda de Deus, Mão Direita do Diabo). Umezu também sofreu muitas criticas e pressões de pais
e grupos conservadores, que aliás, nunca viram ‘terror’ com bons olhos.
Objetivamente falando, é sim, obviamente, questão de publico
alvo. No entanto, também não deixa de ser sintomático. Para ilustrar, vamos a
alguns tópicos. Os pais, hoje avós, nascidos anterior aos anos 1940,
presenciaram eventos e guerras que influenciaram diretamente sua maneira de
pensar e ver o mundo. Esses filhos, eram novos demais para participar, mas
acompanharam e compartilharam boa parte disso pela tv ou rádios. Isso também
moldou a forma como veriam o mundo. Uma época de forte efervescência cultural,
onde o entretenimento assumiu o papel de critico da sociedade – literatura,
cinema, música/rock – e então nasceu o lema “Não confie em ninguém com mais
de 30 anos /em adultos” e foi um lema forte até os anos 90 como garoto
propaganda do entretenimento momento infato-juvenil. Mas depois dessa fase de
rebeldia, eles cresceram, assumiram responsabilidades com carreira, uma nova
família e sociedade. Isso falando de uma perspectiva mundial – salve características
próprias de cada cultura que se diferencia de uma para outra – e a economia
estava prosperando, fruto de muito trabalho. Por causa deste trabalho, os pais
passaram a fazer cada vez menos parte da vida dos filhos, que cresciam moldados
pelo entretenimento pop e com muros intransponíveis entre eles e seus pais, que
lhes cobravam nada mais que o preparo necessário para assumir logo adiante o
fardo deixado por eles e a responsabilidade social.
Falando especificamente do Japão, antes de se abrir para o
mundo depois de um longo tempo de isolamento, o entretenimento era escasso, o
que não impediu os filhos de acompanharem os conflitos políticos do país de
perto, marcando-os profundamente, nem os artistas de se manifestarem
criticamente. Para o Japão, a efervescência cultural só veio nos anos 60 com a
popularização da tv e a influência americana que moldaria definitivamente sua
cultura. Lá, tudo acabou sendo mais extremo. O país estava se reconstruindo em
meio a critica politica e moral, as crianças e a população em geral estavam
sedentas por entretenimento. Era hora dos filhos que acompanharam os conflitos
anteriores de perto segurarem a barra e reerguer o país, sem terem muito tempo
para si ou para seus filhos.
O entretenimento no mundo inteiro foi deixando cada vez mais
as temáticas politicas e abraçando a esperança e o escapismo. Se nos EUA
surgiram novos super heróis e antigos – frutos da politica – foram remodelados
como símbolo de uma nova esperança, mais fantasiosos e dando vazão à
imaginação, no Japão surgiram muitos Ashita no Joe e Ace wo Nerae, também como
símbolos da esperança, na tentativa de levar os ânimos de um povo ainda com a
moral baixa.
Esse sintoma denuncia o anacronismo da família, que agora
perde o status de entidade máxima socializadora para a indústria do
entretenimento cultural, ao quais seus filhos foram relegados. No Japão, antes
da influência americana e de uma nova revolução sexual, a família era uma
entidade sagrada com diversos códigos de conduta, o que colaborou para o forte
choque politico com a postura de autores como Kazuo Umezu e Go Nagai, e com a
forma que a indústria passou a encarar o sexo; a censura imposta e a repressão
ajudaram na imagem fetichista que o Japão tem hoje.
Assim, a indústria cultural destituiu a autoridade da
família e questionou sua competência. A função de socialização da família
desaparece, e o que sobra quando determinado material quer se comunicar com a
criança/jovem, é a instituição familiar sempre aparecendo de forma achincalhada
e parodiada. Nos cartoons dos anos 1960, o estúdio Hanna-Barbera contrasta a
família do passado [Os Flintstones] e do futuro [Os Jetsons], onde em um o
chefe da família é desajeitado, corruptível, com a família movida pela moral do
menor esforço e a mãe não sendo capaz de lidar com o caos que instaura no lar,
e no outro a incapacidade do pai de lidar harmonicamente com a tecnologia que o
rodeia.
O Japão tem um modelo cultural muito especifico. O que torna
certas transformações culturais por lá em casos muito extremos, vide atualmente
a problemática da falta de natalidade, o advento da independência da mulher e
falta de interesse de ambos os sexos em estabelecer uma família e abrir mão de
seu individualismo. Um caso que é fenômeno mundial, onde a juventude não
demonstra mais tanto interesse na instituição familiar, se torna um problema
sério por lá. Então novamente vamos ilustrar alguns tópicos.
O fenômeno hikikomori teve inicio em meados dos anos 80, mas
só explodiu nos anos 90, se tornando uma preocupação social. Essencialmente,
este fenômeno e os diversos cultos que se popularizavam nos anos 80 e que
também se tornaram problema nos anos 90 (resultando
no atentado aos metrôs com gás sarin), tem sua raiz na insatisfação dos
filhos em viver a mesma vida dos pais, além da falta de esperança de um futuro
melhor em meio a uma crise econômica.
Em um pais com baixa densidade demográfica, esperava-se que
as crianças quando crescessem, pudessem assumir as responsabilidades deixadas
por seus pais na sociedade. Com estes pais que agora usufruem de
aposentadorias, a sociedade precisa que seus filhos trabalharem para que o país
não quebre, mas imagine um país em que boa parte da população usa fraldas geriátricas
e recebem aposentadorias e outra boa parte que deveria estar trabalhando simplesmente
não sai do quarto. Muito se discute de quem seria a culpa. Das crianças ou da
sociedade? A economia entrou em colapso no momento quando eles estavam prestes
a terem idade suficiente para adentrar no mercado de trabalho, o que faz com que
muitos japoneses acreditem que estes jovens eram mimados e covardes demais para
estarem à altura do desafio. Mas também é evidente o quanto essas crianças
ficaram muitos distantes emocionalmente de seus pais, que enquanto trabalhavam arduamente,
alguns, em condições de semiescravidão, estes iam para creches, escolas
integrais ou cuidados de terceiros. Mesmo com a presença de uma mãe domestica, a
distância não diminuía, levando em conta suas obrigações e normas de educação.
O Japão não enfrenta problemas não apenas com hikikomoris,
mas também com herbívoros e os chamados solteiros parasitas, que com a
resseção econômica, traz diversos conflitos internos para o país.
Assim, essa característica se tornou ainda mais latente no
entretenimento japonês a partir dos anos 90. E como não poderia deixar de
citar, um grande ícone da época é Evangelion, que abrange temas considerados problemáticos
que resultaram no panorama alarmante que o Japão se encontra, como a
comunicação [entre pais e filhos, ou a falta dela e o vazio sentido por esses filhos], o escapismo otaku (que lá
não é sinônimo de apenas ‘fãs de animes’), a depressão dessas crianças que
se recusam a sair do quarto e encarar a realidade e todos os seus problemas –
abordados alegoricamente por Shinji Ikari e a Instrumentalidade Humana – e o
choque conflituoso entre os interesses de um pai e de um filho, que o culpa por
seu abandono, falta de carinho. Consequentemente, Shinji vê as imposições do
pai para que assuma certas responsabilidades [como salvar o mundo dos ataques
dos Anjos, uma problema social em formato de alegoria] como puro egoísmo e se
recusa a aceitar este fardo, que para ele, é mais doloroso do que tudo. Evangelion,
além de criar, e também popularizar os já existentes, boa parte dos tropes
otakus que hoje se multiplicam genericamente, também pela primeira vez descontrói
a mitologia em torno dos animes de mecha. O fardo de pilotar um mecha ainda
sendo uma criança e salvar o país antes encarado como algo divertido e um
desafio a ser superado, agora se tornou um muro instransponível pela barreira psicológica.
Shinji até tenta, mas as coisas não saem como ele espera. Ele não se torna um herói
e desiste no primeiro obstáculo e assim continuamente, sempre que se vê com uma
enorme responsabilidade sobre os ombros. Ao mesmo tempo, as relações com seu
pai se tornam mais distantes e mais azedas.
A partir deste período, principalmente com relação ao entretenimento
voltado para otakus, a família na figura de pai e mãe se torna ainda mais antagônica.
Em Elfen Lied, por exemplo, os pais são completamente omissos. A mãe não quer
que a filha crie problemas para ela, ainda que esteja sendo constantemente
violentada pelo padrasto. Em outro núcleo da trama, um garoto vive sozinho numa
casa com diversas garotas se esfregando nele. Essa é a formula de um harém, e a
formula varia pouco com relação à perspectiva familiar, de um gênero para
outro.
A síntese da animação é exagerar a vida, fazer o que é
humanamente impossível, dar asas à imaginação. Na ficção, certos elementos por
vezes são um pouco ou bastantes exagerados, mas na essência, reflete uma visão
social. Uma mãe não querer abrir mão do seu casamento ainda que sua filha
esteja sendo violentada pelo parceiro não é uma realidade apenas do Japão, mas
reflete com mais intensidade em animes e mangás do que em qualquer outra mídia ocidental,
pela questão do público alvo.
Como as melhores universidades estão nas megalópoles, muitos
jovens precisam sair das casas dos pais no interior para irem morar só na cidade,
além de ser pratica dos pais fazerem uma inicialização da vida adulta, ao
ingressarem na faculdade, serem alocados em apartamentos e dormitórios,
esperando que possam amadurecer e se tornarem independentes. Tudo isso torna
este um cenário extremamente imaginativo para o entretenimento, que precisa com
que seu publico alvo se identifique.
A família como uma entidade de socialização fazia mais
sentido no inicio do capitalismo, com a família cumprindo seu papel de
adestramento de indivíduos a serem inseridos na sociedade. Eram tempos em que a
receita básica era temer e amar, que agora se transforma em amor e frustração.
O respeito [sejam às normas pré-estabelecidas ou aos pais] e a autoridade
imposta pelo temor. Os pais passavam uma imagem de poder e sucesso, se tornando
um espelho almejado pelo filho. Se trata de um processo de normas e valores
estabelecidos que foram interiorizados na educação da criança. Logo, em tempos
de crise econômica em que a geração Y se encontra cada vez mais infeliz e os
jovens veem cada vez mais na manutenção de uma nova família um entrave para seu
individualismo e felicidade, o conceito de herdeiro perde seu significado e o
filho não ambiciona mais ter mais sucesso que o pai, nem ser reduzido a uma
existência que luta pela sobrevivência com salários medíocres, levando uma família
nas costas e completamente fadigado e esgotado psicologicamente, ao ponto de
não conseguir aproveitar as coisas boas da vida.
Atualmente, a ambição é mais fortalecida por objetos de
consumo e entretenimento, do que constituir família. Todos querem um bom
salário para realizar suas fantasias consumistas. A figura do pai exausto
substituindo carinho por bens material para diminuir o sentimento de culpa pelo
abandono vai se tornando cada vez menos atrativa.
Dessa forma, o sonho de ter a grama mais verde que a do
vizinho vai aos poucos virando frustração e depois conformismo com o mínimo/suficiente
alcançado, o que têm sido a máxima da geração atual.
O que isso tem haver com a representação dos pais em animações
e entretenimento em geral voltado ao publico jovem e infantil? A desvalorização
da figura familiar vem da necessidade do capitalismo de ressocializar essas
crianças e jovens a consumidores dependentes de pílulas do entretenimento pop
para lhe entreter de uma realidade frustrante. Isso começou a partir de 1920
com a Publicidade engajando esforços ao desencorajar a produção doméstica, para
que pudesse faturar. Qualquer produto voltado a este público vulgariza a autoridade
dos pais, colocando-os como incapazes de compreender a linguagem da juventude e
entender suas necessidades. O desaparecimento dos pais do imaginário infantil é
tido pela psicologia como um escape para o filho liberar suas tensões e
conflitos reprimidos, sem o sentimento de culpa [afinal, não há problemas em
odiar ou ter atos de violência contra a madrasta, porque ela é má e te reprime].
Um modelo usado com eficiência nos contos de fadas e adaptado para a linguagem
jovem do entretenimento pop.
Seja em qualquer animação do mundo, este é um fenômeno
antigo que agora atinge até mesmo a extrema publicidade infantil, que vem sendo
regulada por especialistas e órgãos do governo. É assim que o entretenimento,
presente na vida da criança desde pequena como fonte de distração e até
educação, molda [e tira proveito] novos modelos sociais e perspectivas.
Trivia
Para quem chegou até aqui, Solanin é um mangá que trata
deste choque de sonhos e o duro mercado de trabalho que os jovens encontram
assim que chegam à idade de adentrarem no mercado. A obra retrata de modo
bastante verídico as angústias sentidas diante do choque entre sonhos
idealizados e a necessidade de sobreviver num mundo competitivo. Frustração e o
conformismo diante da realidade implacável dão o tom melancólico da obra. E
claro, o enredo se centra em jovens que saíram das asas protetoras do pais para
tentar sua independência numa grande metrópole. Como não poderia deixar de ser,
seus pais se encontram ausentes, por já não fazerem parte da nova realidade
daqueles jovens. Em extremo oposto, Ookami Kodomo no Ame to Yuki trata de
conflitos familiares através da perspectiva de uma mãe. O que há de comum entre
essas duas obras recomendadas é a inexistência dos pais sendo tratados com
antagonismo no enredo, mas como parte do problema. E a desenvoltura de seus
autores em trabalhar os personagens e suas motivações que o levam a querer se libertar
da proteção de seus pais.
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