Não poupou nem Hajime Isayama e sua arte deficiente. Eita, eita!
Shingeki no Kyojin é um dos raros animes que conseguiu
atingir um público muito amplo, principalmente entre o publico adulto no Japão,
repercutindo no Show Business. São poucas séries de animes que conseguem essas
reações diversas de figuras da indústria. Entre grandes marcos recentes,
poderia citar alguns exemplos, como Madoka Magica (mesmo Madoka que é a querinha dos atroas atualmente, sofreu severas
criticas na época de sua exibição: Madoka Mágica é CRUEL demais pra passar Tv!),
os Rebuilds de Evangelion, K-On!. Tamanha popularidade estava faltando uma
alfinetada em meios a tantos elogios. Não de pessoas comuns, mas de gente que adora
provocar e causar. Gente como Mamoru Oshii. Ou... Yoshiyuki Tomino.
Sim, Yoshiyuki Tomino, famoso criador da clássica franquia
mais lucrativa do Japão: Gundam. E Tomino tem uma língua afiada para críticas
venenosas. O alvo da vez foi Hajime Isayama e seu Shingeki no Kyojin, que
segundo a visão de Tomino, usa uma violência excessiva desnecessária, comparável
a torture porn, que em outras palavras, diz-se sobre o fetiche pela violência
extrema, sendo tão vazio quanto [e com os mesmos fins que] a pornografia. Isso
tudo em sua coluna numa revista online. Tomino comenta da influencia que o
bullying que Isayama sofreu na escola tem sobre seu trabalho e que com isso,
consegue colocar para fora a mágoa acumulada. Sempre em tom de ironia, diz que ficou
feliz por Isayama procurar representar os titãs através de imagens de pessoas
feias e opressoras, para logo em seguida, acusa-lo de não estar pensando na
história como mangaka, mas deixando suas experiências frustrantes falar por si.
Tomino encerra dizendo não pode apreciar um trabalho feito exclusivamente para
o público adulto, não tendo mais vontade de falar sobre a série de anime mais
ou mesmo ler o mangá.
Shingeki no Kyojin é um trabalho que representa de forma direta o estado de espírito do seu autor. One Piece é um shounen que conseguiu chamar a atenção de milhares de pessoas por causa do seu conteúdo fácil de ser assimilado, por outro lado, Shingeki no Kyojin é um mangá muito pessoal que reflete o autor e se torna muito difícil de ser lido. Eu o vi aparecer em programas na TV umas 2 vezes e ao abrir suas feridas, consegui compreender que tipo de pessoa ele é. Ele diz que no passado sofreu bullying na escola e que através de seu mangá consegue por para fora toda mágoa acumulada daquela época.
Fico feliz ao saber que procurou imagens de pessoas feias para desenhar seus titãs. Um mangá não serve apenas para representar os sentimentos de um autor. Embora diga que não sabe desenhar muito bem, Isayama se esforça bastante para desenhar aquilo que odeia e ainda assim, publica o mangá. Ele faz isso porque primeiramente está trabalhando com pensamento de autor e depois de um mangáka. – Yoshiyuki Tomino
Tomino ainda comenta que em seu lugar, com as experiências de assédio moral na infância, aproveitaria a oportunidade para criar uma história de amizade e superação.
Oh bem. Tomino é um senhor de 72 anos e merece muito respeito
por seu histórico, e enquanto em outras oportunidades eu compreenderia melhor
esse tipo de pensamento fechado [devido a sua idade], é sempre surpreendente
ver este tipo de pensamentos partirem de pessoas que lidam com a arte, com a imaginação
livre e sem barreiras conceituais. Há poucos dias atrás Alan Moore estava
criticando os super heróis atuais e especialmente os marmanjões que continuam
fissurados em histórias feitas originalmente para crianças dos anos 60.
É um pensamento meio caduco o de tentar delimitar e pautar o
entretenimento das pessoas. A diversidade é fundamental a qualquer indústria.
Se por um lado tem aqueles que preferem uma história mais cabeça, há quem se divirta mais com algo menos substancial. O
pensamento elitista de pessoas que se acham muito maduras, e consequentemente
superiores, para isso ou aquilo, é abominável. Agora, a aversão
de Tomino ao conteúdo grotesco de Shingeki (que
eu nem acho tão grotesco e violento assim, mas vá lá) é justificável: o
publico médio japonês (ou seja, aqueles
mais velhos e talvez mais puritanos) sempre abominou terror, gore e todas
essas coisas graficamente violentas
demais, sendo estes produtos de gênero que raramente alcança um público amplo
fora de sua demografia. É por isso que sempre digo e algumas pessoas teimam em
fechar os olhos, que muito do que se produz em termos de violência gráfica,
acaba sendo um material tão infantil quanto um Digimon da vida (o que não impede de ter um conteúdo abordado com maturidade), que por mais
leve a tag +18, é pensado primeiramente para o publico infanto-juvenil que
realmente são atraídos pelas representações gráficas. Salve as exceções de
sempre.