segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Comentários: Wizard Barristers #03 – Dormi Humano e Acordei Animal

Construindo o palco. Ou, dormindo com porcos. 
Eu acho que este episódio merece o beneficio da dúvida. Tinha tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo e tão rapidamente, que eu também fiquei oscilando o tempo todo entre achar bom ou não o que eu estava vendo. A direção continua imprimindo um ritmo dinâmico que favorece bastante algumas boas sequências de ações em cada episódio, e até aqui Umetsu tem acertado a mão. É bacana ver tantos elementos fluindo equilibradamente: numa mesma cena, Cecil faz uma pose provocante e concomitantemente lança questionamentos sobre o caso (o que é proposital, para que tenhamos certeza de que realmente há algo a mais do que nossos olhos conseguem ver naquilo tudo. Claro, não precisava, era evidente que havia algo de errado ali, mas Cecil continua desempenhando o papel de avatar do espectador. A importância de um protagonista é justamente ser nosso ponto referencial) e é assediada pelo Bon, gerando uma sequência que, se por um lado é dispensável, por outro reflete o espirito da série, que flutua entre o ridículo e o cool.
O bacana que vejo nisso é que é tudo bem moderado, há um equilíbrio entre todos os esses elementos. Como por exemplo, o roteiro encontrar uma brechinha para desenvolver uma personagem de fundo e com um simples diálogo, altera a perspectiva que tínhamos dela e humaniza seu conflito. Sim, falo da Natsuna Hotaru (Kei Shindou). Mesquinha, cínica, invejosa, eu achava ela detestável e particularmente, tinha a certeza que a personagem não passaria de um estereotipo raso para estabelecer uma rivalidade com a Cecil. Então, claro que foi uma surpresa agradável ver a série atribuindo algumas camadas a ela. Não importa sua moral, mas sim que suas ações consigam soar verdadeiras. E não dá pra estabelecer isso sem dar um tempo de o personagem se mostrar. 
O que eu temia, era pela fragilidade da trama em execução. Então eu ficava pensando, “é claro que esta trama vai se mostrar algo bem maior futuramente e todas essas ações, por mais estupidas que pareçam, serão justificadas”, mas também “mas será que isso é proposital, mesmo? Será?”. Todos estes meus questionamentos se deram principalmente pela figura do Hachi Mitsu (Hiroki Touchi), que ora se mostrava de uma forma ora tinha atitudes que tornavam sua construção contraditória. Por exemplo, ele soltando as algemas da garota, é de uma estupidez que não condiz com aquele personagem de minutos antes. “Vou me sacrificar porque estou arrependido!”. Sério? Por mais que esteja arrependido, não condiz com sua persona arriscar a vida de tantos e sua profissão apenas para transformar o tribunal numa arena de combate. E claro, este tipo de argumento em um texto é de um vazio tão extremo, que assusta. É de uma irresponsabilidade e instabilidade que não se aplica ao contexto. Mas depois de ver Galilei Donna e Ore no Imouto, me lembrei depois de muito tempo do quão escroto pode ser um texto. 
Felizmente, não parece ser o caso aqui. Até mesmo uma das personagens lança a dúvida no ar ao dizer que isto não parece ser algo que o Hachi Mitsu faria. O lógico é pensar que ele planeja, com isto, chegar a alguma verdade. Verdade que tornam as ações da personagem ao final do episódio, algo mais valido do que apenas uma histeria descerebrada. Novamente, felizmente mais uma vez parece que seus atos tinha um objetivo válido. O que fica meio evidente a partir do momento que Ceci desobedece ao conselho que Hachi Mitsu e tenta aplacar a fúria da garota, que vê seus planos de expor a verdade, frustrados, ao ser alvejada por um tiro. Mas não sem antes sussurrar enigmaticamente para aquele que confiou nela: Hachi Mitsu.

As informações reveladas no prologo sobre um livro que desperta poderes, vai de encontra à subtrama entrelaçada às tramas dos dois primeiros episódios e talvez seu desfecho se dê no caso da mãe de Cecil, unificando todas as pontas.

Apenas suposições, claro, mas isso dá uma esperança para os rumos da história.

Todavia, as várias esferas contidas neste episódio pode não ter tornado este o melhor da série, mas traz uma ambição desejável. Ao invés de “Amor e ódio”, o título do episódio deveria ser “metamorfose”, pois foi isso que aconteceu. O encadeamento das ações mostrou que nada era exatamente o que parecia ser, e nisto, alguns personagens estão inclusos. Como Hotaru e Hachi Mitsu, os réus, e até mesmo a senhora Corte Penal. Foi atmosférico ver toda a verdade da podridão daquela justiça, sendo exposta e ridicularizada. Além disso, esta atitude e o que surge dela, dá força narrativa à existência dos Benmashi (advogados de magia) e ao próprio enfoque que a direção vem dando aos personagens que usam magia, mostrando-os sempre por uma ótica vitimizada. Esse episódio deixa mais evidente a ineficácia tendenciosa dos julgamentos contra aqueles que usam magia. Num mundo que segrega estes usuários, só aqueles que são talvez sejam capaz de entender plenamente o que o outro pode estar sentido, tendo teoricamente melhor aptidão para defendê-los. Teoricamente, claro. Mas a narrativa não parece estar interessada na ambiguidade da questão. Ao menos, por enquanto. 
Eu tinha um pensamento um tanto turvo disso, não imaginava que as injustiças eram tão comuns e encarava a provável inocência da mãe de Cecil apenas como uma ferramenta para dar urgência ao conflito dela. O pano de fundo fica mais substancial assim e casos de réus inocentes não soam tão gratuitos como no primeiro olhar. Outro aspecto interessante foi saber que qualquer um pode acabar se tornando um usuário de magia, e que isto não é algo que a pessoa nasce com ele. Provavelmente, é algo que terá ligação a trama principal.

Em suma, foi um episódio excepcional, que abre pra diversas possibilidades futuras e dá mais embasamento àquele mundo, mas que permanece como uma ignota. Excepcionalmente bom ou excepcionalmente ruim? É o tipo de episódio que só os demais que virão poderão lhe fazer justiça, mostrando se de fato ele foi importante ou tudo não passou de uma ilusão. 

Avaliação: ★ ★  ★ ★
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Ele e a Kamakiri formariam um bom par romântico. Ele é todo centrado e sínico, ela é porra louca. Pow, renderia boas cenas. Mas do jeito que é, é capaz dele se interessar pela Cecil -.-'
Motivos que me fazem gostar de Wizard Barristers: homens também serem atraentes.
Os mascotes desse anime são... estranhos...!! HUEHUEUHEHUEHEUEHUEHU

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