sexta-feira, 9 de maio de 2014

Narrativas #01: A Birosca do Olho da Lily

Calma, Lily, respira!

O que é narrativa? Sequenciamento visual ou escrito. É contar um causo, um fato, conhecer, transmitir informações; e segundo relato básico do dicionário: relato, exposição de um fato, de um acontecimento. Em suma, coluninha casual pra colocar aqui coisas que eu acho bacanas! 
Eu realmente gosto de visitar obras velhinhas cheirando a mofo, principalmente porque estas são registro intelectual e social de uma época, mas não quer dizer que sejam boas. Em termos de entretenimento, antigamente não era melhor – nem pior – ao que se tem hoje, embora as grossas lentes nostálgicas que muitas pessoas usam tendem a manipular seu senso de julgamento.

Um tempo atrás eu dei uma olhada casual em Lily C.A.T., sem nenhuma pretensão, porque achei por acaso mofando em algum canto obscuro do meu HD (eu tenho dessas de sair baixando as coisas e esquecer que elas existem. Por vezes me surpreendo com o que acho aqui).

Lily C.A.T. é o seu anime tecnicamente mediano e criticamente [falando] apático que estreia em toda temporada de animes e que o tempo se encarregará de torna-lo esquecível. Mas, mas, mãããs este infame OVA tem uma sequência de abertura que me conquistou:

Não é nada demais, mas tem seu charme como uma criativa sequência de abertura que já abre com Lily com seus miados apavorantes (embora a própria Lily se mostre apavorada e em posição defensiva). Como interligar essa abertura na primeira cena real do filme de um modo que seja uma transição suave e com um vinculo entre uma cena e outra? Essa sequência é o que se chama de Match Cut, técnica cinematográfica em que duas cenas/composições diferentes são interligadas entre si por um objeto ou conceito. Em português, a tradução literal para match cut pode ser de “combinar, equiparar, igualar, corresponder” e etc. e tal. Corte e montagem feito na edição, que pode ter muitos significados metafóricos, estabelecendo continuidade da ação com um senso estético harmonioso. Essa combinação de duas imagens diferentes, mas esteticamente parecidas tem a intenção que você faça uma conexão obvia entre essas duas imagens. No caso acima, ela é mais forte em um sentido de continuidade suave na mudança de uma ação para a outra, e também estabelece a figura ameaçadora do gato na nave tripulada, ou seja: no ambiente da história (evidenciado no globo ocular de Lily que tem seu globo ocular colorizado de azul e gradativamente ganhando a forma de um planeta terra se distanciando, e então suas pupilas que se diluem numa nave espacial cruzando o espaço).
Enfim, a cena mais clássica dessa técnica é de 2001 – Uma Odisseia no Espaço (2001 A Space Odyssey); a ideia é evidenciar a evolução tecnológica da humanidade através da ferramenta que usamos para alcançar nossos objetivos; embora talvez ainda sejamos primitivos demais. Heh.Tem outra muito legal de Lawrence of Arabia (Lawrence da Arábia), em que o personagem refere-se à ardência do deserto enquanto acendo um cigarro, com a transição de um cenário desértico em vermelhidão com o céu nascendo. Há exemplos incontáveis de animes fazendo essa técnica, como Durarará e Baccano, mas fica pra próxima, lol.
Curta o Elfen Lied Brasil no Facebook e nos Siga no Twitter