E mais uma vez chegamos ao final de mais uma estação com as emoções à flor da pele.
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Música: Millenario
Interprete: Elisa
Olha, essa posição foi difícil de definir. Hitsugi no Chaika? Black Bullet? Sidonia noKishi? Blade & Soul? Ambas as obras apresentam encerramentos bem sonoros
que transmitem uma boa vibe, se enfocando em um elemento central que faz alguma
ação significativa para o enredo. Acho sensacional a Chaika ao fundo repleta de cabos, evidenciando sua artificialidade num visual simbólico que remete as
machine-girls.
A de Mahouka não foge do conceito desses encerramentos
citados acima, há um elemento central interagindo com o cenário em sintonia com
a música ao fundo. Com a diferença de que a música escolhida soa mais como um
hino esperançoso, mas triste e amargo ao mesmo tempo. A storytelling evocativa
à temática da série – da magia que surgiu naquele novo mundo pós-apocalíptico a
pombas brancas que saem de uma civilização reerguida rumo a um céu multicolorido
que contrasta com o cenário cinza das ruinas – é econômica, significativa e
eficaz. Gosto demais desse contra-plano de uma personagem ao fundo imersa na
atmosfera do cenário, enquanto o vento ricocheteia seus cabelos. Nos anos 90 faziam
muitos destes encerramentos. A de Fractale é assim, e até cheguei a comentá-la
no Top 5 Reprises Musicais nos Animes.
04) Mekakucity Actors
Música: Days
Interprete: Lia
Acho engraçado em como a contínua exposição a algo vai
formulando [ou reformulando] aos poucos nossos conceitos. Isso vale para tudo.
No início eu já achava esse encerramento bem encaixadinho e a música legal, mas
não me importava tanto. Com o passar dos episódios e na medica em que fui
construindo um vinculo mais afetivo com a série e seus personagens (ainda que não seja tanto, por eles não
serem tão desenvolvidos), me vi mais e mais apegada a este encerramento. A
música melodicamente agridoce combinada com uma animação minimalista dá o tom
perfeito para o que a série vem a se tornar gradativamente. É o tipo de
encerramento que pode ter mais impacto se estiver em sintonia com os eventos da
série, justamente por essa característica emocional que dá o tom na canção.
Então é de se esperar que este encerramento não tenha a mesma força fora do
contexto.
Apesar disso, é bom e efetivo. Gosto do uso da paleta com
tons de cinza, que dão um aspecto de saudades, de recordações, memórias
afetivas do passado. O trem está associado a destino, jornada e fatalismo. Por
isso é amplamente utilizado como metáforas em animes e afins. A composição
desde encerramento foi perspicaz em colocar todos os personagens diretamente
afetados pela anomalia daquele mundo aparecendo gradativamente no mesmo palco,
um do lado do outro (ou em flash como
parte integrante da paisagem exterior; ausência? Distanciamento? Quem sabe),
sendo este o entrelaçamento de várias vidas por um único destino. É intrigante
e bonitinho todos estarem desacordados e tão em paz, como se tivessem
encontrado enfim algum equilíbrio interior. O estúdio Shaft tem feito muito uso
de fotografias reais renderizadas, assimilando-os à linguagem visual da série.
Aqui podemos notar os personagens em 2D no primeiro plano, a plataforma do trem
em CG em segundo e no terceiro plano, paisagens reais em tonalidades cinzas ao
fundo. Uma combinação que ficou espetacular e visualmente harmônico.
Música: Walk Like an Egyptian
Interprete: The Bangles
A produção de Jojo acerta mais uma vez, escolhendo um encerramento clássico para uma série tão clássica e oldschool. Claro que Roundabout marcou e casou tão bem com cada cliffhanger do anime que se tornou difícil dissocia-la. É uma daqueles temas sonoros que deveriam ser proibidos por leis de serem trocados por outro. Tipo Guren no Yumiya em Shingeki no Kyojin. Nos episódios mais recentes mesmo, Roundabout fez muita falta numa determinada cena emblemática.
Walk Like an Egyptian é boa e com versos viciantes, mas em diversos momentos ela não traduz a atmosfera do termino de cada episódio. Muito disso é por se tratar de uma música com arranjos difíceis de manipular, como faziam muito com Roundabout, ora entrando mais lentinha ora mais vibrante, as vezes adiantada antecedendo o feeling, apenas instrumental ou em coro e outras vezes já começando pela metade. Enfim, com Walk Like an Egyptian a sequência de encerramento não poderia ser mais obvia: os personagens envoltos em todo o misticismo da cultura egípcia que se entrelaça com o próprio misticismo da série. É muito bom sim senhor, com um excelente storyboard que procurou representar tudo isto da forma mais difícil: em meio ao caos visual, sem se perder.
02) No Game No Life
Música: Oración
Interprete: Ai Kayano
Cantada pela mesma interprete da Shiro, chega a dar uns
arrepios ao vê-la começando a música cantando em sussurros e com aquele timbre suave
e cute, típico de garotas bonitinhas.
Mas hey, isso sou eu! Ai Kayano que inclusive interpretou a Menma em Ano Hana e fez parte do Zone, cantando o já clássico tema de encerramento da série. Na
maioria das vezes seiyuus de personagens cantando encerramento não diz muito,
mas neste caso a presença de Kayano traz mais significado porque é como se
fosse uma extensão do anime, contando à parte um pouco da história da Shiro e
Sora pela perspectiva da Shiro [já que no anime vemos esta história pela
perspectiva de Sora].
O storyboard proporciona uma imersão ao seu mundinho interno,
e com a voz de Kayano, a imersão é completa por estarmos ouvindo os sussurros da
personagem, que solitária, encontra o calor do companheirismo na figura do seu
irmão adotivo. A arte e as cores em aquarela criam uma atmosfera fantasiosa ao
redor, aumentando a sensação de mundo interior. Destaque para as alternâncias
de cores, às vezes fria outras vezes quente, de acordo com a atmosfera exalada
pela emoção da personagem. Eu quase morro com a câmera girando em sentido
horizontal aos 53 segundos com Shiro e Sora em foco no centro. Que arte linda,
que cores exuberantes, que bonitinhos os dois são juntos! Quero mordê-los <3
Música: Bokura ni Tsuite
Interprete: merengue
Uma melodia e letra tão intimistas, que dialogam internamente
sobre anseios e incertezas da vida diária, ganhou uma interpretação animada que
também dialoga estreitamente com a harmonia e voz da canção. A sequência criada
inteiramente com a técnica de rotoscopia pela coreana Eun Young Choi captura
através das lentes de uma câmera em movimento contínuo – embora a sequência
apresente cortes de edição pontuais – a essência do cotidiano. Por ser filmado
do ponto de vista objetivo – ou seja, nos transformamos no personagem e vemos
tudo pela mesma perspectiva –, a imersão é ainda maior. Como se fosse aquela volta
longa (seja para espairecer ou de indo e
voltando de ou para algum lugar) em que acabamos imergindo em nosso
interior enquanto observamos a paisagem ao redor.
Filmado na mesma província em que se passa a história do anime
e ganhando contornos frágeis e rebuscados com uma paleta de cores fria de tons pasteis, este encerramento foi animado e dirigido unicamente pela animadora
e artista plastica Eun Young Choi, que fez um trabalho magnifico, apagando
quaisquer elementos reais e aplicando um traçado estilizado de linhas
quebradas. Apaixonados por qualquer coisa dizem que o processo é mais
interessante que o resultado final. Como uma espécie de desafio. Criar uma
animação fantasiosa através de uma técnica usualmente utilizada para alcançar
mais realismo é sem dúvidas um exercício criativo trabalhoso. Mas o resultado
final é belo.
#Lixo
Mangaka san
to Assistant san to
Música: Spica
Interprete: StylipS
Sabe quando a animação ao fundo não traduz o que se ouve e vice e versa? É bem o caso aqui. As vezes uma simples imagem estática ao fundo com uma música intuitiva consegue ser bem impactante e atmosférica – é o caso de Knights of Sidonia e Soredemo Sekai wa Utsukushii –, mas para isso um bom timing audiovisual. Este encerramento com levada de caixinha de música e coral ao fundo pede uma animação com uma perspectiva mais introspectiva ou fraternal. Até mesmo a clássica cena de imagem estática com personagem dormindo enquanto a câmera gira no centro combinaria bem mais.