quarta-feira, 18 de junho de 2014

Narrativas #03: Yurie Doing Donuts

Yurie queimando pneu, acelerando para deixar para trás o que lhe atormenta. 
Originalmente eu iria postar esta cena em outro post compilado, mas estava ficando grande e explanativo demais para as minhas pretensões simplistas, então vou postá-lo a parte.

Eu sou encantada com a Yurie, e a forma que ela está sempre dirigindo – em alta velocidade, intensa, com manobras ousadas; mas sem nunca perder o controle da direção e sempre dedicada ao seu objetivo final – reflete bem a personalidade e postura da personagem. E esta cena mostra o quanto ela exala essa atmosfera sexual de quem quer está sempre no controle. O que é engraçado, porque Yurie é uma garota doce, um pouco mimada talvez, mas consciente e disposta a trabalhar duro para alcançar seus objetivos. No entanto, ela tem essa atmosfera misteriosa que instiga. É a impressão pessoal que tenho, mas quem sabe não é o pozinho de guaraná fazendo efeito aqui? (mentira).
Nessa cena ela faz um donuts (zerinho) com os pneus do carro chorando. A direção e storyboard podem parecer simplezinhos, mas a real é que são fantásticos e com uma narrativa visual fascinante. Inicia com a câmera indo de 25º diagonais num plano holandês que denota instabilidade e dá dinamismo para a sequência à 360º em uma panorâmica invertida, enquanto Yurie se distancia e a câmera permanece apenas por poucos segundos imóvel com ela se distanciando em perspectiva invertida para logo em seguida ficar girando a esmo. Curiosamente essa cena é um preludio para a decisão que Yurie toma mais tarde, motivada pelo abandono de Kazama, que apesar de sua entrega, só tinha olhos para as sufocantes metas que tinha para com o pingue pongue. Seria Yurie deixando tudo para trás? Sua vida estar de cabeça para baixo, rodando em torno de Kazama sem sair do lugar?

Bom, acho que cada um pode tirar suas conclusões. Ping Pong tem essa característica muito forte de ser evocativo através de imagens, mas particularmente o que mais me encantou foi a manobra em si. Curta, mas eficaz. 

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