Mud: Satanic Sweet (2012)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Mud: Satanic Sweet (2012)

Uma história de amor puro, mas incomum, de uma menina que se aventura no femdom.

Uma relação doentia de amor puro e sujo ao mesmo tempo. Um homem que se comporte como um bom cão adestrado e goste de ser humilhado. E você, a sua salvadora que irá realizar todos os seus fetiches. O que mais uma garota pode querer?

Kanou Shouko é uma garota que está passando por um momento decisivo em sua rotina escolar, momento de se preparar para cursar a faculdade e estar apta para se integrar a sociedade e seguir a profissão escolhida. Mas ela está profundamente entediada com toda a sua vida e com o coração inquieto, a procura de emoções fortes que a façam sentir viva. Quem nunca sentiu algo assim? Para mim, é quase impossível não me identificar nem que seja um pouco com Kanou e acredito piamente que todos já sentiram um pouco de sua inquietação. O mais divertido é que no cotidiano, ela alimenta sua mente imaginando acidentes e matanças, numa tentativa de fugir da rotina.

Sua vida dá um giro de 90 graus quando encontra um celular esquecido na sala de aula e descobre mensagens pervertidas de um cara que tem o desejo de ser torturado e humilhado por uma mulher que curte femdom (dominação feminina. Referente a relações BDSM). Para sua surpresa, o celular é de seu professor, Fujimura Satomi. Invasiva, manipuladora e cheia de desejos, Kanou também vê nesta descoberta a possibilidade de aumentar suas notas na disciplina de inglês. Ela não se importa em se tornar a garota que ele deseja, pelo contrário... O problema é que Kanou se apaixona por Fujimora, que lhe diz que não há forma dele querer um relacionamento sério com uma garota pervertida como ela. Vendo-a apenas como uma diversão passageira e não oficial.

Mud (Satanic Sweet) é uma oneshot de 44 páginas pela autora de Don't Cry, Girl, Yamashita Tomoko. Tem um humor escuro e provocante, com uma trama direta e simples, mas que sabe ser sucinta. Um dos seus aspectos mais atrativos está na arte e na forma que a autora encontrou para representar as emoções da expressiva Kanou. Ela externiza essas emoções através de surrealismos visuais. Também é uma forma inteligente de expressar em como os ímpetos emocionais de Kanou estão fora de controle e à flor da pele, afinal, é uma época onde tudo é muito intenso. Mud ilustra como a sexualidade humana ainda está longe – e talvez nunca deixe – de ser tabu, passando por diversos filtros do que é considerado moral ou imoral, saudável ou doentio ( francamente, eu amo a expressão “doentio”), o que faz com que muitos tenham receios de expor sua sexualidade e fetiches, por isto lhes deixar vulnerável aos julgamentos da sociedade. Mas também é sobre descobertas da sexualidade e do conflito de se relacionar amor e fantasias sexuais.