domingo, 24 de agosto de 2014

Comentários: Aldnoah.Zero #08 – Then and Now

Antes era belo. Agora é tudo dor. Mas por ela, Slaine suportaria qualquer tortura.  
Cara!!!! O final deste episódio me deixou sem ar e reação. OMAIGAWD, QUE DESGRAÇADOS! INAHO SEU PORRINHA ISSO TUDO É CULPA SUA! É toda reação que eu poderia esboçar.

É o primeiro episódio de Aldnoah Zero que conseguiu me arrancar sorrisos largos ao final. Como havia comentado anteriormente, é muito mais emocionante quando você está acompanhando a trajetória dos personagens e pode sentir seus conflitos, algo difícil de obter num primeiro episódio ou numa leva de primeiros episódios sem muito aprofundamento de conflitos. Com o tempo, Slaine foi crescendo gradativamente na narrativa e acabou por se mostrar o co-protagonista de maior empatia frente ao público, que finalmente encontra alguém com o qual pode se identificar, torcer e se envolver. Por este prisma, o contraste entre Slaine e Inaho tem grande potencial, se bem explorado.

Indiretamente se estabelece certa rivalidade entre eles, algo que a própria produção da série se encarrega de estimular seja através de material de divulgação ou, como se nota, no encerramento que fecha o episódio – ou simplesmente pela atitude hostil de Inaho. O público compra, é claro, são elementos típicos de apelo popular. Desenha-se ao fundo a sombra de um triangulo que pode ou não se concretizar, isso não importa, a simples insinuação é o suficiente, embora saibamos que mesmo diante a atmosfera de rivalidade que se forma no ar, em algum momento irão se convergir em uma só força.
O roteiro de Katsuhiko Takayama constrói uma estrutura narrativa que se tornou marcante na série Ga-Rei-Zero, dirigida por Ei Aoki. É estruturada de uma forma a conectar passado e presente, através de flasbacks que servem para contextualizar o cenário e desenvolver a relação entre Slaine e Asseylum, fazendo com que se tornem mais empáticos e construindo o clímax para um aguardado reencontro – seria interessante se este mesmo recurso fosse utilizado para Inaho, mas desconfio que não. Também é uma técnica excelente para criar tensão atmosférica caso o diretor em questão saiba desenvolver uma boa edição que encaixe estes momentos em bom timing com a narrativa linear. Este episódio é muito feliz neste aspecto, evidenciando uma narrativa linear crescente onde ao mesmo tempo em que desenvolve o background do personagem, também deixa à tona o suspense de que se ele trata de um personagem fundamental para os rumos do enredo. Soa como se houvesse algo de oculto no passado de Slaine e suficientemente importante para se tornar uma peça vital nas engrenagens da trama conspiratória de Marte.

Por sinal, Katsuhiko Takayama atingiu o seu melhor deste que assumiu os roteiros, no episódio 4. Repletos de altos e baixos, com mais baixos do que altos, ao ponto de colocar em dúvida o futuro da obra, ele faz aqui algo que vem sendo cobrado desde o terceiro episódio: trabalhar o conflito entre todos os núcleos de personagens e sair da fastigante e preguiçosa estrutura episódica estabelecida desde a estreia, sem qualquer fator de inovação ou conflitos que dessem urgência a uma história que se desenrola num, teoricamente, gravíssimo cenário apocalíptico. Se o primeiro episódio foi feliz em dar a dimensão exata do conflito, ampliando todo o cenário dramático, os seguintes se limitaram a um cenário restrito de ação e por si só tedioso. Claro que este episódio não traz todas as melhorias que a série necessita, mas consegue alcançar um nível elevado fazendo apenas o básico, que é dar um tempo de respiro e trabalhar um pouco mais em cima dos personagens.
Momentos como o de Asseylum e Inaho na poupa, interagindo entre eles, deixando imergir um pouco do aspecto interno de cada um com um belo cenário ao fundo é de grande riqueza narrativa. A paixão que Asseylum demonstra pela natureza e a vida que existe na terra é algo que me fascina desde o primeiro episódio. Esses momentos de pura contemplação soam repletos de sinceridade e sentimentos nostálgicos. Talvez sejam resquícios da natureza primitiva que ainda há em nós que me faz sentir assim, afinal, vivendo em selvas de pedras, a intensa vida diária e permanente conexão ao virtual, estamos sempre ocupados demais, distraídos demais para olhar o que ainda há de belo no nosso planeta. Somente uma pessoa vinda de um planeta diferente, altamente tecnológico, gaseificado, e sem a vida natural, o ar que ainda é puro e as belas paisagens que temos, poderia ter a plena compreensão do quão magnifico é o nosso mundo. O fascínio de Asseylum pela grandiosa beleza da terra é o mesmo do depoimento dos tripulantes da missão Apollo 11 ao se virarem e perceberem a grandiosidade do planeta azul. Não por acaso, no universo ficcional da ficção cientifica, a terra é o alvo preferido de alienígenas, que querem usurpar nossos recursos naturais. Dessa forma, a alegria da princesa é repleta de vida e sinceridade ao abrir os braços em comemoração.

Enquanto isso Inaho continua sendo uma incógnita pouco expressiva, que não nos é permitido adentrar em seu interior. O que ele pensou ao ver a felicidade genuína Asseylum, tão eufórica e gestual? Seja lá o que tenha sido não nos foi permitido saber.  É um dos grandes desafios do audiovisual, expressar emoções internas, especialmente em casos como o de Inaho. Ao comentar com Asseylum sobre a pessoa de Marte que o auxilio, ele se mostra novamente um personagem intrigante, ao invés de tão somente uma casca vazia que parecia ser. Sua decisão de abater Slaine no episódio anterior era por si só uma atitude justificável; num cenário caótico como aquele, pensar que só porque Slaine o ajudou poderia fazer dele um aliado, é pensar simples. Num cenário real, as variáveis são diversas e sem muito tempo para se pensar muito, logo, abater sua nave na melhor oportunidade que teve seria a decisão de qualquer soldado (embora a ação apropriada depois disso seria a de fazer dele prisioneiro para lhe tirar informações). Era a melhor oportunidade para Inaho, que uma vez fora do alcance, dificilmente conseguiria abater uma nave como a de Slaine. Eu faria o mesmo. Numa guerra, os únicos inocentes são aqueles que sem armas nas mãos. 
Contudo, Inaho surpreendeu ao fazer a leitura de Slaine para a Asseylum, descrevendo-o como um aliado preocupado que acreditou na sua sobrevivência. Sendo assim, por que diabos Inaho atacou Slaine? Ele não diz, e a princesa tampouco lhe indaga (naquela altura, ela não perguntar sobre um possível aliado marciano – algo que ela vem buscando –, não faz sentido algum). Uma jogada altamente questionável que fragiliza ainda mais a consistência do roteiro e coloca em dúvida o que pode ou poderia ser uma excelente virada para o personagem de Inaho, como um protagonista-herói que não é tão bonzinho, mas com diversas matizes cinzas que o colocaria quase no limiar do anti-heroismo. Quando Asseylum conclui equivocadamente que ele se a salvara tanto por se preocupar com ela (ela é uma Princesa, está acostumada a ser vangloriada e mimada, é natural que se veja como o centro da atenção de qualquer pessoa), este lhe diz de forma seca e sem emoção que foi apenas uma consequência. No entanto, de alguma forma, é visível que ele não é indiferente à princesa, ao ponto de questionar a motivação de Slaine, no episódio anterior.

Então... Suas ações e o que ele diz não batem, soa contraditório. Ou o roteiro de Takayama está preparando o que virá a ser uma bela guinada para o personagem ou se perdeu de vez. Se pensarmos pelo aspecto positivo da segunda opção, chegamos a conclusão de que Inaho sendo tão inteligente e calculista, deve compreender que o atentado à Asseylum tem participação de forças marcianas e que obviamente há muito mais interesses envolvidos em seu atentado do que parece. Assim, ao invés de agir com preocupação altruísta pelo simples bem estar da princesa, ele a vê como uma boa garantia para eles. A forma como Slaine resiste dolorosamente dizendo que não entregará Asseylum para quem a vê apenas como um objeto manipulativo, e então a edição corta ora para o núcleo marciano ora para o terrestre, com Inaho e seu olhar vazio em destaque, como se suas palavras ricocheteassem em ambos, seria uma fantástica composição visual. Isso se seguirem por este lado. Caso contrário, tudo isso terá sido desastroso. E seria uma pena, quando temos no elenco a hipocrisia de uma personagem como Rayet, que tem se mostrado bem humana em sua composição. Ela odeia os marcianos porque eles são realmente “o inimigo” ou pelo que eles fizeram ao seu pai? Pelo que vimos, ele fez parte daqueles que armaram o atentado, esperando ascender à supremacia marciana, e Rayet estava entre os que iriam zarpar do barco terrestre caso os marcianos não fossem obviamente traí-los. Essa gama de emoções difusas tornam a personagem bem bacana, pois não importa se ela está sendo contraditória ou não, suas lágrimas e dores são verdadeiras. Se Inaho se mostrar realmente amoral, fará uma bela dupla com ela e pequena fatia de personagens multifacetados.
Como Conde Cruhteo. Grande potencial, personagem de forte presença e que infelizmente, ao que parece, morreu. Que ao menos, sua perda signifique algo realmente valoroso para o futuro do enredo. Já Slaine, segue sua odisseia particular de ser maltratado por todo o elenco de personagens. É tipo boneco de Judas, amarrado num tronco e chicoteado. Só rezo que o meu garotinho possa ressurgir das cinzas em algum momento e botar pra foder, porque fala sério! NINGUÉM MERECE! 

Avaliação: ★    ★
Roteiro: Katsuhiko Takayama
Storyboard: Makoto Kato
Aux. de Direção: Daiki Nishimura
Direção Ei Aoki
______________________
-Aldnoah peca demais em ser muito contido quando precisa ser mais impactante. Essa cena por exemplo, uma chicotada que é capaz de desfragmentar uma cadeira, não é capaz de arrancar pedaços e arrancar sangue do corpo de Slaine. Ei Aoki está muito desleixado com o storyboard. Personagens com expressões que não cabem bem ao momento, pouco impacto e urgência na narrativa e por ai vai. Não digo que precisa descambar pra violência gráfica. Madoka e Kaiji sabem ser densos e violentos quando se faz necessário, sem transformar a tela num mar de sangue. Olhe para o Slaine e essa pele branquinha com um arranhão ou outro aqui e acolá. Quem se convence de que ele está realmente sendo açoitado e sofrendo? Aceita-se pelo que vê, suas reações de dor, mas é uma cena sem força ou impacto visual.
----

Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_01.27_[2014.08.24_05.40.10]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_01.30_[2014.08.24_05.40.21]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_01.46_[2014.08.24_05.40.45]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_03.42_[2014.08.24_05.42.45]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_04.13_[2014.08.24_05.43.33]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_04.35_[2014.08.24_05.44.20]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_05.24_[2014.08.24_05.45.45]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_06.11_[2014.08.24_05.46.38]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_08.12_[2014.08.24_05.49.02]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_08.36_[2014.08.24_05.49.31]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_08.48_[2014.08.24_05.49.58]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_10.01_[2014.08.24_05.51.40]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_10.03_[2014.08.24_05.51.50]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_10.31_[2014.08.24_05.52.24]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_11.00_[2014.08.24_05.52.57]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_11.16_[2014.08.24_05.53.18]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_12.06_[2014.08.24_05.54.26]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_13.09_[2014.08.24_05.56.04]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_13.22_[2014.08.24_05.56.21]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_13.53_[2014.08.24_05.57.06]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_15.25_[2014.08.24_05.59.48]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_15.55_[2014.08.24_06.00.33]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_16.31_[2014.08.24_06.01.18]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_17.31_[2014.08.24_06.02.23]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_20.02_[2014.08.24_06.04.59]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_21.11_[2014.08.24_06.06.12]Aldnoah Zero - 08.mkv_snapshot_21.28_[2014.08.24_06.06.34]

Curta o Elfen Lied Brasil no Facebook