Antes era belo. Agora é tudo dor. Mas por ela, Slaine suportaria qualquer tortura.
Cara!!!! O final deste episódio me deixou sem ar e reação. OMAIGAWD,
QUE DESGRAÇADOS! INAHO SEU PORRINHA ISSO TUDO É CULPA SUA! É toda reação que eu
poderia esboçar.
É o primeiro episódio de Aldnoah Zero que conseguiu me arrancar
sorrisos largos ao final. Como havia comentado anteriormente, é muito mais
emocionante quando você está acompanhando a trajetória dos personagens e pode
sentir seus conflitos, algo difícil de obter num primeiro episódio ou numa leva
de primeiros episódios sem muito aprofundamento de conflitos. Com o tempo,
Slaine foi crescendo gradativamente na narrativa e acabou por se mostrar o
co-protagonista de maior empatia frente ao público, que finalmente encontra
alguém com o qual pode se identificar, torcer e se envolver. Por este prisma, o
contraste entre Slaine e Inaho tem grande potencial, se bem explorado.
Indiretamente se estabelece certa rivalidade entre eles,
algo que a própria produção da série se encarrega de estimular seja através de
material de divulgação ou, como se nota, no encerramento que fecha o episódio –
ou simplesmente pela atitude hostil de Inaho. O público compra, é claro, são
elementos típicos de apelo popular. Desenha-se ao fundo a sombra de um triangulo
que pode ou não se concretizar, isso não importa, a simples insinuação é o suficiente,
embora saibamos que mesmo diante a atmosfera de rivalidade que se forma no ar, em
algum momento irão se convergir em uma só força.
O roteiro de Katsuhiko Takayama constrói uma estrutura
narrativa que se tornou marcante na série Ga-Rei-Zero, dirigida por Ei Aoki. É
estruturada de uma forma a conectar passado e presente, através de flasbacks
que servem para contextualizar o cenário e desenvolver a relação entre Slaine e
Asseylum, fazendo com que se tornem mais empáticos e construindo o clímax para
um aguardado reencontro – seria interessante se este mesmo recurso fosse
utilizado para Inaho, mas desconfio que não. Também é uma técnica excelente
para criar tensão atmosférica caso o diretor em questão saiba desenvolver uma
boa edição que encaixe estes momentos em bom timing com a narrativa linear. Este
episódio é muito feliz neste aspecto, evidenciando uma narrativa linear
crescente onde ao mesmo tempo em que desenvolve o background do personagem, também
deixa à tona o suspense de que se ele trata de um personagem fundamental para
os rumos do enredo. Soa como se houvesse algo de oculto no passado de Slaine e
suficientemente importante para se tornar uma peça vital nas engrenagens da
trama conspiratória de Marte.
Por sinal, Katsuhiko Takayama atingiu o seu melhor deste que
assumiu os roteiros, no episódio 4. Repletos de altos e baixos, com mais baixos
do que altos, ao ponto de colocar em dúvida o futuro da obra, ele faz aqui algo
que vem sendo cobrado desde o terceiro episódio: trabalhar o conflito entre
todos os núcleos de personagens e sair da fastigante e preguiçosa estrutura
episódica estabelecida desde a estreia, sem qualquer fator de inovação ou conflitos
que dessem urgência a uma história que se desenrola num, teoricamente, gravíssimo
cenário apocalíptico. Se o primeiro episódio foi feliz em dar a dimensão exata
do conflito, ampliando todo o cenário dramático, os seguintes se limitaram a um
cenário restrito de ação e por si só tedioso. Claro que este episódio não traz
todas as melhorias que a série necessita, mas consegue alcançar um nível elevado
fazendo apenas o básico, que é dar um tempo de respiro e trabalhar um pouco
mais em cima dos personagens.
Momentos como o de Asseylum e Inaho na poupa, interagindo
entre eles, deixando imergir um pouco do aspecto interno de cada um com um belo
cenário ao fundo é de grande riqueza narrativa. A paixão que Asseylum demonstra
pela natureza e a vida que existe na terra é algo que me fascina desde o
primeiro episódio. Esses momentos de pura contemplação soam repletos de
sinceridade e sentimentos nostálgicos. Talvez sejam resquícios da natureza
primitiva que ainda há em nós que me faz sentir assim, afinal, vivendo em
selvas de pedras, a intensa vida diária e permanente conexão ao virtual,
estamos sempre ocupados demais, distraídos demais para olhar o que ainda há de
belo no nosso planeta. Somente uma pessoa vinda de um planeta diferente,
altamente tecnológico, gaseificado, e sem a vida natural, o ar que ainda é puro e as belas paisagens que
temos, poderia ter a plena compreensão do quão magnifico é o nosso mundo. O fascínio
de Asseylum pela grandiosa beleza da terra é o mesmo do depoimento dos
tripulantes da missão Apollo 11 ao se virarem e perceberem a grandiosidade do
planeta azul. Não por acaso, no universo ficcional da ficção cientifica, a
terra é o alvo preferido de alienígenas, que querem usurpar nossos recursos
naturais. Dessa forma, a alegria da princesa é repleta de vida e sinceridade ao
abrir os braços em comemoração.
Enquanto isso Inaho continua sendo uma incógnita pouco
expressiva, que não nos é permitido adentrar em seu interior. O que ele pensou
ao ver a felicidade genuína Asseylum, tão eufórica e gestual? Seja lá o que tenha
sido não nos foi permitido saber. É um
dos grandes desafios do audiovisual, expressar emoções internas, especialmente
em casos como o de Inaho. Ao comentar com Asseylum sobre a pessoa de Marte que
o auxilio, ele se mostra novamente um personagem intrigante, ao invés de tão
somente uma casca vazia que parecia ser. Sua decisão de abater Slaine no
episódio anterior era por si só uma atitude justificável; num cenário caótico como
aquele, pensar que só porque Slaine o ajudou poderia fazer dele um aliado, é
pensar simples. Num cenário real, as variáveis são diversas e sem muito tempo
para se pensar muito, logo, abater sua nave na melhor oportunidade que teve
seria a decisão de qualquer soldado (embora
a ação apropriada depois disso seria a de fazer dele prisioneiro para lhe tirar
informações). Era a melhor oportunidade para Inaho, que uma vez fora do
alcance, dificilmente conseguiria abater uma nave como a de Slaine. Eu faria o
mesmo. Numa guerra, os únicos inocentes são aqueles que sem armas nas mãos.
Contudo, Inaho surpreendeu ao fazer a leitura de Slaine para
a Asseylum, descrevendo-o como um aliado preocupado que acreditou na sua
sobrevivência. Sendo assim, por que diabos Inaho atacou Slaine? Ele não diz, e
a princesa tampouco lhe indaga (naquela
altura, ela não perguntar sobre um possível aliado marciano – algo que ela vem
buscando –, não faz sentido algum). Uma jogada altamente questionável que
fragiliza ainda mais a consistência do roteiro e coloca em dúvida o que pode ou
poderia ser uma excelente virada para o personagem de Inaho, como um protagonista-herói
que não é tão bonzinho, mas com diversas matizes cinzas que o colocaria quase
no limiar do anti-heroismo. Quando Asseylum conclui equivocadamente que ele se a
salvara tanto por se preocupar com ela (ela
é uma Princesa, está acostumada a ser vangloriada e mimada, é natural que se
veja como o centro da atenção de qualquer pessoa), este lhe diz de forma
seca e sem emoção que foi apenas uma consequência. No entanto, de alguma forma,
é visível que ele não é indiferente à princesa, ao ponto de questionar a
motivação de Slaine, no episódio anterior.
Então... Suas ações e o que ele diz não batem, soa contraditório.
Ou o roteiro de Takayama está preparando o que virá a ser uma bela guinada para
o personagem ou se perdeu de vez. Se pensarmos pelo aspecto positivo da segunda
opção, chegamos a conclusão de que Inaho sendo tão inteligente e calculista,
deve compreender que o atentado à Asseylum tem participação de forças marcianas
e que obviamente há muito mais interesses envolvidos em seu atentado do que
parece. Assim, ao invés de agir com preocupação altruísta pelo simples bem
estar da princesa, ele a vê como uma boa garantia para eles. A forma como
Slaine resiste dolorosamente dizendo que não entregará Asseylum para quem a vê
apenas como um objeto manipulativo, e então a edição corta ora para o núcleo
marciano ora para o terrestre, com Inaho e seu olhar vazio em destaque, como se
suas palavras ricocheteassem em ambos, seria uma fantástica composição visual. Isso
se seguirem por este lado. Caso contrário, tudo isso terá sido desastroso. E
seria uma pena, quando temos no elenco a hipocrisia de uma personagem como Rayet,
que tem se mostrado bem humana em sua composição. Ela odeia os marcianos porque
eles são realmente “o inimigo” ou pelo que eles fizeram ao seu pai? Pelo que
vimos, ele fez parte daqueles que armaram o atentado, esperando ascender à
supremacia marciana, e Rayet estava entre os que iriam zarpar do barco
terrestre caso os marcianos não fossem obviamente traí-los. Essa gama de
emoções difusas tornam a personagem bem bacana, pois não importa se ela está
sendo contraditória ou não, suas lágrimas e dores são verdadeiras. Se Inaho se
mostrar realmente amoral, fará uma bela dupla com ela e pequena fatia de
personagens multifacetados.
Como Conde Cruhteo. Grande potencial, personagem de forte
presença e que infelizmente, ao que parece, morreu. Que ao menos, sua perda
signifique algo realmente valoroso para o futuro do enredo. Já Slaine, segue
sua odisseia particular de ser maltratado por todo o elenco de personagens. É
tipo boneco de Judas, amarrado num tronco e chicoteado. Só rezo que o meu
garotinho possa ressurgir das cinzas em algum momento e botar pra foder, porque
fala sério! NINGUÉM MERECE!
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Katsuhiko Takayama
Storyboard: Makoto Kato
Aux. de Direção: Daiki Nishimura
Direção Ei Aoki
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-Aldnoah peca demais em ser muito contido quando precisa ser mais impactante. Essa cena por exemplo, uma chicotada que é capaz de desfragmentar uma cadeira, não é capaz de arrancar pedaços e arrancar sangue do corpo de Slaine. Ei Aoki está muito desleixado com o storyboard. Personagens com expressões que não cabem bem ao momento, pouco impacto e urgência na narrativa e por ai vai. Não digo que precisa descambar pra violência gráfica. Madoka e Kaiji sabem ser densos e violentos quando se faz necessário, sem transformar a tela num mar de sangue. Olhe para o Slaine e essa pele branquinha com um arranhão ou outro aqui e acolá. Quem se convence de que ele está realmente sendo açoitado e sofrendo? Aceita-se pelo que vê, suas reações de dor, mas é uma cena sem força ou impacto visual.
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