Deuce: dois, diabo, dados, jogos de cartas marcadas, ou simplesmente o simbolo de dois dedos simbolizando a paz. Zankyou brinca com as expectativas e oferece um jogo mortal onde quem tem menos a perder ostenta as melhores chances de vitória no final.
Episódio sete de Zankyou no Terror retorna a formula “thriller”
do primeiro episódio, mas dessa vez com ingredientes que culminam num resultado
muito mais tenso e, portanto, superior em termos de conflitos dramáticos e
clímax, uma vez que o fato de termos envolvimento com os personagens
proporciona uma experiência de maior tensão. Especialmente na reviravolta que
acontece da metade do episódio em diante, quando Lisa é capturada pelo olhar de
águia de Five, que de fato soa como uma águia predadora de garras afiadas. Não
posso falar por ninguém, mas ao final do episódio eu já estava na ponta da
cadeira e com o coração na mão. Desde o primeiro episódio que a série não me
proporcionava uma experiência tão eletrizante e envolvente. A narrativa se
estrutura e desenvolve realmente como um tabuleiro, com diversas jogadas [conflitos
dramáticos] possíveis que poderiam levar à vitória ou a derrota de qualquer um
deles. Ao final, Five se mostrou uma melhor jogadora que Sphinx, em parte
fundamental à inexperiência de Lisa, que entra na jogada metaforicamente como
uma carta jocker, mudando de valor ao decorrer da narrativa conforme a
necessidade do roteiro. Sem experiência e preparo algum, seu nervosismo é
flagrante e chama atenção.
Dessa forma, Lise se tornou o calcanhar de Aquiles de
Sphinx, que agora tem um ponto fraco. Acompanhar a movimentação e a linha de
cada jogada de todas essas peças [personagens] foi uma experiência fantástica.
Direção, roteiro e trilha sonora fazem desse mini-arco uma experiência à parte,
quase como um curta.
Ação, reação, tensão dramática, correria, ponto de virada e
desfecho climático, este foi um roteiro exemplar e direção que soube transferir
essa narrativa elétrica para o audiovisual, com uma ótima edição de cenas. O aspecto
que mais chama a atenção é a obvia referência a um dos estilos cinematográficos
mais populares no cinema Hollywoodiano, que é o de atentado terrorista envolvendo
aviões e aeroportos. Senti-me de volta à infância quando surpreendentemente
Lisa ressurge presa no avião com uma bomba com contagem regressiva indo em rumo
ao aeroporto, traindo todas as expectativas anteriores e jogando à narrativa em
outra direção. Dessa forma, o roteiro de Jun Kumagai (episódio 5) exemplifica economicamente o quanto Five está dois
passos à frente, não por ser exatamente superior em intelecto mas por ser
observadora e saber tirar proveito das situações ao seu favor, e ao mesmo tempo
coloca nossos protagonistas numa situação desconfortável.
Há de se dizer que até então, eles sempre estiveram no
comando da ação, seguros e sem sofrer nenhum tipo de ameaça. Muitos questionam:
por que diabos Sphinx não matam? Eles não matam porque na verdade eles são os heróis
da história. Esta talvez seja a charada que sempre esteve obvia; a pegadinha
proposta por Watannabe. A bem da verdade, sempre esteve claro a partir do
segundo episódio. Existe uma norma não escrita, mas prontamente seguida em
obras de apelo popular, de que os mocinhos não devem cruzar a linha. É por isso
que existem os antagonistas (e é por
isso que **** morre ao final de **** #spoilas), que agora se revela
em Five.
Pois bem, em qualquer narrativa, os personagens que
protagonizam precisam se mover por uma motivação e eles devem encontrar
obstáculos pelo caminho. Shibasaki e Sphinx não tinham obstáculos. Eles se
anulavam e se complementavam de alguma forma, às expectativas um do outro (eles estavam próximo a um entendimento,
quando Five surge como um furacão e joga as peça pelo ar. Obviamente ela é o
argumento necessário para preencher os espaços de uma série de tv. Parece
funcionar como ferramenta de distração). Five coloca ambos em situações
extremas. Quando ela diz para Shibasaki que o fará pagar por ter sabotado seu
ardiloso plano, eu no lugar dele estaria muito temerosa. Five emana uma áurea hostil,
tenebrosa e opressiva que não precisa de muito para se fazer notar. A bela
dublagem [enquanto em japonês] de Megumi Han colabora, mas as nuances de
moleca travessa e caprichosa desconhecedora de limites estão todas na
caracterização visual da personagem. Seus olhares, principalmente os de lado e
a forma como contorce os lábios dão o tom ideal para que possamos ver na
personagem alguém com uma obsessão irrefreável, mas com senso aguçado de
observação. Sei que estão todos cansados das comparações, mas Nine Vs Five é o arquétipo
da obsessiva relação L Vs Light [Death Note], com o diferencial de que Nine
mostrou querer mais é distância de Five, enquanto tanto L quanto Light eram
fissurados um pelo outro e travaram um jogo de vida e morte mais pessoal do que
profissional (a partida de tênis entre
eles é o melhor exemplo desta tônica). Cá entre nós, com toda a razão, mas
eu me arriscaria porque Five faz meu tipo! Me gustam relacionamentos
autodestrutivos.
Cof, cof...
Como boa série de mistério que é, as peças ainda estão
avançando no tabuleiro e não se chega a nenhuma conclusão, o que é bom. No
momento, a Rainha de Five é a que demonstra maior mobilidade e afeta todo o
percurso. Espero que o próximo episódio mantenha o folego e traga consequências
para as ações vistas neste. A trilha sonora novamente encontrou seu ápice nos
momentos de maior tensão – ela que é uma das maiores responsáveis pela
sobriedade da narrativa (péssimas
noticias para quem procura algo mais movimentado). O inesperado encontro
entre Nine e Five trouxe mais dúvidas que respostas, mas uma coisa ficou clara:
ela age por motivos pessoais, mas e quanto àqueles que a apoiam incondicionalmente?
Por que o fazem? Questões, questões.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Jun Kumagai
Storyboard: Shikama Takahiro
Direção: Shinichiro Watanabe
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