Levantar âncora! Içar as velas! A jornada, ao menos da primeira parte do anime, está chegando ao fim.
Imagino que para quem o aspecto romântico de shippar casais
em Aldnoah Zero seja o mais interessante na série, provavelmente estará
decepcionado em ver que Inaho não é assim tão indiferente à Asseylum. Quer dizer,
somente aqueles que torcem por Slaine. Não que seja algo surpreendente, afinal,
era obvio que a produção do anime iria deixar aberturas para alimentar a parte romântica
do fandom. Mas importante é que Ei Aoki trata o assunto com seriedade, não
deixando que a narrativa se perca em devaneios românticos. Achei curioso que
nem Asseylum nem Inaho se sentiram constrangidos depois, sendo que está é uma
situação recorrente em animes. Claro que Inaho pela primeira vez na série não
se mostra mais tão frio frente à princesa, mas ela age da mesma forma que agia
antes frente a ele. Acredito que as duas principais motivaçõs deste atentado
seja para dar um ponto final ao conflito de Rayet e unir os dois guardiões de
Asseylum em torno dela, através de laços tão fortes como a vida. Bem no momento
em que Slaine tem a chance de colocar a sua mão em um Aldnoah e novamente os
dois cavaleiros brancos terão a
chance de salvar sua princesa. Gostei mais do que achei que fosse gostar. :)
O que me soou muito ridículo foi o desdobramento do conflito
de Rayet e a postura de Inaho. Também me irritou a benevolência de Asseylum,
mas não dá pra dizer que isso não faz parte da personagem. É exatamente a postura
que se poderia esperar de uma personagem assim, no entanto a postura de Inaho é
surpreendente, quando se pensava que ele era a pessoa mais racional naquele
navio. De certa forma é uma atitude que contradiz uma situação similar ocorrida
episódios atrás, com Slaine. De modo geral, foram diálogos fracos e o
descontrole de Rayet por mais que possa ser visto por uma ótica humanizada, a
reação geral acaba amenizando o caráter de confrontação, punição ou aprendizado,
dando uma conclusão insatisfatória ao rompante. Falta um personagem com uma
postura realmente rígida para dar um tom verossímil a este conflito, pois do
jeito que foi retrato, todos agiram como uma mãe para o surto digno de uma criança
de 8 anos da Rayet. Em meio a uma Guerra Mundial com uma super potência alienígena,
não se pode levar a sério uma pessoa vir e botar em risco a vida de várias
pessoas e da missão, e ainda receber palmadinhas compreensivas no final. Coisas
assim empalidecem toda essa camada de atmosfera séria que a narrativa tenta aplicar
à série, a urgência vai para o ralo. É contraditório e sem sentido com o que se
propõe.
Se teve algo de positivo nisto tudo, foi a revelação de que
Rayet é também uma marciana, o que dá mais substância às suas emoções
contraditórias. Seu próprio povo traiu e tentou matar sua princesa e ela sente
um misto de culpa com revolta em relação ao próprio povo. Pena que isso não foi
tratado como merecia. Ah, se forem repetir o padrão do gênero, é espero que as habilidades de Rayet sejam requisitadas na hora da ação, com ela recebendo o seu perdão. Será? Aposto que sim.
Aliás, a série segue rumos perigosos com todas essas
motivações de vinganças pessoais, que no fundo são motivações vagas e fracas,
como toda essa traminha de Marito, Magbaredge e seu irmão morto. São conflitos
válidos, mas não fortes ou sólidos o suficiente para levar uma trama à frente
nem se sustentar por tempo tanto tempo. O conde por sua vez até encontra
motivos maiores, como toda a questão da revolta dos marcianos em relação ao sistema
monárquico, mas no fim das contas o que a narrativa enfoca é a sua vingança
pessoal, que francamente é mais uma grande tolice e o próprio personagem mostra
uma linha de pensamento em relação a isso que não condiz com a caracterização
de um personagem inteligente e sóbrio. Todos os personagens com motivações de
vinganças nesta história têm por trás motivos bem tolos e torpes. É como um
bandido que tem o seu colega baleado e morto pela policia durante um assalto. Não se pode dizer que são razões injustificáveis,
mas certamente são razões moralmente torpes e sem bom senso. A série parece ter
como tema principal essa questão de justiça e vingança, como se nota em seu
slogan (“Faça-se a justiça, mesmo que desabem os céus”), mas o roteiro
tem muitas dificuldades em trabalhar isso na narrativa.
A trama politica e da guerra têm ficado em segundo plano, mesmo
com a ação, que é metódica. Em contrapartida, os personagens vêm se destacando.
Mas mesmo com a crescente melhora, ainda são personagens fracos com conflitos que
ainda estão longe de serem satisfatórios. Cadê a direção de Aldnoah Zero? Ei
Aoki decepcionando.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Katsuhiko Takayama
Storyboard: Sasajima Keiichi
Aux. Direção: Shuu Watanabe
Direção: Ei Aoki
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