Pocket #19: Fetiches – Oculofilia (I)

Já foi seduzido por um olhar? Eu tenho certeza que sim. 

Estava remexendo aqui no meu HD e encontrei os screeshots que tirei do filme O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre). O original, de 1974. Um clássico, o melhor de todos da série! É um filme com uma mise-en-scène teatral que me fascina. Seu diretor faz uma alegoria critica em relação a crueldade da matança animal. Tenhamos em mente que naquela época não havia as regulações que existem hoje e os relatos e registros históricos são abomináveis (não que mesmo atualmente não haja muitos matadouros clandestinos nojentos por ai). Tem uma cena em que um personagem com problemas mentais narra sadicamente o abate a marteladas que costumava fazer em bois. E bem, aqui os humanos se transformam em gado. Numa das cenas clássicas, a protagonista é abatida igual porco, à marteladas (ou pelo menos é o que se tenta fazer). Seus gritos e tentativas de se libertar reflete o pavor de um animal frente a um abate com requintes de sadismo por ser uma morte lenta, dolorosa e com golpes repetitivos.

Mas bem, estou dando voltas. Os screens que salvei são todo de uma sequência angustiante em que a direção fecha o enquadramento da câmera nos olhos da personagem, que se retorcem de um lado para o outro em desespero numa atuação magnifica de Marilyn Burns. Como sou suja, fiquei pensando que havia algo de sensual ali. Naquelas retinas que se moviam freneticamente e nas pupilas se dilatando. Não tenho fetiche por olhos, ou seja; oculofilia – que é um fetiche muito presente em mangás ero-guros (especialmente os de Suehiro Maruo) –, mas não pude deixar de admirar a beleza d’aquele olhar frente a face do terror. Fiquei até com uma vontadezinha de sentir um globo ocular entre meus dentes, mas passou e jamais o faria porque sou fresca!

Poxa, tão lindo que tive que registrar aqui e poder excluir as imagens. Deveria ter tirado um gif! 

Enfim, a atriz que fez a protagonista em interpretação fantástica, Marilyn Burns, faleceu recentemente aos 65 anos. Foi uma interpretação realmente antológica, me deixou impressionada. Ela gritou por 30 minutos seguidos e acompanhar a personagem correndo com o assassino a um passo atrás foi angustiante por demais. Um misto de risos frouxos e tensão. Fica o registro! 

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