sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Comentários: Psycho-Pass 2 #04 – The Salvation of Job

 [A Salvação de Jó] Um brutal que trará consequências determinadas para o futuro.
Que episódio, meus amigos! Que episódio!!! Nem preciso dizer que fiquei tensa durante todo o tempo, né? Mais do que isso, minhas mãos tremiam. OH GOD! WHY?
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Ok, passada a euforia sufocante... Uma das primeiras coisas que me instigaram neste episódio foi o título “The Salvation of Job”. Job (em hebraico) ou Jó, é uma importante personagem bíblica no qual é creditada a autoria do livro mais antigo da bíblia, que possui uma natureza mais niilista que os demais – a bem da verdade, sua existência é colocada em dúvida por muitos estudiosos que acreditam que o livro tenha sido escrito por outras pessoas, não havendo prova de que ele tenha existido de verdade (enfim, estou apenas citando isso para evitar qualquer mal entendido). E qual seria a relação do personagem bíblico com o episódio? Acho que o terrorista que tomou todos da farmácia como reféns desempenha metaforicamente este papel. Se na primeira temporada Makishima era uma serpente destilando o questionamento; levando as pessoas a questionarem o sistema, Kamui é uma espécie de salvador (suas características mais elevadas até então é o amor incondicional em salvar todas as almas “perdidas”, ou seja, que tenham sido condenadas pelo Sybill, desejando criar um mundo livre para todos. Kamui é emotivo e soa como sendo sensível e benigno) que planeja liberar as pessoas e devolver-lhes a liberdade.
Um iluminado procurando salvar os demais? "Qual é a sua cor",  como comentei aqui, acredito que por trás desta indagação está a sentença de que cada pessoa é diferente, um ser individual e autoconsciente
Makishima desejava despertar as pessoas para que elas próprias tomassem consciência do que era o Sibila e elas próprias o derrubassem; enquanto Kamui aparentemente está juntando diversas informações do modo de funcionamento do sistema, justificando todas as ações que temos visto até então – se o primeiro caso resplandece até o terceiro episódio, onde ele buscava uma inspetora [e talvez uma dominator, pela teoria da Akane] e tentava manter uma conexão com Akane, o quarto traz um cenário novo, que deverá ser explorado nos episódios seguintes. Como assim ele queria ter certeza que Inspetores pudessem se tornar alvos da dominator? Hm. É uma explicação que não convence a principio, afinal, no episódio anterior vemos que a dominator de Shisui está apontada para ela. Qual fora sua verdadeira motivação por trás deste ato [isto é, se há alguma de fato]?

Voltando ao raciocínio do paragrafo anterior, todas as pessoas que surtaram até então olham e clamam por Kamui como se ele fosse um salvador. É quase um culto. O aparentemente homem de bem que de repente se tornou um criminoso neste episódio, é como Jó, que passou uma enorme provação sem perder a fé em Deus. Eu não sei o quanto disso foi realmente a motivação deste título, pode ser que seja algo ainda mais amplo, mas é o que me passou pela cabeça. A decisão final dele, de ficar e ser morto me deixou um tanto perplexa. Ao final, ele olha para suas mãos sujas de sangue e entende que o seu papel foi cumprido, mas soa como se ele estivesse com muitos pecados e sua salvação só pudesse ser obtida através da morte, ao transcender a carne – sua fé no fato de ter desempenhado o seu papel para a criação de um novo mundo parece ser encarado por ele como a sua redenção. O senso de dever cumprido que ele sentia ali frente a uma grande provação [o ato de ter cometido aquela barbárie em nome de um bem maior] é a única coisa que eu consigo ter toda certeza sobre tudo isto. Ao contrário do terrorista do primeiro episódio, este não parece alucinado, suas coordenações motoras soam lúcidas e ele demonstra estar no pleno domínio de suas ações. Ou seja, tudo o que ele fez foi realmente seguir as instruções de Kamui e provocar aquele teatro grotesco e brutal. Pensando nisto, até que ponto os seguidores de Kamui não estabelecem, de fato, um culto ao seu redor? Shisui fará parte deste culto?
Este é um episódio que traz bastante reminiscências da primeira temporada. Deficiencia de Eutress é um termo que só existe no mundo ficcional de Psycho-Pass, e naquele mundo ele toda uma razão de ser empregado desta forma. A primeira vez, que me lembro, de ter sido utilizado foi no sétimo episódio da primeira temporada, usado para descrever a doença que assolou o corpo do pai da psicopata Rikako Oryou. Naquela época, Makishima apontou que as razões da morte do pai de Rikako estava escondidas nas entranhas da sociedade. O Eustresse, um termo que realmente existe, é considerado um estresse positivo, aquele em que a pessoa não apenas possui meios de lidar com a situação, como é visto como benéfico para a saúde mental. No mundo de Psycho-Pass, as pessoas devem se manter o mais limpas possível, dando inicio a tratamentos que deixam as suas mentes tão desprovidas de estimulação que o seu sistema nervoso autônomo – o sistema que rege (estresse) ás respostas do corpo humano – atrofiado pelo desuso e o corpo cai em um estado vegetativo que não é nem vivo nem morto. É o que aconteceu com o pai de Rikako (vocês devem se lembrar dela visitando e andando com ele na cadeira de rodas no episodio 7), um infarto cerebral provocando pela deficiência d eustress, e é exatamente os sintomas que estavam levando o nosso personagem movido pela fé neste episódio.

Comentei sobre Jouka no Monshou esta semana, que utiliza de uma premissa similar a de Psycho-Pass – percebem-se os mesmos questionamentos e dilemas; um embate entre individualismo e coletivismo. O Sistema Sybil destrói lentamente a autonomia das pessoas e lhes tira a liberdade de sentir e viverem plenamente livres, sem amarras.  Para Makishima, ter zero níveis de estresse leva a uma doença que ele chama Deficiência de Eustress, que é basicamente um efeito colateral do tratamento de estresse excessivo. Isto nos leva compreender melhor o modo de agir da Kasei, agindo rápido para matar um condutor de algo que ela quer manter sobre o tapete, muito embora ela mesma duvide – e com razão – que alguém ali seria capaz de acreditar em algo como “Deficiência de Eustress”, algo que vai de encontro ao que se entende pelo ideal do Sistema, que é se manter sempre limpo, nem que para isso preciso fazer uso de medicamentos que mantenha suas matizes sob controle. Para aquelas pessoas, algo como “deficiência de Eustress” é completamente incompatível com tudo o que existe ao seu redor, é algo que mexe diretamente com o que eles entendem como mundo. Por isso, a reação de incredulidade da Mika é tão justificável quanto a da insistência alarmista de Ginoza em relação à matiz de Akane.

“O medicamente que você tem aqui mantém sua saturação sob controle. Mas, ao mesmo tempo, retira gradualmente a sensação de estar vivo de você... Vou te liberar desta cura falsa. Assim como o Kamui faz”

“Deixe o stress entrar. É a prova de que estamos vivos neste mundo.” – olha pela perspectiva deles, algo assim seria como ir numa praça publica pregar a vinda da besta de 7 cabeças e que o mundo iria acabar em determinada data pelo juízo final. Uma coisa sem fundamento algum.
Abrindo um parenteses aqui: AAAAAAAAAAHHHHH QUE GOSTOSO, QUE DELICIA, FODE MAIS! SE FODE AI SUA BABACA, OTÁÁÁÁÁÁÁÁRIA. É pra abaixar a cabeça quando for falar com a senpai!!!!!!!!!!  Mais humildade, oujou-sama!
Os efeitos deste medicamento são parecidos com a da pílula utilizada em Jouka no Monshou, responsável por inibir o emocional da população. Os resultados, certamente, deixam as pessoas mais letárgicas. Kasei só não poderia imaginar que as coisas sairiam de controle, afinal, como ela poderia prever o que estava acontecendo por baixo das cortinas? A série mais uma vez ressalta como as pessoas ficam perdidas quando vivenciam situações atípicas, ou lançando um olhar restrito àquela sociedade, quando as coisas fogem do protocolo e o modelo Sybil se torna inoperante. Mika mostrou que além disso ainda não possui capacidade para lidar com situações adversas, ela é insegura em tomar qualquer ação independente que não esteja previsto no protocolo, ela não tem um senso de individualidade aflorada – em suma, ela representa o cidadão comum. A [falta] de ação de Mika irrita porque ela tem um gênio petulante que naturalmente provoca irritação, mas a condição dela tem agravantes que depõe a seu favor; sua falta de experiência em casos extraordinários e sua mentalidade padrão [para a sociedade do Sybil]. 
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Outro exemplo é Aoyanagi. Ela vivencia uma situação parecida com a de Akane na primeira temporada. Ela sabia que a Dominator não tinha funciona na primeira vez, mas mesmo assim ela tenta mais uma vez, mesmo tendo ao seu alcance uma arma muito mais efetiva, no entanto, ela a larga e apanha novamente a Dominator. Ao fim, num gesto desesperador, ela utiliza de uma arma branca para conter o oponente, mas, mais uma vez, ela é incapaz de dar o passo seguinte e a usa apenas como uma distração, continuando com uma dominator inútil nas mãos. Na primeira temporada, tudo que Akane pôde fazer é se debruçar e chorar.

Para Akane chegar a esta postura que vemos agora, ela teve que ter sua fé no Sybil abalada completamente. Por que justiceiros são escolhidos a dedos, entre aptos e não-aptos? Porque geralmente estão numa condição mais complexa que a do cidadão comum, o que influenciará na sua forma de agir – no episódio anterior, Gino responde à Aoyanagi que o velho Gino de antes jamais beberia ou lhe ofereceria uma bebida. Em 1 anos treinando como Inspetora, podemos crer que é o primeiro caso paradoxal que ela presencia.


É uma situação que se repente e embora não seja tão magistral como ocorreu na primeira temporada, ainda considero funcional continuar a explorar este ângulo, tendo em vista que a sociedade é a mesma. Ainda assim, o espetáculo sangrento que se sucede é dramático, emparelha fácil com as melhores cenas da primeira temporada. Por fim, um episódio que será o divisor de águas desta segunda temporada, sendo um catalisador que deve mostrar [ou não] o seu valor temático. Esperemos que a partir de agora, comecem a trabalhar Mika sob um novo panorama. 

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★
Roteiro: Jun Kumagai
Diretor Auxiliar: Satoshi Takahashi 
Storyboard: Katsumi Terahigashi 
Diretor de animação: Jiemon Futsuzawa, Ryou Nishikawa, Noriyuki Imaoka 
Composição de Roteiro e argumento: Tow Ubukata
Direção: Naoyoshi Shiotani

-WOW, eu realmente gostei da animação das dominators neste episódio! Ainda é 3DCG, mas de alguma forma pareciam mais vividas. 
-O episódio dá a entender a chave por trás do coeficiente zero do Kamui está por trás desta cicatriz, que provavelmente foi fruto de uma cirurgia... será? A OP continua mudando! 

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