Comentários: Psycho-Pass 2 #06 – Those Who Cast Stones

Pela primeira vez na segunda temporada, um episódio que não me agrada tanto. Já já explico o motivo.

É um episódio bem direto e focado na ação, sem muito espaço para maiores reflexões sobre o que procede a existência dessa vez – a trama principal que abrange praticamente todo o episódio em uma única linha narrativa faz uso de um elemento clássico na ficção especulativa, muito comum na temática cyberpunk, que é o criminoso marginal utilizando o próprio sistema para ataca-lo. Quando eu disse antes da estreia da segunda temporada que tinha expectativas de que Tow Ubukata explorasse e expandisse mais o rico universo da série, era disto que eu estava falando, utilizar recursos que por questões de foco temático, acabaram não sendo utilizados por Gen Urobuchi na primeira temporada. Coisas como medicação para manter o coeficiente limpo e equilibrado, explorar os drones de defesa (sim, gente, os drones existem e ao contrário daqueles que circulam pela cidade, existem os drones de defesa que, evidentemente, portam armas, referenciado na primeira temporada, mas nunca explorado devidamente), e claro, a possibilidade de hackear o próprio sistema, afinal, por mais protegido que seja, ainda é uma tecnologia e como qualquer tecnologia, ela pode ser manipulada por mãos habilidosas. E este conceito de usar controle remoto para controlar os drones, e dar este controle de modo mascarado para as pessoas jogarem foi uma sacada sensacional – recentemente, em Gatcham Crowds esse mesmo recurso serviu para provocar pânico numa cidade inteira, e essa temática também esteve presente em Summer Wars.

É um episódio que também se situa como o fim de um arco iniciado no primeiro episódio, findando a primeira parte de uma história. Kamui enfim alcançou seu primeiro objetivo, colecionando algumas dominators, tendo a retina de uma das inspetoras como força motriz do seu plano, e agora ao que parece fugiu para o exterior, levando-as. As dominators e a Inspetora Shisui. O que fica são as perguntas e a certeza de que as Dominators possuem papel crucial na sua equação. Ele (na verdade, ela fala, Shisui) em reconstruir um novo mundo, provavelmente sem a influência do Sibila, mas como ele fará para leva-lo abaixo? E de certa forma, essa partida de Kamui se encontra diretamente à premissa do filme da série que estreia em Janeiro, que seguirá de modo linear os acontecimentos da segunda temporada. No filme, Sibila expande seus tentáculos para o resto do mundo e mediante a ameaça de terroristas, entre eles a figura de Kougami, Akane parte para exterior. E se Kamui partiu, quais serão os rumos finais desta temporada, o que vai acontecer? Togane vai surgir como o principal antagonista? Saberemos no próximo episódio, mas desde já as expectativas são enormes.

Apesar de as sequências de ação serem visualmente estimulantes, com alguns cortes inspirados, como o plano de contra-ataque aos drones seguindo uma ação estratégica lógica (ver a Akane franzininha e sem grande capacidade física foi hilário, divertido, tenso e depois ainda ela dá uma de badass feito protagonista de filme de ação empoleirada naquele cabo. Penso que o que há de mas legal na Akane, é o fato dela ser completamente diferente das heroínas padrões de temática sci-fi/cyberpunk; quer dizer, ela não é fisicamente forte nem nada e seu modo de conduta é muito certinho e suas roupas são bem tradicionais e comportadas – e bem, vi pessoas questionando que Inspetores não possuem grande força física ou saibam se defender, e isso acontece pela própria lógica daquela sociedade: quem faz os serviços sujos são os Executores, e portanto, eles é que treinam para isto; os Inspetores apenas devem se ater aos comandos, ao menos em teoria. O que faz com que as ações de Akane se choque tanto com o ponto de vista dos outros. Em suma, de porte da Dominator, a rigor eles não deveriam sofrer ameaça alguma, mas, apontar as falhas nessa linha de pensamento é a máxima da história), no entanto, o roteiro ignora várias implicações praticas que teriam evitado parte de toda essa ação.

Não estou aqui exigindo que ficção especulativa tenha uma mecânica que respeite a tecnologia real, não é isto, mas há de se questionar as próprias regras daquele mundo quando elas não são respeitadas ou surge de ultima hora limitações pouco verossímeis se vermos pela ótica daquele mundo. Por que não fizeram uma requisição à Kasei para que Shisui fosse excluída do banco de dados, que seus comandos ao sistema fossem outorgados? Aliás, depois de estar tanto tempo desaparecida sob circunstâncias estranhas após aparentemente matar um executor, porque diabos ela ainda permaneceu com plenos controles sobre uma Dominator, quando o correto seria considera-la um alvo a ser detido para investigação? E o que para mim foi o mais broxante: de onde tiraram essa merda de regra de ultima hora em que Dominators não podem dar mais de 3 tiros para desfragmentar uma máquina? Isso não faz o menor sentido, não estamos um jogo em que devem existir limitações, sabe? Limitações assim colocam a vida de pessoas em perigo e sequer faz sentido de existir naquele mundo. Tudo bem que originalmente, a primeira temporada nunca é mencionada este tipo de coisa, mas isso só mostra uma falta de imaginação tremenda e preguiça mental em criar situações de conflito, apelando para algo tão conveniente, que nem uma justificativa coerente possui. É absurdo que tenham recorrido a isto, e além do mais, pararam uma sequência de ação para dar uma explicação tirada do cú (com acento é mais gostoso), desestruturando o ritmo. Vocês não fazem ideia do quão aborrecida fiquei com tamanha estupidez e falta de tato que arruinou a construção de toda a trama do episódio, para mim.

Ainda há outras questões polêmicas, como o fato de Akane ter deixado Kamui escapar. Francamente, isso é compreensível, embora eu compreenda a certa altura do campeonato, revisitar uma cena familiar talvez não tenha sido a melhor das experiências, mas ainda assim é compreensível e Akane age de acordo com seu caráter e papel de protagonista. Ela vê a imagem de Kougami em Tougane e, obviamente, faz o que não conseguiu fazer na primeira temporada: deter seu justiceiro. Akane ainda provavelmente se culpa pelo que ocorreu à Kougami, e numa sociedade em que usar a Dominator é o que se entende por justiça e qualquer outro meio é estar tomando o julgamento para si, tudo isso é compreensível. Muito. Por exemplo, em nosso mundo, não nos é permitido fazer justiça com as próprias mãos e mesmo quando é autodefesa, você se torna o Réu (mesmo que a Justiça venha a te absorver depois, por comprovada legitima defesa). É análogo ao mundo de PP, onde a Justiça cabe ao Sibila e somente ao Sibila. Akane para se manter com seu ideal e papel de proteger a justiça, não pode simplesmente ignorá-la e partir para outros meios. Isso significaria sua quebra total, e a premissa da história ainda não é sobre isso (quem sabe no filme?). No mais, na ausência de tramas paralelas ganhando importância substancial no episódio, Saiga se mostrou formidável e incrível. É um personagem apelão, mas é incrível. E por outro lado, Akane também mostrando raciocínio rápido em lidar com situações adversas é ótimo, ao mesmo tempo em que sua forma de agir não é irreal – ressaltado quando ela fica encurralada por dois drones, e sendo prontamente auxiliada pelos Justiceiros. É esse tipo de esquema bem pensado que faz muito bem para uma história.

Enfim, só vou ter um posicionamento sobre essa segunda temporada ao final da mesma, mas espero que as coisas não desandem (sei que o episódio 4 foi bem polêmico e dividiu opiniões pelas ações do velhinho com força sobre-humana, mas eu vejo tudo o que ocorreu como muito natural, sendo que ele estava sob alta adrenalina e vitimas veem de um condicionamento social em que não utilizam a força física para nada, nem possuem aptidão para tal. Não dá para exigir verossimilhança de uma sociedade utópica com base no modo de agir do nosso mundo, há de se considerar as implicações sociais naquele contexto).

Avaliação:★ ★ ★ ★ ★

Roteiro: Jun Kumagai
Direção Auxiliar: Yuuzou Satou
Storyboard: Iwao Teraoka
Direção de animação: Shigeki Kuhara, Ryou Nishikawa, Natsuki Watanabe
Composição de Roteiro e argumento: Tow Ubukata
Direção: Naoyoshi Shiotani
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-Essa sou eu distraidamente navegando quando surge aquelas pegadinhas que em que aparece aquelas imagens horripilantes e gritos. OAKDAPODKAPODKA

-Shion estava com expressões tão lindas e fofas neste episódio que a Mika perdeu automaticamente 5 pontos no meu ranking de shippagem (bom, naturalmente eu shippo a Yayoi com Mika só para fins de perversões mesmo, prefiro a Shion!).