quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

12 Dias de Anime – #04: (Nem Tão) Linda Marinheira da Lua


12 dias de animes é uma iniciativa do The Cart Driver, até onde eu sei, embora vários modelos desta postagem povoando o blogging americano neste período do ano. Consiste-se em listar 12 momentos marcantes OU NÃO que representam cada mês do ano relacionado a anime, que acabou se tornando algo que vale a pena ser relembrado, seja por qualquer motivo, no ano em questão. Sim, é basicamente uma retrospectiva pessoal. O legal deste padrão de postagem é que se trata de um modelo bem aberto e adaptável à necessidade de cada um. Portanto, meus 12 dias de animes começa agora e termina dia 1º. Não sei se vai sair algo de interessante daqui, porque até o presente momento que estou escrevendo esta introdução, nem sequer fiz uma lista prévia e tenho a ligeira impressão que 2014 foi meu pior ano relacionado a anime; não li muitos mangás, muito menos light novels ou visual novels ou doramas, nem muitos filmes japoneses e tampouco consegui maratonar animes antigos (e ainda por cima atrasei nos atuais). Bora lá então ver o que sai disto, buscarei ser o mais sincera possível, ilustrando 12 acontecimentos que dão forma ao meu 2014.
Um dos marcos de 2014 é sem dúvidas a enfim estreia do aguardado e adiado Sailor Moon Crystal, nova adaptação do mangá clássico de Naoko Takeuchi. Era algo há muito tempo pedido pelos fãs. Eu mesma nunca achei que fosse possível, então ver a série enfim estreando foi como um sonho se tornando realidade. Como fã do mangá, também sou apaixonada pelo anime clássico produzido pelo TOEI – apesar das diversas encheções de linguiça, inconstância na animação e de tomar um caminho distinto ao do mangá, foi uma série com muitos artistas talentosos por trás, tornado de Sailor Moon um anime que realmente deve ser assistido, especialmente por todas as suas divertidíssimas gags visuais, que o tornam uma das melhores comédias que já vi em animes. Com isso, era inevitável que haveria comparações. Muito dos fãs não conhecem o mangá, fazendo do anime clássico seu único ponto de referência.

Mas, o maior atrativo desta série estava longe de ser um remake do antigo, que pode ser visto quase como uma produção original tamanha as discrepâncias, e sim como uma adaptação fidedigna do original da Takeuchi. O começo é francamente bem fraco, mas a culpa está no próprio original. O anime clássico conseguiu contornar as deficiências narrativas de Takeuchi no começo do mangá, enquanto a adaptação recente não obteve a mesma liberdade, afinal, a ideia era justamente ser uma adaptação o mais fiel possível, e principalmente destinada aos fãs de longa data. Com isso, por mais que a direção do anime realmente adapte muitas passagens e as torne mais atraentes ou dinâmicas, ainda não é perceptível ver o melhor de Sailor Moon neste principio, além do apelo temático e comentários sociais. Takeuchi é uma artista que evoluiu bastante e isto se reflete no seu próprio mangá, que também cresce (na época, não tanto em termos visuais). Em suma, é por considerar o que vem depois em Sailor Moon como algo realmente bom e bem escrito, que eu sempre desejei ver aquilo tudo animado. Depois de ter assistido todo o anime, fui atrás do mangá e me maravilhei pelo seu desfecho, lamentando não ter visto tudo aquilo animado. A arte da Takeuchi não é uma das *cof cof* melhores coisas do mundo, sabe? A estrutura das páginas são uma bagunça e as linhas do seu desenho são soltas e abertas, e há muitos diálogos e pouco espaço, de modo que as vezes se torna penoso acompanhar sua narrativa visual.

O novo anime, no entanto, surge com um valor de produção muito bom, principalmente se tratando de TOEI, que não é exatamente conhecido por seu apuro técnico. O visual da série com seus backgrounds e character design é um deleite para os olhos. Apesar disto, os episódios várias vezes apresentam erros grotescos de animação, evidenciando que se trata de uma produção pesada com um cronograma mal estruturado. Felizmente, dos males o pior, afinal tudo está sendo corrigido nas versões de BDbox. No meu caso, o que mais me decepcionou a principio foi a rigidez do character design, que é muito expressivo na série original e o oscilante tom de humor . Nota-se que a direção preocupava-se em fugir das gags visuais e aplicar um tom mais frio/comportado à narrativa, talvez para fugir do estigma deixado pelo anime clássico. É uma bobagem, pois o próprio mangá se caracteriza pelas divertidas extravagancias faciais das personagens, em especial a Usagi. Você não precisa tirar os efeitos elásticos nos comportamentos dos personagens para tornar algo mais sério ou com um clima mais “soturno”/adulto, é para isso que existe o timing. Um artista deve saber dosar cada momento. Uma comédia também precisa de uma pitada de drama e este drama deve soar verossímil, para que o humor possa atingir o seu objetivo. Na tragédia e no drama, também deve haver a autoconsciência do ridículo e do humor.

E tudo isto pode coexistir. A série com o tempo vai crescendo e a direção se mostra mais a vontade neste aspecto, mas a principio doía olhar Sailor Moon sem suas gags e aquela animação elástica que nos faz rirmos juntos de uma personagem tão boboca como a Usagi. Sim, porque depois ela amadurece e isto reflete no seu comportamento. No fim das contas, a minha inquietação ainda continua: poderei enfim ver o final da série adaptado em anime? As pessoas precisam conhecer a Sailor Cosmos! 

P.s: Aos interessados, estarei voltando com os comentários semanais de Sailor Moon na primeira semana de Janeiro. 

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