O texto já é grande o suficiente, acho que não precisamos ficar enrolando na introdução, não é mesmo? Então vamos lá.
Música: ideal white
Interprete: Mashiro Ayano
Uma abertura padrão com um bom tema musical que lhe acompanha
bem, com a composição ao fundo no mesmo tom da melodia. É o que eu chamo de uma
abertura típica ao estilo AMV, mas com excelente edição, escolhas de cada frame
e timing acertado. Não é particularmente marcante, mas é agradável e bem
produzida. Tive um ligeiro momento de não saber se colocava esta ou a de Amagi Brilliant Park, mas ao final esta me ganhou em absoluto ao chegar no refrão da
música em que o tom vocal e o ritmo da melodia se elevam, e ao fundo tem todos aqueles
pequenos cortes de ação tão empolgantes. E de um modo geral, seu storyboard se
destaca mais que o de Amagi por privilegiar desde o inicio uma crescente vibe explosiva
com imagens icônicas dos personagens e da própria cidade que nesta nova série
se torna um personagem à parte – enquanto que para mim, a de Amagi só ganha
vida já na parte final em que sua musica explode e há diversos cortes rápidos. A
de Fate ganha vantagem por sua pegada “battle” e ainda por cima, tem um pequeno
bônus com a Saber em pose e à frente de um background; que é algo reminiscente ao
true ending da visual novel. Oh desire!
Mas, minha sequência preferida é a do Shirou observando a
guerra que acontece à parte, enquanto cerra seus punhos e relembra do passado,
com sequências daquilo que foi fundamental para ele ser o que é hoje se
misturando. Em suma, essa abertura reflete perfeitamente a primeira parte de
UBW, resumida a conflitos internos e a busca da força por Shirou para superar a
si mesmo, enquanto os outros personagens movimentam suas peças; Rin solitária e
objetiva; Kirei observando de longe. No fim é uma grande disputa para ver quais
possuem as poses mais cools na abertura.
4) Garo: Honoo no Kokuin
Música: Hono no Kokuin -Divine Flame-
Interprete: JAM Project
Com arte estilizada, a abertura de Garo fascina como um belo
exemplar de animação manual bem fluida utilizando efeitos que vão se
transformando continuamente, e assim contando um pequeno resumo da história,
desde do envolvimentos dos pais do personagem título ao seu nascimento, que
surge após efeitos de água/ondas. É um trabalho absolutamente fascinante, em
que as cores soam como pinturas que ganham vida e se transformam em várias
formas. O contraste entre luz e sombras e a coloração aplicada com imperfeição
para emular uma estética real de pintura com pequenas manchas são detalhes que
conferem um charme a essa animação. Não possui grande apelo comigo, mas eu
verdadeiramente aprecio sua forma.
3) Shirobako
Música: COLORFUL BOX
Interprete: Yoko Ishida
Primeiramente o que mais me chamou a atenção nesta abertura
foi o seu mise en abyme, ou seja, narrativa em abismo, quando determinado
sequencialmento é narrativamente encaixado um no outro produzindo um efeito em
cadeia – em determinado momento as sequências seguem um ritmo progressivo sem
perder a conexão com a anterior: do pincel seguro por uma personagem nasce uma
linha e dessa linha nasce um novo cenário, agora com uma outra personagem
sentada em sua cadeira [exaurida], que quando desperta [assustada], arregala os
olhos e então a câmera se distancia através de um circulo e zás, o cenário se
transforma novamente, mas antes que tenhamos tempo para percebe-lo com calma,
ele novamente se transforma, pois a câmera continua se movendo em seu sentido
de continuísmo e nos traga novamente através de uma figura circular, fechando
em nova figura circular que logo ficamos sabendo se tratar de um microfone. É
um jogo temático visualmente estimulante e frenético, caracterizando cada
personagem por seu instrumento de trabalho. É uma abertura simples, com música
tema pop esquecível, mas harmoniosamente agradável, se integrando bem ao que
vemos ao fundo.
Tirando o momento citado acima, não há muita extravagância
em sua composição, a direção e o desenho de storyboard optam por sequências
rápidas, bem animadas (tanto no sentido de fluidez de movimentos como de alto
astral) e com diversos frames reutilizados, mas que são orgânicos e eficazes em
refletir uma atmosfera contagiante e de integração entre os personagens, algo indispensável
no trabalho que fazem e inerente na premissa de amigas que seguem caminhos
distintos para um dia quem sabe realizarem um sonho em comum. Os cortes
mostrando o cotidiano dos personagens seja no trabalho ou no laser e a forma
como uma cena se funde a outra é tão agradável de assistir. Há uma leveza que
contagia e te faz querer ver toda a abertura do inicio ao fim. Ao menos comigo
funciona sempre. Certamente o clima de trabalho, apesar de toda a descontração,
não é tão alto astral assim, afinal os prazos são apertados e ninguém tem muito
tempo livre numa rotina destas, mas para uma série que lida com animação e
sonhos, não há duvidas que é a atmosfera ideal para apresentar seu elenco de
personagens e um vislumbre do tema da premissa. Eu realmente adoro essa
abertura. Ela é o reflexo da música tema, uma caixa colorida saltando seu
conteúdo para fora.
2) Shigatsu wa Kimi no Uso (Your Lie in April)
Música:
Hikaru Nara (光るなら;If You Will Shine)
Interprete:
goose house
Desenhos de
storyboard criativos seguindo uma estrutura padrão de aberturas de animes. No
caso, a abertura de KimiUso utiliza todos clichês ao seu favor, desde a
apresentação dos personagens [com uma cena divertidíssima de uma personagem
escorrendo e caindo logo no inicio] à reutilização de quadros do anime. A
edição faz um trabalho realmente excelente em dar vida e propriedades próprias
a diversos conceitos presentes nesta abertura. Observe, por exemplo, como os
quadros reutilizados são fundidos a outros com novos fundos ou mesmo os quadros
estáticos, que ganham um novo traçado estilizado especialmente para a abertura,
ressaltando ainda mais o valor estético da arte da série, que é linda e
detalhada. Os poucos cortes originais também são muito bem encaixados na
pequena narrativa – a garota descendo dos céus e caindo nos braços do
protagonista possui um giro de câmera que torna tudo mais mágico e estimulante
nesta cena.
O ritmo é alucinante e com um timing cronometrado, com cada
corte acompanhando ritmicamente o som da melodia. Gosto especialmente do som
dos instrumentos de sopro, que retumbam suaves e imponentes, se destacam entre
a melodia, e é no momento em que mais se destacam que ocorre o melhor corte da
abertura, com o casal de protagonistas dançando nus entre as notas –
simbolicamente representando seu estado de espirito livre e leve ao entrar em
contato com a música, que por sua vez é uma força que sintetiza o mais abstrato
no interior do ser humano. É uma abertura linda e pulsante em energia, essa é
daquelas que eu nunca pulo.
Música: Enigmatic Feeling
Interprete: Ling Tosite Sigure
A abertura que me mecheu com os sentidos de muita gente! Não
seria equivoco afirmar que é mais bem pensada que o lixo tóxico da segunda temporada
do anime. As aberturas de Psycho-Pass possuem o mérito de sempre fugirem do
convencional, e mesmo que esta seja menos original em comparação às duas
anteriores, sua composição e alta precisão no timing da montagem é de grande
apuro técnico. Masashi Ishihama criou os storyboards, dirigiu e animou as
sequências em 2D – com várias aberturas no currículo, ele demonstra domínio na
função. A princípio seu trabalho poderia ser confundido com uma simples edição
muito bem feita e composta, mas um olhar mais próximo e se percebe facilmente que
há bastante imaginação na sua narrativa em estrutura elíptica, é tudo bem
pensado e interligado, em uma mini-narrativa que brinca com signos visuais, com
imagens que diluem e se transformam e se confundem. Os quadros chaves
reutilizados entram aqui como peças no tabuleiro, se misturando que ajudam a
criar a atmosfera enigmática na primeira parte da série, capturada com maestria
por Ishihama.
Fica claro que a música tema composta novamente por Ling
Tosite Sigure veio antes. Não é ela que acompanha o ritmo da animação, mas a
animação que segue a performance enlouquecida e tunada da banda e a velocidade
sua batida. Ou seja, é uma abertura que foi desenhada por cima. As vezes isso
não é tão obvio, como também o trabalho pode se mostrar mais mecânico que
imaginativo, uma espécie de AMV com boa edição. A de Psycho-Pass 2 vai além, conta
a temática da série em apenas 1 minuto e 30 segundos em um resumo bem pensado. Por
um bom tempo, se manteve nervosamente instigante, apresentando novos detalhes
[ou simplesmente borrões] a cada novo episódio. Ela tem um forte apelo estético
comigo, me chama a atenção a forma como ele coloca alguns dos personagens em
determinadas situações. Ao contrário das demais, é uma abertura que vai
continuar no meu consciente por muito, muito tempo.
#LIXO
Akatsuki no
Yona (Yona of the Dawn)
Música: Akatsuki no Yona
Interprete: Kunihiko Ryo
Eu já estava francamente pronta para escrever sobre outra, ontudo,
ao bater os olhos nesta magnifica abertura não pude me manter indiferente. Isto
é que eu chamo de minimalista pegada pós-moderna, inspirado no que há de melhor
na grife artística do SBT. É no mínimo inquietante, antes de completar um
minuto eu já estava implorando para que Godoka descesse dos céus e me
libertasse. Um trabalho incompreendido muito a frente do nosso tempo, é uma pena
que eu ainda não tenha desenvolvido a sensibilidade necessária para apreciar
isto. Eu costumo comentar sobre aberturas mornas e passivas que não inspiram
nada, sem criatividade ou preguiçosas, mas essa transcende tudo.
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