domingo, 22 de março de 2015

Comentários: Death Parade #11 – Memento Mori

Aquele momento em que olhamos pra morte e ela nos olha de volta... 
Comentário Anterior; Death Parade  #10 – Story Teller

Memento Mori (“lembre-se de que você irá morrer”, ou “lembre-se que és mortal”) é uma citação usualmente utilizada para ressaltar a efemeridade da vida. Ou seja, que esta é passageira. Transitória. Historicamente, muitos historiadores defendem que sua origem, embora sem comprovação documental, tenha se dado durante o momento de triunfo romano, muito representado em filmes, em que o comandante romano vivia um momento de glória suprema ao desfilar sua vitória e exercito ante seu povo. Era quando um escravo se aproximava e cochichava em sue ouvido “memento mori”. 

Obviamente isso se parece mais com aquelas máximas que vão sendo transmitidas de geração em geração, com significados repletos de sabedoria, mas veracidade nula. Tanto faz. A frase se tornou notória na idade média, especialmente entre as pessoas mais conectadas com o aspecto espiritual humano – trapistas durante o período medieval, por exemplo, se cumprimentavam utilizando a expressão memento mori. O que importa é o seu significado. Embora, eu veja muitas pessoas usando-as com uma conotação que considero muito grosseira ou equivocada. Como se o fato de que tudo em relação a vida terrena ser passageira, implicasse na abnegação do esforço pela superação e a luta contínua pelo melhor – afinal, para quê sofrer tanto se tudo é passageiro e sem valor? Ué. A sua transitoriedade não diminui sua beleza nem seu conteúdo, nem a dor, nem nada. 

Oras!! O valor está justamente ai. Você só tem uma vida a ser vivida. Uma vida que é relativamente curta e com muitas opções de escolhas que irão te atirar em direções opostas, de algo que irá definir parte de sua vida e do seu ser. É como Mayu disse para Ginti. E daí se ela não conseguia compreender a porra de um significado completamente abstrato? FODA-SE! Ela viveu plenamente e intensamente, legitimamente consciente de suas ações. Ela não foi governada e com o destino definido por uma entidade superior. Ela, Mayu, escolheu seu próprio caminho e viveu da forma que achou melhor. Da forma que se sentia melhor naquele momento. Ela viveu uma vida plena. Ela pode não saber colocar em palavras, mas intimamente compreende isso. Do meu ponto de vista, suas ações são estupidamente tolas. Sua idolatria a alguém como aquele cara é de uma babaquice sem fim. Mas e dai? Isso é comigo. As pessoas sentem diferentes e o que é sem sentido e estúpido para mim, pode ser genuinamente significativo para outra pessoa. Por isso... Foda-se.
O que eu quero dizer com isso, é que saber que sua vida está passando rápido e que você irá morrer, dá muito mais peso a sua existência. Parece tolice, mas poucas vezes durante o vai-e-vem da correria diária paramos pra refletir sobre essas questões e acabamos não valorizando muitos momentos de nossas vidas. O que sobra então são sentimentos de arrependimento por não ter feito isso. Não ter dito aquilo para aquela pessoa e agora não ter mais uma oportunidade para isso. De fato vivemos como se nunca fossemos morrer. E de repente o baque quando a tragédia nos ocorre, como aconteceu com Chiyuki. Neste caso, mesmo que saibamos que é inevitável, o choque e a recusa em acreditar sã0 os mesmos. 

O momento de triunfo, em que um comandante desfilava com seu exercito para o povo romano era um momento muito especifico. Para poucos. Daí sua importância e valor. Era considerado o momento máximo na carreira de um comandante/general. A frase dita pelo escravo – creio eu – tinha a intenção de lhe trazer a humildade necessária e a sabedoria para lidar com aquilo – que a vida é feita de altos e baixos. De momentos. Você está vivendo sua glória aqui, mas é inevitável que tudo desmorone em algum momento. Saber disto não torna o evento menos traumático e complicado, mas certamente é algo que vem em auxilio, de certa forma, à superação necessária. 
Chiyuki viu na patinação tudo o que consistia a sua vida e as suas inter-relações – na sua ausência, tudo começou a desmoronar. Até mesmo o que deveria lhe ser fundamental, que eram as relações, que aparentemente lhe eram tão caras. E ela não pôde superar a incapacidade de patinar novamente, acabando com sua vida. Acontece, embora seja sempre triste reduzirmos nossas preciosas vidas a algo especifico ou alguém, sendo que somos capazes de tantas coisas muito maiores. Num ato desesperado, a morte é o alivio imediato. Mas também definitivo. Não é um tanto assustador? Porém, quando se sente devastado, tudo o mais diminui e perde o significado, sendo este o grande perigo. O que mais me chocou depois de tudo que Chiyuki passou, é que mesmo depois ela ainda não pôde compreender tudo que se passou. Há algo de nebuloso em torno do seu passado, que aparentemente deverá esmaecer no próximo e último. 

Enfim, foi um episódio muito atmosférico e bonito. Sensível. Toda a sequência de patinação entrelaçadas com os flashbacks de Chiyuki, somados à fluida e belos movimentos de animação e a trilha sonora, foi de uma direção que demonstra confiança em segurar o time e criar aquilo que cinéfilos adoram chamar de mise-en-scène, que é o cenário e a montagem em torno do personagem e o quanto este engrandece o seu aspecto emocional. Foi um bom episódio, mas ele ainda não está completo, de modo que não posso senti-lo plenamente – preciso do próximo. É o tipo de episódio que teria uma execução muito melhor se fosse duplo. Por outro lado, a trama de Mayu tem um desfecho belíssimo e esplendido, ainda que triste e injusto. Como a vida. Interessante é o peso moral que sua decisão implica, já que por mais que ela pudesse escolher um sujeito [muito semelhante ao Light de Death Note, talvez em uma referência indireta referente a sua índole], ela se recusa a fazer a escolha, sendo atirada no abismo abraçada ao ídolo. Obviamente Ginti verá este ato como uma grande tolice. Como realmente é, se pensarmos com os olhos lógicos de uma máquina ou criatura inumana. Eu, no lugar dela, jamais me lançaria ao abismo por pessoas como aquelas. 

Em tempo, o que Death Parade tentou expor com todo este lance de vazio e reencarnação como únicas verdades, é em síntese representado por este episódio. Ginti não pode compreender a existência humana; afinal, você só compreende algo de fato, quando pode vivenciar aquilo. Então, por mais que Decim seja sensível e tenha estes arroubos, ele ainda se sentirá perdido. A melhor resposta fora dada por Mayu, e diz muito sobre o que discutimos no post do episódio 7, em relação a essência da vida. A Decim e Ginti não foram dados o livre arbítrio de viver uma vida da forma como eles queiram, e assumirem a responsabilidade disto. Se relacionado com Chiyuki, Decim parece bem mais próximo de alcançar um estado independente, mas Oculo não parece disposto a tolerar isto... 

Avaliação:  ★★★★
Staff do Episódio
Roteiro: Yuzuru Tachikawa
Storyboard: Jun Shishido
Diretor de Episódio: Jun Shishido
Diretor Chefe de Animação: Shinichi Kurita
Diretores de Animação: Kyong Nam Ko, Masanori Shino

-Muito cuidado ao aceitar bebidas de estranhos.... e... até de certos conhecidos...
-,,, você nunca sabe onde poderá acordar depois!
-HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA OVULEEEEEEI NESSA CENA, A EXPRESSÃO DA CHIYUKI PRO DECIM FOI SENSACIONAL!!!! ~Vai rolar romance~

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