Ontem (20/04/2015, nem é mais ontem, mas deixei assim mesmo...) eu estava aproveitando o dia de folga porque hoje eu teria que estudar para uma prova na quinta, e olhando mangás aleatoriamente no Bato.to, vi que o Hachimitsu Scans (Inglês), tinha acabado de finalizar um mangá de 5 volumes. O Hachimitsu é um scan que conheço desde os primeiros projetos e ele é especializado em mangás com temáticas Trap/Gender Bender, e se você é um leitor assíduo sabe que tem um post meu sobre isso. Tanto que os primeiros projetos deles foram Usotsuki Lily, que já comentei por aqui e Kuragehime que é um mangá da Higashimura Akiko, também autora do mangá que estou comentando hoje.
Não, esse mangá não é de Gender Bender, relaxem, na verdade ele foi uma surpresa para mim pois é uma Auto-biografia, nunca tinha lido um mangá assim antes:
"Esta é uma autobiografia que conta a história de Hayashi Akiko, começa com a autora quando ela estava em seu terceiro ano do ensino médio. Através de sua amiga Futami, Akiko começa a ir para uma aula de arte liderada por Kenzou Hidaka, um professor intimidante que gasta muito do seu tempo a gritar com seus alunos e mantê-los focados, com o uso de uma espada de bambu, em desenhar. Akiko fica inicialmente confusa com o comportamento do professor e seus colegas na classe, mas ela continua indo independentemente, tornando-se a autora manga que ela é hoje."
Akiko era uma garota que acreditava demais no seu talento, cheia de auto-confiança, que achava que iria conseguir facilmente tudo que queria sem muito esforço, porque ela era um "gênio". Mimada, desinteressada, preguiçosa, passava seus dias lendo mangá e dizendo que seria uma mangaká sendo que nunca tinha tentando desenhar nada no estilo mangá até então, passando seus dias fazendo skets no clube de arte da escola e nunca terminava-os. Até se ver diante de uma realidade de que ela não era a única "gênio" por ai, na verdade estava mais pro mesmo que muita gente, e no meio do desespero da realidade, o sensei estava ali para guia-la.
A aulas eram na própria casa do sensei, muito longe da casa dela, cerca de 1 hora de ônibus, 5000 yenes por mês, 3 dias na semana e o fim de semana inteiro, era um estilo bem espartano de dar aulas, de 8 da manhã até 10 da noite, só desenhando, ao mesmo tempo que levava gritos ou até tapas com a espada de bambu.
Hidaka-san era um homem rude, meio violento e mal educado e meio idiota, não no sentindo ruim, ele era considerado "idiota" por no fundo ser um cara gentil e que acreditava sempre nas pessoas, se esforçava ao máximo, mesmo quando o valor das suas aulas era muito pouco, para ajudar seus alunos. Idiota porque as pessoas podiam simplesmente se aproveitar dessa generosidade, mas acho que durante vida, ele se envolveu mais com pessoas boas do que ruins, dizem que aqueles que são bons atraem outras pessoas boas.
Eu li o mangá e precisava escrever sobre ele, mesmo sem nem ao menos saber ao certo como abordar uma história assim, até porque a intenção é ser uma história verídica, e eu sinceramente acho que o mangá foi uma grande homenagem ao Sensei, do que ela realmente querer contar sua própria história, talvez as duas coisas.
Esse tipo de relato realmente me emociona, até porque professor não é uma profissão muito almejada aqui no Brasil principalmente pelos baixos salários, já que para ser um bom professor é preciso perder muito tempo estudando, é uma vida de estudar e passar o que aprendeu adiante, é uma profissão que é feita para se relacionar diretamente com pessoas, e não é nada fácil.
Eu sei porque meu pai é professor, e eu sempre vi meu pai no escritório corrigindo provas, trabalhos, fazendo apostilas e editando aulas. E eu sabia que mesmo ele sendo muito rigoroso com os seus alunos, que sempre o temiam, ele estava pensando neles, e já vi muitos desses alunos agradecendo-o depois. E por isso eu sempre respeitei muito meus professores.
Então ver a relação que a Akiko teve com seu professor, e como ele foi importante em sua vida em diversos momentos decisivos, realmente me emociona. Pareciam uma família. Conhecer as pessoas certas realmente podem mudar a sua vida. E ver a relação deles evoluindo conforme os anos, é comovente.
O mangá conta toda sua trajetória desde o ensino médio, passando pelos anos de faculdade, o primeiro emprego, até ela se estabelecer como mangaká. Foi uma vida relativamente difícil, principalmente pelas más escolhas durante o caminho, onde em vários momentos ela se sentiu envergonhada e sem conseguir encarar seu professor que se mantinha sincero e acreditando nela como uma boa aluna, enquanto ela faltava as aulas e não fazia seus trabalhos para sair para beber e ir para festas. Ela era jovem e cometeu vários erros de percurso, mas a vida é assim não é verdade?
Porém, não importa quantas vezes ela tenha deixado de atender seus telefonemas, ou de visita-lo em casa, evitado mandar cartas, nem dá um sinal de vida sequer, quando finalmente ela tinha que encarar a realidade e ir vê-lo, o Sensei sempre a convidava para tomar um chá como se nada tivesse acontecido, tudo que ele exigia dela é que desenhasse já que aquele era o sonho dela.
Porém, não importa quantas vezes ela tenha deixado de atender seus telefonemas, ou de visita-lo em casa, evitado mandar cartas, nem dá um sinal de vida sequer, quando finalmente ela tinha que encarar a realidade e ir vê-lo, o Sensei sempre a convidava para tomar um chá como se nada tivesse acontecido, tudo que ele exigia dela é que desenhasse já que aquele era o sonho dela.
E ao mesmo tempo me entristece ver a medida que os monólogos vão passando, o quanto ela se arrepende de muita coisa que escolheu. Eu também me arrependo de muita coisa, mas é basicamente de coisas que eu DEIXEI de fazer, eram apenas duas escolhas, fazer ou não fazer. No caso dela eram dois caminhos distintos que não tinha como ela fugir, escolhendo um deles ela iria causar problemas no outro, e é nessas horas que a experiencia te ajuda na escolha, mas isso era algo que ela não tinha, ela era jovem.... E para dizer a verdade, isso é algo que eu tenho bastante medo também, acabar me arrependendo de algo que eu escolhi, porque na época eu não entendi o que estava fazendo... mas a vida é assim... é por isso que nossos pais não querem que cometemos os mesmos erros que eles, mas a sua vida nunca será igual a dos seus pais para que você possa sobreviver a ela sempre fazendo as escolhas certas, vai chegar uma hora que ninguém vai poder te ajudar a decidir e você tem que fazer sozinho, e você vai errar...
Acho que é uma história que serve de exemplo para muita coisa, e que vale a pena ser passada adiante, não é atoa que foi a vencedora do 8th Manga Taishou agora em 2015. E no momento estou tão cheia de "Mixed feelings" que nem sei sobre mais o que dizer, e ao mesmo tempo sinto que o que já está escrito não foi o suficiente. Devo dizer que chorei em quase todos os 34 capítulos... E só de lembrar já surgem novas lágrimas, deixando claro que eu sou muito mole com essas coisas.
Higashimura Akiko recebendo o Manga Taishou Awards
Nota: 09/10
Autora: Higashimura Akiko
Volumes: 05 (finalizado)
Revista: Cocohana (Shueisha)
Demografia: Josei
Página: MU
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