De vez em quando surgem umas editoras biscateiras querendo investir no filão de mangás, com lançamentos de qualidade suspeita. Elas aparecem e desaparecem assim, num piscar de olhos com seus mangás desconhecidos. Numa dessas acabei pescando esse mangá aqui. Texto escrito e postado originalmente no blog shoujo-ai KaS, em 2011 – é muito tempo, minha escrita evoluiu, mas ainda gosto desse meu post, então resolvi repostar aqui.
Olá meninas e meninos! Por pouco eu não passo mais uma semana sem postar aqui e ainda que eu tenha que ter adiado os planos de postagem que eu tinha, sempre há alguma coisa FANTÁSTICA a se comentar sobre o maravilhoso universo Yuri. Estou enganada? Meses atrás, pescoçando (aka, dando uma olhadinha) na banca de jornal, na sessão de mangas, dei de cara com um com duas garotas na capa. Pow minna, minhas anteninhas de vinil ressoaram na hora, eu sinto cheiro de hormônios yuri (EIN? O_o’) de longe!!!
Duas lindas personagens na capa, uma loirinha com arma na mão e uma morena em posição de ataque, me fez ficar curiosa e pegar o mangá para conferir a sinopse. Tinha potencial, mas havia um problema. Aliás, dois problemas: Primeiro, o título, “Tantric Stripfighter Trina”, segundo, a editora Online. É uma editora não muito bem vista nem no meio otaku e nem sequer no meio normalfag.jpg e o pior é que esse receio se justifica só de você bater o olho nos mangas da editora. O papel é aquele estilo jornal que estamos acostumados, mas com uma gramatura bem inferior ao utilizado pela Panini, por exemplo. Como sabiamente disse a Allena, em sua resenha no Jbox em um dos mangás dessa editora, pude comprovar que realmente dá pra ver perfeitamente o que está do outro lado da página e que se bater um vento, o mangá sai voando facilmente. A capa é molinha e a aparência não dá ânimo algum, mas e ai? Há alguns momentos na vida de uma garota em que ela precisa assumir alguns riscos (sentiram o drama?). Encarei o desafio e resolvi levar o mangá pra casa e "tirar a prova".
Passar vergonha por estar comprando isso já nem passo mais. O problema é andar com isso na rua. Enfiei na bolsa, mas chegando em casa, acadei "dando mole" e meu pai pegou. Foi uma situação tensa, claro, e tive que usar minha lábia e mostrar que era só mais um daqueles mangás "normais" que eu sempre comprava. Convenci ele e decidimos omitir o ocorrido de minha mãe, que tem sua própria visão peculiar sobre o mundo.
Mas e o mangá, valeu a pena ter gastado 10 Dilmas naquilo? Olha, pela qualidade física, de forma alguma, mas pelo conteúdo, com certeza. E há Yuri? Não há Yuri explicito, mas tem Shoujo-ai aos litros. Tantric Stripfighter Trina se foca na saga de Trina Devi em busca de vingança contra a organização governamental, a CROWN, e seus apoiadores, uma organização religiosa chamada COG. Pacifistas. O planeta natal de Trina, Rama, foi completamente dizimado. Trina que perdera sua família, que fora executada barbaramente diante dela, foi a única que conseguiu se salvar ilesa e agora, anos depois, busca se vingar daqueles que causaram a extinção do seu povo.
A história é uma ficção cientifica, regada com toques apocalípticos. Apesar do título sugestivo e da – dispensável – tag de “impróprio para menos de 18 anos”, não há nada de apelativo ou muito explicito. A trama da história se passa num futuro distante, onde viagens espaciais de um planeta ao outro, eram praticas bem comuns e com isso, diversos planetas são colonizados, por exemplo, por um único governante. Um desses planetas foi Rama, onde seus habilitantes eram adeptos do tantrismo (Tantra ou yoga tântrico), uma filosofia/doutrina criada na Índia no século VII, onde os adeptos reúnem um conjunto de práticas que preparam o corpo e a mente para aumentar seu conhecimento sobre si mesmo e tudo que o cerca.
É uma arte bem sensual e daí vêm todas as nuances eróticas contidas no manga. Os habitantes de Rama fazem uma fusão entre artes marciais e a sensualidade do tantrismo e Trina, agora uma guerreira tantrica, faz uso de toda sua sensualidade e as técnicas de batalhas para alcançar seu objetivo. Ela se veste como um stripper e se trata de um excelente disfarce, onde ela acaba passando “despercebida”, como uma inofensiva garota da vida. E isso é bem legal viu, ela faz umas expressões perfeitas, bem sensuais mesmo e sem cair na vulgaridade. Quando se arma para a luta,fica quase despida (@_@), mas os detalhes são omitidos, seja com uma estrelinha nos seios ou retalhos de panos.
E a história começa bem assim, com Trina trabalhando em seu “bico”, indo atrás de um bandido com a cabeça a premio, Salvo. Ela tem como companheiro, um robô chamado Bonds, que lhe passa os dados de bandidos procurados e toda informação disponível no sistema, que possa lhe ser útil nas caçadas. Nessa primeira parada, para conseguir capturar o Salvo, Trina precisa encarar várias mulheres. Ela derruba todas, seja no punho ou as deixando loucas de tesão (LÒÓL). Calma ai, Trina possui várias habilidades, assim como variadas artes marciais a sua disposição. Uma dessas, é a possibilidade que ela tem de estimular todos os centros de prazer no corpo do adversário, com um simples toque, por exemplo, no rosto.
E é aqui, já nas primeiríssimas páginas que fui recompensada, onde Abbey, ou melhor, Abigail Chromantsky,uma habilidosa caçadora de recompensas, que possui partes cibernéticas no corpo, é abatida juntamente com as outras, por Trine. Abigail se molhou toda, se é que vocês me entendem, daí ficou gamadona em Trina, não descansou até conseguir reencontra-la novamente e de tanto insistir, se tornou sua parceira. Esse foco no “relacionamento”das duas, meio que fica em segundo plano, mas é muito lindo vê-las juntinhas e a Abigail é tão descaradinha, tão fofa e malandra. As duas funcionam muito bem juntas e cada qual com sua habilidade combativa.
A história principal se desenvolve de uma forma bem dinâmica, onde os autores capricharam nas cenas de ação bem detalhadas, com muita pancadaria entre garotas, lutas envolventes e tiros para tudo que é lado. Fora o brilhante trabalho feito em cima da intolerância religiosa. O fator motivacional das mocinhas é bem claro e convincente, enquanto uma deseja ficar frente a frente com mandante da execução do seu povo, a outra quer apenas ficar ao lado da garota que lhe gerou imensa curiosidade. Curiosidade que a fez despertar para um novo sentimento... WOOOOOOOOW!
Bom, eu falei que Tantric Stripfighter Trina era um manga, mas foi só questão de costume, na verdade se trata de um OEL (HQ’s que seguem o “estilo” mangá e são publicados originalmente nos EUA - A leitura é segue o padrão ocidental), publicado originalmente na editora TOKYOPOP, que encerrou suas atividades nos EUA. Tantric Stripfighter Trina termina com um aviso de “continua”, o que é uma pena, pois acaba deixando algumas questões em aberto. Na verdade, eu sinto mesmo é por não ver no que vai dar o lance da Abigail e a Trina. Com a excelente arte do argentino Fernando Furukawa e roteiro de Ken Faggio, Tantric Stripfighter Trina não foi uma perda de tempo. Valeu ter comprado e conhecido a irônica, divertida e legal Abigail, juntamente com sua parceira, a sensual e séria, Trina. De brinde, uma história bacana.
*E ao menos ele é bem resistente, abrir o mangá inteirinho na escaneadora e continua perfeito.*
Editora: Online
192 paginas
Preço: R$ 9,99
Formato: fmt - p&b
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