Fate/Stay Night: Unlimited Blade Works – #22: Winter Days, A Long Way Home

Dias de Inverno, Um Longo Caminho Para Casa

Déjà vu. É a impressão que este episódio deixa em muitos.

Com mais 3 episódios de frente (ao menos que eles estejam com planos de incluir algum OVA nos BD), a série parece se encaminhar para True Ending da rota original, ao invés do Good Ending, que é a versão normal. E o que isso significa? Bem, vamos descobrir, mas eu penso ser uma coisa boa, caso se confirme, e que dará uma faceta de ineditismo interessante à série animada.

Em relação a sensação de “já vi isto antes”, a metaforização dos golfinhos aludido à relação sexual existente no original como fonte de compartilhamento de poder entre Rin e Shirou, e o flashback que se segue deverá bater forte em muitos. O que dizer? A imaginação de todo o cenário poderia ter sido melhor conduzido – não me entendam errado, a sequência inteira é bem da bonitinha, cheia de charme e constrangimento cômico pelas reações afetadas de uma Rin muito mais levada para o lado agressivo-meigo/passivo-agressor que em todas as versões anteriores, mas é um lugar comum em que além de não se revelar nenhuma evolução na maturidade de ambos neste romance mais do que obvio (a cena original também é péssima, que fique claro), soa também com um propósito vazio de snetido. É ridículo o quanto sugestiva fica a alusão na reação dos personagens quanto ao ato sexual, e ao mesmo tempo que se usa a desculpa de melhor transmissão de poder através do mínimo de roupa, eles mal se tocam; Rin apenas toca no peito dele, com a ponta dos dedos e a palma da mão, e no entanto, o cenário em volta é construído sob um contexto de implicação sexual, mesmo que não haja entre eles nem ao menos um beijo. É um fanservice em meio a um conservadorismo exagerado que não acrescenta nada, e vai de encontro à idéia inicial da nova série, em ser uma reimaginação pra alguns eventos, entre eles, idéias toscas – curiosamente, estas acabam permanecendo intactas.

GAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOOO

No original, contudo, as regras do mundo são respeitadas. A relação de sexo para mana pode não ter uma das melhores execuções, mas é assertivo com todo o contexto e normas internas, enquanto que aqui transferência de emblemas familiares são tratados com uma simplicidade inexistente na descrição original – falo isso em um plano mais pessoal, porque na verdade eu acredito que são detalhes não tão relevantes para o Nasuverso, afinal, uma mídia de anime é por natureza mais limitada. E é exatamente por essa simplicidade maior, que poderiam imaginar mais na adaptação dos fatos, ao invés de se limitarem em ficar em uma zona segura. Mesmo porque, tudo isso não é idéia original da equipe de produção do ufotable, o próprio conceito dos golfinhos já existia em CGI no adaptação do estúdio Deen, que por sua vez aludem ao conceito implantado na versão para todas as idades Realta Nua da visual novel de FSN – nas primeiras edições do relançamento (dizem que isto foi alterado nas versões recentes, com a volta das cenas de sexo, não sei ao certo se é verdade).

Outro aspecto contraditório é que, Shirou ao adentrar nas memórias de Rin, faz um passeio por diversos eventos emblemáticos, que notamos ser os acontecimentos mais marcantes da vida da garota – a trajetória familiar trágica, assim como o fato de que desde muito cedo, ela sempre observou Shirou (na verdade, essa é outra sensação de “já vi isso antes”, pois originalmente é Sakura quem se apaixona e o observa há muito tempo, enquanto que o voyeurismo de Rin para cima de Shirou é um tanto mais vago, mas dá-se a entender que começa justamente por causa da proximidade dele com Sakura, de quem fora separada muito jovem), e no entanto, Sakura é completamente ignorada dessas memórias – por razões obvias, afinal Shirou deve seguir desconhecendo alguns fatos, mas é um tanto contraditório, por ser essa uma memória marcante na vida e formação da Rin. E por todo o contexto visualizado ao final de Fate/Zero e a sutil maneira como o anime tenta se colocar como uma sequência, essa menção ausente se faz notar ainda em maior profundidade.

não sei quem montou isso, mas foi uma observação afiada

Um tratamento bacana que se notou durante toda UBW anime e que em seu ponto alto neste episódio, é a forma como desenvolveram unilateralmente a subtrama da Saber, iniciada, por assim dizer, em Zero, dando a ela um fechamento digno, que funciona maravilhosamente bem como arco dramático, pois dá uma volta e enlaça as pontas soltas do seu drama deixadas em aberto por Zero, e lhe dá uma resolução. No original, Saber é obviamente mais ausente em presença emocional, mas em anime isso seria uma abertura não muito atraente, dado as implicações já citadas anteriormente, e além do mais, vê se de forma sólida uma importância emocional dela em torno de todos os acontecimentos e entrelaçamentos com os personagens. O passeio dela pela mansão Emiya, a visita ao velho barraco onde ela fora invocada pela segunda vez, a conversa doce em forma de despedida e os sorrisos silenciosos que ela mostra, são momentos sublimes. Percebemos que ela está se despedindo, que enfim chegou a uma resolução consigo mesma – o que é completamente aceitável levando em conta as similaridades entre ela e todo o conflito do Shirou e seu ideal/Archer.

Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Kazuharu Sato
Diretor do episodio: Takuya Nonaka
Storyboard: Takuya Nonaka
Direção de Animação: Masatoshi Tsuji, Takayuki Mogi
Direção: Takahiro Miura

-A mesma cena, na versão Deen. FAAAAITOOOOOOOOOOOOOOOOOOO escolham suas preferidas.

-mas nesta não tem a Rin sendo amorzinho!

-Rin e Shirou, ufotable censored

-Shinji parece estar se divertindo!!! OSKAPOSDKASPODKASPOD

-Golfinhos são legais, mas perigosos! Simbolicamente, sua imagem é muito utilizada por sua ligação espiritual e seu estado de harmonização e de interligação do amor. Além disso, ele é um animal“psicopompo”, do grego “psychopompós”, união dos termos “psyché” (alma) e “pompós” (guia). Ou seja, é um conceito até interessante que respeita a essência original, apesar das contradições do processo.