Comentários: Gakkou Gurashi #02 – Memórias

Nunca a escola soou tão perigosa, quanto aqui. 

Ao dar play em Gakkou Gurashi e ver um universo colorido de garotas meigas contrastado por sombras nebulosas e criaturas bestiais à espreita, bate uma sensação de apreensão – é um misto de receio, com incredulidade e curiosidade. São impressões despertas em tudo que lhe parece novo e desconhecido. Esse foi um dos motivos de eu ter me deixado seduzir por Gakkou Gurashi e tê-lo pego para comentar semanalmente mesmo tendo animes na temporada muitos mais populares entre o publico alvo do blog, como Gangsta e Ranpo Kitan (e também são séries que eu teria muito mais a dizer, a princípio). Mas Gakkou Gurashi representa uma aventura, e eu gosto de aventuras, justamente por ser algo que tende a fugir do seu controle pessoal. Na verdade até agora o que Gakkou Gurashi apresentou não foi de nenhuma surpresa para mim, pois eu já conheço o mangá de longa data, e embora ainda não o tivesse pegado para ler, sei o suficiente para ter uma noção da obra. Então, as bandeiras sutis e construções deixadas na introdução do episódio anterior sobre a real natureza do enredo não passaram despercebidas, mas também não jogaram com o meu psicológico – motivo pelo qual talvez eu tenha me prendido tanto no aspecto visual de tudo.

Este contraste é um tanto instigante. Essa frágil natureza permeada pelo aspecto moe pode ser quebrada em algum momento? Essa leveza da premissa que permeia o enredo, que é sobre garotas vivendo cercadas por uma orla de zumbis (a tradução literal do título seria “Vivendo na Escola”) será maculada? O roteiro conseguirá escapar do circulo vicioso da repetição cotidiana ou terá a habilidade suficiente para trazer frescor ao enredo? E mais, poderá criar uma atmosfera de real perigo e conseguir passar um sentimento dramático pungente? Com isso não quero dizer que é preciso a série se tornar um Elfen Lied para alcançar isto. As pessoas podem se surpreender, mas uma série como K-On!, por exemplo, encontra na razão de sua popularidade o fato de saber também transmitir um sentimento dramático tangível ao espectador. Por outro lado, um Akame Ga Kill tem tantas mortes e sangue e situações desconfortáveis a razão de conseguir tocar a alma dos seus fãs não exatamente pela habilidade do autor em fazê-los sentir o drama vivido pelos personagens, está muito mais na habilidade e agilidade em mexer as peças sem perder o ritmo e o impacto visual da tragédia. Há quem critique o fato de Akame ga Kill não ser, digamos, mais profundo, mas a obra em si consegue transmitir bem o que eu entendo como a sua intenção. 

A direção de arte da série continua sendo o seu destaque. Não é extravante, mas também não é vulgar. O meu único porém, é com o excesso de efeitos de fumaça preta e sombras sobre os zumbis, lhes conferindo um tom muito estilizado e pouco impactante

Então temos Gakkou Gurashi, que ainda esta a introduzir o seu universo, e ainda que o cotidiano alegre das personagens ocupem parte significativa do screentime, as sombras começam a emergir gradativamente e contrastar significativamente essa felicidade artificial. Só não sei ainda o quão homogêneo isso pode vir a ser, pois o que se vê ainda é pouco para tais conclusões. Mas, mesmo que não seja um começo explosivamente envolvente, tenho gostado do que está sendo construído neste ínterim – se virá a ser algo bom e recompensador, é outra história. O distúrbio emocional sofrido por Yuki é evidentemente um trunfo para uma virada dramática em algum ponto do enredo, e enquanto eu gosto dos despertos conflitos internos de Kurumi e o fato de ser uma garota proativa e que assume as rédeas do jogo, o seu drama pessoal não é algo capaz de envolver, por parecer tão fútil e clichê. Neste aspecto, a personagem precisará ganhar a empatia do publico com ações do presente; ou seja, evidenciando o quanto isso afeta seus julgamentos. É um recurso narrativo batido, mas que ainda funcional como um meio para atingir algo. Nunca como um fim em si mesmo. Este episódio é correto nesse sentido, mas as personagens ainda carecem de força narrativa, já que fofas elas são bastante. Mas é promissor ver a narrativa se focando neste choque de realidades. Este episódio tem muito disto, e principalmente através do drama pessoal de Kuromi, que conseguimos ter a exata dimensão de tudo isto, afinal, suas vidas; seus planos futuros; sonhos foram interrompidos abruptamente, com elas vivendo uma espécie de réquiem. Com o devido tratamento, talvez este quadro conflitivo venha a se tornar quente como se deve. 

Por fim, ao ver Yuki, é muito difícil não nascer um sentimento de proteção e torcer para que continue enxergando o mundo do seu próprio jeito, mas seria tão chato quanto o de Yuki Yuna, o seu mundinho particular não tem atrativos suficiente para se sustentar sozinho. 

Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Yuichiro Higashide
Diretor do episodio: Housei Suzuki
Storyboard: Masaomi Ando
Direção de Animação: Keiko Kurosawa , Naoko Kuwabara , Kazuya Saito, Akira Takeuchi
Direção: Masaomi Ando

Curta o Elfen Lied Brasil no Facebook

https://www.facebook.com/blogElfenLiedBrasil

e nos Siga no Twitter

@ElfenLiedBR