Um
slice-of-life de apocalipse zumbi. Isto é tão Japão que eu me pergunto
por que foi que demoraram tanto? E ainda por cima é bom. Pensando em como o Japão
é eficiente na abordagem de fragmentos do cotidiano de adoráveis garotinhas púberes,
não é de se espantar que eles se saiam tão eficientemente. É uma arte do qual
dominam, mas isso não os obste de criarem lixo, afinal, para 10 materiais de
boa qualidade, obviamente que existe um oceano tóxico de merda. É
estatisticamente natural que isto ocorra. Existe muito do bom no cinema, mas a
quantidade do que há de qualidade não ultrapassa o que há de coisas ruins. É
tudo uma questão de filtro. Mas, hein, antes que eu me perca totalmente da
linha de raciocínio original, o Japão tem a manha
pra este tipo de entretenimento e o experimentou a tal ponto, que foram surgindo
muitas combinação exóticas, como garotinhas em cotidiano escolar, que nas horas
vagas são detetives; ou um anime musical onde as garotas passam mais horas
comendo e falando/fazendo bobagens do que exatamente inseridas num contexto de
música; ou melhor ainda, garotinhas que dirigem tanques de guerra (!). Enfim, são diversas variações, e a
maioria interessante, até. Não me canso de admirar o talento e o engenho destes
caras para o mal. Antes mesmo dos vampiros brilhando no sol, o moe trouxe idéias
e profanou tronos tidos como intocáveis na arte que, muito embora, muitos
tivessem aquela coceirazinha do “e se...”, não tinham coragem de dizer em voz
alto, por receio de serem repreendidos pelos irmãos “eruditos”.
E grande parte de todos esses conceitos deste meio, as
atividades das garotinhas estão intrisicas ao clube escolar – que representa um
cosmos imaginário de infinitas possibilidades. Assim, Gakkou Gurashi é
interessantemente um anime que tem o seu núcleo de atividades estreitas ao
clube escolar – e assim como qualquer obra, mesmo os slice of life em que dizem
não acontecer nada, precisa de um MOTIVO; que em narrativa, significa,
vulgarmente falando, um cenário; um conflito; uma razão de existir, que
possibilite levar a história adiante. Em Non Non Biyori (minha resenha yuristica do anime no blog KaS), este motivo é o meio
rural que as meninas estão inseridas. É a particularidade do seu enredo que
permite o surgimento de conflitos. Gakkou Gurashi, por um acaso, as meninas
estão imersas em meio a um apocalipse zumbi, e tentam levar um cotidiano comum
em meio a isto. A urgência do tempo é irrelevante neste caso. Não leio o mangá
nem sei como as coisas acontecem por lá, mas posso apontar sem receio que elas
não abandonam em definitivo o cenário escolar – quando isto ocorrer, e se ocorrer,
certamente é porque o enredo atingiu seu clímax final e se direciona ao fim.
Oh, por que todo este comentário não-objetivo? Não sei,
apenas surgiu após eu fechar o episódio da semana, mais uma vez, com um sorriso
de satisfação na face. Cheguei a conclusão que a despeito de qualquer
expectativa preliminar, eu gosto e vejo seus méritos no que ela se propôs a
ser, e não naquilo que eu a objetificava – mas, penso que, eu gosto dela porque
ali vejo qualidades. A integração do grupo é bacana, o que propicia prazer em
acompanhar suas atividades mesmo que não estejam em uma sequência de ação física,
e até agora tem se mostrado feliz onde a cada episódio, percebemos um novo fôlego.
Claro que ainda estamos só no período de introdução – e outra qualidade é em
como a direção sabe dar um bom ritmo a este crescimento gradativo do cenário,
sem se preocupar com aqueles que sofrem de ejaculação precoce e só querem ação
e zumbis atolados no escurinho nervoso – mas tudo tem se mostrado favorável.
Ainda que tenhamos o cotidiano das personagens tentando transformar num auto-projetado
cotidiano idealizado a sua fuga momentânea para aquele pesadelo, o enredo
continua crescendo, ao invés de se estagnar, em conseqüência disto está sempre
acontecendo algo; há tramas paralelas ao fundo se construindo, e a escuridão do
mundo continua avançando lentamente sobre a ensolarada bolha que criaram.
Acho significativo quando me emociono pelas amigas de Yuki
se preocuparem tanto com ela, ou quando Yuki se recorda vagamente de uma cena similar
vivenciada anteriormente ao se ver sem reação diante de todos aqueles zumbis
formando uma orla em torno de Miki, e então como se num ímpeto de não repetir a
mesma inércia ou situação, se rompe em meio a tudo para salvá-la. Uma
construção excelente, que explodiu com o devido impacto emocional, e isto por
vir de uma longa construção da personalidade de Yuki – que neste episódio
novamente recebeu umas pinceladas. É formidável o como anteriormente, antes de
sua explosão, podemos notar o quanto ela fica laconicamente anestesiada ao se
defrontar com os zumbis, sugerindo que internamente seus agentes anticorpos
combatiam com ferocidade à intromissão de agentes maléficos ao seu sistema –
algo assim. Como podem ver, eu gostei muito disso tudo.
Quanto a Miki, ela é ainda a minha personagem menos preferida,
mas é muito bacana a forma como o autor trabalha a personagem e neste episódio
eu não pude deixar de me conectar a ela, quando se vê nitidamente que seu medo
de enfrentar a realidade era tanto, que ela foi capaz de abrir mão de uma
pessoa da qual gostava, e ao que tudo indica bastante, por seu pavor ser muito
maior e intransponível à barreira que formou em torno de si. Levando em conta
sua natural introspecção e algo de ausência de traquejo social, suas ações se
mostram coerentes. Agora, mesmo que eu nutra um profundo amor maternal pela
Yuki, e sentimentos sujos em relação a Kurumin, a incógnita Rii-chan vem
mexendo com meus instintos desde o primeiro episódio, os planos de câmera
fechados em seu rosto mostram uma beleza divina, ainda por cima. Gosto da
profundidade de seu olhar. Hmm... comentar beleza e fetiche relacionados a
personagens... acho cheguei no fundo do poço. Não tem mais retorno. Precisamos
de desintoxicação animentar? *wink wink*
Avaliação: ★★★★★
Staff do episódio:
Roteiro: Higashide Yuuichirou
Diretor do episodio: Taichi Atarashi
Storyboard: Tadahito Matsubayashi
Direção de Animação: Yumiko Ishii, Sachiko Muroyama
Direção: Masaomi Ando
-Agora que é cada vez mais obvio de que, seja lá o que tenha ocorrido com Megu-nee, ela não está ali fisicamente; e desde então eu fico casando detalhes que evidenciem isto. Se tornou um hobbie! HUEHUEHUEHUEHUHASODKPO. Por exemplo, os dois exemplos acima. (na primeira imagem, Megu e Yuki são as únicas a sorrirem e relaxadas, enquanto as outras se mostram tensas... ) O episódio tá cheio desses detalhes espalhados, parece aquele jogo do "Onde Está Wally?".
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