Imagem meramente ilustrativa. Ou não.
(...) Ele experimenta a vida metropolitana como “uma permanente colisão de grupos e conluios, um contínuo fluxo e refluxo de opiniões conflitivas. (...) Todos se colocam frequentemente em contradição consigo mesmos”, e “tudo é absurdo, mas nada é chocante, porque todos se acostumam a tudo”. Este é um mundo em que “o bom, o mau, o belo, o feio, a verdade, a virtude, têm uma existência apenas local e limitada”. Uma infinidade de novas experiências se oferecem, mas quem quer que pretenda desfrutá-las “precisa ser mais flexível que Alcibíades, pronto a mudar seus princípios diante da plateia, a fim de reajustar seu espírito a cada passo”. Após alguns meses nesse meio, eu começo a sentir a embriaguez a que essa vida agitada e tumultuosa me condena. Com tal quantidade de objetos desfilando diante de meus olhos, eu vou ficando aturdido. De todas as coisas que me atraem, nenhuma toca o meu coração, embora todas juntas perturbem meus sentimentos, de modo a fazer que eu esqueça o que sou e qual meu lugar. Ele reafirma sua intenção de manter-se fiel ao primeiro amor, não obstante receie, como ele mesmo o diz: “Eu não sei, a cada dia, o que vou amar no dia seguinte”. Sonha desesperadamente com algo sólido a que se apegar, mas “eu vejo apenas fantasmas que rondam meus olhos e desaparecem assim que os tento agarrar”.
Quando eu estava escrevendo sobre Rewrite, o que me veio imediatamente à mente foi esta passagem magnifica de um livro que eu gosto bastante, chamado Tudo Que é Sólido se Desmancha no Ar (leitores antigos e observadores talvez se lembrem desta frase estampando uma das capas do blog), de Marshall Berman. Como é um assunto do meu interesse, acaba sendo um senso comum para mim, mas tudo o que o autor propõe a esmiuçar em cada página do livro, diz exatamente sobre os conflitos existenciais de Kotarou, em Rewrite. Naturalmente, é um dilema moderno vivenciado pela sociedade contemporânea, que de alguma forma está correlacionado com a problemática ambiental. Ambos os temas, muito caros à Rewrite, e se misturam como o ar e o oxigênio. Eu iria postar no próprio texto, mas, acabei completando-o bem antes de inserir o pedaço do livro e então não achei um local adequado para inseri-lo, após.
Por fim, o autor complementa:
Essa atmosfera — de agitação e turbulência, aturdimento psíquico e embriaguez, expansão das possibilidades de experiência e destruição das barreiras morais e dos compromissos pessoais, auto-expansão e autodesordem, fantasmas na rua e na alma — é a atmosfera que dá origem à sensibilidade moderna.
Todo esse fragmento é uma reflexão sobre a novela romântica A Nova Heloísa, onde o jovem herói repete um movimento arquétipo para milhões de jovens da sociedade pós-revolução industrial, que é migrar do campo para a cidade.
Sobre o Assunto:
-Rewrite - Reescrevendo o Mundo Segundo o seu Próprio
-Journey to the End of the World (2003) - Jornada Para o Fim do Mundo
-Scary Story: Human Clock (1962) - Ascensão & Queda dos Mangás de Alugueis
-O Mundo Descontente de Inio Asano
-Rewrite - Reescrevendo o Mundo Segundo o seu Próprio
-Journey to the End of the World (2003) - Jornada Para o Fim do Mundo
-Scary Story: Human Clock (1962) - Ascensão & Queda dos Mangás de Alugueis
-O Mundo Descontente de Inio Asano
-A Mulher das Dunas (Suna no Onna)
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