quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Rewrite: Kotori Route (Romeo Tanaka)

Spoilers, SPOILERS adoidados! Série de artigos de minhas impressões sobre cada rota de Rewrite.
>Rewrite - Reescrevendo o Mundo Segundo o seu Próprio

Seiyuu: Chiwa Saito que interpreta uma Kotori irresistivelmente simpática, provocadora e bobona, tornando-a apaixonante. A performance da sempre ótima Saito atinge um nível tão alto com as notas cômicas e afetações que são permitidas à personagem que para muitos, é a sua melhor dublagem. Os trocadilhos com o inglês e a voz afetada que Kotori assume para tirar onde com Kotarou é uma das coisas mais marcantes e relembradas com carinho pelos fãs!
Não me parece que esta seja uma rota a ser relembrada com carinho por muitos fãs (porra, eu vi até mesmo algumas pessoas dizendo que Shizuru route era a melhor/sua preferida! TIPO, Shizuru!). Mas ela é cheia de momentos fantásticos. Creio que por ser uma história escrita e desenvolvida por Romeo Tanaka [a partir do argumento de Inoue Itaru; character design e diretora da visual novel], Kotori e Akane acabam sendo as heroínas que melhor se integram ao Kotarou; elas possuem profunda ligação com ele, como vemos em Terra, e ele reage a elas com sentimentos que realmente soam verdadeiros, além de o relacionamento se desenvolver e progredir de uma forma bem natural. 
Oh, bem, Kotori é uma heroína complicada e difícil de seduzir, mas isto é o que torna tudo tão mais complexo (no caso da Akane, também é complexo, mas com um apelo mais adulto e menos infantil, que o da suposta “heroína principal”) e a progressão do relacionamento soar tão verdadeiro. Quando estava a caminho da Kotori route, era meio obvio que ela possuía um grande segredo e este era o motivo de tentar insistentemente se manter distante afetivamente de Kotarou, mas eu não poderia prever o quão difícil era a sua vida e a barra complicadíssima que ela segurava sozinha desde criança – isso de certa forma me trouxe muito pesar ao ler as rotas de Shizuru e Chihaya e ficar pensando que paralelamente ela estaria sozinha em um buraco sombrio e frio, sem ninguém para lhe apoiar (e o Tonokawa ainda ajudou neste sentimento de culpa ao evidenciar a Kotori toda vez que Kotarou estava prestes a escolher o seu caminho ao lado de outra. UMA APUNHALADA NO CORAÇÃO SE VOCÊ TIVER UM)

Rewrite pode ser sim diferente de tudo que a Key já produziu, mas ainda possui muitos elementos que consagraram a produtora como uma fabrica de drama e sonhos; a emocionante explosão emocional de Kotori no clímax é definitivamente e totalmente Key. E é maravilhoso. Forte e também surge como um vento fresco em uma rota que psicologicamente te esgosta por deixar poucas frestas para respirar. É Kotori sempre baixo, afundando como uma âncora, e Kotarou mais perdido que cego em tiroteio (nesse sentido, a Akane route, que também é pesadíssima, possui muito mais equilíbrio, no entanto, cabe ressaltar, que ser do jeito que é faz completo sentido levando em consideração o que era Kotarou ali e o fato de cada heroína o influenciar de uma forma diferente; ele pode flutuar entre maturidade e criancisse num piscar de olhos, dependendo da propulsão data pela garota alvo de seu interesse amoroso). 
Tanaka escreve um Kotarou e uma Kotori com muita sensibilidade, ele lhes dá almas e conflitos que estão de acordo com as circunstâncias de cada um; Kotarou a principio tem uma visão limitada da situação, o que faz com que ele soe frívolo, imaturo e insensível em alguns momentos, mas é natural, sua vida até então tinha sido a vida entediante de um garoto comum com problemas comuns que odeia todo mundo e foge dos seus problemas em escapismos cotidianos – mas a despeito disso, é o seu genuíno amor por Kotori o responsável por fazê-lo despertar e encontrar um objetivo, então mesmo que, naturalmente, ele não saiba o que dizer e como agir, há uma vontade muito genuína da parte dele em estar sempre motivando-a e aconselhando. 

É por amá-la e a conhecer tão profundamente, que ele é capaz de compreender a ela e a si mesmo (ao contrário do ocorre em Lucia); naquele momento não era apenas Kotori que precisava dele, ele mesmo dependia desesperadamente de Kotori (novamente, é isto que falta em Lucia). Já Kotori, eu sou apaixonada. A sua gradativa depressão e estado de abandono atinge o clímax durante sua rota por motivos óbvios, mas era algo que evidentemente vinha de muito atrás [como podemos confirmar em Terra], a falta de apoio, a carência afetiva, o enorme peso que se vira obrigada a suportar sozinha e a esperança que foi aos poucos se transformando em desespero continuo; Kotori era uma criança desenvolvida demais para a sua idade, mas ainda era uma criança, e é claro que ao perder os pais, iria se agarrar até mesmo a mais ingênua das fantasias, e que com o tempo e a idade, ela seria consumida pela frustração e a mágoa. Seus momentos de abandono e perda de toda esperança são aflitivos, mas é o que tornou sua explosão juntamente ao choro e a força reencontrada na esperança para arrastar Kotorou um momento tão poderoso e magnético, um autêntico terjeaker Key. 

A Kotori route tende a não se tornar memorável por passar grande parte do tempo em um ambiente limitado, com muitas ações repetidas e uma atmosfera espessa e sem espaço de alivio, Kotori já não tinha mais seu humor habitual que a tornava tão carismática e se encolhia cada vez mais, se tornando praticamente inalcançável, e Kotorou não havia com quem interagir ou ambientes novos para explorar. Além disso, esta rota é a introdução de tudo o mais que veremos nas seguintes, mas é agradável como não se torna demasiadamente didática, transmitindo apenas o essencial daquele mundo (neste aspecto, cada rota adiciona um pouco mais ao universo de Rewrite). Mas, ainda assim, Kotori route possui momentos emblemáticos e incríveis, como os dias que Kotarou passa na escola com um enorme vazio no peito, em que vislumbramos pela primeira vez o vazio existencial presente nele – e as reações calorosas dos seus colegas, e especialmente de Yoshino (eu sempre desconfiei desta rivalidade dele com Kotarou; é claro que Kotarou e Yoshino soam como personagens antagônicos, embora semelhantes em muitos aspectos, mas era notável existência de um fator a mais nesta reação química adversa, e eu fiquei realmente boquiaberta por este fator se chamar Kotori, apesar de todas as evidências apontarem pra isto). E não posso deixar de falar de toda a jornada em torno do campo de centeio, repleto de momentos belíssimos e de atmosfera tão extasiante depois de um melodrama agoniante e extensamente continuo, sem variações. Minha verdadeira e única decepção com a rota foi o final, que compreendo a razão de existir e até aceito as explicações do autor (pelo visto, não fui a única a me queixar), mas depois de tantas coisas difíceis, eu queria um momento doce e romântico (bom, vai ficar pro Heaverst Fest)

Autor da imagem: もみぢこ
Avaliação: ★★★★★

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