terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Morreu Mizuki Shigeru, Pai do Clássico do Terror Gegege no Kitaro

Aos 93 anos, em mais um desses acasos infelizes e estúpidos, a morte lançou seu tapete vermelho para mais um, que num tombo descuidado, se despede da vida.
O Wall Street Journal relatou ontem (30/11) o falecimento de Mizuki Shigeru em decorrência de um tombo, que o levou a bater a cabeça em sua casa (em Tóquio), no dia 11 de Novembro, estando internado desde então. Segundo o Japantimes ele teria passado por uma cirurgia de emergência, chegando a se recuperar temporariamente, mas veio a óbito às 07:18 da segunda-feira em decorrência de insufiência cardíaca no hospital.  

Nascido em Osaka, nos anos de 1922, cresceu no distrito de Tottori até ser convocado pelo Exercito Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial, para lutar em Rabaul [atual Nova Guiné]. Além de contrair malária e perder o braço esquerdo, o terrível fantasma da guerra o acompanharia durante toda a vida, sendo refletida diretamente sobre seu trabalho artístico, como criador de histórias em quadrinhos. Assim como ocorreu com vários companheiros contemporâneos, como Hideshi Hino, Mizuki pôde trocar os campos de concentração pelo mundo da arte, mas o terror vivido seria para sempre uma cicatriz.
Soin Gyokusai Seyo!
Durante sua vida, criou obras que retratavam esse terror da guerra, com base em suas próprias experiências – Soin Gyokusai Seyo! (Onward Towards Our Noble Deaths), de 1973, é um destes trabalhos, que se tornou aclamado internacionalmente, colecionando diversos prêmios. 

Mas, Mizuki é mais conhecido pelo celebre Gegege no Kitaro (publicado a partir de 1960), no qual se tornou popularmente famoso e influente, sendo Kitaro um ícone e clássico absoluto de histórias em mangás sobre youkais, sendo o principal catalizador desses monstrinhos do folclore japonês na mídia maistream, na época – além de ter reacendido o interesse dos japoneses por suas folclóricas criaturas sobrenaturais, Kitaro se tornou umas das principais referências no que diz respeito à temática do terror, ao menos na época, onde esse mangá foi considerado “assustador”. 
Na história, o protagonista se esforça para alcançar a paz entre os mundos humanos e espirituais, refletindo sua urgência por paz, e um estado de não-guerra. Com grande popularidade, Gegege no Kitaro transcende gerações de japoneses (porque apesar de ser relativamente bem conhecido no ocidente, essa obra não gera tanto entusiasmo por aqui, seja por ser considerado infantil demais ou datado), adquirindo inúmeras adaptações. Inclusive, vale ressaltar que o título verdadeiro do mangá é Hakaba Kitaro, que pode ser traduzido como “Kitaro do Cemitério”, e foi originalmente um conto de Yamishibai (dica: Yamishibai: Japanese Ghost Stories), em 1933, escrito por Masami Itou. O “Ge Ge Ge...” só se aplicou ao anime, no entanto, devido à imensa popularidade deste, mais tarde o mangá viria a ser republicado com o nome de sua animação. 

Enfim, o último trabalho dele foi o recém-concluído mangá autobiográfico Watashi no Hibi (Meu Diário), em maio deste ano. 

Sendo um pouco obscura... talvez tivesse sido mais emblemático se esse último trabalho tivesse terminado em aberto ^^. Bem, ele tratou intensamente sobre a morte, vida e humanidade; a natureza cíclica do ser humano, e renascimento. E como diz o poeta, curta é a vida/longa é a arte.

Via Japantimes, Rocket News 24


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