sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O Despertar da Força... nos animes.

Saudações do Crítico Nippon!

Como todos sabem, o Crítico Nippon gosta de absolutamente tudo. É até difícil pensar em coisas que não goste. Tanto que em mais de 5 anos de Elfen Lied Brasil, trago a vocês, sem esconder nenhum, os únicos textos em que realmente desgostei de algo: Shingeki no Kyojin (segundo texto), Hoshi Wo Ou Kodomo e Psycho Pass2. Sim, é isso. Três obras apenas, meus amigos. Você não encontrará mais elogios na internet em uma coluna do que na coluna Crítico Nippon. Dito isso, ainda que fã absoluto de Star Wars (faço maratonas anuais há 10 anos, com fotos no meu perfil do facebook para provar), isso não me impede de amar imensamente o universo de Star Trek. Porém, o que me faz gostar mais do primeiro é justamente o tom fabulesco, a magia, o bem contra o mal (vide minha trilogia Cidade das Trevas). Ao invés da racionalidade de seu querido rival. E é esse tom mágico que nos faz acreditar em algumas coisas racionalmente “improváveis” (pra não dizer “impossíveis”), como o fato dos personagens ficarem mais fortes sem realmente treinarem o físico. O contrário de 98% dos animes, óbvio, que empolgam justamente através de cenas de ação de treinamento. No entanto, tentei buscar alguns exemplos nas animações que seguem a lógica de Star Wars e discutirei um pouco porque isso acontece.



Luke faz a legítima Jornada do Herói e, com ele, aprendemos tudo sobre aquele mundo. E esse é o treinamento. Obi-wan sequer o treina fisicamente (uma única vez, na Millenium Falcon) e mesmo essa atividade tem mais a ver com sentir o mundo ao seu redor e clarear a mente. O mesmo ocorre com seu segundo mestre, Yoda. O treino físico aumenta minimamente, com Luke correndo e levitando pedras. Porém, seu aprendizado e percepção para com a Força aumentam exponencialmente. Seu aprendizado é o nosso aprendizado. Saber mais sobre aquela energia que liga todo o universo e dá poder aos Jedi desenvolve mais o personagem que qualquer treino físico poderia fazer. Ao acompanharmos o crescimento espiritual de Luke Skywalker automaticamente aceitamos que ele está mais forte fisicamente. Racionalmente, não faz o menor sentido, mas funciona brilhantemente.


Não é, nem nunca foi, um EXERCÍCIO numa ACADEMIA com FAIXAS de graduação e toda caganeira inventada por George Lucas mais tarde. Ficar mais forte não é questão de ser abduzido com 3 anos de idade por um bando de monges que lhe entregam um sabre de luz irresponsavelmente. Não é questão de subir de level ou status ou focus mana. Yoda não é mais forte porque faz apoios e abdominais por 900 anos, jamais foi o físico a questão. Por isso as lutas na trilogia clássica podem se dar ao luxo de não terem graça ou harmonia. São apenas duas pessoas desajeitadas tentando não serem acertadas. Como seres humanos reais em que podemos nos identificar. O mesmo ocorre igualzinho no combate de The Force Awakens, que provavelmente é a segunda luta mais feia de toda saga. E isso não importa nada para a história.


No caso dos animes, é óbvio que mostrarem o treinamento físico quase sempre será a melhor escolha. Isso envolve o público alvo dos shonens e a própria liberdade que a animação proporciona. No entanto, existem alguns exemplos que seguem o “treino espiritual”. É o caso de um dos primeiros de Yoh Asakura, o protagonista de Shaman King, que não a toa é um dos melhores mangás de todos os tempos. Ele precisa atravessar uma caverna e passará dias lá dentro, apenas tateando no escuro, o chamado Buraco do Yomi. O autor cria uma gigantesca expectativa através das falas de seu avô e da esposa Anna. Assim,quando o vemos saindo incrivelmente melhor do que esperávamos, aceitamos o seu Over Soul evoluído sem problemas. É um desenvolvimento de personagem ocorrendo diante de nossos olhos, mas sem nada de físico. 
















Outro caso é o do Ken Ichijouji, mais conhecido como Imperador Digimon. Apesar de controlar inúmeros digimons gigantes e poderosos, jamais conseguiu fazer seu próprio parceiro, Wormmon, digievoluir. Devido aos maus tratos, arrogância, delírios de poder, enfim, o óbvio. E é bacana que um reflexo de sua evolução e redenção como Ken seja expressa justamente ao conseguir fazer o seu próprio Digimon evoluir para Stingmon. Não precisou de uma grande batalha e perigo, apenas o desenvolvimento da relação entre ambos.


Finalmente chegamos ao meu exemplo favorito, saído de Avatar – A lenda de Aang. No episódio Os Mestres da Dominação do Fogo, Zuko perde suas habilidades de fogo. E como é brilhantemente explicado, foi devido à perda de seu ímpeto em caçar o Avatar. Ele precisava se focar novamente em uma nova causa. Assim, sua evolução executando umas das mais belas sequências que eu já vi, a Dança do Dragão, é brilhante. A fotografia é cinematográfica, bem como a estupenda trilha sonora, e basta alguns poucos passos de dança em sincronia com seu antigo inimigo, para nos convencer de que ele encontrou seu centro novamente. É uma evolução tão bela e que nada tem a ver com o físico, e sim um personagem fabuloso crescendo na nossa frente.


Por isso que o Batman vencendo o Bane em Cavaleiro das Trevas Ressurge, por exemplo, é ridicularizado por tanta gente. Ele fez apenas alguns apoios na prisão e exercícios físicos. Não passa a sensação de que algo mudou e que é o suficiente depois da surra que tomou. Faltou desenvolvimento aí. Portanto, basta saber que o público acreditando que o personagem mudou internamente vai acreditar em qualquer coisa que ele fizer fisicamente sem sequer perceber.


(Para mais dos meus textos, é só ir no menu "Crítico Nippon")
@PedroSEkman

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