terça-feira, 26 de julho de 2016

Cena Do Mês #08: O Dia que Josuke quebrou...

Jojo tende ser uma série que trabalha muito em cima da relação amorosa entre pais e filhos, uma vez que é algo intrínseco de sua premissa (em que cada membro da família Joestar herda bem mais que o nome, uma habilidade hereditária passada de geração a geração), mas tende a ser uma demonstração de afeto meio distante, bem no modo japonês de ser. 
No entanto, o episódio 12 da Parte 4, Diamond is Unbreakable, nos reserva uma bela surpresa com uma demonstração de afeto que aflora pelos poros! Se trata de um momento tão fofo, meio tsuntsun e deredere – aquela coisa de mascarar os sentimentos, ou tentar mascará-los. O que é bem o caso, pois o protagonista desta quarta parte de Jojo é Josuke, um filho não reconhecido de Joseph (o protagonista da 2º Parte). Neste episódio, os dois se encontram pela primeira vez.

O autor tem o cuidado de estabelecer os sentimentos conflitantes do jovem garoto bastardo, que sente um misto de ansiedade e rancor pelo velho, assim como também os conflitos internos do velho Joseph que oscila entre ansiedade e temor – isto tudo sem deixar de lado as conexões de afeto entre ambos, afloradas pelo encontro tardio. 
Jojo nunca foi uma série de grandes sutilezas, seu mote é exatamente o oposto, o exagero – tanto que na 1ª Parte, Phantom Blood, a morte trágica do pai de Jonathan apresenta uma encenação melodramática digna das peças de Shaekeaspere. Mas essa é uma sequência, embora bastante direta, delicada em tratar as complexidades do ser de uma forma simples que não destoe do tom da série e ser absolutamente atmosférica. É um momento desconcertante, talvez pela quebra de expectativas, não sei, mas Josuke naquele momento foi o retrato irretocável da essência do moe. Algo inédito em um Jojo (o mais próximo disso foi Jotaro, com seus olhares e trejeitos minimalistas, sempre aparentando frieza, mas que se transbordava em sentimentos por seus avós. Nesse sentido, havia uma grande sutileza).