sábado, 20 de maio de 2017

Blame! - 2017 (Netflix)

Saudações do Crítico Nippon!


Quando escrevi sobre Knights of Sidonia, falei que “é uma obra para se sentir. (...) Trata-se de uma experiência sensorial fascinante e memorável. Tenho certeza que foi assim que todos se sentiram no lançamento do primeiro filme de Final Fantasy: The Spirits Within, ou mesmo o Advent Children”. E digo o mesmo deste Blame!, adaptado também da obra do mesmo autor Tsutomu Nihei e trazido a vida com a mesma técnica de CG. Apesar de ser uma obra emocionalmente vazia.


Blame! parece se passar no mesmo universo e período de Knights of Sidonia. Em um futuro distópico, a humanidade tenta sobreviver em uma cidade gigantesca e em ruínas, praticamente subterrânea. Como citei em meu texto anterior, quase uma Zion, de Matrix Reloaded. O filme acompanha um pequeno grupo isolado em uma vila de 150 pessoas, com escassez de suprimentos. Alguns voluntários, conhecidos como Electro Fishers, fazem constantes buscas por comida nas centenas de níveis da cidade. É quando encontram um homem misterioso chamado Killy, com habilidades bem peculiares.

Como já falei em um textinho meu, a falta de um protagonista em um anime (!!!) é algo completamente surreal. E Blame! não tem um. Seria Zuru? Ou Tae? Elas são praticamente iguais, impossível diferenciá-las. Seria o velho Pops? Dificilmente em uma obra juvenil de sci-fi. Não pode ser o mudo Killy. Além de começarmos e encerrarmos o filme sem saber absolutamente nada sobre ele, sua natureza sobre humana é completamente distante do espectador. Então a resposta é que, realmente, não há um protagonista. E isso é gravíssimo.


Com personagens em que é humanamente impossível citar qualquer característica relevante, temos as já citadas Zuru e Tae, que são, bem, as meninas. Killy, que se expressa tão bem quanto um Edward Cullen. Shibo que é a mulher robô e eu não faço ideia o que ela está fazendo neste filme. O único que se salva é Pops. Evocando um mínimo de seriedade ao patriarca da vila, seus esforços e sua preocupação com todos são minimamente envolventes.

 

Com uma trama desnecessariamente complexa e mal explicada que se resume a uma série de clichês futurísticos (como já havia comentado em Knights of Sidonia). Não apenas Blame! se passa em Zion, como os Guardas de Segurança são obviamente os Sentinelas. Enquanto Killy e a adversária final, Sanakan, soam como Neo e os Agentes. Ou mesmo uma espécie de Exterminador do Futuro, em outra interpretação. E o que eles querem? Resgatar a cidade das máquinas para os humanos. Hum.


Apesar de tudo, o filme mantém o espectador interessado devido a sua animação de tirar o fôlego e nos segurar boquiabertos do início ao fim. Com arranhões nos trajes de todo mundo, incluindo nas máquinas, roupas desgastadas, repletas de ataduras e remendos. Percebam, por exemplos, a sutileza das pequenas cicatrizes na sobrancelha e lábio de Pops; ou as do rosto de Killy, quase imperceptíveis. Com um design das armaduras rico em movimentos e cores, especialmente nos efeitos especiais com luzes e aparelhos tecnológicos daquele mundo. É um trabalho realmente formidável e digno de todos os aplausos do mundo. 


Blame! encerra repleto de perguntas sem respostas e sem um único personagem para ser lembrado após o término. É uma obra que não fede e não cheira, mas consegue a proeza de nos manter levemente curiosos ao longo de toda ela. E se comecei citando trechos da crítica de Knights of Sidonia, encerro idem “Embora eu seja obrigado a admitir que a animação e cores, por si só, já torna o filme absolutamente obrigatório.”


(Para mais dos meus textos, só ir no menu 'Crítico Nippon' lá em cima)
Twitter: @PedroSEkman

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